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quarta-feira, abril 03, 2024

Graham Greene morreu há trinta e três anos...

  
Henry Graham Greene (Berkhamsted, 2 de outubro de 1904Vevey, 3 de abril de 1991), mais conhecido como Graham Greene, foi um jornalista e escritor britânico, com uma obra composta de romances, contos, peças teatrais e críticas de literatura e de cinema

 

Biografia

Formou-se na Universidade de Oxford, e começou a sua carreira como jornalista trabalhando como repórter e subeditor do The Times. Publicou cerca de 60 romances.

Ao longo de sua vida, Greene esteve em vários países bem distantes da Inglaterra, aos quais ele se referia como lugares selvagens e remotos do mundo. Em 1935, visitou a África (especialmente Serra Leoa e Libéria), onde, além de buscar material para seus artigos do Times e para um futuro livro (Journey Without Maps), também prestou serviços à Anti-Slavery and Aborigines' Protection Society

As viagens o levaram a ser recrutado pelo MI6, o serviço secreto britânico, por meio de sua irmã, Elisabeth, que trabalhava para a organização, e ele foi enviado para Serra Leoa durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, de 1941 a 1943, ele trabalhou para a inteligência britânica, em Freetown. Muitos de seus romances, a partir de então, tiveram como tema ou pano de fundo a espionagem. Kim Philby (que posteriormente descobriu-se ser um agente duplo, ao serviço da KGB) era seu supervisor no MI6 e seu amigo. Posteriormente, Greene escreveria o prefácio do livro de memórias de Philby, My Silent War (1968).

Nos seus romances, o escritor retrata pessoas que encontrou e lugares onde viveu. Deixou a Europa pela primeira vez aos 30 anos de idade, em 1935, rumo à Libéria. Essa viagem seria a inspiração para o livro Journey Without Maps. A sua viagem ao México, em 1938, para observar os efeitos da campanha anticatólica do governo, que promovia a secularização forçada, foi paga pela editora Longman e assunto de dois livros.

O seu primeiro livro de sucesso foi O Expresso do Oriente (1932). Dentre outras obras, incluem-se O Poder e a Glória (1940), Our Man in Havana (1958, "O Nosso Agente em Havana") e O Fator Humano (1978). Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, como por exemplo O Ídolo Caído. As suas obras falam muito de situações políticas de países pouco conhecidos e aos quais viajava frequentemente, como Cuba e Haiti.

Outra temática frequente na sua obra era a religião. Tendo-se convertido ao catolicismo, em 1926, os dilemas morais e espirituais de sua época eram representados por intermédio das suas personagens. Graham Greene era considerado o maior 'escritor católico' da Grã-Bretanha, apesar da sua resistência em ser retratado dessa maneira.

Existem peças teatrais de sua autoria, como The Complaisant Lover, 1959, The potting shed, 1956–1957, The linving room, 1958, e Carving a statue, 1964. Foi também autor de quatro livros infantis.

    

segunda-feira, janeiro 01, 2024

O espião Kim Philby nasceu há 112 anos


Harold Adrian Russell "Kim" Philby
ou H.A.R. Philby (Ambala, Índia, 1 de janeiro de 1912 - Moscovo, Rússia, 11 de maio de 1988) foi um membro do topo da hierarquia dos serviços secretos ingleses que espionava para a União Soviética. Philby era um dos membros do grupo conhecido como Cambridge Five, juntamente com Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross.

Biografia
Philby era filho do diplomata John Philby e nasceu na Índia, à época uma colónia britânica, onde o pai servia como magistrado. Ganhou o apelido de Kim, porque, tal como o herói do romance de Rudyard Kipling, começou a falar punjabi, a língua local, antes do inglês.
Entrou para o serviço secreto soviético em 1933, depois de ter estudado em Westminister e no Trinity College, em Cambridge, instituições que recebiam os filhos da elite britânica. Foi recrutado quando estava na universidade, juntamente com mais quatro colegas, que ficaram conhecidos como Os 5 de Cambridge (The Cambridge Five).
Conforme revelaria em entrevista, no ano de sua morte, Philby e seus colegas acreditavam que as democracias ocidentais não teriam condições de se opor ao nazi-fascismo. Na opinião deles, somente o comunismo era forte o suficiente para enfrentá-lo.
Através do jornalismo, ingressou no Serviço Secreto Inglês (SIS) e, sob a cobertura de sua profissão, espionou para os ingleses na Espanha, no período da Guerra Civil (1936-1939).
Em 1944, estabeleceu e chefiou o serviço de contraespionagem para descobrir agentes soviéticos em solo inglês, portanto foi designado para se descobrir a si mesmo. Passou para os soviéticos os planos dos aliados para subverter os governos comunistas no Leste europeu durante o período da Guerra Fria, permitindo ao governo de Moscovo neutralizar a operação. O governo britânico, no entanto, o considerava um funcionário exemplar e o agraciou com sua mais importante condecoração, a Ordem do Império Britânico.
Enviado para os Estados Unidos em 1949, passou a chefiar a delegação dos serviços secretos britânicos, e serviu de oficial de ligação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) e a recentemente criada Central Intelligence Agency (CIA). Para esta chegou a trabalhar diretamente.
Em 1951, a deserção dos seus colegas de Cambridge, Burgess e Maclean, para o lado russo tornou-o alvo de suspeitas. Mesmo submetido a intenso interrogatório, nada revelou a seu respeito, mas, apesar disso, foi afastado do SIS. Foi para o Líbano, onde atuou como espião freelance, novamente sob a cobertura de sua profissão de jornalista.
Em 1963, um desertor da KGB ofereceu evidências contra Philby. Agentes do SIS viajaram para o Líbano para convencê-lo a confessar, mas Philby embarcou num avião de carga, com destino a Moscovo. Era o fim de uma carreira de mais de trinta anos como agente duplo.
Foi recebido inicialmente com desconfiança, pois Moscovo duvidava de sua lealdade, acreditando que suas informações eram "boas demais". Mas no início dos anos 80 obteve a cidadania soviética e foi admitido como consultor da KGB. Foram-lhe concedidas diversas honrarias e prémios. Contou sua história como agente duplo no livro de sua autoria Minha Guerra Silenciosa, que teve prefácio de Graham Greene, com quem trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial.
Em Moscovo, após manter um romance com a ex-esposa de seu colega Maclean, casou-se com a russa Rufina Pukhova, com quem viveu até à sua morte. Foi o seu quarto casamento. Teve uma filha, Anne, do seu segundo matrimónio.
Morreu em 1988, de complicações decorrentes do alcoolismo, antes, portanto, do colapso do regime comunista, que tanto admirava.

Os 5 de Cambridge
Nos anos 20, a agência de espionagem soviética NKVD, antecessora da KGB, formulou um plano para se infiltrar no serviço de espionagem britânico. Para tanto, era necessário identificar e avaliar jovens estudantes da elite britânica, destinados a seguir carreira no serviço diplomático ou nos órgãos de segurança e que se manifestassem marxistas ou, ao menos, anti-fascistas. Aliás, membros declarados do Partido Comunista eram de imediato descartados, pois já atraíam a atenção das autoridades de segurança britânicas.
A estratégia deu resultado. Os chamados espiões de Cambridge foram recrutados durante os seus anos na universidade. Dois deles, Blunt e Burgess, eram membros dos Apóstolos de Cambridge, uma venerável sociedade secreta que, nos anos 30, abraçou o marxismo com entusiasmo.

Philby e Graham Greene
Trabalhando sob as ordens de Philby, o escritor inglês Graham Greene ajudou a desmontar a rede de espionagem nazi na Península Ibérica. Decidiu deixar o serviço secreto em 1944, quando estava para ser promovido.
Esta saída inesperada do serviço secreto, quando a sua carreira estava no auge, causou surpresa. No livro Escritores e Espiões - A Vida Secreta dos Grandes Nomes da Literatura Mundial, o escritor espanhol Fernando Martínez Laínez tem uma tese para esta demissão abrupta.
Segundo Laínez, Greene descobriu o papel duplo de seu chefe, mas, como era seu amigo, preferiu deixar o serviço secreto para não denunciá-lo. Depois que Philby foi para Moscovo, Greene visitou-o várias vezes. O personagem principal de seu romance O Terceiro Homem foi inspirado nele.
   

segunda-feira, abril 03, 2023

Graham Greene morreu há trinta e dois anos...

  
Henry Graham Greene (Berkhamsted, 2 de outubro de 1904Vevey, 3 de abril de 1991), mais conhecido como Graham Greene, foi um jornalista e escritor britânico, com uma obra composta de romances, contos, peças teatrais e críticas de literatura e de cinema

 

Biografia

Formou-se na Universidade de Oxford, e começou a sua carreira como jornalista trabalhando como repórter e subeditor do The Times. Publicou cerca de 60 romances.

Ao longo de sua vida, Greene esteve em vários países bem distantes da Inglaterra, aos quais ele se referia como lugares selvagens e remotos do mundo. Em 1935, visitou a África (especialmente Serra Leoa e Libéria), onde, além de buscar material para seus artigos do Times e para um futuro livro (Journey Without Maps), também prestou serviços à Anti-Slavery and Aborigines' Protection Society

As viagens o levaram a ser recrutado pelo MI6, o serviço secreto britânico, por meio de sua irmã, Elisabeth, que trabalhava para a organização, e ele foi enviado para Serra Leoa durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, de 1941 a 1943, ele trabalhou para a inteligência britânica, em Freetown. Muitos de seus romances, a partir de então, tiveram como tema ou pano de fundo a espionagem. Kim Philby (que posteriormente descobriu-se ser um agente duplo, ao serviço da KGB) era seu supervisor no MI6 e seu amigo. Posteriormente, Greene escreveria o prefácio do livro de memórias de Philby, My Silent War (1968).

Nos seus romances, o escritor retrata pessoas que encontrou e lugares onde viveu. Deixou a Europa pela primeira vez aos 30 anos de idade, em 1935, rumo à Libéria. Essa viagem seria a inspiração para o livro Journey Without Maps. A sua viagem ao México, em 1938, para observar os efeitos da campanha anticatólica do governo, que promovia a secularização forçada, foi paga pela editora Longman e assunto de dois livros.

O seu primeiro livro de sucesso foi O Expresso do Oriente (1932). Dentre outras obras, incluem-se O Poder e a Glória (1940), Our Man in Havana (1958, "O Nosso Agente em Havana") e O Fator Humano (1978). Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, como por exemplo O Ídolo Caído. As suas obras falam muito de situações políticas de países pouco conhecidos e aos quais viajava frequentemente, como Cuba e Haiti.

Outra temática frequente em sua obra é a religião. Tendo-se convertido ao catolicismo, em 1926, os dilemas morais e espirituais de sua época eram representados por intermédio das suas personagens. Graham Greene era considerado o maior 'escritor católico' da Grã-Bretanha, apesar da sua resistência em ser retratado dessa maneira.

Existem peças teatrais de sua autoria, como The Complaisant Lover, 1959, The potting shed, 1956–1957, The linving room, 1958, e Carving a statue, 1964. Foi também autor de quatro livros infantis.

    

domingo, janeiro 01, 2023

O famoso espião Kim Philby nasceu há 111 anos


Harold Adrian Russell "Kim" Philby
ou H.A.R. Philby (Ambala, Índia, 1 de janeiro de 1912 - Moscovo, Rússia, 11 de maio de 1988) foi um membro do topo da hierarquia dos serviços secretos ingleses que espionava para a União Soviética. Philby era um dos membros do grupo conhecido como Cambridge Five, juntamente com Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross.

Biografia
Philby era filho do diplomata John Philby e nasceu na Índia, à época uma colónia britânica, onde o pai servia como magistrado. Ganhou o apelido de Kim, porque, tal como o herói do romance de Rudyard Kipling, começou a falar punjabi, a língua local, antes do inglês.
Entrou para o serviço secreto soviético em 1933, depois de ter estudado em Westminister e no Trinity College, em Cambridge, instituições que recebiam os filhos da elite britânica. Foi recrutado quando estava na universidade, juntamente com mais quatro colegas, que ficaram conhecidos como Os 5 de Cambridge (The Cambridge Five).
Conforme revelaria em entrevista, no ano de sua morte, Philby e seus colegas acreditavam que as democracias ocidentais não teriam condições de se opor ao nazi-fascismo. Na opinião deles, somente o comunismo era forte o suficiente para enfrentá-lo.
Através do jornalismo, ingressou no Serviço Secreto Inglês (SIS) e, sob a cobertura de sua profissão, espionou para os ingleses na Espanha, no período da Guerra Civil (1936-1939).
Em 1944, estabeleceu e chefiou o serviço de contraespionagem para descobrir agentes soviéticos em solo inglês, portanto foi designado para se descobrir a si mesmo. Passou para os soviéticos os planos dos aliados para subverter os governos comunistas no Leste europeu durante o período da Guerra Fria, permitindo ao governo de Moscovo neutralizar a operação. O governo britânico, no entanto, o considerava um funcionário exemplar e o agraciou com sua mais importante condecoração, a Ordem do Império Britânico.
Enviado para os Estados Unidos em 1949, passou a chefiar a delegação dos serviços secretos britânicos, e serviu de oficial de ligação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) e a recentemente criada Central Intelligence Agency (CIA). Para esta chegou a trabalhar diretamente.
Em 1951, a deserção dos seus colegas de Cambridge, Burgess e Maclean, para o lado russo tornou-o alvo de suspeitas. Mesmo submetido a intenso interrogatório, nada revelou a seu respeito, mas, apesar disso, foi afastado do SIS. Foi para o Líbano, onde atuou como espião freelance, novamente sob a cobertura de sua profissão de jornalista.
Em 1963, um desertor da KGB ofereceu evidências contra Philby. Agentes do SIS viajaram para o Líbano para convencê-lo a confessar, mas Philby embarcou num avião de carga, com destino a Moscovo. Era o fim de uma carreira de mais de trinta anos como agente duplo.
Foi recebido inicialmente com desconfiança, pois Moscovo duvidava de sua lealdade, acreditando que suas informações eram "boas demais". Mas no início dos anos 80 obteve a cidadania soviética e foi admitido como consultor da KGB. Foram-lhe concedidas diversas honrarias e prémios. Contou sua história como agente duplo no livro de sua autoria Minha Guerra Silenciosa, que teve prefácio de Graham Greene, com quem trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial.
Em Moscovo, após manter um romance com a ex-esposa de seu colega Maclean, casou-se com a russa Rufina Pukhova, com quem viveu até à sua morte. Foi o seu quarto casamento. Teve uma filha, Anne, do seu segundo matrimónio.
Morreu em 1988, de complicações decorrentes do alcoolismo, antes, portanto, do colapso do regime comunista, que tanto admirava.

Os 5 de Cambridge
Nos anos 20, a agência de espionagem soviética NKVD, antecessora da KGB, formulou um plano para se infiltrar no serviço de espionagem britânico. Para tanto, era necessário identificar e avaliar jovens estudantes da elite britânica, destinados a seguir carreira no serviço diplomático ou nos órgãos de segurança e que se manifestassem marxistas ou, ao menos, anti fascistas. Aliás, membros declarados do Partido Comunista eram de imediato descartados, pois já atraíam a atenção das autoridades de segurança britânicas.
A estratégia deu resultado. Os chamados espiões de Cambridge foram recrutados durante os seus anos na universidade. Dois deles, Blunt e Burgess, eram membros dos Apóstolos de Cambridge, uma venerável sociedade secreta que, nos anos 30, abraçou o marxismo com entusiasmo.

Philby e Graham Greene
Trabalhando sob as ordens de Philby, o escritor inglês Graham Greene ajudou a desmontar a rede de espionagem nazi na Península Ibérica. Decidiu deixar o serviço secreto em 1944, quando estava para ser promovido.
Esta saída inesperada do serviço secreto, quando a sua carreira estava no auge, causou surpresa. No livro Escritores e Espiões - A Vida Secreta dos Grandes Nomes da Literatura Mundial, o escritor espanhol Fernando Martínez Laínez tem uma tese para esta demissão abrupta.
Segundo Laínez, Greene descobriu o papel duplo de seu chefe, mas, como era seu amigo, preferiu deixar o serviço secreto para não denunciá-lo. Depois que Philby foi para Moscovo, Greene visitou-o várias vezes. O personagem principal de seu romance O Terceiro Homem foi inspirado nele.
   

domingo, abril 03, 2022

Graham Greene morreu há trinta e um anos

  
Henry Graham Greene (Berkhamsted, 2 de outubro de 1904Vevey, 3 de abril de 1991), mais conhecido como Graham Greene, foi um jornalista e escritor britânico, com uma obra composta de romances, contos, peças teatrais e críticas de literatura e de cinema

 

Biografia

Formou-se na Universidade de Oxford, e começou a sua carreira como jornalista trabalhando como repórter e subeditor do The Times. Publicou cerca de 60 romances.

Ao longo de sua vida, Greene esteve em vários países bem distantes da Inglaterra, aos quais ele se referia como lugares selvagens e remotos do mundo. Em 1935, visitou a África (especialmente Serra Leoa e Libéria), onde, além de buscar material para seus artigos do Times e para um futuro livro (Journey Without Maps), também prestou serviços à Anti-Slavery and Aborigines' Protection Society

As viagens o levaram a ser recrutado pelo MI6, o serviço secreto britânico, por meio de sua irmã, Elisabeth, que trabalhava para a organização, e ele foi enviado para Serra Leoa durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, de 1941 a 1943, ele trabalhou para a inteligência britânica, em Freetown. Muitos de seus romances, a partir de então, tiveram como tema ou pano de fundo a espionagem. Kim Philby (que posteriormente descobriu-se ser um agente duplo, ao serviço da KGB) era seu supervisor no MI6 e seu amigo. Posteriormente, Greene escreveria o prefácio do livro de memórias de Philby, My Silent War (1968).

Nos seus romances, o escritor retrata pessoas que encontrou e lugares onde viveu. Deixou a Europa pela primeira vez aos 30 anos de idade, em 1935, rumo à Libéria. Essa viagem seria a inspiração para o livro Journey Without Maps. A sua viagem ao México, em 1938, para observar os efeitos da campanha anticatólica do governo, que promovia a secularização forçada, foi paga pela editora Longman e assunto de dois livros.

O seu primeiro livro de sucesso foi O Expresso do Oriente (1932). Dentre outras obras, incluem-se O Poder e a Glória (1940), Our Man in Havana (1958, "O Nosso Agente em Havana") e O Fator Humano (1978). Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, como por exemplo O Ídolo Caído. Suas obras falam muito de situações políticas de países pouco conhecidos e aos quais viajava frequentemente, como Cuba e Haiti.

Outra temática frequente em sua obra é a religião. Tendo-se convertido ao catolicismo em 1926, os dilemas morais e espirituais de sua época eram representados por intermédio de suas personagens. Graham Greene era considerado o maior 'escritor católico' da Grã-Bretanha, apesar da sua resistência em ser retratado dessa maneira.

Existem peças teatrais de sua autoria, como The Complaisant Lover, 1959, The potting shed, 1956–1957, The linving room, 1958, e Carving a statue, 1964. Foi também autor de quatro livros infantis.

    

sábado, janeiro 01, 2022

O espião Kim Philby nasceu há 110 anos


Harold Adrian Russell "Kim" Philby
ou H.A.R. Philby (Ambala, Índia, 1 de janeiro de 1912 - Moscovo, Rússia, 11 de maio de 1988) foi um membro do topo da hierarquia dos serviços secretos ingleses que espionava para a União Soviética. Philby era um dos membros do grupo conhecido como Cambridge Five, juntamente com Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross.

Biografia
Philby era filho do diplomata John Philby e nasceu na Índia, à época uma colónia britânica, onde o pai servia como magistrado. Ganhou o apelido de Kim, porque, tal como o herói do romance de Rudyard Kipling, começou a falar punjabi, a língua local, antes do inglês.
Entrou para o serviço secreto soviético em 1933, depois de ter estudado em Westminister e no Trinity College, em Cambridge, instituições que recebiam os filhos da elite britânica. Foi recrutado quando estava na universidade, juntamente com mais quatro colegas, que ficaram conhecidos como Os 5 de Cambridge (The Cambridge Five).
Conforme revelaria em entrevista, no ano de sua morte, Philby e seus colegas acreditavam que as democracias ocidentais não teriam condições de se opor ao nazi-fascismo. Na opinião deles, somente o comunismo era forte o suficiente para enfrentá-lo.
Através do jornalismo, ingressou no Serviço Secreto Inglês (SIS) e, sob a cobertura de sua profissão, espionou para os ingleses na Espanha, no período da Guerra Civil (1936-1939).
Em 1944, estabeleceu e chefiou o serviço de contraespionagem para descobrir agentes soviéticos em solo inglês, portanto foi designado para se descobrir a si mesmo. Passou para os soviéticos os planos dos aliados para subverter os governos comunistas no Leste europeu durante o período da Guerra Fria, permitindo ao governo de Moscovo neutralizar a operação. O governo britânico, no entanto, o considerava um funcionário exemplar e o agraciou com sua mais importante condecoração, a Ordem do Império Britânico.
Enviado para os Estados Unidos em 1949, passou a chefiar a delegação dos serviços secretos britânicos, e serviu de oficial de ligação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) e a recentemente criada Central Intelligence Agency (CIA). Para esta chegou a trabalhar diretamente.
Em 1951, a deserção de seus colegas de Cambridge, Burgess e Maclean, para o lado russo tornou-o alvo de suspeitas. Mesmo submetido a intenso interrogatório, nada revelou a seu respeito, mas, apesar disso, foi afastado do SIS. Foi para o Líbano, onde atuou como espião freelance, novamente sob a cobertura de sua profissão de jornalista.
Em 1963, um desertor da KGB ofereceu evidências contra Philby. Agentes do SIS viajaram para o Líbano para convencê-lo a confessar, mas Philby embarcou num avião de carga com destino a Moscovo. Era o fim de uma carreira de mais de 30 anos como agente duplo.
Foi recebido inicialmente com desconfiança, pois Moscovo duvidava de sua lealdade, acreditando que suas informações eram "boas demais". Mas no início dos anos 80 obteve a cidadania soviética e foi admitido como consultor da KGB. Foram-lhe concedidas diversas honrarias e prémios. Contou sua história como agente duplo no livro de sua autoria Minha Guerra Silenciosa, que teve prefácio de Graham Greene, com quem trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial.
Em Moscovo, após manter um romance com a ex-esposa de seu colega Maclean, casou-se com a russa Rufina Pukhova, com quem viveu até sua morte. Foi seu quarto casamento. Teve uma filha, Anne, do seu segundo matrimónio.
Morreu em 1988, de complicações decorrentes do alcoolismo, antes, portanto, do colapso do regime comunista que tanto admirava.

Os 5 de Cambridge
Nos anos 20, a agência de espionagem soviética NKVD, antecessora da KGB, formulou um plano para se infiltrar no serviço de espionagem britânico. Para tanto, era necessário identificar e avaliar jovens estudantes da elite britânica, destinados a seguir carreira no serviço diplomático ou nos órgãos de segurança e que se manifestassem marxistas ou, ao menos, anti fascistas. Aliás, membros declarados do Partido Comunista eram de imediato descartados, pois já atraíam a atenção das autoridades de segurança britânicas.
A estratégia deu resultado. Os chamados espiões de Cambridge foram recrutados durante seus anos na universidade. Dois deles, Blunt e Burgess, eram membros dos Apóstolos de Cambridge, uma venerável sociedade secreta que, nos anos 30, abraçou o marxismo com entusiasmo.

Philby e Graham Greene
Trabalhando sob as ordens de Philby, o escritor inglês Graham Greene ajudou a desmontar a rede de espionagem nazi na Península Ibérica. Decidiu deixar o serviço secreto em 1944, quando estava para ser promovido.
Esta saída inesperada do serviço secreto, quando a sua carreira estava no auge, causou surpresa. No livro Escritores e Espiões — A Vida Secreta dos Grandes Nomes da Literatura Mundial, o escritor espanhol Fernando Martínez Laínez tem uma tese para esta demissão abrupta.
Segundo Laínez, Greene descobriu o papel duplo de seu chefe, mas como era seu amigo preferiu deixar o serviço secreto para não denunciá-lo. Depois que Philby foi para Moscovo, Greene visitou-o várias vezes. O personagem principal de seu romance O Terceiro Homem foi inspirado nele.
   

sábado, abril 03, 2021

O escritor Graham Greene morreu há trinta anos


Henry Graham Greene (Berkhamsted, 2 de outubro de 1904Vevey, 3 de abril de 1991), mais conhecido como Graham Greene, foi um jornalista e escritorbritânico, com uma obra composta de romances, contos, peças teatrais e críticas de literatura e de cinema

 

Biografia

Formou-se na Universidade de Oxford, e começou a sua carreira como jornalista trabalhando como repórter e subeditor do The Times. Publicou cerca de 60 romances.

Ao longo de sua vida, Greene esteve em vários países bem distantes da Inglaterra, aos quais ele se referia como lugares selvagens e remotos do mundo. Em 1935, visitou a África (especialmente Serra Leoa e Libéria), onde, além de buscar material para seus artigos do Times e para um futuro livro (Journey Without Maps), também prestou serviços à Anti-Slavery and Aborigines' Protection Society

As viagens o levaram a ser recrutado pelo MI6, o serviço secreto britânico, por meio de sua irmã, Elisabeth, que trabalhava para a organização, e ele foi enviado para Serra Leoa durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, de 1941 a 1943, ele trabalhou para a inteligência britânica, em Freetown. Muitos de seus romances, a partir de então, tiveram como tema ou pano de fundo a espionagem. Kim Philby (que posteriormente descobriu-se ser um agente duplo, ao serviço da KGB) era seu supervisor no MI6 e seu amigo. Posteriormente, Greene escreveria o prefácio do livro de memórias de Philby, My Silent War (1968).

Nos seus romances, o escritor retrata pessoas que encontrou e lugares onde viveu. Deixou a Europa pela primeira vez aos 30 anos de idade, em 1935, rumo à Libéria. Essa viagem seria a inspiração para o livro Journey Without Maps. A sua viagem ao México, em 1938, para observar os efeitos da campanha anticatólica do governo, que promovia a secularização forçada, foi paga pela editora Longman e assunto de dois livros.

O seu primeiro livro de sucesso foi O Expresso do Oriente (1932). Dentre outras obras, incluem-se O Poder e a Glória (1940), Our Man in Havana (1958, "O Nosso Agente em Havana") e O Fator Humano (1978). Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, como por exemplo O Ídolo Caído. Suas obras falam muito de situações políticas de países pouco conhecidos e aos quais viajava frequentemente, como Cuba e Haiti.

Outra temática frequente em sua obra é a religião. Tendo-se convertido ao catolicismo em 1926, os dilemas morais e espirituais de sua época eram representados por intermédio de suas personagens. Graham Greene era considerado o maior 'escritor católico' da Grã-Bretanha, apesar da sua resistência em ser retratado dessa maneira.

Existem peças teatrais de sua autoria, como The Complaisant Lover, 1959, The potting shed, 1956–1957, The linving room, 1958, e Carving a statue, 1964. Foi também autor de quatro livros infantis.

 

in Wikipédia

terça-feira, janeiro 01, 2013

O almirante Canaris nasceu há 126 anos

Wilhelm Franz Canaris (1 de janeiro 18879 de abril 1945) foi um almirante alemão, líder dos serviços de espionagem militar (a Abwehr) de 1935 a 1944. Foi também uma das figuras da resistência alemã (Widerstand) ao regime nazi de Adolf Hitler e um dos envolvidos no atentado de 20 de Julho.

(...)
No início da Segunda Guerra Mundial, Canaris deslocou-se à frente leste, à Polónia, na qualidade de chefe dos serviços de informação militar. Durante a visita testemunhou muitos crimes de guerra cometidas pela SS sobre as populações locais, nomeadamente contra a comunidade judaica. As suas funções requeriam que tomasse notas e elaborasse um relatório para Hitler sobre o andamento da guerra. Canaris cumpriu a obrigação, mas ficou revoltado contra as atrocidades a que assistiu. O relatório foi entregue ao Führer porém uma segunda via foi enviada para Londres, o que demonstra o continuar da relação secreta entre Canaris e os serviços secretos britânicos, mesmo depois do início das hostilidades entre ambos os países.
Ao longo dos anos seguintes, Canaris manteve uma vida dupla, mostrando-se como um líder dedicado à causa de Hitler por um lado, enquanto que por outro conspirava a sua queda com os britânicos e outros dissidentes da Wehrmacht. De acordo com a sua função de líder da Abwehr, Canaris recolheu informações importantes para o desenrolar da guerra, através da sua rede de espiões e, por diversas vezes, através dos seus contactos britânicos. Uma das informações que recolheu via MI6 foi o plano detalhado das disposições defensivas russas, nos meses que antecederam a Operação Barbarossa. O dossier foi bem recebido por Hitler mas provocou a suspeita de Heinrich Himmler (líder da SS - Schutzstaffel) e Reinhard Heydrich (líder do Sicherheitsdienst), quanto à verdadeira origem das informações. Canaris passou a estar sob suspeita, principalmente devido às suas viagens frequentes ao Sul de Espanha, onde provavelmente se encontrava com agentes britânicos de Gibraltar. Em 1942, a relação institucional de Canaris e Heydrich (seu antigo protegido na Kriegsmarine) deteriorou-se devido a um incidente na República Checa, relacionado com a captura de Paul Thümmel, um agente britânico, pela Gestapo. Canaris interferiu com a prisão, e execução certa do homem, alegando que, na realidade, Thümmel era um agente duplo ao serviço da Abwehr. A sua explicação passou, mas as suspeitas de Heydrich acumularam-se até à sua própria morte, num atentado realizado em junho de 1942. É possível que o assassinato de Heydrich tenha sido organizado pelo MI6, de modo a proteger a posição de Canaris.
Após muita insistência da parte de Himmler, e apesar da falta de provas directas, Hitler foi finalmente convencido a demitir Canaris em Fevereiro de 1944. A liderança da Abwehr passou para Walter Schellenberg, com fortes ligações ao Sicherheitsdienst, e Canaris foi colocado em prisão domiciliária, por suspeitas de conspiração.

Canaris encontrava-se ainda em prisão domiciliária quando ocorreu o atentado de 20 de julho de 1944 contra a vida de Hitler. A sua situação ilibava-o de responsabilidade directa, mas após a prisão, tortura e interrogatório de vários envolvidos, Hitler e Himmler ficaram com provas que Canaris estava pelo menos moralmente de acordo com o sucedido. A sua prisão apertou-se, mas Canaris foi poupado a um tribunal marcial imediato: por um lado Hitler tinha a esperança que Canaris denunciasse mais conspiradores, por outro Himmler esperava usar os contactos britânicos de Canaris para salvar a sua posição após o final da guerra. Quando se tornou claro que Canaris não ia colaborar com nenhum dos planos, tornou-se dispensável. O julgamento foi sumário e a condenação à morte inevitável. Canaris foi executado por enforcamento a 9 de abril de 1945 no campo de concentração de Flossenbürg, poucas semanas antes do suicídio de Hitler e do final da guerra.
A coragem de Canaris na oposição a Hitler veio a público no fim da guerra, através de declarações de vários dos seus antigos colaboradores nos julgamentos de Nuremberga e de Stewart Menzies, líder do MI6. Foi também depois do fim da guerra que se descobriu que Canaris utilizou a sua posição para salvar a vida de muitos judeus, concedendo-lhes treino em espionagem e depois arranjando-lhes "missões" em países neutros. De entre as personalidades que saíram da Alemanha neste esquema contam-se Menachem Mendel Schneerson e Joseph Isaac Schneersohn.

O espião Kim Philby nasceu há 101 anos

Harold Adrian Russell "Kim" Philby ou H.A.R. Philby (Ambala, Índia, 1 de janeiro de 1912 - Moscovo, Rússia, 11 de maio de 1988) foi um membro do topo da hierarquia dos serviços secretos ingleses que espionava para a União Soviética. Philby era um dos membros do grupo conhecido como Cambridge Five, juntamente com Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross.

Biografia
Philby era filho do diplomata John Philby e nasceu na Índia, à época uma colónia britânica, onde o pai servia como magistrado. Ganhou o apelido de Kim, porque, tal como o herói do romance de Rudyard Kipling, começou a falar punjabi, a língua local, antes do inglês.
Entrou para o serviço secreto soviético em 1933, depois de ter estudado em Westminister e no Trinity College, em Cambridge, instituições que recebiam os filhos da elite britânica. Foi recrutado quando estava na universidade, juntamente com mais quatro colegas, que ficaram conhecidos como Os 5 de Cambridge (The Cambridge Five).
Conforme revelaria em entrevista, no ano de sua morte, Philby e seus colegas acreditavam que as democracias ocidentais não teriam condições de se opor ao nazi-fascismo. Na opinião deles, somente o comunismo era forte o suficiente para enfrentá-lo.
Através do jornalismo, ingressou no Serviço Secreto Inglês (SIS) e, sob a cobertura de sua profissão, espionou para os ingleses na Espanha, no período da Guerra Civil (1936-1939).
Em 1944, estabeleceu e chefiou o serviço de contraespionagem para descobrir agentes soviéticos em solo inglês, portanto foi designado para se descobrir a si mesmo. Passou para os soviéticos os planos dos aliados para subverter os governos comunistas no Leste europeu durante o período da Guerra Fria, permitindo ao governo de Moscovo neutralizar a operação. O governo britânico, no entanto, o considerava um funcionário exemplar e o agraciou com sua mais importante condecoração, a Ordem do Império Britânico.
Enviado para os Estados Unidos em 1949, passou a chefiar a delegação dos serviços secretos britânicos, e serviu de oficial de ligação com o Federal Bureau of Investigation (FBI) e a recentemente criada Central Intelligence Agency (CIA). Para esta chegou a trabalhar diretamente.
Em 1951, a deserção de seus colegas de Cambridge, Burgess e Maclean, para o lado russo tornou-o alvo de suspeitas. Mesmo submetido a intenso interrogatório, nada revelou a seu respeito, mas, apesar disso, foi afastado do SIS. Foi para o Líbano, onde atuou como espião freelance, novamente sob a cobertura de sua profissão de jornalista.
Em 1963, um desertor da KGB ofereceu evidências contra Philby. Agentes do SIS viajaram para o Líbano para convencê-lo a confessar, mas Philby embarcou num avião de carga com destino a Moscovo. Era o fim de uma carreira de mais de 30 anos como agente duplo.
Foi recebido inicialmente com desconfiança, pois Moscovo duvidava de sua lealdade, acreditando que suas informações eram "boas demais". Mas no início dos anos 80 obteve a cidadania soviética e foi admitido como consultor da KGB. Foram-lhe concedidas diversas honrarias e prémios. Contou sua história como agente duplo no livro de sua autoria Minha Guerra Silenciosa, que teve prefácio de Graham Greene, com quem trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial.
Em Moscovo, após manter um romance com a ex-esposa de seu colega Maclean, casou-se com a russa Rufina Pukhova, com quem viveu até sua morte. Foi seu quarto casamento. Teve uma filha, Anne, de seu segundo matrimónio.
Morreu em 1988, de complicações decorrentes do alcoolismo, antes, portanto, do colapso do regime comunista que tanto admirava.

Os 5 de Cambridge
Nos anos 20, a agência de espionagem soviética NKVD, antecessora da KGB, formulou um plano para se infiltrar no serviço de espionagem britânico. Para tanto, era necessário identificar e avaliar jovens estudantes da elite britânica, destinados a seguir carreira no serviço diplomático ou nos órgãos de segurança e que se manifestassem marxistas ou, ao menos, anti fascistas. Aliás, membros declarados do Partido Comunista eram de imediato descartados, pois já atraíam a atenção das autoridades de segurança britânicas.
A estratégia deu resultado. Os chamados espiões de Cambridge foram recrutados durante seus anos na universidade. Dois deles, Blunt e Burgess, eram membros dos Apóstolos de Cambridge, uma venerável sociedade secreta que, nos anos 30, abraçou o marxismo com entusiasmo.

Philby e Graham Greene
Trabalhando sob as ordens de Philby, o escritor inglês Graham Greene ajudou a desmontar a rede de espionagem nazi na Península Ibérica. Decidiu deixar o serviço secreto em 1944, quando estava para ser promovido.
Esta saída inesperada do serviço secreto, quando sua carreira estava no auge, causou surpresa. No livro Escritores e Espiões — A Vida Secreta dos Grandes Nomes da Literatura Mundial, o escritor espanhol Fernando Martínez Laínez tem uma tese para esta demissão abrupta.
Segundo Laínez, Greene descobriu o papel duplo de seu chefe, mas como era seu amigo preferiu deixar o serviço secreto para não denunciá-lo. Depois que Philby foi para Moscovo, Greene visitou-o várias vezes. O personagem principal de seu romance O Terceiro Homem foi inspirado nele.


domingo, janeiro 01, 2012

O Almirante Canaris nasceu há 125 anos

Wilhelm Franz Canaris (1 de janeiro 18879 de abril 1945) foi um almirante alemão, líder dos serviços de espionagem militar (a Abwehr) de 1935 a 1944. Foi também uma das figuras da resistência alemã (Widerstand) ao regime nazi de Adolf Hitler e um dos envolvidos no atentado de 20 de Julho.
Canaris nasceu no início de 1887, na vila de Aplerbeck, localizada na Vestfália, perto de Dortmund. O seus pais foram Karl Canaris, um industrial abastado, e Auguste Popp. Enquanto jovem, Canaris recebeu uma educação cuidada, que lhe permitiu dominar com fluência quatro línguas, incluindo inglês e castelhano. Em 1905, aos dezassete anos, alistou-se na Marinha Imperial Alemã, inspirado pela figura de Constantine Kanaris, um almirante e político grego que se distinguiu na luta pela independência do seu país. A sua família acreditava estar, de alguma forma, relacionada com o almirante e somente em 1938 é que Canaris descobriu que a sua ascendência era de origem italiana.
No início da Primeira Guerra Mundial, Canaris foi destacado para o SMS Dresden como Segundo Piloto. O navio participou, logo em Dezembro de 1914, na batalha das Ilhas Falkland e graças ao heroísmo do Almirante Graf Spee, em liderar um combate perdido contra à Royal Navy britânica, o Dresden, que estava bem atrás em relação aos demais navios da frota, consegue fugir em direção ao pacífico e refugiar-se por algum tempo nas costas chilenas. Em março de 1915 a sua tripulação foi capturada mas Canaris consegue fugir e regressar em agosto, com a ajuda do seu domínio do castelhano e de comerciantes alemães.
De volta ao serviço activo, Canaris foi destacado para Espanha, onde desempenhou funções de coordenação de espionagem e intercepção de mensagens inimigas. Mais tarde adquiriu um comando de submarino e destacou-se pela sua eficácia, sendo responsável pelo naufrágio de 18 navios britânicos. No final da guerra, Canaris encontrava-se já na lista negra do MI6.
Canaris permaneceu na Marinha depois do final da Primeira Grande Guerra, atingindo o grau de Capitão em 1931. Durante este período aprofundou o seu interesse na área da informação e contra-informação e envolveu-se na política alemã, embora nunca se tenha alistado no Partido Nazi. Em 1935, já depois da subida ao poder de Adolf Hitler, Canaris foi promovido à liderança da Abwehr e ao posto de contra-almirante. A sua primeira tarefa foi organizar uma rede de espiões em Espanha, no prelúdio da guerra civil. O seu trabalho foi bem sucedido e as informações recolhidas pelos seus homens influenciaram Hitler a aliar-se a Franco.
A sua carreira militar e política progrediu ao mesmo tempo que a situação política se deteriorava na Europa. Em 1938, Canaris começou a desiludir-se com a ideologia nazi e a agressividade latente de Hitler para com o resto do continente, assim como muitos outros oficiais da Wehrmacht que mais tarde integraram a resistência alemã. Para este núcleo, Hitler era visto como um lunático perigoso para a grandiosidade e estatuto da Alemanha e os membros do Partido Nazi eram desprezados pelas tácticas de repressão criminosa. Canaris passou logo à acção e esteve envolvidos na organização de dois planos para assassinar Hitler, em 1938 e em 1939, nunca concretizados. Um dos seus aliados nesta fase foi o futuro marechal Paul von Kleist, que visitou Londres em segredo para conversações com membros do MI6. A ideia dos dissidentes, liderados por Canaris, era que, se Hitler invadisse a Áustria, o Reino Unido iria declarar guerra à Alemanha. No entanto, concretizado o Anschluss, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain decidiu-se por mais uma tentativa diplomática para apaziguar o expansionismo nazi. O resultado foi o acordo de Munique. A guerra foi adiada e Hitler ficou com uma auto-confiança renovada para prosseguir com os seus planos.
Canaris ficou extremamente desiludido com a postura passiva dos britânicos, mas, face aos sucessos políticos de Hitler, decidiu-se por uma atitude discreta. Os contactos com o MI6, no entanto, continuaram. De inimigo número um, Canaris passara a aliado da causa anti-nazi.
No início da Segunda Guerra Mundial, Canaris deslocou-se à frente leste, na Polónia, na qualidade de chefe dos serviços de informação militar. Durante a visita testemunhou muitos crimes de guerra cometidas pela SS sobre as populações locais, nomeadamente contra a comunidade judaica. As suas funções requeriam que tomasse notas e elaborasse um relatório para Hitler sobre o andamento da guerra. Canaris cumpriu a obrigação, mas ficou revoltado contra as atrocidades a que assistiu. O relatório foi entregue ao Führer porém uma segunda via foi enviada para Londres, o que demonstra o continuar da relação secreta entre Canaris e os serviços secretos britânicos, mesmo depois do início das hostilidades entre ambos os países.
Ao longo dos anos seguintes, Canaris manteve uma vida dupla, mostrando-se como um líder dedicado à causa de Hitler por um lado, enquanto que por outro conspirava a sua queda com os britânicos e outros dissidentes da Wehrmacht. De acordo com a sua função de líder da Abwehr, Canaris recolheu informações importantes para o desenrolar da guerra, através da sua rede de espiões e, por diversas vezes, através dos seus contactos britânicos. Uma das informações que recolheu via MI6 foi o plano detalhado das disposições defensivas russas, nos meses que antecederam a Operação Barbarossa. O dossier foi bem recebido por Hitler mas provocou a suspeita de Heinrich Himmler (líder da SS - Schutzstaffel) e Reinhard Heydrich (líder do Sicherheitsdienst), quanto à verdadeira origem das informações. Canaris passou a estar sob suspeita, principalmente devido às suas viagens frequentes ao Sul de Espanha, onde provavelmente se encontrava com agentes britânicos de Gibraltar. Em 1942, a relação institucional de Canaris e Heydrich (seu antigo protegido na Kriegsmarine) detriorou-se devido a um incidente na República Checa, relacionado com a captura de Paul Thümmel, um agente britânico, pela Gestapo. Canaris interferiu com a prisão, e execução certa do homem, alegando que, na realidade, Thümmel era um agente duplo ao serviço da Abwehr. A sua explicação passou, mas as suspeitas de Heydrich acumularam-se até à sua própria morte, num atentado realizado em Junho de 1942. É possível que o assassinato de Heydrich tenha sido organizado pelo MI6, de modo a proteger a posição de Canaris.
Após muita insistência da parte de Himmler, e apesar da falta de provas directas, Hitler foi finalmente convencido a demitir Canaris em Fevereiro de 1944. A liderança da Abwehr passou para Walter Schellenberg, com fortes ligações ao Sicherheitsdienst, e Canaris foi colocado em prisão domiciliária, por suspeitas de conspiração.
Canaris encontrava-se ainda em prisão domiciliária quando ocorreu o atentado de 20 de Julho de 1944 contra a vida de Hitler. A sua situação ilibava-o de responsabilidade directa, mas após a prisão, tortura e interrogatório de vários envolvidos, Hitler e Himmler ficaram com provas que Canaris estava pelo menos moralmente de acordo com o sucedido. A sua prisão apertou-se, mas Canaris foi poupado a um tribunal marcial imediato: por um lado Hitler tinha a esperança que Canaris denunciasse mais conspiradores, por outro Himmler esperava usar os contactos britânicos de Canaris para salvar a sua posição após o final da guerra. Quando se tornou claro que Canaris não ia colaborar com nenhum dos planos, tornou-se dispensável. O julgamento foi sumário e a condenação à morte inevitável. Canaris foi executado por estrangulamento a 9 de abril de 1945 no campo de concentração de Flossenbürg, poucas semanas antes do suicídio de Hitler e do final da guerra.
A coragem de Canaris na oposição a Hitler veio a público no fim da guerra, através de declarações de vários dos seus antigos colaboradores nos julgamentos de Nuremberga e de Stewart Menzies, líder do MI6. Foi também depois do fim da guerra que se descobriu que Canaris utilizou a sua posição para salvar a vida de muitos judeus, concedendo-lhes treino em espionagem e depois arranjando-lhes "missões" em países neutros. De entre as personalidades que saíram da Alemanha neste esquema contam-se Menachem Mendel Schneerson e Joseph Isaac Schneersohn.