A chamada Fuga de Peniche foi um episódio da história de Portugal - no contexto da oposição ao regime salazarista - ocorrido na prisão de alta-segurança de Peniche a 3 de janeiro de 1960.
Teve como atores os chamados Dez de Peniche, a saber:
- Álvaro Cunhal
- Carlos Costa
- Francisco Martins Rodrigues
- Francisco Miguel
- Guilherme da Costa Carvalho
- Jaime Serra
- Joaquim Gomes
- José Carlos
- Pedro Soares
- Rogério de Carvalho
A operação foi organizada internamente por uma comissão integrada por
Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.
Na data aprazada, ao final da tarde, um automóvel (conduzido pelo ator, já falecido, Rogério Paulo) parou em frente ao forte
com o porta-bagagens aberto. Esse era o sinal combinado para que, no
interior da prisão se soubesse que, no exterior, estava tudo a postos
para a fuga.
O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela – o guarda José Alves
– que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros atravessaram, sem
serem percebidos pelos demais sentinelas, o trecho mais exposto do
percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso inferior
por uma árvore. Daí correram para o pano exterior da muralha,
para logo descerem o mesmo com o auxílio de uma corda feita com lençóis
até alcançarem o fosso exterior. Dele, tiveram ainda que saltar um muro
para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que
os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar
a noite.
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.
O guarda José Alves que participou na conspiração exilou-se logo em Bucareste, Roménia.
Aí juntou-se-lhe mais tarde a família. José Alves, a quem fora
garantido pelos demais conspiradores que no exílio iria ter uma boa
vida, não viu as suas expectativas realizadas e acabou por suicidar-se
(ao que não haveria sido alheio encontrar-se longe da pátria e sem
perspectiva de poder regressar assim como possíveis dificuldades
materiais por haver sido esbolhado da recompensa). Após o 25 de abril,
sua esposa veio a Portugal e haveria tentado falar com Álvaro Cunhal
(na altura ministro do governo provisório). Em 1960 José Alves recebeu
dos conspiradores 120 contos de réis
de recompensa mas, no seguimento da operação, sua esposa foi detida e
havendo confessado a existência do dinheiro, ele foi-lhe confiscado pelo
Estado. Dele foi posteriormente ressarcida após o 25 de abril.
in Wikipédia
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