Nasceu em Perm, na Rússia, em 1872. De origem nobre, teve uma educação
privilegiada. Jovem de grande capacidade e muito dinamismo, foi
designado pelo príncipe Volkonski, então diretor dos teatros imperiais
russos, no início do século XX, como delegado nas missões
extraordinárias dos teatros imperiais e, assim, começou a dedicar-se ao ballet por pura casualidade.
Fundou o diário artístico “O Mundo da Arte”, que divulgava a pintura e
arte russas em geral. Era um homem de notável cultura, podendo ser
considerado como um autêntico símbolo do século XX.
Em 1905, após mais de um ano de viagens por diferentes regiões russas,
Diaguilev organizou uma importante exposição de retratos russos no
palácio Tauride, em São Petersburgo. No ano seguinte, levaria uma
grande exposição de arte russa ao Petit Palais, em Paris, dando
origem a uma estreita colaboração com a França. Já em 1907,
apresentaria cinco concertos de música russa em Paris e, no ano
seguinte, traria uma produção de Boris Godunov, de Mussorgsky, à Ópera de Paris.
Isto levaria a um convite para regressar a Paris no ano seguinte, não só com ópera, mas também com ballet e, assim, ao lançamento dos Ballets Russes.
Enquanto organizador e diretor dos Ballets Russes, Diaguilev pode ser considerado como um dos maiores produtores de ballet do
mundo. Ambicioso e inteligente, absorvia com facilidade todas as novas
correntes da arte. Dotado de uma personalidade muito forte e de
notável cultura artística, bastante eclético, mas conservador no que
tocava a preservar as tradições clássicas, Diaguilev, com a ajuda de
alguns mecenas, conseguiu moldar à sua maneira grandes talentos e
revelou ao mundo no campo da dança, da música, da cenografia, da
pintura, da poesia, grandes nomes como o de Vaslav Nijinski, Anna
Pavlova, Tamara Karsavina, Olga Spesivtzeva, Natalia Dubrovska, Adolf
Bolm, Aleksandra Danilova, Serge Lifar, Léonide Massine, Stravinski,
Glazunov Tcherepnine, Rimski-Korsakov, Benois, Bakst, Korovin, Serov,
Gontcharova, George Balanchine, Debussy, Ravel, Satie, Prokofieff,
Stravinsky, Matisse, Picasso ou Cocteau, entre muitos outros.
Diaguilev também encomendou música de bailado a compositores como
Claude Debussy (
Jeux, 1913),
Maurice Ravel (
Daphnis et Chloé, 1912),
Erik Satie (
Parade, 1917),
Richard Strauss (
Josephs-Legende, 1914),
Sergei Prokofiev (
Ala and Lolly, rejeitado por Diaghilev e transformado em
Scythian Suite, e
Chout, 1915),
Ottorino Respighi (
La Boutique Fantasque, 1918),
Francis Poulenc (
Les Biches, 1923) e outros.
O seu coreógrafo
Mikhail Fokine adaptava frequentemente a música para bailado. Por sua vez, o diretor artístico dos
Ballets Russes,
Léon Bakst, ajudou a desenvolver uma forma de
ballet mais
complexa, com elementos espetaculares, destinados a apelar ao público
em geral, e não apenas à aristocracia. O caráter exótico dos
Ballets Russes terá também tido um efeito sobre pintores
fauvistas e o então embrionário estilo
Art Deco. Diz-se que Coco Chanel terá afirmado "Diaguilev inventou a Rússia para estrangeiros." [Rhonda K. Garelick].
Homossexual, teve várias ligações, sendo a mais famosa com o
bailarino Vaslav Nijinski.
Diaguilev ficou conhecido pelo seu caráter duro e exigente, mas muitos
dos seus bailarinos recordaram também a sua generosidade, comparando-o
a uma figura paternal austera, mas sempre preocupada com o seu
bem-estar, e pondo muitas vezes a subsistência dos seus bailarinos
acima da sua.
Por um período de vinte anos, Diaguilev maravilhou o mundo, mostrando a
arte russa em todo o seu esplendor. Morreu em 1929, em Veneza; a sua
sepultura encontra-se na ilha de San Michele, perto do túmulo de Stravinsky.
O filme
The Red Shoes é tido como uma dramatização velada dos
Ballets Russes. O departamento de Teatro e Performance do
Victoria and Albert Museum, em Londres, alberga a
Coleção Ekstrom
da Fundação Diaghilev e Stravinsky, da qual fazem parte registos
financeiros, cartas e telegramas, que dão conta da gestão dos
Ballets Russes, bem como de outros aspetos pessoais e sociais da época.