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terça-feira, novembro 12, 2024

O Massacre de Santa Cruz foi há trinta e três anos...

Túmulo do Sebastião Gomes, no cemitério Santa Cruz
   
O Massacre de Santa Cruz em Timor-Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Díli, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude em Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL), e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
  
História
Após a invasão de Timor-Leste pela Indonésia em 1975 (então, formalmente, ainda Timor Português), muitos timorenses sentiam-se oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans. O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para melhorar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Díli. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os ativistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta.
A 12 de novembro, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e com 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes. Ainda hoje a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida.
Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo da independência.
  
(imagem daqui)
       
Consequências
O massacre foi filmado pelo repórter de imagem Max Stahl, que deu assim uma preciosa ajuda para dar a conhecer ao mundo o que tinha acontecido em Díli. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses. Em 1992, Rui Veloso, músico português, compôs e interpretou a música Maubere a favor da causa timorense.

 


 

quinta-feira, setembro 19, 2024

O Massacre de Sabra e Chatila foi há 42 anos - mas parece ter sido ontem...


 

O Massacre de Sabra e Chatila foi o massacre de refugiados civis palestinianos e libaneses perpetrado entre 19 e 20 de setembro de 1982, pela milícia maronita liderada por Elie Hobeika, como retaliação pelo assassinato do presidente eleito do país e líder falangista, Bachir Gemayel. O evento ocorreu nos campos palestinianos de Sabra e Shatila, situados na periferia sul de Beirute, área que se encontrava então sob ocupação das forças armadas de Israel.

A pedido dos falangistas libaneses, as forças israelitas cercaram Sabra e Shatila e bloquearam as saídas dos campos, para impedir a saída dos moradores. "A carnificina começou imediatamente. Continuaria até o meio-dia de sábado. A noite não trouxe nenhum descanso; o oficial de ligação falangista pediu iluminação, e os israelitas, diligentemente, atenderam o pedido, disparando foguetes de iluminação", enquanto grupos de milicianos, com cerca de 150 homens cada um, iam chegando aos campos para prosseguir a execução do massacre.

  

    

A possibilidade dos ataques era previsível. Bashir Gemayel, líder da organização de extrema-direita Falanges Libanesas, considerava os refugiados palestinos como "população excedente". Bashir foi assassinado em 14 de setembro de 1982. No dia 16, os campos foram atacados.

O massacre ocorreu numa área diretamente controlada pelo exército israelita, durante a invasão do Líbano de 1982, entre 16 e 18 de setembro do mesmo ano. O número de vítimas não é bem conhecido e, conforme a fonte, a estimativa pode variar de algumas centenas a 3.500 pessoas - na grande maioria crianças, mulheres e idosos - foram mortos pelos falangistas.

O Supremo Tribunal de Israel considerou o Ministro da Defesa do país, Ariel Sharon, pessoalmente responsável pelo massacre, por ter falhado na proteção aos refugiados.

Sharon, quando candidato a primeiro-ministro de Israel, lamentou as mortes e negou qualquer responsabilidade. A repercussão do massacre, entretanto, fez com que fosse demitido do cargo de Ministro da Defesa.

sexta-feira, agosto 30, 2024

Os bombardeamentos da NATO na Bósnia e Herzegovina começaram há 29 anos...

   
Os bombardeamentos da NATO na Bósnia e Herzegovina em 1995 (nomeado pela OTAN de Operação Força Deliberada) foram uma campanha aérea conduzida pela organização militar do Atlântico Norte durante a Guerra da Bósnia, para minar a capacidade militar do exército sérvio-bósnio, que ameaçava e atacava áreas da ONU, designadas como "zonas de segurança" na Bósnia e Herzegovina. A operação foi realizada entre 30 de agosto e 20 de setembro de 1995, envolvendo 400 aviões e 5.000 pessoas de 15 nações.
Bem planeado e aprovado pelo Conselho do Atlântico Norte, em julho de 1995, a operação foi desencadeada em resposta direta à segunda onda de massacres em Markale, em 28 de agosto de 1995.
A operação foi realizada em pontos chave na República Srpska, envolvendo 400 aviões e 5.000 pessoas entre os pilotos e o pessoal de terra de 15 países diferentes. Os aviões envolvidos foram operados a partir da Itália e de porta-aviões dos EUA o USS Theodore Roosevelt e o USS America. 68% das bombas utilizadas nessa campanha foram munições guiadas de precisão (as chamadas "bombas inteligentes"). A rede defesa do exército sérvio-bósnio, composta por aviões e mísseis antiaviões (em inglês mísseis terra-ar ou SAMS), representou uma grande ameaça para o desenvolvimento de operações conjuntas.
Em resposta aos ataques, o exército sérvio-bósnio sequestrou e usou como escudos humanos, em pontos-chave da região, mais 400 soldados da ONU (UNPROFOR).
Os ataques aéreos internacionais aumentaram a pressão internacional sobre Slobodan Milošević e a República Federal da Jugoslávia para participar nas negociações que resultaram no Acordo de Paz de Dayton
   

terça-feira, agosto 20, 2024

Slobodan Milosevic, ditador e genocida sérvio, nasceu há 83 anos...

   
Slobodan Milošević (Požarevac, 20 de agosto de 1941 - Haia, 11 de março de 2006) foi presidente da Sérvia de 1989 a 1997 e da República Federal da Jugoslávia de 1997 a 2000. Também foi o principal líder do Partido Socialista da Sérvia desde a sua fundação, em 1990.
Milošević renunciou à presidência jugoslava entre manifestações que se seguiram à concorrida eleição presidencial de 24 de setembro de 2000. Foi preso pelas autoridades federais jugoslavas em 31 de março do ano seguinte, sob suspeita de corrupção, abuso de poder e apropriação indevida. Foi também preso pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPII), um comité das Nações Unidas, sob a acusação de crimes contra a humanidade, de violar as leis e costumes de guerra, violações graves às Convenções de Genebra e genocídio, por seu papel durante as guerras na Croácia, Bósnia e Kosovo. A investigação inicial a respeito de Milošević não foi adiante, por falta de evidências concretas, o que motivou o primeiro-ministro sérvio, Zoran Đinđić, a enviá-lo para Haia, Países Baixos, sede do Tribunal Penal Internacional, para ser julgado pelos crimes de guerra.
Milošević foi responsável pela sua própria defesa; o julgamento terminou, no entanto, sem qualquer veredicto, já que ele acabou morrendo durante o seu decorrer, depois de quase cinco anos encarcerado na Prisão de Criminosos de Guerra, em Haia. Milošević sofria de doenças cardíacas e tinha hipertensão arterial, e morreu de um enfarte do miocárdio. O Tribunal negou qualquer responsabilidade sobre a morte de Milošević, alegando que ele se recusara a tomar os medicamentos que lhe foram receitados, e preferiu medicar-se por conta própria.
 

quarta-feira, julho 17, 2024

Um genocida alemão publicou um infame livro há 99 anos...

   

Mein Kampf é o título do livro de dois volumes de autoria de Adolf Hitler, no qual ele expressou suas ideias antissemitas, racistas e nacional-socialistas então adotadas pelo partido nazi. O primeiro volume foi escrito na prisão e editado em 1925, o segundo foi escrito por Hitler fora da prisão e editado em 1926. Mein Kampf tornou-se um guia ideológico e de ação para os nazis, e ainda hoje influencia os neonazis, sendo chamado por alguns de "Bíblia Nazi".

É importante ressaltar que as ideias propostas em Mein Kampf não surgiram com Hitler, mas são oriundas de teorias e argumentos então correntes na Europa. Na Alemanha nazi, era uma exigência não oficial possuir o livro. Era comum dar de presente o livro a crianças recém-nascidas, ou como presente de casamento. Todos os estudantes o recebiam na sua formatura.
      
Título
É importante notar a flexibilidade conotativa e contextual da língua alemã da palavra "Kampf", que traz diversas possibilidades de traduções do título para o português. A palavra também pode ser traduzida como "luta", "combate", ou até mesmo como "guerra"' o que é evidenciado por vários exemplos como os nomes alemães de diversos tanques ("Panzerkampfwagen", traduzido como "Veículo de guerra blindado") ou por números de bombardeiros ("Sturzkampfflugzeug", traduzido como "Avião bombardeiro de guerra"). A grande maioria dos linguistas, entretanto, ainda julgam "Minha Luta" a tradução correta.
   
História
Hitler começou a ditar o livro para Emil Maurice enquanto estava preso em Landsberg e, depois de julho de 1924, passou a ditar para Rudolf Hess, que posteriormente, com a ajuda de especialistas, aos poucos editou o livro. Pela sua peculiar natureza verbal, a obra original mostrou-se repetitiva e de difícil leitura, por isso precisou ser editada e reeditada antes de chegar à editora. Ele foi dedicado a Dietrich Eckart, membro da Sociedade Thule.
O título original da obra era "Viereinhalb Jahre [des Kampfes] gegen Lüge, Dummheit und Feigheit" ("Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e covardia"), porém Max Amann, o encarregado das publicações nazis, decidiu que o título era muito complicado e achou melhor abreviá-lo para Mein Kampf - Minha Luta. Amann ficou desapontado com o conteúdo da obra, pois esperava uma história pessoal de Hitler detalhada e com ênfase no Putsch da Cervejaria, que acreditava que se tornaria uma ótima leitura; Hitler, porém, não entrou em detalhes sobre a sua vida pessoal e não escreveu nada sobre o Putsch.
O primeiro volume, intitulado Eine Abrechnung, é essencialmente autobiográfico e foi publicado em 18 de julho de 1925; já o segundo volume, Die Nationalsozialistische Bewegung (O movimento nacional-socialista), está mais preocupado em expressar a doutrina nazi e foi publicado em 1926.
      

quarta-feira, julho 10, 2024

O Massacre de Srebrenica começou há 29 anos - mas ainda há quem defendas genocidas...

       
O Massacre de Srebrenica foi o assassinato, de 11 a 25 de julho de 1995 de, pelo menos, 8.373 bósnios muçulmanos, variando, em idade, de adolescentes a idosos, na região de Srebrenica, pelo Exército Bósnio da Sérvia, sob o comando do General Ratko Mladić e com a participação de uma unidade paramilitar sérvia conhecida como "Escorpiões".
Considerado um dos eventos mais terríveis da história recente, o massacre de Srebrenica é o maior assassinato em massa da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Foi o primeiro caso legalmente reconhecido de genocídio na Europa depois do Holocausto.
Tudo começou quando tropas sérvias invadiram Srebrenica, e a população local procurou abrigo num complexo da ONU. Porém, dois dias depois, as forças neerlandesas da missão de paz da ONU, que estavam em menor número e não tiveram resposta quando pediram reforços à ONU, em Genebra, cederam às pressões das tropas de Mladic e forçaram milhares de famílias muçulmanas a deixar o local. Os invasores sérvios, então, organizaram os muçulmanos por género, enviando os homens para a execução. Cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos foram mortos. Também houve denúncias de violações, seguidos de assassinatos, de mulheres e crianças. Nas palavras do juiz Fouad Riad, em novembro de 1995, ao indiciar Ratko Mladić in absentia, por genocídio em Srebrenica, no tribunal de crimes de guerra de Haia, havia evidências de uma "inimaginável selvajaria: milhares de homens executados e enterrados em valas comuns, centenas de homens enterrados vivos, homens e mulheres mutilados e massacrados, crianças mortas diante das mães, um avô obrigado a comer o fígado de seu próprio neto". Os corpos eram deitados em valas comuns, feitas às pressas.
De acordo com o Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia - ICTY), ao tentar eliminar uma parte da população bósnia, as forças sérvias cometeram genocídio. Pretendiam o extermínio dos 40 mil bósnios que viviam em Srebrenica, um grupo emblemático dos bósnios em geral. Os sérvios não aceitam a acusação de genocídio e afirmam que, no mesmo período, houve também, na região de Srebrenica, milhares de vítimas sérvias que são sistematicamente ignoradas pela comunidade internacional.
Em 6 de setembro de 2013, dezoito anos depois do massacre, o Supremo Tribunal dos Países Baixos decidiu que o país era responsável pelas mortes de três muçulmanos bósnios durante o massacre de 1995, embora as forças neerlandesas fizessem parte de uma missão de paz da ONU. A advogada de direitos humanos Liesbeth Zegveld, que representou as famílias bósnias, considerou a decisão como histórica, por estabelecer que países envolvidos em missões da ONU podem ser legalmente responsáveis por crimes, ou seja, abriu-se um precedente notável, no longo histórico de imunidade da organização. "[A decisão] estabelece que forças de paz (ou a ONU) não podem operar num vácuo legal, onde não existe prestação de contas ou reparação para as vítimas", como tinha sido até agora. Zegveld declarou que tem havido demasiada ocultação pelas Nações Unidas, graças ao "muro da imunidade". Segundo ela, a sentença "diz claramente que países envolvidos em missões da ONU podem ser responsabilizados por crimes" que nem sempre estarão "acobertados pela bandeira da ONU".
Em 8 de julho de 2015, a Rússia vetou a resolução do Conselho de Segurança da ONU que classificava o massacre de Srebrenica como genocídio. Durante a votação, China, Nigéria, Angola e Venezuela abstiveram-se, enquanto os restantes dez membros do Conselho mostraram-se favoráveis ao reconhecimento do massacre de Srebrenica como genocídio.
     
Exumações em Srebrenica, 1996
       
Mulheres bósnias junto ao monumento pelas vítimas do massacre
         
in Wikipédia

quarta-feira, junho 12, 2024

Anne Frank nasceu há 95 anos...

  
Annelisse Maria Frank, mais conhecida como Anne Frank (Frankfurt am Main, 12 de junho de 1929 - Bergen-Belsen, 31 de março de 1945), foi uma adolescente alemã de origem judaica, vítima do holocausto, que morreu aos quinze anos de idade num campo de concentração. Ela tornou-se mundialmente famosa com a publicação póstuma do seu Diário, no qual escrevia as experiências do período em que sua família se escondeu da perseguição aos judeus dos Países Baixos. O conjunto de relatos, que recebeu o nome de Diário de Anne Frank, foi publicado pela primeira vez em 1947 e é considerado um dos livros mais importantes do século XX.
Embora tenha nascido na cidade alemã de Frankfurt am Main, Anne passou a maior parte da vida em Amesterdão, nos Países Baixos. A sua família mudou para lá em 1933, ano da ascensão dos nazis ao poder. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o território holandês foi ocupado e a política de perseguição do Reich foi estendida à população judaica residente no país. A família de Anne passou a se esconder em julho de 1942, abrigando-se em anexos secretos de um edifício comercial.
Durante o período no chamado "anexo secreto", Anne escrevia no diário suas intimidades e também o quotidiano das pessoas ao seu redor. Lá permaneceu por dois anos até que, em 1944, um delator desconhecido revelou o esconderijo às autoridades nazis. O grupo foi, então, levado para campos de concentração. Anne Frank e sua irmã Margot foram transferidas para o campo de Bergen-Belsen, onde morreram de tifo em Março de 1945.
Otto Frank, pai de Anne e único sobrevivente da família, retornou a Amesterdão depois da guerra e teve acesso ao diário da filha. Seus esforços levaram à publicação do material em 1947. O diário, que foi dado a Anne no seu aniversário de 13 anos, narra sua vida de 12 de junho de 1942 até 1 de agosto de 1944. É, atualmente, um dos livros mais traduzidos em todo o mundo.
     

segunda-feira, junho 10, 2024

Lídice - não esquecemos nem perdoamos...


 

Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

A infâmia de Lidice foi há oitenta e dois anos...

 
Poster da propaganda de guerra britânica sobre Lídice
  
Lídice (Lidice em língua checa, Liditz em alemão) é um pequena cidade da antiga Checoslováquia, hoje República Checa, famosa durante a Segunda Guerra Mundial quando foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães, a 10 de junho de 1942, como vingança pela morte de seu comandante e segunda maior autoridade nas SS nazis, Reinhard Heydrich.
  
Massacre e genocídio
Em 27 de maio de 1942, Heydrich, então designado como Protetor do Terceiro Reich na Boémia e Morávia, área ocupada pelas tropas nazis há m
ais de três anos, dirigia-se da vila onde morava para seu escritório no centro de Praga, capital do país. Numa esquina perto de seu local de destino, o carro em que viajava foi emboscado a tiros por dois integrantes da resistência checa, treinados na Inglaterra e lançados de para-quedas sobre a Checoslováquia. Atingido pelos tiros no atentado, o oficial da SS protegido de Himmler e Hitler e um dos mais cruéis da SS, um dos idealizadores da Solução Final, morreria uma semana depois, de infeção generalizada no hospital.
Enraivecido pela morte de um de seus seguidores mais leais, Hitler ordenou ao substituto de Heydrich que fizesse de tudo e não poupasse vidas para achar os responsáveis pela morte do oficial nazi e se vingar dos checos.
Seguiu-se uma retaliação sangrenta e generalizada das tropas nazis contra a população civil checa. Em 10 de junho, aconteceria aquela que se tornaria a mais tristemente famosa por sua crueldade. A pequena vila de Lídice, uma comunidade de mineiros, perto da capital, foi cercada pelas tropas nazis, impedindo a saída de seus moradores. Todos os habitantes homens com mais de quinze anos foram separados de mulheres e crianças, colocados em um celeiro e fuzilados em pequenos grupos no dia seguinte. As mulheres e crianças da cidade foram todas enviadas para o campo de concentração feminino de Ravensbruck, onde a grande maioria viria a morrer de tifo e exaustão pelos trabalhos forçados. Após o assassinato e o desterro de toda a população, a cidade inteira foi demolida com explosivos e deixada apenas em terra, aplainada por tratores. Os alemães espalharam grãos e cevada pelo chão de toda a área para transformá-la em pasto e riscaram-na dos mapas da Europa. Cerca de 340 habitantes de Lídice morreram no massacre alemão, 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças. Uma outra pequena aldeia de Lezaky a este de Praga, também foi destruída e seus habitantes executados.
A vingança alemã causou perto de 1500 mortes em toda a Checoslováquia e se estendeu a parentes e amigos de resistentes, integrantes da elite do país suspeitos de deslealdade e factos como o de Lídice, que foi escolhida para o massacre por ser reconhecidamente uma vila hostil aos conquistadores e suspeita de ser ponto de reunião dos assassinos de Heydrich (que acabariam suicidando-se em Praga, quando estavam prestes a serem presos pela SS).
Diferente de outros crimes de guerra que os nazis cometiam na época e mantinham em segredo, a propaganda alemã fez questão de anunciar publicamente ao mundo os eventos de Lídice, como uma ameaça e um aviso à população cativa da Europa então ocupada pela Alemanha. A notícia causou uma onda de terror e indignação mundial e a propaganda britânica aproveitou o facto para alardear os crimes do III Reich e fez um filme sobre o genocídio, “A Vila Silenciosa”.
  

O local onde se situava a vila de Lídice, hoje um cemitério sagrado e um memorial nacional
  
Lídice hoje
Lídice tornou-se um símbolo da crueldade nazi durante a guerra e diversos países batizaram cidades e vilas com o seu nome, para que ela jamais fosse esquecida, como era a intenção de Adolf Hitler, inclusive no Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Mulheres nascidas no pós-guerra também foram batizadas com o nome de Lídice por seus pais.
Mesmo tendo sido totalmente apagada do mapa, Lídice foi novamente reconstruida e ampliada em 1949, a setecentos metros da área onde havia a vila destruída pelos nazis, mantida intocada, como um cemitério sagrado, e o terreno onde existiu é marcado apenas por um memorial - onde arde uma chama eterna - sendo um monumento nacional mantido pelo governo checo.
  

Hoje é dia de recordar os oitenta anos do crime nazi de Oradour-sur-Glane...

Ruínas queimadas e carcaças de veículos no memorial intocado de Oradour-sur-Glane
    
Oradour-sur-Glane é uma comuna francesa, situada no departamento de Haute-Vienne, na região do Limousin.
A cidade tornou-se famosa por ter sido o local de um dos maiores massacres cometidos pelos soldados nazis das Waffen-SS durante a Segunda Guerra Mundial.
Dias após o desembarque das tropas aliadas na Normandia em 6 de junho de 1944, no que ficou conhecido como Dia D, tropas alemães estacionadas na França dirigiam-se aos locais de desembarque para travar combate com as forças aliadas. Uma delas, a 2ª Divisão Panzer SS Das Reich, da Waffen-SS, as tropas de combate de elite da SS, atravessava boa parte do país, em direção à costa, tendo sido diversas vezes fustigada no caminho por sabotagens e ações da resistência francesa, os maquis.
  
Massacre
Em 10 de junho de 1944, nas proximidades da vila de Oradour-sur-Glane, o comandante de um dos batalhões da divisão, Sturmbannführer Adolf Diekmann, comunicou aos seus oficiais subordinados que havia sido avisado por dois civis franceses da região que um oficial SS havia sido preso pelos guerrilheiros na cidade e seria executado e queimado publicamente nos próximos dias.
No começo da tarde, os pelotões da SS cercaram e fecharam a cidadezinha de Oradour e o comando convocou toda a população para a praça principal a fim de fazer uma verificação de documentos. Homens e mulheres foram separados, os homens levados a celeiros e garagens das redondezas e as mulheres e crianças fechadas na igreja do lugar.
Nos celeiros, onde os habitantes masculinos eram esperados por metralhadoras montadas em tripés, todos foram fuzilados e os celeiros queimados com os  seus corpos dentro. Dos 195 homens de Oradour presos, apenas cinco escaparam. Enquanto isso, outros SS atiraram tochas incendiárias para dentro da igreja, onde se encontravam fechadas as mulheres e crianças, causando um incêndio generalizado.
Os sobreviventes que tentavam escapar pelas janelas eram metralhados por soldados colocados em posição do lado de fora. Apenas uma mulher, Marguerite Rouffanche, conseguiu escapar entre as 452 mulheres e crianças que morreram carbonizadas na chacina, fugindo por um buraco de janela partido pelo fogo, sem ser percebida. Após a imolação, a tropa queimou a cidade até às fundações. No total, 642 habitantes de Oradour foram mortos pelas Waffen-SS em algumas horas, de um total de pouco mais de mil habitantes.
     

Dentro da igreja, conservada em ruínas, exatamente como ficou em 1944, 452 mulheres e crianças foram queimadas vivas pelas tropas das SS
     
Protestos
A barbárie causou uma onda de protestos dentro das próprias forças alemãs, incluindo o Marechal Erwin Rommel e o governo francês aliado dos nazis em Vichy, na França não-ocupada. O comando da divisão considerou que o comandante Dieckman havia extrapolado em muito as suas ordens - fazer 30 franceses de reféns e usá-los como moeda de troca pelo suposto oficial nazi prisioneiro - e abriu uma investigação judicial militar. Diekman não chegou a ser julgado, morrendo em combate pouco dias depois do massacre, juntamente com a maior parte dos criminosos que destruíram Oradour-sur-Glane.
Após a guerra, o Presidente Charles De Gaulle decidiu que a cidade não seria reconstruída, permanecendo suas ruínas como um memorial à crueldade da ocupação nazi na França. Em 1999. Jacques Chirac ergueu um centro da memória em Oradour, e nomeou oficialmente a vila como 'cidade-mártir'.
Assim como a sua cidade-irmã em martírio, Lídice, na Checoslováquia, a nova Oradour-sur-Glane é uma pequena comuna de pouco mais de 2.000 habitantes, construída a pequena distância das ruínas silenciosas da cidade-mártir francesa da Segunda Guerra Mundial.
 
As ruínas tombadas e transformadas em memorial da cidade-mártir nos dias de hoje
      
Requiem por Oradour-sur-Glane
A tragédia de Oradour foi contada na televisão mundial em documentário na aclamada série da BBCinglesa, The World at War (O Mundo em Guerra) de 1974. Na voz de Laurence Olivier, o primeiro capítulo da série abre com imagens feitas de helicóptero sobre a cidade vazia e silenciosa e a narração grave:

Por esta estrada, num dia de verão de 1944, os soldados vieram. Ninguém vive aqui agora. Eles aqui ficaram por algumas horas. Quando eles se foram, a comunidade que existia há mil anos, havia morrido. Esta é Oradour-sur-Glane, na França. No dia em que os soldados vieram, a população foi reunida. Os homens foram levados para garagens e celeiros, as mulheres e crianças foram conduzidas por esta rua e trancadas dentro desta igreja. Aqui, elas escutaram os tiros que matavam seus homens. Então, elas foram mortas também. Algumas semanas depois, muitos daqueles que cometeram essas mortes, foram também mortos, em batalha.
Nunca reconstruiram Oradour. As suas ruínas são um memorial. O seu martírio soma-se a milhares e milhares de outros martírios na Polónia, na Rússia, em Burma, na China, em..... um Mundo em Guerra.         

terça-feira, maio 21, 2024

O ditador genocida Suharto perdeu o poder há 26 anos

  
Hadji Mohamed Suharto, ou simplesmente Suharto (Kemusuk, Yogyakarta, 8 de junho de 1921 - Jacarta, 27 de janeiro de 2008) foi um político e militar indonésio.
Foi general e o segundo presidente da Indonésia entre 12 de março de 1967 e 21 de maio de 1998.
Suharto nasceu em 8 de junho de 1921 durante o Índias Orientais holandesas, numa casa de bambu trançado murado na aldeia de Kemusuk, uma parte da grande aldeia de Godean. A aldeia fica a 15 km a oeste de Yogyakarta, o coração cultural do javanesa. O seu pai, Kertosudiro tinha dois filhos do seu casamento anterior e era um oficial de irrigação da aldeia. A sua mãe Sukirah, uma mulher local, era parente distante do sultão Hamengkubuwono V por ser descendente da sua primeira concubina.
Em 30 de setembro de 1965, Suharto orquestrou um golpe que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas, perante a indiferença mundial e da população local iletrada, num episódio que ficou conhecido como o Massacre na Indonésia de 1965–66.
Durante as três décadas em que esteve à frente dos destinos da Indonésia, Suharto construiu um governo nacional forte e centralista, forçando a estabilidade no heterogéneo arquipélago indonésio através da supressão dos dissidentes políticos e dos separatismos regionais. As suas políticas levaram a um substancial crescimento económico do país, apesar de muitos dos ganhos no nível de vida tenham sido perdidos com a crise financeira asiática que começou em 1997 e acabou por precipitar a sua queda. Com a prosperidade económica, Suharto enriqueceu pessoalmente, tendo criado um pequeno círculo de privilegiados através da implementação de monopólios estatais, subsídios e outros esquemas menos lícitos.
  
Invasão de Timor-Leste
Em 1975, na sequência da retirada de Portugal do Timor Português, a Fretilin tomou momentaneamente o poder e Suharto ordenou às suas tropas que invadissem o país. Em causa estavam elevados interesses económicos, nomeadamente o petróleo do Mar de Timor. Estima-se que 200 mil timorenses tenham perecido, cerca de um terço da população total. Em 15 de julho de 1976 o antigo Timor Português tornou-se a 27.ª província indonésia, com o nome de "Timor Timur". A situação só foi alterada em 1999, quando o seu sucessor, Baharuddin Jusuf Habibie, acordou a realização de um referendo que acabou com a proclamação da independência de Timor-Leste.

Morte 
Após um período de internamento que durou 23 dias, o ex-ditador indonésio morreu no hospital Petarmina, em Jacarta, depois de um coma causado por falência múltipla dos órgãos.
  

domingo, abril 28, 2024

Saddam Hussein, ditador e genocida iraquiano, nasceu há 87 anos

         
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de abril de 1937 - Bagdad, 30 de dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano; foi o quinto presidente do Iraque, de 16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003, e também acumulou o cargo de primeiro-ministro nos períodos de 1979–1991 e 1994–2003. Hussein foi uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe e um dos principais membros do Partido Socialista Árabe Ba'ath, e mais tarde, do Partido Ba'ath de Bagdad e de uma organização regional Partido Ba'ath iraquiano, a qual era composta de uma mistura de nacionalismo árabe e do socialismo árabe; Saddam teve um papel chave no golpe de 1968 que levou o partido a um domínio a longo prazo no Iraque.
     
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Em março de 2003, uma coligação de países, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, invadiu o Iraque para depor Saddam, depois que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush acusou o líder iraquiano de possuir armas de destruição maciça e de ter ligações com a Al-Qaeda. O Partido Baath de Saddam foi dissolvido e a nação fez uma transição para um sistema democrático. Após a sua captura, em 13 de dezembro de 2003 (na Operação Red Dawn), o julgamento de Saddam ocorreu já sob a jurisdição do governo interino iraquiano. A 5 de novembro de 2006, ele foi condenado por acusações relacionadas com o assassinato de 148 xiitas iraquianos em 1982 e foi condenado à morte, por enforcamento. A vergonhosa execução de Saddam Hussein foi feita a 30 de dezembro de 2006.
    

quarta-feira, abril 24, 2024

Genocídios...? Nunca mais os permitiremos...!

Arménios escoltados por soldados otomanos, marchando da cidade de Harput (atual Elazığ) para um campo de prisioneiros, em abril de 1915
       
Genocídio arménio, holocausto arménio ou ainda o massacre dos arménios e, tradicionalmente, como Medz Yeghern (em arménio: Մեծ Եղեռն; "Grande Crime") foi o extermínio sistemático pelo governo otomano de seus súbditos arménios, minoritários dentro da sua pátria histórica, que se encontra no território que constitui a atual República da Turquia. O número total de pessoas mortas como resultado do genocídio é estimado entre 800 mil e 1,8 milhão. O dia 24 de abril de 1915 é convencionalmente considerado a data de início dos massacres, quando as autoridades otomanas caçaram, prenderam e executaram cerca de 250 intelectuais e líderes comunitários arménios em Constantinopla.

O genocídio foi realizado durante e após a Primeira Guerra Mundial e executado em duas fases: a matança da população masculina sã, através de massacres e sujeição de recrutas do exército para o trabalho forçado, seguida pela deportação de mulheres, crianças, idosos e enfermos em marchas da morte que levavam ao deserto sírio. Impulsionada por escoltas militares, os deportados foram privados de comida e água e submetidos a roubos, violações e massacres periódicos. Outros grupos étnicos nativos e cristãos, como os assírios e gregos otomanos, também foram igualmente perseguidos pelo governo otomano e o seu tratamento é considerado por muitos historiadores como parte da mesma política genocida. A maioria das comunidades arménias que surgem após a diáspora deste povo por todo o mundo são um resultado direto do genocídio.

Raphael Lemkin foi expressamente movido pela aniquilação dos arménios ao cunhar a palavra genocídio em 1943 e definir extermínios sistemáticos e premeditados dentro dos parâmetros legais. O genocídio arménio é reconhecido como tendo sido um dos primeiros genocídios modernos, os estudiosos apontam para a forma organizada em que os assassinatos foram realizados a fim de eliminar o povo arménio, e é o segundo caso mais estudado de genocídio após o Holocausto, promovido pela Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente este conceito é contestado por autores da segunda metade do século XX, pois o Império nunca teve uma conceção étnica ou colonial de Estado antes do genocídio, diferente do colonialismo europeu.

A Turquia, estado sucessor do Império Otomano, nega o termo "genocídio" como uma definição exata para os assassinatos em massa de arménios, que começaram sob o domínio otomano em 1915. Nos últimos anos, o governo turco tem enfrentado seguidas reivindicações para reconhecer o episódio como um genocídio. Até o momento, 29 países reconheceram oficialmente os assassinatos em massa como um genocídio, uma visão que é compartilhada pela maioria dos estudiosos e historiadores deste período histórico.

    
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Mapa dos locais de massacres e campos de extermínio e deportação no território otomano
   
Negação e revisionismo
A Turquia atualmente não reconhece o genocídio arménio. Ela diz que os arménios passaram por uma terrível mortalidade e que na verdade agiu para defender a soberania nacional. A Turquia também alega que o número de mortes é exagerado. Ela diz que estudos demográficos dizem que antes da Primeira Guerra Mundial, viviam menos de 1,5 milhão de arménios em todo o Império Otomano. Conforme os historiadores, mais de 1,5 milhão de arménios foram mortos na Arménia Oriental. Por isso a Turquia acredita ser exagerado o número de arménios mortos. O governo turco foi acusado de usar fakes de Internet para importunar parlamentares alemães que se pronunciaram contra o genocídio em 2016.
      

quarta-feira, abril 17, 2024

Os Khmer Vermelhos tomaram o poder no Camboja há 49 anos - genocídios e limpezas étnicas nunca mais...

     
Khmer Vermelhos foi o nome dado aos seguidores do Partido Comunista da Kampuchea, partido governante no Camboja de 1975 a 1979, liderado por Pol Pot, Nuon Chea, Ieng Sary, Son Sen e Khieu Samphan. O regime liderado pelos Khmer Vermelhos, de 1975 a 1979, foi conhecido como Kampuchea Democrático.
Esta organização é lembrada principalmente por suas políticas de engenharia social, que resultaram em um genocídio. As suas tentativas de reforma agrária levaram à fome generalizada, enquanto a sua insistência na autossuficiência, até mesmo nos serviços médicos, levou à morte de milhares de pessoas em consequência de doenças tratáveis (tais como malária). Execuções brutais e arbitrárias e tortura praticadas pelos seus oficiais contra elementos considerados subversivos, ou durante purgas nas suas próprias fileiras, entre 1976 e 1978, são consideradas como tendo constituído um genocídio.
   
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A relação entre o bombardeamento maciço do Camboja pelos Estados Unidos e o crescimento dos Khmer Vermelhos, em termos de recrutamento e apoio popular, tem sido um assunto de interesse de historiadores. Em 1984, Craig Etcheson, do Centro de Documentação do Camboja, argumentou que é “insustentável” afirmar que os Khmer Vermelhos não teria vencido senão pela intervenção dos EUA e que mesmo que os bombardeamentos tenham auxiliado o recrutamento dos Khmer Vermelhos, eles “teriam vencido de qualquer maneira.”
De modo oposto, alguns historiadores citaram a intervenção dos EUA e a sua campanha de bombardeamentos (1965-1973) como um fator significativo que levou ao aumento do apoio dos Khmer Vermelhos entre os camponeses cambojanos. Os historiadores Ben Kiernan e Taylor Owen utilizaram uma combinação de sofisticado mapeamento por satélite, dados recentes não-catalogados sobre a extensão dos bombardeamentos e depoimentos de camponeses para afirmar que houve uma correlação entre os pequenos lugares atingidos pelos bombardeamentos dos EUA e o recrutamento de camponeses pelos Khmer Vermelhos.
No seu estudo, de 1996, sobre a ascensão de Pol Pot ao poder, Kiernan afirma que a intervenção estrangeira “foi provavelmente o fator mais significativo na ascensão de Pol Pot”.
Em 1975, com o governo de Lon Nol a ficar sem munições, estava claro que era apenas uma questão de tempo até que o governo entrasse em colapso. No dia 17 de abril de 1975, os Khmer Vermelhos capturaram a capital, Phnom Penh.
     
Crânios das vítimas dos Khmer Vermelhos