terça-feira, agosto 17, 2021
Mae West nasceu há 128 anos
Peter Fechter, a mais famosa vítima do Muro de Berlim, foi assassinado há 59 anos
Postado por
Fernando Martins
às
00:59
0
bocas
Marcadores: Alemanha, assassinato, Muro de Berlim, Peter Fechter, RDA
Poema adequado à data...
Sonhei ou bem alguém me contou
Que um dia
Em San Lourenço da Montaria
Uma rã pediu a Deus para ser grande como um boi
A rã foi
Deus é que rebentou
E ficaram pedras e pedras nos montes à conta da fábula
Ficou aquele ar de coisa sossegada nas ruínas sensíveis
Ficou o desejo que se pega de deixar os dedos pelas arestas das fragas
Ficou a respiração ligeira do alívio do peso de cima
Ficou um admirável vazio azul para crescerem castanheiros
E ficou a capela como um inútil côncavo de virgem
Para dançar à roda o estrapassado e o vira
Na volta do San João d’Arga
Não sei se é bem assim em San Lourenço da Montaria
Sei que isto é mesmo assim em San Lourenço da Montaria
O resto não tem importância
O resto é que tem importância em San Lourenço da Montaria
O resto é a Deolinda
Dança os amores que não teve
Tem o fôlego do hálito alheio que lhe faltou a amolecer a carne
Seca como a da penedia
O resto é o verde que sangra nos beiços grossos de apetecerem ortigas
O resto são os machos as fêmeas e a paisagem é claro
Como não podia deixar de ser
As raízes das árvores à procura de merda na terra ressequida
Os bichos à procura dos bichos para fazerem mais bichos
Ou para comerem outros bichos
Os tira-olhos as moscas as ovelhas de não pintar
E o milho nos intervalos
Todas estas informações são muito mais poema do que parecem
Porque a poesia não está naquilo que se diz
Mas naquilo que fica depois de se dizer
Ora a poesia da Serra d’Arga não tem nada com as palavras
Nem com os montes nem com o lirismo fácil
De toda a poesia que por lá há
A poesia da Serra d’Arga está no desejo de poesia
Que fica depois da gente lá ter ido
Ver dançar a Deolinda
Depois da gente lá ter caçado rãs no rio
Depois da gente ter sacudido as varejeiras dos mendigos
Que também foram à romaria
As varejeiras põem as larvas nos buracos da pele dos mendigos
E da fermentação
Nascem odores azedos padre-nossos e membros mutilados
É assim na Serra d’Arga
Quando canta Deolinda
E vem gente de longe só para a ouvir cantar
Nesses dias
as larvas vêem-se menos
Pois o trabalho que têm é andar por debaixo das peles
A prepararem-se para voar
Quanto aos mendigos é diferente
A sua maneira de aparecer
Uns nascem já mendigos com aleijões e com as rezas sabidas
Do ventre mendigo materno
Outros é quando chupam o seio sujo das mães
Que apanham aquela voz rouca e as feridas
Outros então é em consequência das moscas e das chagas
Que vão à mendicidade
Não mo contou a Deolinda
Que só conta de amores
E só dança de cores
E só fala de flores
A Deolinda
Mas sabe-se na serra que há uma tribo especial de mendigos
Que para os criar bem
Lhes põem desde pequenos os pés na lama dos pauis
Regando-os com o esterco dos outros
Enquanto ali estão a criar as membranas que valem a pena
Vão os mais velhos ensinando-lhes as orações do agradecimento
Eles aprendem
Ao saberem tudo
Nasce de propósito um enxame de moscas para cada um
Todas as moscas que há no Minho
Se geraram nos mendigos ou para eles
E é por isso que têm as patinhas frias e peganhosas
Quando pousam em nós
E é por isso que aquele zumbido de vai-vem
Das moscas da Serra d’Arga
Ainda lembra a mastigação de lamúrias pelas alminhas do Purgatório
Em San Lourenço da Montaria
Este poema não tem nada que ver com os outros poemas
Nem eu quero tirar conclusões com os poetas nos artigos de fundo
Nem eu quero dizer que sofri muito ou gozei
Ou simplesmente achei uma maçada
Ou sim mas não talvez quem dera
Viva Deus-Nosso-Senhor
Este poema é como as moscas e a Deolinda
De San Lourenço da Montaria
E nem sequer lá foi escrito
Foi escrito conscienciosamente na minha secretária
Antes de eu o passar à máquina
Etc. que não tenho tempo para mais explicações
É que eu estava a falar dos mendigos e das moscas
E não disse
Contagiado pelo ar fino de San Lourenço da Montaria
Que tudo é assim em todos os dias do ano
Mas aos sábados e nos dias de romaria
Os mendigos e as moscas deles repartem-se melhor
São sempre mais
E creio de propósito
Ser na sexta-feira à noite
Que as mendigas parem aquela quantidade de mendigozinhos
Com que se apresentam sempre no dia da caridade
Elas parem-nos pelo corpo todo
Pois a carne
De tão amolecida pelos vermes
Não tem exigências especiais
E porque assim acontece
Todos os meninos nascidos deste modo têm aquele ar de coisa mole
Que nunca foi apertada
Os mendigos fazem parte de todas as paisagens verdadeiras
Em San Lourenço da Montaria
Além deles há a bosta dos bois
Os padres
O ar que é lindo
Os pássaros que comem as formigas
Algumas casas às vezes
Os homens e as mulheres
Por isso tudo ali parece ter sido feito de propósito
Exactamente de propósito
Exactamente para estar ali
E é por isso que se tiram as fotografias
Por isso tudo ali é naturalmente
Duma grande crueldade natural
Os meninos apertam os olhos das trutas
Que vêm da água do rio
Para elas estrebucharem com as dores e mostrarem que ainda estão vivas
Os homens beliscam o cu das mulheres para que elas se doam
E percebam assim que lhes agradam
Os animais comem-se uns aos outros
As pessoas comem muito devagar os animais e o pão
E as árvores essas
Sorvem monstruosamente pelas raízes tudo o que podem apanhar
Assim acaba este poema da Serra d’Arga
Onde ontem vi rachar uma árvore e me deu um certo gozo aquilo
Parecia a queda dum regímen
Tudo muito assim mesmo lá em cima
E cá em baixo dois suados à machadada
Ao cair o barulho parecia o duma coisa muito dolorosa
Mas no buraco do sítio da árvore
Na mata de pinheiral
O azul do céu emoldurado ainda era mais bonito
Em San Lourenço da Montaria
Moledo, agosto de 1948
António Pedro
Postado por
Pedro Luna
às
00:55
0
bocas
Marcadores: António Pedro, pintura, poesia, Surrealismo
O Rei João III Sobieski, da República das Duas Nações, nasceu há 390 anos...!
- After World War II, a statue of John III Sobieski was "repatriated" to Gdańsk from the Ukrainian city of Lviv (Polish: Lwów, formerly in the Second Polish Republic). The statue overlooks a little park at the old Gdańsk City Hall museum.
- After the battle of Vienna, the newly delineated constellation of Scutum (Latin for shield) was originally named Scutum Sobiescianum by the astronomer Johannes Hevelius, in honor of John III Sobieski. While there are a few stars named after non-astronomers, this is the only constellation named after a real non-astronomer, moreover, one who was still alive when the constellation was named.
- A legend of the origins of the bagel refers to John III Sobieski as the king to whom a Jewish baker gave the very first bagel in commemoration of his victory at Vienna in 1683. The round shape of the bagel was said to resemble the stirrups of Sobieski and his mounted warriors.
- The EuroCity rail lines running between Vienna and Warsaw (lines 104/105) are named after Sobieski.
- There is a modern proposition from non-Polish European newspapers to name the A2 highway in Poland after Sobieski.
- There is a vodka brand called Sobieski, after His Majesty John III
Postado por
Fernando Martins
às
00:39
0
bocas
Marcadores: Escudo, Igreja Católica, Islão, João III Sobieski, Lituânia, Polónia, República das Duas Nações, Sobieski, Viena
Ira Gershwin morreu há 38 anos
Postado por
Fernando Martins
às
00:38
0
bocas
Marcadores: George Gershwin, Ira Gershwin, música, Ópera, Porgy and Bess, USA
Carlos Drummond de Andrade deixou-nos há 34 anos
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
in Corpo (1984) - Carlos Drummond de Andrade
Postado por
Fernando Martins
às
00:34
0
bocas
Marcadores: Brasil, Carlos Drummond de Andrade, poesia
O sismo de Kocaeli, na Turquia, fez milhares de vítimas há 22 anos
Postado por
Fernando Martins
às
00:22
0
bocas
Marcadores: Falha Setentrional da Anatólia, sismo de İzmit de 1999, tsunami, Turquia
O libertador José de San Martín morreu há 171 anos
Postado por
Fernando Martins
às
00:17
0
bocas
Marcadores: América Latina, Argentina, Chile, independência, José de San Martín, Peru
segunda-feira, agosto 16, 2021
Haroldo de Campos morreu há dezoito anos
se
nasce
morre nasce
morre nasce morre
renasce remorre renasce
remorre renasce
remorre
re
re
desnasce
desmorre desnasce
desmorre desnasce desmorre
nascemorrenasce
morrenasce
morre
se
Postado por
Fernando Martins
às
18:00
0
bocas
Marcadores: Brasil, Haroldo de Campos, poesia
Magnificat Anima Mea Dominum...
Postado por
Pedro Luna
às
16:00
0
bocas
Marcadores: Comunidade de Taizé, Irmão Roger, Magnificat Anima Mea Dominum, Taizé
Música adequada à data...
Postado por
Pedro Luna
às
15:40
0
bocas
Marcadores: Anto, António Nobre, Coimbra, Fado da Torre de Anto, Fado de Coimbra, música, Paulo Saraiva, Torre de Anto
Música adequada à data...
Postado por
Pedro Luna
às
13:00
0
bocas
Marcadores: Acalanto, Bahia, Bossa nova, Brasil, candomblé, Dorival Caymmi, guitarra, música
Francisco José, o cantor irmão do geólogo Galopim de Carvalho, nasceu há 97 anos
Postado por
Fernando Martins
às
09:07
0
bocas
Marcadores: Francisco José, Galopim de Carvalho, música, Olhos Castanhos
Robert Johnson morreu há 83 anos
Postado por
Fernando Martins
às
08:30
0
bocas
Marcadores: Delta blues, Diabo, guitarra, Me and the Devil Blues, Mississippi Delta Blues, música, Robert Johnson
Madonna faz hoje 63 anos
Porque um Rei nunca morre...
Postado por
Pedro Luna
às
04:40
0
bocas
Marcadores: blues, country, Elvis Presley, gospel, música, pop, Rhythm and Blues, Rock, Suspicious Mind
O padroeiro da Juventude nasceu há 206 anos
Seguidor da espiritualidade e filosofia de Francisco de Sales, Bosco era um fervoroso devoto de Nossa Senhora Auxiliadora. Mais tarde, dedicou seus trabalhos a Sales, quando fundou os salesianos, com sede em Turim. Juntamente com Maria Domenica Mazzarello, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, uma congregação religiosa de freiras dedicada ao cuidado e educação de meninas pobres. Ele ensinou São Domingos Sávio, de quem escreveu uma biografia, que ajudou o menino a ser canonizado.
Em 18 de abril de 1869, um ano após a construção da Basílica de Maria Auxiliadora em Turim, estabeleceu a Associação de Maria Auxiliadora (ADMA), conectando-a a compromissos facilmente cumpridos pela maioria das pessoas, com a espiritualidade e a comunidade. missão da Congregação Salesiana. A ADMA foi fundada para promover a veneração do Santíssimo Sacramento e Maria Auxiliadora.
Em 1876 Bosco fundou um movimento de leigos, a Associação de Cooperadores Salesianos, com a mesma missão educativa para os pobres. Em 1875, ele começou a publicar o Boletim Salesiano. O Boletim permaneceu em publicação contínua e atualmente é publicado em 50 edições diferentes e em 30 idiomas.
Bosco estabeleceu uma rede de organizações e centros para continuar o seu trabalho. Após a sua beatificação, em 1929, ele foi canonizado como Santo da Igreja Católica Romana pelo Papa Pio XI em 1934, sendo padroeiro dos jovens e dos estudantes e o patrono da juventude.
Postado por
Fernando Martins
às
02:06
0
bocas
Marcadores: Dom Bosco, Igreja Católica, Salesianos, santo
António Nobre, o célebre Anto, nasceu há 154 anos
Vaidade, meu amor, tudo vaidade!
Ouve: quando eu, um dia, for alguém,
Tuas amigas ter-te-ão amizade,
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm.
Vaidade é o luxo, a glória, a caridade,
Tudo vaidade! E, se pensares bem,
Verás, perdoa-me esta crueldade,
Que é uma vaidade o amor de tua mãe...
Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna
E eu vi-me só no mar com minha escuna,
E ninguém me valeu na tempestade!
Hoje, já voltam com seu ar composto,
Mas eu, vê lá! eu volto-lhes o rosto...
E isto em mim não será uma vaidade?
in Só (1892) - António Nobre
Postado por
Fernando Martins
às
01:54
0
bocas
Marcadores: Anto, António Nobre, decadentismo, poesia, Saudosismo, Simbolismo, ultrarromantismo
Eça de Queirós morreu há 121 anos
Postado por
Fernando Martins
às
01:21
0
bocas
Marcadores: Eça de Queirós, literatura, Português, romance
Charles Bukowski nasceu há 101 anos
honramo-las
e
quando formos cercados
pelos cães das horas
nada
nos poderá ser confiscado
a não ser
as nossas vidas.
in os cães ladram facas (2018) - charles bukowsky
Postado por
Fernando Martins
às
01:01
0
bocas
Marcadores: Charles Bukowski, literatura, poesia




.png)
.jpg)


