terça-feira, novembro 25, 2025
Eça de Queirós nasceu há 180 anos...
Postado por
Fernando Martins
às
00:18
0
bocas
Marcadores: Eça de Queirós, literatura, realismo, romance
domingo, novembro 16, 2025
José Saramago nasceu há cento e três anos...
José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialética, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.
Estas características tornam o estilo de Saramago, único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas", tradução livre), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje", referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
in Os Poemas Possíveis (1966) - José Saramago
Postado por
Fernando Martins
às
01:03
0
bocas
Marcadores: José Saramago, literatura, poesia, Prémio Nobel, romance
sábado, agosto 16, 2025
Eça de Queirós morreu há 125 anos...
Eça de Queiroz, nunca tendo sido de compleição robusta, ao longo da vida sofreu de diversas maleitas de menor gravidade, sobretudo alguma neurastenia. A partir de fevereiro de 1900, apresentava, contudo, sintomas bastante debilitantes — dor estomacal, diarreia, febre, nevralgias, inchaço dos pés, falta de apetite e astenia. Consultado o Dr. Charles Bouchard, sumidade médica, que lhe diagnostica uma enterocolite e lhe recomenda repouso e cuidados. Andou por diversas termas, mas de pouco ou nada serviu. No final de Julho esteve na Suíça. Regressou a Paris a 13 de agosto, num estado lastimável, magríssimo e com má cor. Chamado o Dr. Bouchard, que se apercebeu de que Eça estava à beira da morte. Acamado, semi-inconsciente, a 16 de agosto de 1900, depois de ter recebido a extrema-unção, às 16h35, o escritor morria na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris.
Sepultura
Depois de ter morrido em Paris, Eça de Queiroz foi trasladado para Lisboa a 17 de setembro de 1900 no navio militar África. As principais ruas da cidade exibiram faixas negras (oferecidas pelo empresário Grandela) e o carro fúnebre foi ornamentado pelo amigo do escritor Rafael Bordalo Pinheiro. O cortejo fúnebre, com honras de Estado, foi acompanhado por milhares de pessoas entre o desembarque no Terreiro do Paço e o cemitério do Alto de São João. Os restos mortais foram sepultado no jazigo dos condes de Resende.
Em virtude do jazigo se encontrar abandonado e prestes a ser vendido, por decisão da família, encabeçada por Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015), viúva de um neto de Eça, e fundadora da FEQ, a 13 de setembro de 1989 procedeu-se à trasladação dos restos do escritor para o jazigo da Fundação Eça de Queiroz, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.
Em dezembro de 2020, com o apoio da maioria dos bisnetos, a Fundação Eça de Queiroz, então presidida por Afonso Eça de Queiroz Cabral, lançou o repto para a concessão de honras de Panteão Nacional. Em janeiro de 2021, a Assembleia da República aprovou por unanimidade uma proposta do PS para «conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa.».
Os restos mortais do escritor deveriam ter sido trasladados para o Panteão Nacional em 27 de setembro de 2023. No entanto, dois anos e meio depois da votação e apenas a uma semana da cerimónia, foi interposta uma providência cautelar por parte de uma minoria de bisnetos do escritor para impedir a transladação. O Supremo Tribunal Administrativo, em sentença de 25 de setembro de 2023 relativamente à providência cautelar, e em sentença de 20 de junho de 2024 relativamente à ação principal depois interposta, deu como provado que não há qualquer vontade expressa pelo próprio sobre o local de sepultamento — dissipando assim os mitos sobre não querer ser sepultado em Lisboa ou mesmo a suposta vontade de ser sepultado em Aveiro ou Tormes —, e deu também como provado que uma larga maioria de bisnetos apoia a trasladação.
Mais tarde o STA rejeitou o recurso dos seis bisnetos do escritor Eça de Queiroz, que contestam a sua trasladação para o Panteão Nacional, permitindo que a homenagem apoiada pela maioria dos descendentes se concretize.
Os restos mortais do escritor Eça de Queiroz foram transladados o Panteão Nacional no dia 8 de janeiro de 2025.
Postado por
Fernando Martins
às
01:25
0
bocas
Marcadores: Eça de Queirós, literatura, monárquicos, Português, romance
quarta-feira, agosto 06, 2025
Jorge Amado morreu há vinte e quatro anos...
Postado por
Fernando Martins
às
00:24
0
bocas
Marcadores: Brasil, Jorge Amado, romance
quarta-feira, janeiro 01, 2025
O livro Frankenstein foi publicado há 207 anos
Postado por
Fernando Martins
às
02:07
0
bocas
Marcadores: Frankenstein, Mary Shelley, monte Tambora, romance, romance gótico, romantismo, Tambora, terror
segunda-feira, novembro 25, 2024
Eça de Queirós nasceu há 179 anos
Postado por
Fernando Martins
às
17:09
0
bocas
Marcadores: Eça de Queirós, literatura, realismo, romance
sábado, novembro 16, 2024
José Saramago nasceu há cento e dois anos...
José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialética, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.
Estas características tornam o estilo de Saramago, único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas", tradução livre), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje", referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
in Os Poemas Possíveis (1966) - José Saramago
Postado por
Fernando Martins
às
01:02
0
bocas
Marcadores: José Saramago, literatura, poesia, Prémio Nobel, romance
sexta-feira, agosto 16, 2024
Eça de Queirós morreu há 124 anos...
Eça de Queiroz, nunca tendo sido de compleição robusta, ao longo da vida sofreu de diversas maleitas de menor gravidade, sobretudo alguma neurastenia. A partir de Fevereiro de 1900, apresentava, contudo, sintomas bastante debilitantes — dor estomacal, diarreia, febre, nevralgias, inchaço dos pés, falta de apetite e astenia. Consultado o Dr. Charles Bouchard, sumidade médica, que lhe diagnostica uma enterocolite e lhe recomenda repouso e cuidados. Andou por diversas termas, mas de pouco ou nada serviu. No final de Julho esteve na Suíça. Regressou a Paris a 13 de Agosto, num estado lastimável, magríssimo e com má cor. Chamado o Dr. Bouchard, que se apercebeu de que Eça estava à beira da morte. Acamado, semi-inconsciente, a 16 de Agosto de 1900, depois de ter recebido a extrema-unção, às 16h35, o escritor morria na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris.
Sepultura
Depois de ter morrido em Paris, Eça de Queiroz foi trasladado para Lisboa a 17 de setembro de 1900 no navio militar África. As principais ruas da cidade exibiram faixas negras (oferecidas pelo empresário Grandela) e o carro fúnebre foi ornamentado pelo amigo do escritor Rafael Bordalo Pinheiro. O cortejo fúnebre, com honras de Estado, foi acompanhado por milhares de pessoas entre o desembarque no Terreiro do Paço e o cemitério do Alto de São João. Os restos mortais foram sepultado no jazigo dos condes de Resende.
Em virtude do jazigo se encontrar abandonado e prestes a ser vendido, por decisão da família, encabeçada por Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015), viúva de um neto de Eça, e fundadora da FEQ, a 13 de Setembro de 1989 procedeu-se à trasladação dos restos do escritor para o jazigo da Fundação Eça de Queiroz no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.
Em dezembro de 2020, com o apoio da maioria dos bisnetos, a Fundação Eça de Queiroz, então presidida por Afonso Eça de Queiroz Cabral, lançou o repto para a concessão de honras de Panteão Nacional. Em janeiro de 2021, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, uma proposta para «conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa.»
Os restos mortais do escritor deveriam ter sido trasladados para o Panteão Nacional em 27 de setembro de 2023. No entanto, dois anos e meio depois da votação e apenas a uma semana da cerimónia, foi interposta uma providência cautelar por parte de uma minoria de bisnetos do escritor para impedir a transladação. O Supremo Tribunal Administrativo, em sentença de 25 de setembro de 2023 relativamente à providência cautelar, e em sentença de 20 de junho de 2024 relativamente à ação principal depois interposta, deu como provado que não há qualquer vontade expressa pelo próprio sobre o local de sepultamento - dissipando assim os mitos sobre não querer ser sepultado em Lisboa ou mesmo a suposta vontade de ser sepultado em Aveiro ou Tormes -, e deu também como provado que uma larga maioria de bisnetos apoia a trasladação. Face à sentença da ação principal, aguarda-se nova data para a cerimónia.
Postado por
Fernando Martins
às
01:24
0
bocas
Marcadores: Eça de Queirós, literatura, monárquicos, Português, romance

-2.jpg)

