sábado, agosto 13, 2011

O pintor Delacroix morreu há 148 anos

 Eugène Delacroix, Auto-retrato

Ferdinand Victor Eugène Delacroix (Saint-Maurice, 26 de Abril de 1798 - Paris, 13 de Agosto de 1863) foi um importante pintor francês do Romantismo.
Delacroix é considerado o mais importante representante do romantismo francês. Na sua obra convergem a voluptuosidade de Rubens, o refinamento de Veronese, a expressividade cromática de Turner e o sentimento patético de seu grande amigo Géricault. O pintor, que como poucos soube sublimar os sentimentos por meio da cor, escreveu: "…nem sempre a pintura precisa de um tema". E isso seria de vital importância para a pintura das primeiras vanguardas.

O ditador Fidel Castro nasceu há 85 anos

Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, 13 de agosto de 1926) é um revolucionário comunista cubano, primeiro presidente do Conselho de Estado da República de Cuba (1976-2008). Até 2006 foi primeiro-secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba.
Em 19 de Fevereiro de 2008, Castro anunciou ao jornal do Partido Comunista, o Granma, que não se recandidataria ao cargo de presidente de Cuba, cinco dias antes de o seu mandato terminar.
Castro nunca foi eleito através de eleições directas, não permitiu a criação de partidos de oposição, nem liberdade de imprensa (Cuba é considerado um dos países com menor liberdade de imprensa do Mundo) durante o período em que esteve como líder do regime ditatorial cubano. Seu governo foi e continua sendo amplamente criticado pela comunidade internacional por violações aos direitos humanos.
Líder e secretário-geral do partido desde sua fundação, em 1965, em 19 de Abril de 2011, Fidel, que já havia entregue o cargo de presidente em 2006, foi substituído como secretário-geral do Partido Comunista Cubano por seu irmão, Raúl Castro, retirando-se oficialmente da vida política do país.

H. G. Wells morreu há 65 anos

Herbert George Wells, conhecido como H. G. Wells (Bromley, 21 de Setembro de 1866 - Londres, 13 de Agosto de 1946), foi um escritor britânico e membro da Sociedade Fabiana.
Nascido num distrito (borough) da Grande Londres, na juventude foi, sem sucesso, aprendiz de negociante de panos - a sua experiência nesta ocupação veio mais tarde a ser usada como material para o romance Kipps. Em 1883 tornou-se professor na Midhurst Grammar School, até ganhar uma bolsa na Escola Normal de Ciências em Londres, para estudar biologia com T. H. Huxley.
Nos seus primeiros romances, descritos, ao tempo, como "romances científicos", inventou uma série de temas que foram mais tarde aprofundados por outros escritores de ficção científica, e que entraram na cultura popular em trabalhos como A Máquina do Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos. Outros romances, de natureza não fantástica, foram bem recebidos, sendo exemplos a sátira à publicidade edwardiana Tono-Bungay e Kipps.
Visionário, chegou a discutir em obras do início do século XX questões ainda actuais, como a ameaça de guerra nuclear, o advento de Estado Mundial e a Ética na manipulação de animais.
Desde muito cedo na sua carreira, Wells sentiu que devia haver uma maneira melhor de organizar a sociedade, e escreveu alguns romances utópicos. Começavam em geral com o mundo a caminhar inexoravelmente em direcção de uma catástrofe, até que as pessoas se apercebiam da existência de uma maneira melhor para viver: ou através dos gases misteriosos de um cometa, que fariam com que as pessoas começassem subitamente a comportar-se racionalmente (Os Dias do Cometa), ou pela tomada do poder por um conselho mundial de cientistas, como em The Shape of Things to Come (1933), livro que o próprio Wells adaptou mais tarde para o filme de Alexander Korda Daqui a Cem Anos (1936). Aqui descrevia-se, com demasiada exactidão, a guerra que estava a chegar, com cidades a serem destruídas por bombardeamentos aéreos.
Ele analisa a dicotomia entre a natureza e a educação e questiona a humanidade em livros como A Ilha do Dr. Moreau. Nem todos os seus romances terminam em feliz Utopia, como mostra o distópico When the Sleeper Awakes. A Ilha do Dr. Moreau ainda é mais sombria. O narrador, após ficar encurralado numa ilha cheia de animais vivissectados (sem sucesso) até se transformarem em seres humanos, acaba por regressar a Inglaterra e, tal como Gulliver no regresso do país dos Houyhnhms, vê-se incapaz de afastar a percepção dos membros da sua própria espécie como bestas só ligeiramente civilizadas, regressando a pouco e pouco à sua natureza animal.

Spínola morreu há 15 anos

António Sebastião Ribeiro de Spínola GC TEGOCComA (Estremoz, 11 de Abril de 1910 - Lisboa, 13 de Agosto de 1996) foi um militar e político português, décimo quarto presidente da República Portuguesa e o primeiro após o 25 de Abril de 1974.

Estudou no Colégio Militar, em Lisboa, entre 1920 e 1928. Em 1939 tornou-se ajudante de campo do Comando da Guarda Nacional Republicana.
Germanófilo, partiu em 1941 para a frente russa como observador das movimentações da Wehrmacht, no início do cerco a Leninegrado, onde já se encontravam voluntários portugueses incorporados na Blaue Division.
Em 1961, em carta dirigida a Salazar, voluntaria-se para a Guerra Colonial, em Angola. Notabilizou-se no comando do Batalhão de Cavalaria n.º 345, entre 1961 e 1963.
Foi nomeado governador militar da Guiné-Bissau em 1968, e de novo em 1972, no auge da Guerra Colonial, nesse cargo, o seu grande prestígio tem origem numa política de respeito pela individualidade das etnias guineenses e à associação das autoridades tradicionais à administração, ao mesmo tempo que continuava a guerra por todos os meios ao seu dispor que iam da diplomacia secreta (encontro secreto com Léopold Sédar Senghor presidente do Senegal) e incursões armadas em países vizinhos (ataque a Conakri, Operação Mar Verde).
Em Novembro de 1973, regressado à metrópole, foi convidado por Marcello Caetano, para a pasta do Ultramar, cargo que recusou, por não aceitar a intransigência governamental face às colónias.
A 17 de Janeiro de 1974, foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes, cargo de que foi afastado em Março. Pouco tempo depois, mas ainda antes da Revolução dos Cravos, publica Portugal e o Futuro, onde expressa a ideia de que a solução para o problema colonial português passava por outras vias que não a continuação da guerra.
A 25 de Abril de 1974, como representante do Movimento das Forças Armadas, recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, a rendição do Governo (que se refugiara no Quartel do Carmo). Isto permitiu-lhe assumir assim os seus poderes públicos, apesar de essa não ter sido a intenção original do MFA.
Instituída a Junta de Salvação Nacional (que passou a deter as principais funções de condução do Estado após o golpe), à qual presidia, foi escolhido pelos seus camaradas para exercer o cargo de Presidente da República, cargo que ocupará de 15 de Maio de 1974 até à sua renúncia em 30 de Setembro do mesmo ano, altura em que foi substituído pelo general Costa Gomes.
Descontente com o rumo dos acontecimentos em Portugal após da Revolução dos Cravos (designadamente pela profunda viragem à esquerda, à qual eram afectos grande número de militares, e a perspectiva de independência plena para as colónias), tenta intervir activamente na política para evitar a aplicação completa do programa do MFA; a sua demissão da Presidência da República após o golpe falhado de 28 de Setembro de 1974 (em que apelara a uma «maioria silenciosa» para se fazer ouvir contra a radicalização política que se vivia), ou o seu envolvimento na tentativa de golpe de estado de direita do 11 de Março de 1975 (e fuga para a Espanha e depois para o Brasil) são disso exemplos. Neste ano, presidiu ao Exército de Libertação de Portugal (ELP), uma organização de teor terrorista de extrema-direita.
Não obstante, a sua importância no início da consolidação do novo regime democrático foi reconhecida oficialmente em 5 de Fevereiro de 1987, pelo então Presidente Mário Soares, que o designou chanceler das antigas ordens militares portuguesas, tendo-lhe também condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (a maior insígnia militar portuguesa), pelos «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura».
A 13 de Agosto de 1996, Spínola morre aos 86 anos, vítima de embolia pulmonar.


sexta-feira, agosto 12, 2011

Hoje é o pico da Chuva de Estrelas das Perseidas


Imagem adaptada daqui

Embora este ano sejam muito prejudicadas pela Lua (quase) Cheia, é um dia para observar o céu e olhar em direcção à constelação de Perseu, sentado ou deitado para abarcar o máximo possível da abóbada celeste.


Uma perseida sobre o fundo da Via Láctea
As Perseidas ou Perséiades são uma prolífica chuva de meteoros associada ao cometa Swift-Tuttle. São assim denominadas devido ao ponto do céu de onde parecem vir, o radiante, localizado na constelação de Perseus. As chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra atravessa um rasto de meteoros. Neste caso o rasto é denominado de nuvem Perseida e estende-se ao longo órbita do cometa Swift-Tuttle. A nuvem consiste em partículas ejectadas pelo cometa durante a sua passagem perto do Sol. A maior parte do material presente na nuvem actualmente, tem aproximadamente 1.000 anos. No entanto, existe um filamento relativamente recente de poeiras neste rasto proveniente da passagem do cometa em 1862.
O fenómeno é visível anualmente a partir de meados de Julho, registando-se a maior actividade entre os dias 8 e 14 de Agosto, ocorrendo o seu pico por volta do dia 12. Durante o pico, a taxa de estrelas cadentes pode ultrapassar as 60 por hora. Podem ser observadas ao longo de todo o plano celeste, mas devido à trajectória da órbita do cometa Swift-Tuttle, são observáveis essencialmente no Hemisfério Norte.
A famosa chuva de estrelas das Perseidas tem sido observada ao longo dos últimos 2.000 anos, com a primeira descrição conhecida deste fenómeno registada no Extremo Oriente no ano 36. Na Europa recém cristianizada, as Perseidas tornaram-se conhecidas como Lágrimas de São Lourenço.
De forma a viver esta experiência ao máximo, a chuva deverá ser observada numa noite limpa e sem lua, a partir de um ponto afastado das grandes concentrações urbanas, onde o céu não se encontre afectado pela poluição luminosa. As Perseidas possuem um pico relativamente grande, pelo que o fenómeno pode ser observado ao longo de várias noites. Em qualquer uma destas, a actividade começa lentamente ao anoitecer, aumentando subitamente por volta das 23h, quando o radiante atinge uma posição celeste relativamente elevada. A taxa de meteoros aumenta de forma contínua ao longo da noite, atingindo o pico pouco antes do amanhecer, aproximadamente 1½ a 2 horas antes do nascer do sol.


NOTA: post em estereofonia com o Blog AstroLeiria.

O sultão do Swing faz hoje anos


Um poema do poeta do dia

(imagem daqui)  

UM POEMA

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

in
Diário XIII - Miguel Torga

Música de aniversariante adequada à época (de Londres...)


Hoje até as torgas do monte nos dão poesia

Identidade


Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.


Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.


Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.


in Penas do Purgatório - Miguel Torga

Uma explicação para motins e roubos em Londres (por favor não mandem o Vale e Azevedo de volta...!)

Quem é que foi apanhado nas fotografias dos motins em Londres? 

O satélite de Marte Deimos foi descoberto há 134 anos


Deimos é a menor e mais afastada das duas luas de Marte. É, também, a menor lua reconhecida do sistema solar. Seu nome é grego. Deimos era um dos filhos de Ares e Afrodite; deimos, em grego, significa terror.
A lua foi descoberta (junto com Fobos, uns dias mais tarde) em 12 de Agosto de 1877 por Asaph Hall e fotografado pela Viking 1 em 1977. Deimos tem um formato bastante irregular e acredita-se que se trate de um asteroide que foi perturbado de sua órbita por Júpiter e que acabou por ser capturado pela gravidade de Marte, passando a ser seu satélite.

Características principais
Por ser pequeno, Deimos não apresenta uma forma esférica, possuindo dimensões muito irregulares. É composto por rochas ricas em carbono, tal como muitos asteróides, e gelo. A sua superfície apresenta um número razoável de crateras mas, relativamente a Fobos, é muito mais lisa, consequência do preenchimento parcial das crateras com rególito (rochas decompostas). As maiores crateras deste satélite são Swift e Voltaire que medem, aproximadamente, 30 km de diâmetro.
Visto de Deimos, Marte surge no céu como um objecto 1000 vezes maior e 400 vezes mais brilhante do que a Lua cheia, como é observada da Terra.
Visto de Marte, Deimos surge como um pequeno ponto no céu, difícil de distinguir das outras estrelas embora, no seu máximo brilho, possua um brilho equivalente a Vénus (tal como é visto da Terra).

Formações geológicas
Apenas duas formações geológicas em Deimos receberam nomes. As crateras Swift e Voltaire receberam nomes de autores que especularam a existência de luas marcianas antes da descoberta das mesmas.

adaptado da Wikipédia

Miguel Torga nasceu há 104 anos

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 - Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

Mark Knopfler - 62 anos

Mark Knopfler, OBE (nascido em 12 de Agosto de 1949 em Glasgow, Escócia) é um guitarrista, cantor e compositor britânico. Considerado por muitos um génio da guitarra, é bastante idolatrado principalmente pelo seu estilo alternativo de tocar. É mais conhecido pelo seu trabalho com a extinta banda Dire Straits, que liderou de 1978 até 1994, do que pela sua carreira solo, embora continue a dar concertos por todo o mundo e esgote consecutivamente salas de espectáculos históricas como o Royal Albert Hall de Londres. Paralelamente, lançou álbuns solo, o seu primeiro foi Golden Heart de 1996, poucas cópias dele em CD foram produzidas, sendo, hoje, raríssimas. Escreveu também algumas trilhas sonoras e criou ainda uma outra banda: The Notting Hillbillies. Participou também no trabalho de outros artistas, como Bob Dylan, Eric Clapton e B. B. King, e produziu álbuns para Tina Turner, Randy Newman e, novamente, Dylan. Ao longo da sua carreira, fez mais de quatrocentos concertos em mais de trinta países, além de ser considerado um dos melhores guitarristas e compositores de todos os tempos. Apesar de canhoto, ele toca como destro, e de uma forma totalmente inovadora: toca com a combinação principalmente do polegar, do indicador e do dedo médio, sem o uso de palhetas.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Hoje estamos mais pobres...

Morreu o fadista e estudioso de fado José Manuel Osório 

José Manuel Osório, numa fotografia de 2001 

O fadista e estudioso de fado José Manuel Osório, 64 anos, morreu hoje em Lisboa. Era o mais antigo caso de um doente com sida em Portugal. 

in Público - ler notícia

Pedro Nunes morreu há 433 anos


Pedro Nunes (Alcácer do Sal, 1502 - Coimbra, 11 de Agosto de 1578), que usou o nome latinizado de Petrus Nonius, foi um matemático português e um dos maiores vultos científicos do seu tempo. Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da navegação teórica, tendo-se dedicado, entre outros, aos problemas matemáticos da cartografia. Foi ainda inventor de vários instrumentos de medida, incluindo o nónio (nonius, o seu sobrenome em latim).
Traduziu para a língua portuguesa o Tratado da Esfera de Johannes de Sacrobosco (1537), os capítulos iniciais das Novas Teóricas dos Planetas de Jorge Purbáquio e o livro primeiro da Geografia de Ptolomeu.
Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção que se podia conferir, no país, à época, a um matemático.

A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Estudou na Universidade de Salamanca talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Lisboa (que mais tarde veio a ser transferida para Coimbra, transformando-se na Universidade de Coimbra) onde obteve a graduação em Medicina em 1525. No século XVI a Medicina recorria à Astrologia, vindo assim a dominar as disciplinas de Astronomia e Matemática. Posteriormente prosseguiu os seus estudos de Medicina, mas também leccionou várias disciplinas na Universidade de Lisboa, incluindo Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica. Quando, em 1537, a universidade retornou para Coimbra, ele transferiu-se para a refundada Universidade de Coimbra para lecionar Matemática, cargo que manteve até 1562. À época, esta era uma disciplina nova naquela instituição, tendo sido criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara um tópico vital no país, à época. A Matemática tornou-se uma disciplina independente em 1544.
Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado "Cosmógrafo Real" em 1529 e "Cosmógrafo-mor" em 1547, cargo que exerceu até ao seu falecimento.
Em 1531, João III de Portugal encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi também responsável pela educação do neto do rei (e futuro rei), Sebastião.
É possível que durante a sua estadia em Coimbra, Christopher Clavius tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho.

Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a provisão de dados experimentais, ambos como forma de informação e método de confirmar as teorias existentes. Nunes foi, acima de tudo, um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.
Nunes acreditava que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original foi impresso em três línguas diferentes: Português, Latim - para atingir a comunidade académica Europeia -, e ainda um (Livro de algebra en arithmetica y geometria) em Espanhol, o que foi considerado surpreendente por alguns historiadores, dado que Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio dos mares.
Muito do seu trabalho está relacionado com a navegação. Foi ele o primeiro a perceber porque é que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar através de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes seguir uma rota em espiral chamada loxodrómica. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Gottfried Leibniz estabelecer a equação algébrica para a loxodrómica.
No seu Tratado em defensão da carta de marear, argumenta que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também mostrava-se capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Gerardo Mercator desenvolver a chamada "projecção de Mercator", sistema que é usado até hoje.
É no mesmo "Tratado de Defensão da Carta de Marear" que Pedro Nunes exalta as navegações portuguesas: "E fizeram o Mar tão chão, que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena Ilha, alguns Baixos ou sequer algum Penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto"
Nunes debruçou-se sobre vários problemas práticos de navegação respeitantes à correcção da rota ao mesmo tempo que tentava desenvolver métodos mais precisos para determinar a posição de um navio. Os seus métodos para determinar as latitudes e corrigir os desvios das agulhas magnéticas foram empregados com sucesso por D. João de Castro nas suas viagens a Goa e ao mar Vermelho.
Ele criou o nónio para melhorar a precisão dos instrumentos. A sua adaptação ao quadrante foi utilizada por Tycho Brahe que, contudo, o considerava demasiado complexo. Mais tarde foi aperfeiçoado por Pierre Vernier para a sua forma actual.
Pedro Nunes também trabalhou em diversos problemas mecânicos, de um ponto de vista matemático. Ele foi provavelmente o último grande matemático a fazer aperfeiçoamentos significativos ao sistema de Ptolomeu (um modelo geocêntrico), contudo isso perdeu importância devido ao novo modelo de Nicolau Copérnico, o heliocêntrico, que o substituiu.
Nunes conheceu o trabalho de Copérnico, mas só lhe fez uma pequena referência nos seus trabalhos publicados, afirmando que era um matematicamente correcto. Ao fazer isto, aparentemente estaria a evitar opinar sobre a questão se seria a Terra ou o Sol o centro do sistema.
Ele também resolveu o problema de encontrar o dia com o menor crepúsculo, para qualquer posição, bem como a sua duração. Este problema per se não teria grande importância, mas serve para demonstrar o génio de Nunes, usado mais de um século depois por Johann e Jakob Bernoulli com menos sucesso. Eles conseguiram encontrar a solução para o menor dia, mas não conseguiram determinar a sua duração, possivelmente porque perderam-se em detalhes de Cálculo Diferencial, que era um campo recente da matemática naquele tempo. Isto também mostra que Pedro Nunes era um pioneiro na resolução de problemas de máximos e mínimos, que só se popularizaram no século seguinte, com o uso do cálculo diferencial.
Recentemente (Agosto de 2009), a Fundação Calouste Gulbenkian e a Academia de Ciências de Lisboa (re)publicaram as obras completas de Pedro Nunes.
 in Wikipédia

Clara de Assis morreu há 758 anos

Santa Clara de Assis (em italiano, Santa Chiara d'Assisi) nascida como Chiara d'Offreducci em Assis (Itália), no dia 16 de Julho de 1194, e falecida em Assis, no dia 11 de Agosto de 1253, foi a fundadora do ramo feminino da Ordem Franciscana.
Segundo a tradição, o seu nome vem de uma inspiração dada à sua religiosa mãe, de que haveria de ter uma filha que iluminaria o mundo.
Pertencia a uma nobre família e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por São Francisco de Assis, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.
Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isto foi ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por "Damas Pobres" ou Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.

quarta-feira, agosto 10, 2011

Há meio milénio Malaca caía nas mãos dos Portugueses

Faz hoje 500 anos: um punhado de portugueses, liderados por um capitão destemido e visionário, tomavam pela força das armas uma das grandes cidades portuárias da Ásia. Era o dia 10 de Agosto de 1511 e Afonso de Albuquerque e os seus homens acabavam de conquistar Malaca. A cidade iria perdurar 130 anos nas mãos dos portugueses, até ceder, após um cerco devastador, às armas holandesas, em Janeiro de 1641. Por esta altura, o grande empório era já uma pálida sombra do que fora durante séculos, e nunca mais readquiriu o seu antigo brilho. Não sou grande adepto de comemorações de glórias militares passadas, mas não é despropositado expor umas poucas de reflexões acerca da efeméride que hoje se assinala e que, suspeito, não fará manchetes de jornais nem abertura de noticiários. 

A primeira diz respeito à cidade em si. Malaca não era uma cidade portuária qualquer. Dominava uma ligação fundamental (o estreito com o mesmo nome) entre o Golfo de Bengala e o Índico Ocidental e o Extremo Oriente, o que lhe permitia captar notáveis proveitos desta posição-charneira, quer do ponto de vista económico, quer político e geoestratégico. A sua fama ecoava por toda a Ásia e chegava, em imagens difusas e frequentemente exageradas, à Europa. Do mesmo modo, o sultanato que Albuquerque derrotou não era um reino qualquer, antes ocupava uma posição regional hegemónica e detinha um prestígio ímpar: fora um importante foco de difusão do Islão e da língua e cultura malaia no Sueste Asiático insular ao longo de todo o século XV, estava sob a proteção formal da China Ming e possuía uma linhagem real que remontava ao berço da civilização malaia (o império de Srivijaya).
A segunda refere-se ao caráter inesperado do golpe do governador português; foi uma surpresa para todos. Nem os portugueses da Índia contavam com uma conquista numa paragem tão remota (a principal base portuguesa era, nessa altura, Cochim, na costa ocidental indiana), nem o próprio rei D. Manuel ou a corte de Lisboa alguma vez esperavam que o governador, que fora a Malaca resgatar os cativos portugueses que lá haviam ficado em 1509, esperavam que, em vez de obter um acordo com o rei da terra e construir uma fortaleza, como fora a prática seguida até então, Albuquerque tomasse a cidade. Soaram, portanto, tanto na Índia como no reino, todo o tipo de alarmes e denúncias contra o governador, que inimigos era coisa que não lhe faltava, acusado de prepotência, de não respeitar as ordens régias e, inclusivamente, de pretender declarar-se rei da terra e eximir-se à obedência real.
Contudo, do ponto de vista dos malaios, a surpresa não foi menor. A tradição sueste-asiática era estranha a um ato de força semelhante. A guerra era ali mais ou menos endémica, mas com regras próprias. Num mundo onde a riqueza era móvel, a prática comum era a da escaramuça, da pilhagem, da depredação de recursos e obtenção de prestígio. As cidades eram construídas em material perecível, logo, um rei derrotado refugiava-se no interior, o inimigo destruía a sua capital e retirava-se com a presa, permitindo aquele regressar, reconstruir a sua capital e reatar a sua posição. Por outro lado, o prestígio da realeza não era um mero objeto de marketing político; era onde verdadeiramente repousava o poder e, consequentemente, a riqueza. Portanto, o saque e a destruição de uma capital era um revés temporário; a captura ou morte do rei (neste caso, sultão), isso sim, podia ser uma séria derrota. Ora, quando a 10 de Agosto de 1511, os portugueses saíram vitoriosos, o sultão fugiu e aguardou que os intrusos saqueassem a cidade e se fossem embora, como era hábito; e foi com indisfarçável apreensão que verificou que, não só não se foram embora, como estavam a construir uma torre de pedra.
A terceira reflexão incide sobre as ideias, mais ou menos embrulhadas em orgulho nacional, que envolvem os feitos, as ações e as ideias de Albuquerque e que nos foram incutidas durante muitas gerações. A lenda do terríbil começou pouco depois da sua morte (amplificada, por exemplo, com os Comentários do Grande Afonso de Albuquerque escritos pelo filho) e prolongou-se por todo o século XVI, com menções histórico-saudosistas de vários autores sobre os atos do homem que lançara os alicerces do Estado da Índia, e cuja raça se perdera entretanto. Como se vê, não é de hoje a nossa apetência para glorificar os varões do passado e de aviltar os do presente. Depois, e mais recentemente, toda uma mitologia em torno do homem e dos seus feitos foi lentamente sedimentada, à medida que se generalizava a ideia da decadência que se seguiu e que estendeu durante os séculos seguintes. A figura de Albuquerque permanecia, intocável, com louros e cantilena, no panteão do brio nacional: foram-lhe atribuídas qualidades quase sobre-humanas, caráter moral impoluto, génio, visão, grandeza e clarividência irrepetíveis; a conquista de Malaca como traço e prova do seu projeto e do seu génio. Até a malfadada política de casamentos, que tantas vezes lhe foi atribuída como mostra da generosidade fraternal lusitana, aparece, ainda hoje, mencionada em relação a Malaca, quando se sabe que nada disso existiu por aqui. Pelo contrário, ciente da escassez de recursos, de homens e de navios, Albuquerque (e os portugueses de um modo geral, durante os primeiros anos) não incentivou casamentos nem o estabelecimento de uma comunidade portuguesa na cidade: um casado era um soldado a menos na fortaleza e nas armadas. E toda a sua política foi, pelo contrário, no sentido de tentar manter tudo como estava, não mexer no status quo dos tempos do sultanato, nem nos escravos do sultão (que foram sustentados, durante algum tempo, pelo Erário Régio), nem na propriedade fundiária, nem, e sobretudo, na política atrativa para as comunidades mercantis. Como diz o Navegador da Guilda no Dune (perdão pelo aparte), “the spice must flow”.
A última reflexão é apenas uma curiosidade: a impulsividade temerária de Albuquerque levou-o a tomar Malaca, mas uma coisa é o ato de conquista, outra, bem mais complexa, é o que fazer depois. Situada longe dos centros de poder político, naval e militar português (concentrados na costa ocidental indiana), Malaca era uma ilha, rica e cobiçada, num vasto mar potencialmente hostil. Há indicações de que foi tentada, durante algum tempos, a devolução da cidade ao antigo sultão (que entretanto se fixara nas redondezas, havendo, portanto, duas Malacas: uma física e uma política) e que o próprio D. Manuel não afastava tal hipótese, desde que os portugueses mantivessem uma feitoria no porto que era, verdadeiramente, o que interessava.
Malaca manteve-se nas mãos dos portugueses durante 130 anos. A forma como tal foi conseguido, longe de Goa e ainda mais de Lisboa, com poucas defesas e ainda menos soldados, durante um século, e resistiu à pressão impiedosa do garrote holandês durante décadas, é uma outra história (e esta já vai longa). Mas em 1634, ainda a bandeira portuguesa não fora derrubada, já Francisco Sá de Meneses cantava a saudade da antiga proeza da conquista da cidade, numa obra decalcada d’Os Lusíadas – substituindo o Gama por Albuquerque, a jornada de Lisboa a Calecut pela viagem de Cochim a Malaca e os deuses do Olimpo por Asmodeu, príncipe dos demónios – e onde o mito da idade de ouro surge claro e definido: Malaca Conquistada pelo Grande Afonso de Albuquerque.
Foi há 500 anos. Hoje, depois da ocupação holandesa, inglesa, novamente holandesa e novamente inglesa, até à independência da Malásia, Malaca é uma cidade que vive a memória e o prestígio do seu passado. Uma comunidade de luso-descendentes exibe, com orgulho e devoção, a sua ligação a Portugal. É, decerto, um dia de especial significado para eles; são eles o que resta de Portugal por ali.
(Aos eventuais interessados: a RTP-2 prepara, ao que sei, a exibição de uma série documental da autoria de Pedro Palma entre 22 e 26 deste mês, e um documentário, mais recente, no dia 28).

in Jugular - post de Paulo Pinto

Porque hoje é dia de Vento...


O poeta brasileiro Gonçalves Dias nasceu há 188 anos

Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de Agosto de 1823 - Guimarães, 3 de Novembro de 1864) foi um poeta e teatrólogo brasileiro.

Nascido em Caxias, era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro: branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular.
Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano ele viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crónicas, folhetins teatrais e crítica literária.


Em 1849 fundou com Manuel de Araújo Porto-alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.
Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo.Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.


Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Música em mirandês de aniversariante