
11 de março de 1975. O dia que fez o PS, o CDS e o PSD tremer
A tentativa de golpe de Estado orquestrada pelo general António de
Spínola acabou por não acontecer e incentivar a nacionalização da banca
e dos jornais
No dia em que Assunção Cristas renova o seu mandato à frente do CDS,
faz 43 anos que a tentativa de golpe de Estado levada a cabo pelo
ex-Presidente da República general António Spínola, apoiado por
militantes de direita, quase levou à extinção dos partidos de centro e
da direita, entre eles o PS, PSD e CDS. Apesar da revolução ter falhado,
o dia 11 de março de 1975 marca o final do PREC (Processo
Revolucionário em Curso) e o início do Verão Quente de '75.
A iniciativa de Spínola foi vista como uma provocação ao 25 de Abril de
1974 pelos revolucionários, que eram apoiados pela extrema-esquerda e
pelos comunistas. Por isso, nas semanas que se seguiram, as sedes dos
partidos de centro e de direita foram alvo de assaltos e os partidos
pequenos foram proibidos de participar nas eleições legislativas, que
chegaram mesmo a estar em risco de não se realizarem. Foi o Presidente
da República general Costa Gomes que interveio de forma a adiar o
sufrágio para 25 de abril, um ano depois da revolução.
A Junta de Salvação Nacional chegava assim ao fim. Foi ainda dissolvido
o Conselho de Estado e criado o Conselho da Revolução, composto
unicamente por militares a quem foi conferido o direito de veto perante
todas as decisões do governo. Os militares ganhavam cada vez mais
poder, juntando ao Conselho da Revolução a Assembleia do Movimento das
Forças Armadas (MFA), também criada na sequência do dia 11 de março.
Outra decisão tomada foi sobre a eleição do Presidente da República que
passaria a ser escolhido em conjunto pela Assembleia da MFA e por um
colégio composto pelos deputados eleitos e por militares, estando estes
em maioria.
A ameaça do regresso da direita, encarnada na tentativa do golpe de
Estado, foi tal que o comando militar revolucionário (Copcon) chegou
mesmo a prender militares, empresários, capitalistas ou civis de
direita ou de centro, sem acusações ou mandatos. Também dentro dos
exércitos, vários militares foram colocados na reserva por não acatarem
os princípios da MFA.
Foi o início do fim das colónias, o incentivo à ocupação de terras de
exploração agrícola, empresas e casas de habitação e o começo das
nacionalizações dos bancos, das empresas e dos jornais.
11 de março
Passam hoje 40 anos sobre um dos mais marcantes momentos do processo
iniciado em 25 de Abril. O PREC (Processo Revolucionário Em Curso)
começou verdadeiramente em 11 de Março de 1975. Aqueceu com a
Primavera, mas foi no Verão, nesse Verão quente de 75, que escaldou. Incendiou-se, literalmente!
Foi-se esgotando á medida que o Verão se ia aproximando do fim... Até
chegar novembro... novembro, 25. A data que completa a trilogia da
revolução dos cravos, e que fecha os 19 meses mais vertiginosos da
História de Portugal!
Se quisermos espreitar os rostos desta trilogia encontraremos
certamente a cara de Salgueiro Maia no 25 de abril, e a de Jaime Neves
no 25 de novembro. No 11 de março pouca gente identificará o rosto de
Dinis de Almeida, o jovem major ao centro na imagem acima, que retrata o
momento central - tão caricato quanto marcante - dos acontecimentos
que marcam esta data histórica. É o episódio em que o herói do 11 de
março, comandante do então RAL 1 (Regimento de Artilharia Ligeira) e
depois RALIS, atacado pelos paraquedistas de Tancos, dialoga com o
comandante das forças agressoras (de costas) em frente às câmaras da
RTP, que acaba a confessar-se enganado. Acabava ali a tentativa de
golpe de Estado patrocinado por Spínola que, curiosamente, tinha
tentado o apoio de Jaime Neves (disse-lhe que só obedecia à hierarquia)
e de Salgueiro Maia, que nem lhe atenderia o telefone...