sábado, março 29, 2025
O asteroide Vesta foi descoberto há 218 anos
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sexta-feira, março 28, 2025
O asteroide 2 Palas foi descoberto há 223 anos
História
Palas tem sido observado ocultando uma estrela várias vezes. Medições cuidadosamente dos tempos de ocultação tem ajudado a dar um diâmetro preciso.
Mas estima-se que, em conjunto com Ceres, que são os únicos corpos da cintura de asteroides de forma esférica.
Durante a ocultação de 29 de maio de 1979 falou-se da descoberta de um possível satélite diminuto, com um diâmetro de 1 km, ainda não foi confirmada. Como curiosidade, o elemento químico paládio (número atómico 46) foi assim batizado em homenagem ao asteroide Palas.
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sábado, março 15, 2025
O primeiro metorito a ser reconhecido pelos cientistas como tal caiu em Alais, na França, há 219 anos
La météorite d'Alais est l'une des météorites les plus importantes de France. Elle est noire avec une texture friable et lâche, et une faible densité, inférieure à 1,7 g/cm3. Initialement composée de fragments pesant au total 6 kg, elle a fait l'objet d'un examen scientifique approfondi et il n'en reste actuellement que 260 g. Un fragment de 39,3 g est détenu par le Muséum national d'histoire naturelle à Paris.
Composition et classification
La météorite est l'une des cinq météorites connues appartenant au groupe des chondrites CI. Ce groupe est remarquable pour avoir une distribution élémentaire qui a la plus forte similitude avec celle de la nébuleuse solaire. À l'exception de certains éléments volatils, comme le carbone, l'hydrogène, l'oxygène, l'azote et les gaz rares, qui ne sont pas présents dans la météorite, les rapports des éléments sont très similaires. La météorite contient de la cubanite, de la dolomite, de la favorite, de la pyrrhotite et du zircon parmi d'autres minéraux.
Controverse sur l'origine de la vie
La météorite a été au centre d'affirmations controversées sur une origine extraterrestre de la vie depuis la découverte de matière organique sur la météorite par Jöns Jacob Berzelius. Des composés organiques, des acides aminés et de l'eau ont été trouvés dans la météorite. Cependant, les études font la différence entre la matière organique et la matière biologique, cette dernière n'étant pas présente.
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sexta-feira, março 14, 2025
Luas de Saturno? Duzentas e setenta e quatro...!
Saturno soma mais 128 luas e atinge a marca das 274
O planeta Saturno é o campeão do sistema solar em termos de luas. E Júpiter, onde fica o seu número de luas?
Um mistério no sistema irregular de luas de Saturno foi um factor-chave nesta investigação: dado o elevado número de luas pequenas em comparação com as grandes, ocorreu provavelmente uma colisão algures no sistema de Saturno nos últimos 100 milhões de anos – o que é relativamente recente em termos astronómicos.
Caso contrário, acrescentou Brett Gladman, se tivesse passado mais tempo, estas luas teriam colidido umas com as outras e ter-se-iam desintegrado, reduzindo a proporção de luas pequenas e grandes.
A maioria das luas recém-descobertas está localizada perto do subgrupo Mundilfari das luas de Saturno, que, dado o seu tamanho, número e concentração orbital, é provavelmente o local da colisão.
“Estes estudos revelam que os planetas gigantes capturaram algumas luas de tamanho moderado há mais de 4000 milhões de anos durante a sua formação, e agora estamos a observar luas que são, na sua maioria, fragmentos destas luas capturadas originais”, vincou Brett Gladman.
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segunda-feira, março 10, 2025
A caça ao nono planeta principal do sistema solar continua...
Planeta 9: encontrada “a evidência estatística mais forte até agora”
O Planeta X (ou Planeta 9) será um gigante gasoso semelhante a Úrano e Neptuno
Um novo estudo encontrou evidências da existência de um nono planeta – ou “Planeta 9” – na fronteira do nosso Sistema Solar.
Pode ter sido encontrada a “evidência estatística mais forte até agora” de que existe um planeta deste tipo a orbitar nas extremidades do Sistema Solar. A afirmação é do astrónomo Konstantin Bogytin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em declarações ao The Independent.
De acordo com o investigador, para chegar a esta conclusão, a equipa analisou o movimento de Objetos Transnetunianos (TNOs), isto é, corpos celestes de vários tamanhos além da órbita de Neptuno, que incluem planetas anões como Plutão e Éris.
A equipa concentrou-se em TNOs que eram ignorados devido aos seus movimentos instáveis, causados pela gravidade de Neptuno. Esta instabilidade torna os seus caminhos mais difíceis de interpretar, mas os investigadores aceitaram de bom grado o desafio.
Os dados foram então inseridos em simulações e combinados com forças conhecidas de outros planetas, estrelas que passam e a maré galáctica proveniente da Via Láctea – o impulso e a atração da própria galáxia. Foram executados dois conjuntos de simulações: um que assumia que o Planeta Nove estava onde os astrónomos pensam que poderia estar, e outro que assumia simplesmente que o Planeta Nove não existe.
“Tendo em conta os preconceitos observacionais, os nossos resultados revelam que a arquitetura orbital deste grupo de objetos se alinha estreitamente com as previsões do modelo inclusivo do P9”, escreveram os investigadores, citados pelo Science Alert.
No entanto, os investigadores admitem que ainda estamos muito longe de obter provas conclusivas de que o Planeta Nove existe.
Tentativas anteriores de o detetar, analisando os seus efeitos hipotéticos no resto do Sistema Solar, foram insuficientes. Ainda assim, à medida que surgem telescópios mais poderosos, esta questão tem cada vez mais hipóteses de ser resolvida.
Com base nos cálculos da equipa, um planeta que corresponda às características esperadas do Planeta Nove seria relativamente pequeno, com uma massa apenas cinco vezes a da Terra e uma distância cerca de 500 vezes maior do que a nossa distância ao Sol.
O artigo científico foi aceite para publicação no Astrophysical Journal Letters e pode ser consultado no arXiv .
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Os anéis de Úrano foram descobertos há 48 anos
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domingo, março 02, 2025
A sonda Pioneer 10 foi lançada há 53 anos
As Pioneer 10 e 11 receberam no seu corpo principal placas de ouro com uma mensagem com a imagem humana, caso a Pioneer 10 ou 11 fossem intercetadas por seres extraterrestres inteligentes.
Devido às características das órbitas da Terra e de Júpiter, a cada treze meses surge uma janela de lançamento que permite uma viagem interplanetária mais económica em termos energéticos (menos combustível e como tal, menos peso), foi definido que se iriam construir duas sondas idênticas a serem lançadas com um intervalo de treze meses. A primeira (a Pioneer 10) a ser lançada em 1972 e a segunda (a Pioneer 11) em 1973. O programa foi aprovado em fevereiro de 1969, definindo, a partida, três grandes objetivos para a missão:- Explorar o meio interplanetário para além da órbita de Marte;
- Investigar a cintura de asteróides e verificar os perigos que esta representa para as sondas nas missões para além da órbita de Marte, e
- Explorar o sistema de Júpiter.
A 2 de março de 1972 um lançador Atlas-Centaur colocou a sonda numa trajetória em direção a Júpiter (adquirindo nesse momento a sua designação definitiva de Pioneer 10) a uma velocidade de 51.680 km/h (na altura, representava a mais elevada velocidade de qualquer artefacto feito pelo homem). Após a sua separação do andar Centaur, a sonda articula as vigas de suporte dos RTG para a sua posição final.
Após a passagem por Júpiter, a sonda seguiu numa trajetória que a levará para fora do sistema solar. Passa em 1976 pela órbita de Saturno, em 1980 pela órbita de Úrano e em 1983 pela de Plutão.
O último sinal recebido pela Pioneer 10 foi em 23 de janeiro de 2003. Até ao seu último sinal ela continuou enviando informações do sistema solar exterior. Em 1980 uma aceleração anómala foi notada a partir da análise de dados da Pioneer 10 e Pioneer 11. O problema é conhecido como Anomalia das Pioneers e foi observado noutras sondas como a Galileu e a Ulisses.
A validação das tecnologias e protocolos envolvidos permitiram e abriram caminho ao desenvolvimento do projeto Mariner Jupiter-Saturn Mission que em 1977 lançou duas sondas para Júpiter e Saturno com as designações de Voyager 1 e Voyager 2.
Em outubro de 2005 a Pioneer 10 encontrava-se a uma distância do Sol de 89,1 UA (Unidades Astronómicas) afastando-se do Sol a uma velocidade de 12,2 km/s.
Em outubro de 2009, a sonda atingiu a marca de 100 UA (15 mil milhões de km) de distância do Sol, tornando-se o segundo mais distante objeto existente produzido pela humanidade, perdendo apenas para a sonda Voyager 1.
Daqui a cerca de 14.000 anos ou pouco mais, a sonda ultrapassará os limites da Nuvem de Oort, saindo assim do sistema solar (influência do campo magnético do Sol). A sua posição atual situa-se na constelação de Touro, para onde se encaminha a uma velocidade relativa de 2,6 UA por ano, na direção da estrela Aldebarã (Alfa de Touro) onde chegará daqui a cerca de 2.000.000 de anos, caso resista.
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sábado, fevereiro 08, 2025
O meteorito de Allende caiu há 56 anos
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terça-feira, janeiro 21, 2025
John Couch Adams, um astrónomo que previu a existência de Neptuno, morreu há 133 anos
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terça-feira, outubro 22, 2024
A sonda Venera 9 aterrou em Vénus há 49 anos
Maquete da Venera 9 - o aterrizador estava alojado dentro da esfera
A Venera 9 foi uma sonda espacial enviada a Vénus e fazia parte do Programa Venera, desenvolvido pelo programa espacial soviético e era essencialmente idêntica à Venera 10.
O objetivo do orbitador era atuar como um retransmissor de comunicação para o aterrizador e explorar as camadas de nuvens e vários parâmetros atmosféricos. Consistia de um cilindro com dois painéis solares e uma antena parabólica de alto ganho presa na superfície curva. Uma unidade em forma de sino presa na parte inferior do cilindro, abrigava o sistema de propulsão e na parte de cima havia uma esfera com diâmetro de 2,4 m que abrigava o aterrizador. Pesava 2300 kg e possuía os seguintes instrumentos:
Objetivo do estudo | Instrumento |
---|---|
Estrutura da atmosfera e nuvens; condições de
luz e calor através de características ópticas |
Telefotómetro - câmera de TV (λ < 0,4 μm)
Espectrómetro (λ = 0,24 - 0,7 μm) Espectrómetro infra-vermelho (λ = 1,7 - 2,8 μm) Radiómetro infravermelho (λ = 8 - 40μm ) Fotómetro ultravioleta (λ = 0,35 μm) Fotopolarímetro (λ = 0,4 - 0,8 μm) Transmissor de RF (ocultação) |
Estudo da superfície | Transmissor de RF (radar biestático) |
Estudo da atmosfera superior e ionosfera | Fotómetro para linha Lyman-α
Espectrómetro (λ = 0,3 - 0,8 μm) Transmissor de RF |
Estudo da interação do planeta com o | Magnetómetro
Espectrómetro eletrostático de plasma Armadilha para partículas carregadas |
Alguns resultados preliminares indicaram:
- nuvens com espessuras de 30 a 40 km;
- pressão na superfície de aproximadamente 90 atm (terrestres);
- temperatura na superfície de 485 °C;
- níveis de luz comparáveis a dias nublados de verão na Terra;
- ausência aparente de poeira no ar e uma variedade de rochas de 30 a 40 cm não erodidas;
- os constituintes das rochas do local de pouso indicavam serem semelhantes ao basalto;
- a velocidade dos ventos no local de pouso variavam de 0,4 a 0,7 m/s, uma velocidade baixa com consequente pouca poeira no ar;
- a velocidade dos ventos variava entre 50 a 100 m/s nas altitudes de 40 a 50 km respetivamente..
quinta-feira, setembro 05, 2024
A sonda Voyager 1 foi lançada há 47 anos...
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terça-feira, agosto 20, 2024
A sonda Voyager 2 foi lançada há 47 anos
Utilizou uma técnica de auxílio a navegação que utiliza a atração gravítica dos planetas aos quais se aproxima. Esta técnica permite às sondas receberem uma aceleração e uma alteração de direção por forma a serem colocadas numa nova direção que as leve a um novo destino. Desta forma, as sondas podem ser construídas de forma mais leve (não necessitam de tanto combustível para aceleração e mudanças de direção), mas implica uma grande precisão nas aproximações aos planetas a visitar.
A sonda aproximou-se de Júpiter em 9 de julho de 1979, a uma distância de 570.000 quilómetros. Ela descobriu alguns anéis ao redor de Júpiter, assim como a atividade vulcânica na lua Io. Dois novos satélites de pequeno porte, Adrastea e Metis. foram encontrados orbitando. Um terceiro satélite novo, Tebe, foi descoberto entre as órbitas de Amalteia e Io. A sonda em seguida visitou Saturno, em 25 de janeiro de 1981, a uma distância de 101.000 quilómetros da superfície do planeta. Em seguida, visitou Urano, em 24 de janeiro de 1986.
Uma das novidades foi a descoberta de 11 satélites naturais (Cordélia, Ofélia, Bianca, Cressida, Desdemona, Juliet, Portia, Rosalinda, Belinda, Perdita e Puck) e de um anel ao redor de Urano. Também descobriu-se que o Polo Sul de Urano estava apontado diretamente para o Sol. Depois de visitar Urano, a sonda dirigiu-se em direção a Neptuno, até que chegou lá em agosto em 1989, também chegando a pesquisar seu satélite natural Tritão. Após a passagem pela órbita de Plutão, a Voyager 2 iniciou a sua saída do Sistema Solar.
A sonda tem, anexado a sua parte externa, um disco fonográfico feito de ouro intitulado "Sounds of the Earth" (Sons da Terra), com uma hora e meia de música e alguns sons da natureza do planeta Terra. O disco traz instruções de uso e a frase "For makers of music of all worlds and all times" ("Para os produtores de música de todos os mundos e todos os tempos"). O objetivo deste disco é levar dados da Terra para uma possível civilização exterior.
Em maio de 2010, a sonda alcançou a distância de 92 UA do Sol, a uma velocidade de 3,3 UA por ano (15,4 km/s), localizando-se na constelação de Telescópio. Prevê-se que, depois de 2030, a sonda perderá contacto com a Terra.
Em 2020 a Voyager 2 encontra-se no espaço inter-estelar, a mais de 13,5 mil milhões de quilómetros da Terra (Plutão fica a uma distância média de cerca de 6 mil milhões de quilómetros do Sol). Em novembro de 2020, a NASA recuperou as comunicações com a sonda, após melhorias feitas à antena Deep Space Station 43 na Austrália, que é a única que tem capacidade para comunicar com a nave. As comunicações ficaram suspensas desde que a antena deu início a trabalhos de reparação e melhoramentos em março de 2020.
A Voyager 2, a mais de 18,7 mil milhões de quilómetros de distância da Terra e ficando cada vez mais longe, no entanto, foi capaz de receber qualquer comunicação da Terra. A Voyager 2 mandou após 17 horas e 24 minutos um sinal confirmando que havia recebido as instruções e executou os comandos sem emitir em 30 de outubro de 2020.
A sonda deverá ainda percorrer um grande espaço vazio antes de
chegar a outros corpos celestes. Em torno de 14 mil anos ou mais, a
exemplo da sua sonda-irmã Voyager 1, ela emergirá da Nuvem de Oort em direção ao espaço interestelar
absoluto (totalmente fora da influência do campo gravitacional do Sol),
desde que não haja nenhum anteparo físico (detritos ou corpos celestes)
para impedi-la. Em torno de 296.000 anos, ela passará perto da estrela Sirius, a estrela alfa da constelação de Cão Maior e que está a 4,3 anos-luz da Terra.
sábado, abril 27, 2024
Há novidades sobre o planeta anão Plutão e o seu coração...
O mistério do coração de Plutão foi finalmente resolvido
Representação artística do enorme e lento impacto em Plutão que levou à estrutura em forma de coração na sua superfície
Impacto gigante e lento de ângulo oblíquo deu origem ao “coração partido” do anão, verificou nova investigação - que também desmente a presença de um oceano subsuperficial de água líquida no planeta.
O mistério de como Plutão adquiriu uma característica gigante em forma de coração na sua superfície foi finalmente resolvido por uma equipa internacional de astrofísicos liderada pela Universidade de Berna e por membros do NCCR (National Center of Competence in Research) PlanetS.
A equipa é a primeira a reproduzir com sucesso a forma invulgar, através de simulações numéricas, atribuindo-a a um impacto gigante e lento de ângulo oblíquo.
Desde que as câmaras da missão New Horizons da NASA descobriram, em 2015, uma grande estrutura em forma de coração à superfície do planeta anão Plutão, que este “coração” tem intrigado os cientistas devido à sua forma única, composição geológica e elevação.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Berna, incluindo vários membros do NCCR PlanetS, e da Universidade do Arizona em Tucson utilizou simulações numéricas para investigar as origens de Sputnik Planitia, a parte ocidental em forma de lágrima da superfície em forma de “coração” de Plutão.
De acordo com a sua investigação, a história inicial de Plutão foi marcada por um evento cataclísmico que formou Sputnik Planitia: uma colisão com um corpo planetário, com cerca de 700 km de diâmetro.
As descobertas da equipa, recentemente publicadas na revista Nature Astronomy, sugerem também que a estrutura interna de Plutão é diferente do que se supunha anteriormente, indicando que não existe um oceano subterrâneo.
Um coração dividido
O “coração”, também conhecido como Tombaugh Regio, captou a atenção do público imediatamente após a sua descoberta. Mas também captou imediatamente o interesse dos cientistas porque está coberto por um material de alto albedo que reflete mais luz do que os seus arredores, criando a sua cor mais branca.
No entanto, o “coração” não é composto por um único elemento. Sputnik Planitia (a parte ocidental) cobre uma área de 1200 por 2000 quilómetros, o que equivale a um-quarto da Europa ou dos Estados Unidos. O que é surpreendente, no entanto, é que esta região é três a quatro quilómetros mais baixa em elevação do que a maior parte da superfície de Plutão.
“A aparência brilhante de Sputnik Planitia deve-se ao facto de estar predominantemente cheia de nitrogénio gelado branco que se move e convecta para alisar constantemente a superfície. Este nitrogénio provavelmente acumulou-se rapidamente após o impacto, devido à mais baixa altitude”, explica o Dr. Harry Ballantyne da Universidade de Berna, autor principal do estudo.
A parte oriental do “coração” está também coberta por uma camada semelhante, mas muito mais fina, de nitrogénio gelado, cuja origem ainda não é clara para os cientistas, mas está provavelmente relacionada com Sputnik Planitia.
Um impacto oblíquo
“A forma alongada de Sputnik Planitia sugere fortemente que o impacto não foi uma colisão frontal direta, mas sim oblíqua“, salienta o Dr. Martin Jutzi da Universidade de Berna, que deu início ao estudo.
Assim, a equipa, tal como várias outras em todo o mundo, utilizou o seu software de simulação SPH (Smoothed Particle Hydrodynamics) para recriar digitalmente tais impactos, variando a composição de Plutão e do objeto impactante, bem como a velocidade e o ângulo. Estas simulações confirmaram as suspeitas dos cientistas sobre o ângulo oblíquo do impacto e determinaram a composição do objeto.
“O núcleo de Plutão é tão frio que as rochas permaneceram muito duras e não derreteram apesar do calor do impacto e, graças ao ângulo e à baixa velocidade, o núcleo do objeto não se afundou no núcleo de Plutão, mas permaneceu intacto, como uma mancha, sobre ele”, explica Harry Ballantyne. “Algures por baixo de Sputnik está o núcleo remanescente de outro corpo massivo, que Plutão nunca chegou a digerir”, acrescenta o coautor Erik Asphaug da Universidade do Arizona.
Esta força do núcleo e a velocidade relativamente baixa foram fundamentais para o sucesso destas simulações: uma força menor resultaria numa superfície muito simétrica que não se parece com a forma de lágrima observada pela New Horizons.
“Estamos habituados a pensar nas colisões planetárias como acontecimentos incrivelmente intensos em que se podem ignorar os pormenores, exceto coisas como a energia, o momento e a densidade. Mas no Sistema Solar distante, as velocidades são muito mais baixas e o gelo sólido é forte, pelo que temos de ser muito mais precisos nos nossos cálculos. É aí que começa a diversão”, diz Erik Asphaug.
As duas equipas têm um longo historial de colaborações conjuntas, explorando desde 2011 a ideia de “salpicos” planetários para explicar, por exemplo, as características do lado oculto da Lua. Depois da nossa Lua e de Plutão, a equipa da Universidade de Berna planeia explorar cenários semelhantes para outros corpos do Sistema Solar exterior, como o planeta anão Haumea, semelhante a Plutão.
Não há um oceano subsuperficial em Plutão
O estudo atual lança também uma nova luz sobre a estrutura interna de Plutão. De facto, é muito mais provável que um impacto gigante como o simulado tenha ocorrido muito cedo na história de Plutão.
No entanto, isto coloca um problema: espera-se que uma depressão gigante como Sputnik Planitia se mova lentamente em direção ao polo do planeta anão devido às leis da física, uma vez que tem um défice de massa, mas paradoxalmente, está perto do equador.
A explicação teórica anterior era que Plutão, tal como vários outros corpos planetários no Sistema Solar exterior, tem um oceano subsuperficial de água líquida. De acordo com esta explicação anterior, a crosta gelada de Plutão seria mais fina na região de Sputnik Planitia, fazendo com que o oceano se avolumasse aí e, como a água líquida é mais densa do que o gelo, acabaria por haver um excedente de massa que induziria a migração para o equador.
No entanto, o novo estudo oferece uma perspetiva alternativa.
“Nas nossas simulações, todo o manto primordial de Plutão é escavado pelo impacto e, à medida que o material do núcleo do objeto impactante “salpica” o núcleo de Plutão, cria um excesso de massa local que pode explicar a migração para o equador sem um oceano subsuperficial ou, no máximo, um oceano muito fino”, explica Martin Jutzi. A Dra. Adeene Denton da Universidade do Arizona, também coautora do estudo, está atualmente a realizar um novo projeto de investigação para estimar a velocidade desta migração.
“Esta nova e inventiva origem para a característica em forma de coração de Plutão pode levar a uma melhor compreensão da origem do planeta anão”, conclui.
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Fotografia em cores de Plutão, obtida pela sonda New Horizons em 14 de julho de 2015
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