quarta-feira, julho 19, 2023

Cesário Verde morreu há 137 anos

(imagem daqui)
   
José Joaquim Cesário Verde (Lisboa, 25 de fevereiro de 1855 - Lumiar, 19 de julho de 1886) foi um poeta português, sendo considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.
Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, mas apenas o frequentou alguns meses. Ali conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as atividades de comerciante herdadas do pai.
Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes inspiraram contudo um de seus principais poemas, Nós (1884).
Tenta curar-se da tuberculose, mas sem sucesso, vem a falecer no dia 19 de julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde, compilação da sua poesia publicada em 1901.
No seu estilo delicado, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, que são os seus cenários prediletos. Evitou o lirismo tradicional, expressando-se de uma forma mais natural.

 

Impossível
 
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.
  
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
  
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, pra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
  
Posso sentir-te em fogo, escandescida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
  
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.
 
Eu tudo posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque
  
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande loteria que passou,
Da boa, da espanhola,
   
Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
  
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China,
O nosso chocolate.
  
E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.
   
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!
  
Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá essa é que eu não caio!

 

Cesário Verde

Poema de aniversariante de hoje...

     

 

DEDUÇÃO

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.



Mayakovsky

 

Clementina de Jesus morreu há 46 anos...

  
Clementina de Jesus da Silva (Valença, 7 de fevereiro de 1901 - Rio de Janeiro, 19 de julho de 1987) foi uma cantora brasileira de samba que também era conhecida como Tina ou Quelé.
  

 


Paolo Borsellino foi assassinado há trinta e um anos...

 
Paolo Borsellino (Palermo, 19 de janeiro de 1940 - Palermo, 19 de julho de 1992) foi um advogado e magistrado italiano.

Biografía
Nasceu, em 1940, no bairro operário Kalsa, em Palermo. Estudou na Universidade de Palermo, onde se formou com louvor, em 1962, em direito. Em 1963, foi nomeado Magistrado, por concurso.
Já exercendo a Magistratura, e conjuntamente com o juiz Giovanni Falcone, levou a cabo processos judiciais contra a Cosa Nostra. Começou o trabalho sob a direção do também assassinado Chefe de Fiscais Rocco Chinnici.
Foi morto num atentado, onde a viatura em que estava explodiu, menos de dois meses depois de Giovanni Falcone ter sido assassinado.
Salvatore Riina, chefe do ramo corleonês da Mafia, cumpriu prisão perpétua até 2007, ano da sua morte, pelos assassinatos de Falcone e Borsellino, entre outra centena de homicídios (por ele próprio ou a seu mando).
Paolo Borsellino é hoje tido como um dos mais importantes magistrados na luta contra a Máfia durante o século XX.
Em 2003, para os dez anos da morte, foi lançado o filme Gli angeli di Borsellino.
   

Há vinte e nove anos morreram 21 pessoas, incluindo 12 judeus, num atentado num avião no Panamá

       

Alas Chiricanas Flight 00901, registry HP-1202AC, was an Embraer EMB 110 Bandeirante aircraft flying en route from Colón city to Panama City which exploded shortly after departing Enrique Adolfo Jiménez Airport, on the night of July 19, 1994. All 21 on board, including 12 Jews, were killed in the bombing. Both Panamanian and American authorities consider the bombing an unsolved crime and an act of terrorism.
The wreckage of the Bandeirante was strewn about the Santa Rita Mountains near Colón. Panamanian investigators quickly determined that the explosion had been caused by a bomb, probably detonated by a suicide bomber aboard the aircraft. Only one body was not claimed by relatives; this body is believed to be that of a man named Jamal Lya. Officials suspected that the incident was an act of terrorism directed against Jews in part because it took place one day after the AMIA bombing in Buenos Aires, Argentina.
Soon after Flight 00901 crashed, an organization using the name Ansar Allah, or "Followers of God", issued a statement expressing support for the bombing, and claiming that the attack was a suicide operation by a person with an Arab name. Later, it was determined the organization did not exist. Panamanian authorities have made no arrests in connection with the bombing; The case remains officially unsolved.
    

Mayakovsky nasceu há cento e trinta anos...

 

     
Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (Bagdadi, 7 de julho no calendário juliano e 19 de julho no nosso atual calendário gregoriano de 1893Moscovo, 14 de abril de 1930) foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound e T.S. Eliot, bem como "o maior poeta do futurismo".
    
Vladimir Mayakovsky nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, então no Império Russo.  Lá fez o liceu e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscovo, onde Vladimir continuou os seus estudos.
Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na fação bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir as suas conceções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.
Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou a sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos, etc. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.
Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou frequentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas. Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.
Oficialmente, suicidou-se com um tiro em 1930, sem que isto tivesse relação alguma com sua atividade literária e social. Mas de facto o poeta estava sendo pressionado pelos programas oficiais que desejavam instaurar uma literatura simplista e dita realista, dirigidos por Molotov e perseguindo antigos poetas revolucionários como o próprio Maiakovski. Em vista disso, aponta-se a possibilidade real de um suicídio forjado por motivos políticos.
   

 

PODER 

 

Tu sabes e conhece melhor do que eu a velha história…
Na primeira noite, eles se aproximam de nossa casa,
roubam-nos uma flor e nós não dizemos nada…
Na segunda noite, eles não só se aproximam da nossa casa,
mas pulam o muro, pisam nas flores, matam o nosso cãozinho
E nós não dizemos nada…
Até que um dia, o mais sábio deles, entra em nossa casa,
rouba-nos a luz, arranca a voz de nossa garganta
e aí então meus caros amigos
é que não podemos dizer mais nada mesmo.

 

Mayakovsky

Brian May faz hoje 76 anos

  
Brian Harold May (Londres, Inglaterra, 19 de julho de 1947) é um músico inglês e também astrofísico, mais conhecido por ser o guitarrista, compositor, fundador e, ocasionalmente, vocalista, da banda britânica de rock Queen. Também construiu uma guitarra, conhecida como Red Special. Algumas de suas composições para o grupo mais famosas são "We Will Rock You", "Tie Your Mother Down", "The Show Must Go On", "I Want It All" e "Who Wants to Live Forever".
Em dezembro de 2005 Brian foi homenageado com um CBE Commander, da Ordem do Império Britânico, por Sua Majestade a Rainha, em reconhecimento dos seus serviços para a música e obras de caridade. Após isso, concluiu o seu doutoramento em Astrofísica no Imperial College em 2007 e e foi chanceler da Liverpool John Moores University entre 2008 e 2013. É também defensor ativo dos direitos dos animais.
Em 2005 um inquérito da revista Planet Rock elegeu Brian como o sétimo melhor guitarrista de todos os tempos. Também foi considerado o 26º melhor guitarrista de todos os tempos, segundo a revista norte-americana Rolling Stone, enquanto a Guitar World, através dos seus leitores, pô-lo no segundo lugar em 2012.
     

 


terça-feira, julho 18, 2023

Roma ardeu há 1959 anos...

Fire in Rome - Hubert Robert

  
O grande incêndio de Roma teve início na noite do dia 18 de julho de 64 d.C., afetando 10 das 14 zonas da antiga cidade de Roma, três das quais foram completamente destruídas.

O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas. O facto de a maioria dos romanos viverem em ínsulas, edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura de madeira, de três, quatro ou cinco andares, ajudou à propagação do incêndio.

Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias seguidos até que pudesse ser controlado. Mas por pouco tempo, já que houve focos de reacendimento que fizeram o incêndio durar por mais três dias. O antigo Templo de Júpiter Estator e o lar das Virgens Vestais foram destruídos, bem como dois terços da antiga cidade.
    
Nero e o incêndio de Roma

Existem várias versões sobre a causa do incêndio. A versão mais contada é a de que os moradores que habitavam as construções de madeira usavam do fogo para se aquecer e se alimentar. E por algum acidente, o fogo se alastrou. Para piorar a situação, ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.

Outra versão famosa, é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio com o propósito de construir um complexo palaciano, já que o senado romano havia indeferido o pedido de desapropriação para a obra. Há ainda a versão, concebida por romancistas cristãos posteriores que, atribuindo ao imperador a condição de demente, pretende que ele provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente, e poder produzir um poema, como Homero ao descrever o incêndio de Tróia.

Segundo algumas fontes, enquanto o fogo consumia a cidade, Nero contemplava o cenário, tocando com sua lira. Esta cena é retratada no romance Quo Vadis.

Há ainda uma versão da história que cita que, no momento do incêndio, Nero estava em outra cidade e, ao saber do ocorrido, retornou a Roma, esforçando-se para socorrer os desabrigados, inclusive mandando abrir os jardins de seu palácio para acolhê-los.

Todavia, o facto de, posteriormente, ter usado os seus agentes para adquirir, a preço vil, terrenos nas imediações de seu palácio, com a provável intenção de ampliá-lo, tornou-o suspeito, junto ao povo, de ter responsabilidade no sinistro.

Para Massimo Fini, Nero teria sido caluniado, por historiadores romanos e cristãos, nesse episódio do grande incêndio de Roma.

 

Representação do Grande Incêndio de Roma, tendo à frente Nero e por detrás as ruínas da cidade em chamas, num quadro de Karl Theodor von Piloty (circa 1861)

Os cristãos e o incêndio de Roma

Não se sabe ao certo o momento e as razões que levaram os cristãos a serem acusados de responsáveis pelo incêndio. Historiadores cristãos e também romanos (como Tácito e Suetónio, cujas obras denotam acentuada antipatia pelo imperador) sustentam que se tratou de uma manobra de Nero, para desviar as suspeitas de sua pessoa. Uma vez que a tese de "incêndio criminoso" se disseminara, era necessário encontrar os culpados, e os cristãos podem ter-se tornado "bodes expiatórios" ideais, pelo facto de serem mal vistos em Roma. De facto, Suetónio relata que as crenças cristãs eram tidas, na época, como "'superstição nova e maléfica'" enquanto Tácito, embora acusando Nero de ter injustamente culpado os cristãos, declara-se convencido de que eles mereciam as mais severas punições porque cometiam "infâmias" e eram "inimigos do género humano".

Hoje a Igreja Católica celebra a memória desses "Santos Protomártires" todos anos, no dia 30 de junho. E entre os mais ilustres estavam São Pedro, que foi crucificado no Circo de Nero, atual Basílica de São Pedro, e São Paulo, que foi decapitado junto à estrada de Roma para Óstia.

  
     

Isabel Feodorovna e vários Romanov foram brutalmente assassinados pelos bolcheviques há 105 anos

Quadro de Isabel Feodorovna pintado por Friedrich August von Kaulbach
     
A Grã-Duquesa Isabel Feodorovna da Rússia (Hesse-Darmstadt, 1 de novembro de 1864 - Apayevsk, 18 de julho de 1918) era esposa do Grão-Duque Sérgio Alexandrovich, quinto filho do czar Alexandre II. Era conhecida por “Ella” pela família e amigos. Era a irmã 8 anos mais velha da Czarina Alexandra Feodorovna, esposa do Czar Nicolau II. Isabel tornou-se famosa na sociedade russa pela sua beleza, charme e pela caridade entre os pobres.
Em 1992 foi canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa como Nova Mártir.
    
(...)
   
O noivado da Princesa Isabel foi curto, uma vez que Sérgio queria que o casamento se realizasse o mais rapidamente possível e, apesar do pai dela não aceitar completamente a sua pressa, foi forçado a lidar com ela quando, em junho de 1884, chegou a São Petersburgo com Isabel e as suas duas irmãs mais novas, Irene e Alice.
A Rússia, com a sua vastidão, a sua atmosfera estranha e inexplicável, surpreendeu as duas princesas mais velhas que, à exceção da Inglaterra, tinham visto muito pouco do mundo. As enormes praças e largas ruas de São Petersburgo, o Neva, maior do que qualquer rio inglês ou alemão, as cúpulas e espirais douradas das catedrais, a grandeza do Palácio de Inverno e a graciosidade da alta sociedade eram tão únicos e inesperados que elas se sentiram desorientadas e confusas, incapazes de se acostumarem ao ambiente estranho e pouco familiar que as rodeava.
Elas sentiam-se intimidadas pelas multidões de criados e damas-de-companhia que as rodeavam sem descanso, pelos conselheiros da Corte que davam diferentes instruções e, acima de tudo, pelo irmão de Sérgio, o Czar Alexandre III. O imperador era alto, tinha ombros largos, uma voz profunda e mãos que conseguiam endireitar uma ferradura sem grande esforço. Só Alice que tinha apenas 12 anos na altura parecia não ter nenhuma apreensão. Ela não via nada de assustador, apenas “os corredores vastos e inspiradores do Palácio de Inverno com os seus quilómetros de chão dourado” e passou a maior parte do tempo a jogar às escondidas entre os pilares com Nicolau, filho mais velho de Alexandre III que era, normalmente, tímido e indiferente com estranhos, mas achava aquela menina com os seus caracóis loiros uma companhia encantadora e com quem se sentia perfeitamente relaxado.
O Grão-Duque de Hesse não tinha permitido que a sua filha mudasse de religião antes do casamento, por isso houve uma cerimónia luterana e outra ortodoxa. Quando finalmente ambas as cerimónias acabaram e uma Isabel pálida teve de se despedir do seu pai e das irmãs, sentiu-se que ela estava aterrorizada com a perspetiva de ser forçada a viver uma nova vida num país desconhecido, rodeada de estranhos, novas ligações e com um marido que, no fundo, mal conhecia.
   
(...)
   
A Grã-Duquesa Isabel converteu-se à Igreja Ortodoxa apenas dois anos depois do casamento, muito contra a vontade do seu pai. Quando o Grão-Duque de Hesse soube que o Czarevich Nicolau se tinha apaixonado pela sua filha mais nova, a Princesa Alice, ele recusou-se a permitir que outra filha sua abdicasse da sua fé luterana.
A Rainha Vitória também não aprovava estas mudanças de religião e não gostava particularmente da ideia de ver a sua neta favorita noiva do herdeiro ao trono russo. Ela tinha-o achado charmoso, simples e natural quando ele visitara Londres, mas ao mesmo tempo tinha ficado com a sensação de que ele tinha falta de estabilidade e não conseguia tomar decisões por si mesmo. O Imperador e a Imperatriz partilhavam a sua apreensão, mas por razões completamente diferentes, A Princesa Alice não tinha ficado muito bem vista quando visitara São Petersburgo. Alexandre III achou-a uma alemã típica e Maria Feodorovna ficou incomodada com a sua apatia. Além disso ela queria ver o seu filho casado com a filha do conde de Paris e não via como aquela pequena Princesa de Hesse com um feitio tímido e quase hostil poderia ser uma boa esposa.
Tal como o seu avô, Alexandre II, o czarevich estava determinado a conseguir aquilo que queria. “O meu sonho é casar-me com a Alice de Hesse”, escreveu ele no seu diário no dia 21 de dezembro de 1889.
Isabel teve uma grande responsabilidade para com a relação do seu sobrinho com a sua irmã. Foi ela que incentivou o amor entre ambos e convenceu a Rainha Vitória (que queria casar Alice com o seu neto Alberto) a aceitar uma possível união entre a sua neta favorita e o czarevich da Rússia.
Finalmente em abril de 1894, o Imperador, que já começava a ceder, deu a sua permissão para que houvesse noivado e o seu filho correu até Coburg onde se realizaria o casamento do irmão de Isabel e Alice, Ernesto, com a Princesa Vitória Melita, filha do duque de Edimburgo. Nicolau pediu Alice em casamento, mas como esposa do czarevich e herdeiro ao trono, a Princesa sabia que teria de mudar de religião e, a princípio, não conseguiu decidir-se se aceitaria o pedido ou não. “A pobrezinha chorou muito,” escreveu Nicolau no seu diário onde descreveu a conversa que teve com ela que se prolongou até à meia-noite. No dia 8 de Abril, no entanto, chegou “um dia lindo e inesquecível” quando o jovem casal foi até ao quarto da Rainha Vitória de mão dada para lhe comunicar que tinham chegado a um acordo. “Fiquei bastante surpreendida”, escreveu a Rainha Vitória no seu diário, “Pensava que, por muito que o Nicky quisesse ir em frente com isto, a Alice não se iria decidir.”
    
(...)
   
No dia 4 de fevereiro de 1905 quando Isabel estava a caminho dos seus quartos privados no palácio onde vivia com o marido e os sobrinhos, ouviu uma explosão que partiu todos os vidros da sua casa. Depois de muitos anos ela sabia que aquilo que temia (e o seu marido esperava) tinha acontecido. Durante muitos anos Sérgio tinha-a proibido de andar na mesma carruagem dele e justificava-o dizendo que sabia do ódio que os habitantes de Moscovo sentiam por ele.
Sem esperar por alguém para perguntar o que tinha acontecido ou sequer vestir um casaco, Isabel desceu as escadas a correr até chegar ao dia frio de Inverno e seguiu um rasto de fumo e cheiro a pólvora que a levaram até à carruagem despedaçada do seu marido da qual apenas restavam os corpos mutilados dos cavalos. Quando chegou os guardas apressavam-se a cobrir o que restava do corpo do marido com os seus casacos.
Começaram a cair-lhe lágrimas e ela ajoelhou-se junto da mancha de sangue na neve, com a multidão a começar a reunir-se à sua volta, olhando horrorizada o macabro espetáculo enquanto a polícia e os soldados procuravam o assassino por entre as pessoas que se encontravam perto do palácio. Algumas horas antes ele tinha saído de casa com uma expressão preocupada, mas a assegurar-lhe que não havia nada com que se preocupar. Embora não tivessem um casamento perfeito, ele era o seu marido que sempre a tinha ajudado a adaptar-se à vida na Rússia e a tratava bem. Ele estava consciente do perigo que corria, mas mesmo assim nunca abandonou as suas responsabilidades e deu o seu melhor no cargo que ocupava. Contudo a sua austeridade quase fanática e a sua crueldade vingativa em certas ocasiões tinham feito com que ganhasse muitos inimigos. Ele era um anti-revolucionário e um autocrata quase tirano, mas ela estava casada com ele há vinte anos e era das únicas que conhecia toda a sua personalidade.
Nessa tarde, apesar da sua dor pessoal, Isabel visitou o cocheiro da carruagem do marido, que estava gravemente ferido. Ele olhou-a nos olhos e perguntou, “Como está o seu marido?” Muito gentilmente a cara dela recompôs-se e respondeu, “Foi ele que me enviou para o ver” e ficou sentada na cama dele até o cocheiro morrer. Ela implorou a Nicolau para que não matasse o assassino, mas a sua petição foi recusada e ela foi visitar o homem à prisão. Ele tratou-a com desprezo e mantinha-se teimosamente cínico. Não se mostrou arrependido pelo que tinha feito e orgulhava-se da sua ação dizendo que tinha destruído um homem que era um inimigo do povo.
A partir desse dia, Isabel nunca mais comeu carne nem peixe. Quando chegou a casa dividiu as jóias que o seu marido lhe tinha oferecido em três e deu algumas aos seus sobrinhos Maria e Dmitri Pavlovich, devolveu as joias da coroa e vendeu o resto. O dinheiro que ganhou das joias foi para a caridade e para o Convento de Maria e Marta em Moscovo que passou a visitar com muita frequência, sempre de luto.
    
(...)
    
Isabel como freira
     
A alta sociedade de São Petersburgo nunca mais a voltou a ver. Só muito raramente Isabel visitava a irmã e a família em Czarskoe Selo e, em 1910, decidiu juntar-se definitivamente à Irmandade de Marta e Maria, doando todas as roupas e pedaços de joalharia que ainda lhe restavam. Não ficou nada, nem sequer com a aliança de casamento. “Este véu,” disse o Bispo Triphonius quando ela entrou no Convento, “vai-te esconder do mundo, e o mundo vai estar escondido de ti, mas vai ser uma testemunha dos teus bons trabalhos que irão brilhar perante Deus e glorificar o Senhor.” A sua nova vida era passada nos quartos pequenos do Convento, apenas mobilados com cadeiras brancas. Ela dormia numa cama de madeira sem colchão e com uma almofada dura. Queria sempre as tarefas mais difíceis, chegando a cuidar de 15 doentes na ala hospitalar sozinha e raramente dormia mais de três horas. Quando um paciente morria, ela passava a noite inteira junto dele (de acordo com a fé ortodoxa) a rezar intermitentemente sobre o corpo morto.
Quando ela se tornou freira, a sua sobrinha Maria Pavlovna casou-se e o sobrinho Dmitri passou a viver com o Czar e a sua família.
Apesar de tudo, ela nunca se tornou rígida, severa ou deprimida e até manteve algum do seu divertimento que a tinha tornado encantadora quando jovem. Uma vez quando a sua irmã, a Princesa Vitória, estava no convento de visita com a sua segunda filha, a Princesa Luísa, a porta do quarto delas abriu-se de manhã cedo e uma pequena cabeça espreitou a rir-se e a dizer “Olá”. Abismada, Vitória pensou tratar-se de um rapaz mal-educado que tinha conseguido entrar no convento e estava a invadir o seu quarto, mas depressa percebeu, aliviada, que se tratava da sua irmã mais nova, sem o seu véu e com o cabelo rapado.
Depois de entrar no convento, Isabel apenas visitou São Petersburgo em duas ocasiões: quando se celebraram os 300 anos de poder dos Romanov, em 1913 e quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, quando ajudou a sua irmã com os planos de ajuda a soldados feridos.
Durante muitos anos, as instituições apoiadas por Isabel ajudaram os pobres e os órfãos de Moscovo. Ela e outras freiras da sua irmandade trabalhavam com os pobres todos os dias e foram responsáveis pela abertura de discussão sobre a possibilidade de permitir o acesso de mulheres a posições de maior importância dentro da igreja. A Igreja Ortodoxa recusou esta ideia, mas abençoou e encorajou os esforços de Isabel para com os pobres.
Em 1917 rebentou a revolução russa e as ligações de Isabel à família imperial causaram-lhe muitos problemas.
   
Assassinato
Na Primavera de 1918, Lenine ordenou à Tcheka - polícia secreta - que prendesse Isabel. Mais tarde ela seria exilada, primeiro em Perm e depois em Ekaterinburgo onde também se encontrava a sua irmã Alexandra e a sua família, mas nenhuma das duas sabia da presença da outra na cidade. Mais tarde ela iria juntar-se a outros membros da família Romanov (o Grão-Duque Sérgio Mikhailovich, o Príncipe João Constantinovich, o Príncipe Constantino Constantinovich, o Príncipe Igor Constantinovich e o Príncipe Vladimir Pavlovich Paley).
Com os membros da família vieram o secretário de Sérgio, Feodor Remez, e Varvara Yakovlena, uma freira da irmandade de Isabel. Todos eles foram levados para Alapaevsk no dia 20 de maio de 1918 onde ficaram presos na antiga Escola Napolnaya, nos arredores da cidade
Ao meio-dia do dia 17 de julho, o oficial da Tcheca, Petr Startsev e alguns trabalhadores bolcheviques chegaram à escola. Tiraram aos prisioneiros todo o dinheiro e valores que tinham e anunciaram-lhes que seriam transferidos nessa mesma noite para uma fábrica em Siniachikhensky. Os guardas do Exercito Vermelho receberam ordens para abandonar o local e foram substituídos por homens da Tcheca. Nessa noite os prisioneiros foram acordados e levados em carros por uma estrada para Siniachikha. A cerca de 18 quilómetros de Alapaevsk havia uma mina abandonada, com 20 metros de profundidade. Foi aqui que pararam. Os homens da Tcheca espancaram todos os prisioneiros antes de os atirar para a mina. Ainda antes de ser atirado, o Grão-Duque Sérgio Mikhailovich foi morto a tiro por contestar e tentar espancar os guardas. Isabel foi a primeira a ser atirada. Apesar da profundidade apenas Feodor Remez morreu imediatamente.
De acordo com o testemunho de um dos assassinos, Isabel e os outros prisioneiros sobreviveram à queda na mina, o que levou o comandante a atirar as granadas. Depois das explosões, ele disse ter ouvido Isabel e os outros cantarem um hino russo do fundo da mina. Enervado, o comandante atirou uma nova rajada de granadas, mas continuou a ouvir-se os prisioneiros cantar. Finalmente foi atirada uma grande quantidade de arbustos para tapar a mina e o comandante deixou um guarda a vigiar o local antes de partir.
Na manhã de 18 de julho de 1918, o chefe da Tcheca de Alapaevsk trocou uma série de telegramas com o chefe do Soviete Regional de Ekaterinburgo, que tinha estado envolvido no massacre da família imperial. Estes telegramas tinham sido planeados com antecedência e diziam que a escola tinha sido atacada por um “gang desconhecido”. Pouco tempo depois Alapaevsk caiu nas mãos do Exército Branco.
   
Os corpos do Príncipe João Constantinovich e da Grã-Duquesa Isabel Feodorovna, descobertos no dia 8 de outubro de 1918
    
No dia 8 de outubro de 1918, os Brancos descobriram os restos mortais de Isabel e dos seus companheiros dentro da mina onde tinham sido assassinados. Isabel tinha morrido devido a ferimentos resultantes da sua queda de vinte metros, mas tinha ainda encontrado forças para fazer uma ligadura na cabeça do Príncipe João Constantinovich. Os seus restos mortais foram retirados da mina e levados para Jerusalém onde estariam longe das mãos dos bolcheviques. Até hoje continuam enterrados na Igreja de Maria Madalena.
    
Estátua de Isabel Feodorovna (1ª da esquerda) na Abadia de Westminster
    
Canonização e legado
Isabel foi canonizada pela Igreja Ortodoxa exterior da Rússia em 1981 e pela Igreja Ortodoxa Russa em 1992, como Nova Mártir Isabel. Os principais templos que lhe são dedicados são o Convento de Marfo-Mariinsky que ela fundou em Moscovo e o Convento de Santa Maria Madalena no Monte das Oliveiras, que ela e o marido ajudaram a construir. Ela é uma das mártires do século XX que está representada numa das estátuas acima da Grande Porta Oeste na Abadia de Westminster em Londres, Inglaterra.
Outra estátua de Isabel foi construída após a queda do comunismo na Rússia, no jardim do seu convento em Moscovo. Na inscrição pode ler-se “À Grã-Duquesa Isabel Feodorovna: Com arrependimento.”
    

Saudades de Mandela...

 

Free Nelson Mandela - The Specials 


Free Nelson Mandela
Free free
Free free free Nelson Mandela

Free Nelson Mandela

21 years in captivity
Shoes too small to fit his feet
His body abused, but his mind is still free
You're so blind that you cannot see

Free Nelson Mandela

Visited the causes at the AMC
Only one man in a large army
You're so blind that you cannot see
You're so deaf that you cannot hear him

Free Nelson Mandela

21 tears in captivity
You're so blind that you cannot see
You're so deaf that you cannot hear him
You're so dumb that you cannot speak

Free Nelson Mandela

Roald Amundsen desapareceu há 95 anos...

     
Roald Engelbregt Gravning Amundsen (Borge, 16 de julho de 1872  - Ártico, perto da Ilha do Urso, 18 de junho de 1928) foi um explorador norueguês das regiões polares.
Atravessou a passagem Noroeste que liga os oceanos Atlântico ao Pacífico, na região norte do Canadá em 1905. Liderou a primeira expedição a atingir o Polo Sul em 1911-1912 utilizando trenós puxado por cães.
Foi o primeiro explorador a sobrevoar o Polo Norte no dirigível Norge em 1926. Ele foi a primeira pessoa a chegar a ambos os Polos, Norte e Sul.
Amundsen nasceu numa família de proprietários de navio e capitães. Inspirado na leitura das aventuras do explorador inglês John Franklin (1786-1847), que provou a existência da Passagem Noroeste ele se decidiu por uma vida de exploração no desconhecido. Com 16 anos Amundsen estudava as regiões polares, tendo como referência a travessia da Gronelândia por Fridtjof Nansen.
    
(...)
    
Roald Amundsen morreu em 18 de junho de 1928 num acidente com o seu hidroavião Latham 47, no Oceano Ártico. O voo tinha o objetivo de procurar pelo explorador e aviador italiano Umberto Nobile, cujo dirigível Italia retornava do Polo Norte e caiu a nordeste do arquipélago Svalbard. Cinco países enviaram navios e aviões para os trabalhos de resgate dos sobreviventes do dirigível, que aguardavam socorro numa massa de gelo flutuante. Os tripulantes sobreviventes foram resgatados pelo navio quebra-gelo russo Krassin em 12 de julho, dezanove dias após a retirada de Umberto Nobile do local por um avião da Suécia. A busca por Amundsen e pelos seis desaparecidos do Italia continuou por todo o verão de 192, e nela participou Louise Boyd, exploradora e aviadora norte-americana. O hidroavião de Amundsen nunca foi encontrado. O corpo de Roald Amundsen permanece no Ártico. A Marinha Real da Noruega organizou expedições nos anos de 2004 e 2009 com o objetivo de localizar os restos do hidroavião.
Existe controvérsia quanto à conquista do Polo Norte por Frederick Cook e depois Robert Peary. Pesquisas e estudos recentes apontam Roald Amundsen e o seu companheiro de explorações, Oscar Wisting, como os primeiros a alcançar os dois polos da terra.
   

Geezer Butler nasceu há 74 anos

  

Terence Michael Joseph "Geezer" Butler (Birmingham, 17 July 1949) is an English retired musician and songwriter. He is best known as the bassist and primary lyricist of the heavy metal band Black Sabbath. He has also recorded and performed with Heaven & Hell, GZR, and Ozzy Osbourne. Butler was the bassist of Deadland Ritual, which has since disbanded.

  

 

Black Sabbath in 1970 (from left), Geezer Butler, Tony Iommi, Bill Ward and Ozzy Osbourne

Black Sabbath in 1970 (from left), Geezer Butler, Tony Iommi, Bill Ward and Ozzy Osbourne

 

in Wikipédia

 


Caravaggio morreu há 413 anos...

Caravaggio, pintura de Ottavio Leoni

   
Michelangelo Merisi da Caravaggio (Caravaggio, 29 de setembro de 1571Porto Ercole, comuna de Monte Argentario, 18 de julho de 1610) foi um pintor italiano atuante em Roma, Nápoles, Malta e Sicília, entre 1593 e 1610. É normalmente identificado como um artista barroco, estilo do qual foi o primeiro grande representante. Caravaggio era o nome da aldeia natal da sua família e que escolheu como seu nome artístico.

Descanso na fuga para o Egito
        
          

O Padre António Vieira morreu há 326 anos...

Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais) e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem a sua leitura.
   
 

(imagem daqui)

 

António Vieira

O céu estrela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e a gloria tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.

No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei D. Sebastião.

Mas não, não é luar: é luz do etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo.
 


in
Mensagem (1934) - Fernando Pessoa 

Jane Austen morreu há 206 anos

      
Jane Austen (Steventon, 16 de dezembro de 1775Winchester, 18 de julho de 1817) foi uma proeminente escritora inglesa. A ironia que utilizava para descrever as personagens dos seus romances coloca-a entre os clássicos, vista a sua aceitação, inclusive na atualidade, sendo constantemente objeto de estudo académico e alcançando um público bastante amplo.
Nascida em Steventon, Hampshire, duma família pertencente à nobreza agrária, a sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. A inocência das obras de Austen é apenas aparente, e pode ser interpretada de várias maneiras. Os meios académicos têm-na considerado uma escritora conservadora, apesar de a crítica feminista atual reconhecer nas suas obras uma dramatização do pensamento de Mary Wollstonecraft sobre a educação da mulher.
   
(...)
   
Carreira literária

Animada pelo êxito de Sense and Sensibility, sua primeira obra, a autora tentou publicar também Pride and Prejudice, que foi vendido em novembro de 1812 e publicado em janeiro de 1813. Ao mesmo tempo, começou a trabalhar em Mansfield Park. Em 1813, a identidade da autora de Pride and Prejudice começou a difundir-se, graças à popularidade da obra e à indiscrição da família. Nesse mesmo ano foi publicada a segunda edição de suas obras, e em maio de 1814 surgiu Mansfield Park, obra da qual se venderam todos os exemplares em seis meses, e Austen começou a trabalhar em Emma.

Era seu irmão Henry, que vivia em Londres, quem se encarregava de negociar com os editores, e quando Jane ia a Londres, hospedava-se em sua casa. Em 1813, Henry Austen foi tratado pelo Sr. Clarke, médico do príncipe Regente, o qual, ao descobrir que Austen era a autora de Pride and Prejudice e Sense and Sensibility, obras que apreciava muito, pediu a este que solicitasse a Henry que o romance seguinte da autora fosse a ele dedicado. É possível que tal pedido tenha demorado a chegar até ela, pois em suas cartas não guardava uma boa opinião sobre os príncipes, devido às suas conhecidas infidelidades.

Em Chawton, Austen não tinha a mesma privacidade que em Steventon, e é bastante famosa a anedota narrada por James Austen-Leigh, acerca da porta “chiante” que Austen solicitou que não fosse reparada, pois a avisava antecipadamente da chegada de algum visitante, para esconder o manuscrito que escrevia.

Em dezembro de 1815 foi publicada Emma, dedicada ao príncipe regente e, no ano seguinte, uma nova edição de Mansfield Park. A segunda não teve o êxito das obras anteriores, e as perdas desequilibraram os ganhos da primeira edição. 

 

Morte

Austen começou Persuasion em agosto de 1815, mas um ano depois começou a se sentir mal. No início de 1817 começou Sanditon, porém teve que abandonar a obra por seu estado de saúde. Para receber tratamento médico foi levada a Winchester, onde faleceu em 18 de julho de 1817.

As suas últimas palavras foram: "Não quero nada mais que a morte". Tinha 41 anos de idade.

No seu testamento, legou tudo o que tinha para sua irmã Cassandra. Na época, não se sabia a causa de sua morte; hoje, considera-se que foi a doença de Addison. Está enterrada na Catedral de Winchester.

O epitáfio, na catedral de Winchester, não menciona que foi a autora de seus conhecidos romances. Em 1872, depois que James Edward Austen-Leigh publicou as suas Memórias, foi colocada uma nova placa explicando a sua condição de escritora e salientando: "She opened her mouth with wisdom and in her tongue is the law of kindness" ("Ela abriu a sua boca com sabedoria e na sua língua reside a lei da bondade").

 

O arquétipo de traidor moderno nasceu há 136 anos - embora na TV se vejam atualmente vários quislings...

 
Vidkun Abraham Lauritz Jonssøn Quisling
(Fyresdal, 18 de julho de 1887Oslo, 24 de outubro de 1945) foi um oficial militar e político norueguês que chefiou, nominalmente, o governo da Noruega como Ministro-Presidente, depois do país ter sido ocupado pela Alemanha Nazi, durante a Segunda Guerra Mundial. Quisling havia chegado à proeminência internacional como colaborador do explorador Fridtjof Nansen, organizando uma ajuda humanitária na fome russa de 1921. Ele foi designado como diplomata norueguês na União Soviética, voltando para o seu país em 1929 e servindo como Ministro da Defesa de 1931 a 1933.
Quisling deixou o Partido dos Agricultores em 1933 e fundou o partido fascista União Nacional. Apesar de ter conseguido certa popularidade, pelos seus ataques contra a esquerda política, o seu partido nunca conseguiu ganhar assentos no parlamento norueguês e era apenas uma organização periférica por volta de 1940. Quisling aproximou-se dos líderes do Partido nazi e tentou tomar o poder através de um golpe de estado via rádio, em abril de 1940, enquanto a invasão da Noruega estava em andamento, porém falhou depois dos alemães se terem recusado a apoiar o seu governo.
Ele foi nomeado Ministro-Presidente em 1942, chefiando o estado norueguês, conjuntamente com o comissário alemão Josef Terboven. O seu governo fantoche pró-nazi colaborou com a Alemanha e participou na solução final. Quisling foi preso, julgado ao final da guerra em 1945 e considerado culpado de fraude, assassinato e alta traição, sendo executado na Fortaleza de Akershus em outubro do mesmo ano. A palavra "quisling" acabou por se tornar sinónimo de "traidor" ou "colaborador" em vários idiomas, com historiadores atribuindo a Quisling praticamente nenhum legado político.