O dia
27 de abril é o “Dia da Liberdade” para os sul-africanos. A data marcou a primeira eleição (em
1994) que não foi determinada pelas regras do
apartheid (regime de segregação racial oficializado pelo governo da
África do Sul) desde
1948.
Até então, a cor restringia a participação nas eleições de tal modo
que, de uma população de quase 28 milhões, apenas 3 milhões eram
eleitores. A eleição de 1994, sem restrições raciais, (para as
assembleias regionais e para a assembleia nacional do país) foi possível
em função das negociações de paz que envolveram toda a sociedade
sul-africana após a libertação de
Nelson Mandela, em
1990. O partido do mais famoso dissidente político do mundo,
Congresso Nacional Africano, foi o grande vencedor do pleito, o que garantiu a eleição de Mandela para a presidência da República.
A eleição foi organizada pela Comissão Eleitoral Independente, formada
por representantes de diversos setores da sociedade sul-africana e
presidida pelo líder do principal tribunal do país. A Comissão enfrentou
uma série de problemas, a ponto de relatório do Departamento de Estado
dos EUA ter considerado sua tarefa um “pesadelo logístico”.
Os eleitores não estavam registados em qualquer banco de dados
específico. O documento exigido era o de identidade, e os membros das mesas foram
instruídos para flexibilizar soluções para os casos mais complicados. A
eleição decorreu ao longo de seis dias, e, como o eleitor podia votar
em qualquer mesa, alguns locais tiveram filas cujo tamanho alcançaram a
marca dos quilómetros. Ao largo de todos estes problemas, os
observadores internacionais, vinculados tanto à
ONU quanto à
União Europeia, afiançaram a credibilidade do pleito, que marcou uma nova era na política sul-africana.
Os votos válidos chegaram a 19.726.579, e os dois partidos mais
votados para a Assembleia Nacional foram o Congresso Nacional Africano,
com 12.237.655 votos (62.65% e 252 deputados), o Partido Nacional, com
3.983.690 de votos (20.39% e 82 deputados).