Biografia
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então
Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a
deputado, em
1969, pelas listas da
Comissão Eleitoral de Unidade Democrática,
levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Ocupou, ainda, um lugar de leitor de Português na Universidade de Madrid
(1971-1977). Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusada a
possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas
na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Em 1991 foi
condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da
Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Foi, na sua passagem pela
imprensa, director literário da
Editorial Aster e chefe de redação da
revista Rumo, os seus primeiros livros de poesia foram
Aquele Grande Rio Eufrates, de 1961, e
O Problema da Habitação, de 1962. Às coletâneas de ensaios
Poesia Nova, de 1961, e
Na Senda da Poesia,
de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende com o religioso e o
metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso
de
Boca Bilingue, de 1966,
Homem de Palavras(s) de 1969,
País Possível, de 1973 (antologia),
Transporte no Tempo, de 1973,
A Margem da Alegria, de 1974,
Toda a Terra, de 1976, e
Despeço-me da Terra da Alegria,
de 1977. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das
técnicas poéticas tradicionais. A sua obra, organizada em três volumes
sob o título
Obra Poética de Ruy Belo, obra publicada em 1981,
foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das
obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia
portuguesa contemporânea.
Apesar do curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um
dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as
suas obras sido reeditadas diversas vezes. Os seus primeiros livros de
poesia foram
Aquele Grande Rio Eufrates de 1961 e
O Problema da Habitação de 1962. Às coletâneas de ensaios
Poesia Nova de 1961 e
Na Senda da Poesia
de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao
metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso
de
Boca Bilingue de 1966,
Homem de Palavra(s) de 1969,
País Possível de 1973, antologia),
Transporte no Tempo de 1973,
A Margem da Alegria de 1974,
Toda a Terra de 1976,
Despeço-me da Terra da Alegria de 1977 e
Homem de Palavra(s), 2ª edição
de 1978. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das
técnicas poéticas tradicionais. Destacou-se ainda pela tradução de
autores como
Antoine de Saint-Exupéry,
Blaise Cendrars,
Raymond Aron,
Montesquieu,
Jorge Luís Borges e
Federico García Lorca.
De
Antoine de Saint-Exupéry traduz:
Piloto de Guerra e Cidadela e Cidadela;
Blaise Cendrars traduz:
Moravagine;
Jorge Luís Borges traduz:
Os Poemas Escolhidos e de
Dona Rosinha a Solteira ou a Linguagem das Flores.
A sua obra, organizada em três volumes sob o título Obra Poética de Ruy Belo,
em 1981, foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo
considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do
poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Poema Quase Apostólico
Está sereno o poeta
Desprende-se-lhe dos ombros e cai
depois em pregas por ele abaixo a manhã
Não pertencem ao dia os gestos que ele tem
não morrerão na noite seus assombrosos passos
Dizem que ele volta a pôr em movimento a roda
de crianças de atitudes desmedidas
que o vento varreu e parque algum queria
E abre os braços para deixar cair na cidade
um ano favorável ao senhor
E põe o rosto do senhor por trás das suas palavras
Elas decerto o hão-de dar a quem as demandar
in Aquele Grande Rio Eufrates (1961) - Ruy Belo