O Cerco de Lisboa teve início a 1 de julho de 1147 e durou até 21 de outubro, integrou a Reconquista cristã da Península Ibérica, culminando na conquista desta cidade aos mouros pelas forças de D. Afonso Henriques (1112 - 1185) com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Médio Oriente, mais propriamente para a Terra Santa. Foi o único sucesso da Segunda Cruzada.
Após a queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146.
O Papa ainda autorizou uma cruzada para a Península Ibérica, embora
esta fosse uma guerra desgastante de já vários séculos, desde a derrota
dos Mouros em Covadonga, em 718. Nos primeiros meses da Primeira Cruzada em 1095, já o Papa Urbano II
teria pedido aos cruzados ibéricos (futuros portugueses, Castelhanos,
Leoneses, Aragoneses, etc.) que permanecessem na sua terra, já que a sua
própria guerra era considerada tão valente como a dos Cruzados em
direcção a Jerusalém. Eugénio reiterou a decisão, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da Reconquista.
A 19 de maio zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos. Segundo Odo de Deuil,
perfaziam no total 164 navios — valor este provavelmente aumentado
progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da
cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei; a Inglaterra
estava em pleno período d'A Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot (sobrinho de Godofredo de Louvaina), Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle.
A armada chegou à cidade do Porto a 16 de junho, sendo convencidos pelo bispo do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte nessa operação militar. Após a conquista de Santarém
(1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de
D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.
As forças portuguesas avançaram por terra, as dos cruzados por mar, penetrando na foz do rio Tejo;
em junho desse mesmo ano, ambas as forças estavam reunidas, ferindo-se
as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual
se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa. Após violentos
combates, tanto esse arrabalde, como o a Leste, foram dominados pelos
cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil.
Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As
semanas se passavam em surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de
guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projéteis sobre os
defensores, o número de mortos e feridos aumentando de parte a parte.
No início de outubro, os trabalhos de sapa sob o alicerce da
muralha tiveram sucesso em fazer cair um troço dela, abrindo uma brecha
por onde os sitiantes se lançaram, denodadamente defendida pelos
defensores. Por essa altura, uma torre de madeira construída pelos
sitiantes foi aproximada da muralha, permitindo o acesso ao adarve.
Diante dessa situação, na iminência de um assalto cristão em duas
frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e
pelas doenças, capitularam a 20 de outubro.
Entretanto, somente no dia seguinte, o soberano e suas forças entrariam na cidade, sendo saqueada pelos cruzados.
Decorrente deste cerco surgem os episódios lendários de Martim Moniz, que teria perecido pela vitória dos cristãos, e da ainda mais lendária batalha de Sacavém.
Alguns dos cruzados estabeleceram-se na cidade, de entre os quais se destaca Gilbert de Hastings, eleito bispo de Lisboa.
Após a rendição uma epidemia de peste assolou a região fazendo milhares de vitimas entre a população.
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