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Durante estes anos prosseguiu seus estudos durante as horas vagas, e pouco após a desastrosa expedição ao
Brasil, em 1540 publicou a
Gramática da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. A
Grammatica foi a segunda obra a normatizar a
língua portuguesa, tal como falada em seu tempo – precedida apenas pela de
Fernão de Oliveira, impressa em
1536 – sendo entretanto considerada a primeira obra didática ilustrada no mundo.
Pouco depois (seguindo uma proposta que lhe havia sido ainda endereçada por
D. Manuel I), iniciou a escrita de uma história que narrasse os feitos dos portugueses na
Índia - as
Décadas da Ásia (
Ásia de Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente),
assim chamadas por, à semelhança da história liviana, agruparem os
acontecimentos por livro em períodos de dez anos. A primeira década saiu
em
1552, a segunda em
1553 e a terceira foi impressa em
1563. A quarta década, inacabada, foi completada por
João Baptista Lavanha e publicada em
Madrid em
1615, muito depois da sua morte.
Não obstante o seu estilo fluente e rico, as "Décadas" conheceram
pouco interesse durante a sua vida. É conhecida apenas uma tradução
italiana em
Veneza, em
1563.
D. João III,
entusiasmado com o seu conteúdo, pediu-lhe que redigisse uma crónica
relativa aos acontecimentos do reinado de D. Manuel I - o que
João de Barros
não pode realizar, devido às suas tarefas na Casa da Índia, tendo a
crónica em causa sido redigida por outro grande humanista português,
Damião de Góis.
Diogo do Couto
foi encarregado mais tarde de continuar as suas "Décadas",
adicionando-lhe mais nove. A primeira edição completa das 14 décadas
surgiu em Lisboa, já no
século XVIII (
1778 -
1788).
Em janeiro de
1568 sofreu um acidente vascular cerebral e foi exonerado das suas funções na
Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia do rei
Dom Sebastião. Faleceu na sua quinta de Alitém, em
Pombal, a
20 de outubro de
1570. Morreu na mais completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
Enquanto historiador e linguista,
João de Barros merece a fama
que começou a correr logo após a sua morte. As suas "Décadas" são não
só um precioso manancial de informações sobre a história dos portugueses
na
Ásia e são como que o início da historiografia moderna em Portugal e no Mundo.