Cientistas embarcam em projecto nacional para estudar o fundo do mar
O ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago, anunciou ontem, na Horta, o lançamento de um projecto nacional de ciências do mar profundo, especialmente vocacionado para a investigação dos recursos biológicos e minerais.
Mariano Gago, que falava na inauguração das novas instalações do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, salientou que este novo projecto pretende ser também um desafio aos investigadores deste pólo universitário, que se dedicam ao estudo dos recursos biológicos marinhos.
“O potencial das profundezas é tal que justifica um programa específico desta natureza”, afirmou, salientando que se trata de um projecto que se pretende “aberto e competitivo” para atrair investigadores de todo o mundo.
Mariano Gago admitiu que este programa possa trazer para Portugal escolas e laboratórios internacionais ligados à investigação do mar profundo e ainda residências internacionais para jovens cientistas de diferentes países.
Para o ministro, este programa será um primeiro passo para que o país aproveite os recursos biológicos e minerais que estão “escondidos” nas profundezas do Atlântico.
Na sua intervenção, Mariano Gago destacou o “invulgar” esforço que tem sido desenvolvido pelos investigadores do DOP, que tiveram “capacidade de chamar colegas, recursos nacionais e comunitários importantíssimos e realizar parcerias com outras instituições”.
Por seu lado, o presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, defendeu a criação na cidade da Horta de um “pólo de excelência ligado às tecnologias do mar profundo”, que permita aliar “o saber e o prestígio já consolidado do DOP ao empreendedorismo dos seus docentes e bolseiros”.
Para Carlos César, além das fontes hidrotermais (recentemente classificadas pela União Europeia como Sítio de Interesse Comunitário), o mar dos Açores “é repositório de uma assombrosa riqueza em recursos com potencial valor económico, científico e cultural, que vão desde os recursos haliêuticos aos recursos minerais, passando pelo rico património arqueológico submerso e pela diversidade dos genomas dos organismos que povoam o mar”.
Para o presidente do executivo açoriano, o potencial de desenvolvimento que estes recursos representam precisa de ser “rapidamente apropriado pelos açorianos, sob pena de outros o fazerem”.
Já o reitor da Universidade dos Açores, Avelino Menezes, considerou que a inauguração das novas instalações do DOP constitui “motivo de júbilo” para toda a academia açoriana e dá finalmente corpo à “tripolaridade” consagrada desde a criação da academia, em 1976, mas posta em causa durante mais de 30 anos. A Universidade dos Açores desenvolve-se em três pólos, localizados em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
Avelino Meneses manifestou o desejo de que a Horta se mantenha como um “pólo de investigação científica” e que possa a vir a ter uma Escola de Pós-Graduação Internacional em Ciências do Mar.
As novas instalações do DOP, no antigo Hospital Valter Bensaúde, envolveram um investimento de 6,2 milhões de euros, financiado pelo Governo da República, pelo Governo dos Açores e por fundos comunitários, ao abrigo do programa Pro-Convergência.