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quarta-feira, agosto 09, 2023

Rui Jordão nasceu setenta e um anos

Rui Manuel Trindade Jordão (Benguela9 de agosto de 1952 - Cascais, 18 de outubro de 2019) foi um antigo futebolista português, de origem angolana.  

 

Carreira

Jordão começou por destacar-se no Sporting Clube de Benguela já como avançado e despertou a cobiça dos rivais lisboetas pela sua contratação apesar de ter sofrido uma lesão com alguma gravidade numa prova de atletismo quando não tinha ainda idade sénior (também aí se destacava, tendo sido vice-campeão dos 80 metros). Ficou conhecido como a Gazela de Benguela.

Em 1970, estreou-se nos juniores do Benfica, um ano depois saltou para o plantel principal e justificou em pleno a aposta num período áureo pelos encarnados, onde ganhou quatro Campeonatos e uma Taça em cinco temporadas até 1976.

Em 1976, depois de uma época com Mário Wilson no comando em que as águias se sagraram campeãs nacionais e foram aos quartos da Taça dos Clubes Campeões Europeus, Jordão sagrou-se o melhor marcador nacional com 30 golos em 28 jogos no Campeonato Português de Futebol (mais um do que Nené, com quem formou uma dupla temível).

Os espanhóis do Saragoça investiram 9.000 contos na sua contratação em 1976/77 onde marcou 14 golos em 33 jogos.

Jogou no Sporting Clube de Portugal, de 1977/78 a 1986/87, e no Vitória de Setúbal, de 1987/88 a 1988/89.

Apesar das lesões graves que sofreu, em especial duas onde teve fratura de tíbia e perónio, Jordão marcou um total de 184 golos em 262 jogos, tendo conquistado dois Campeonatos (o primeiro em 1980, onde foi de novo o melhor marcador da prova com 31 golos), duas Taças de Portugal e uma Supertaça de Portugal. Entre alguns dos jogos mais marcantes estiveram um dérbi com o Benfica onde apontou um hat-trick ou os cinco golos na receção ao Rio Ave na festa do título, ambos no decorrer da Temporada de 1981/82. Deixou Alvalade em 1986, já com 34 anos, para terminar a carreira, algo que sofreu uma reviravolta depois do pedido do amigo Manuel Fernandes.

Terminou a carreira em Setúbal, em 1989.

Depois de se retirar, Rui Jordão afastou-se do mundo do futebol e tornou-se pintor e escultor. Rui Jordão morreu em 18 de outubro de 2019 aos 67 anos de idade, depois de ser hospitalizado por problemas cardíacos resultantes duma doença cardíaca rara mais frequente em pessoas de ascendência africana. Antes de morrer, despediu-se do antigo colega José Eduardo e pediu-lhe que tomasse conta dos filhos. Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, disse em comunicado que estava "inigualável". 

 

Seleção

Foi internacional por 43 vezes, marcando 15 golos, de 1972 a 1989. Jogou na Taça Independência do Brasil, em 1972, e na fase final do Campeonato da Europa de 1984. Marcou os dois golos na meia-final com a França em que Portugal perdeu, após prolongamento, por 3-2.

   

Fora dos relvados

Após a carreira como futebolista, Jordão tornou-se pintor.

Em 2001, concluiu Pintura e Desenho, Introdução à Historia da Arte, Historia da Arte do século XX, Temas de Estética e Teorias da Arte Contemporânea, na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa.

 

domingo, julho 23, 2023

Maria João Pires nasceu há 79 anos


Maria João Alexandre Barbosa Pires (Lisboa, Pena, 23 de julho de 1944) é uma pianista portuguesa com dupla nacionalidade (portuguesa e suíça), residente em Portugal. 

    

(...)    

     

Muito cedo aprendeu a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete tocou publicamente concertos de Mozart. Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa. Entre 1953 e 1960 estuda com o Professor Campos Coelho no Conservatório de Lisboa. Prossegue os estudos musicais na Alemanha, primeiro na Musikakademie em Munique com Rosl Schmid e depois em Hanôver com Karl Engel.

Maria João Pires torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas.

Fez na sua carreira numerosas digressões onde interpretou obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico. Maria João Pires é convidada com regularidade pelas grandes orquestras mundiais para tocar nas melhores salas de concerto, apresentando-se regularmente na Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos.

 

in Wikipédia

Domenico Scarlatti morreu há 266 anos

    
Giuseppe Domenico Scarlatti (Nápoles, 26 de outubro de 1685 - Madrid, 23 de julho de 1757) foi um compositor italiano
Filho do também músico e compositor Alessandro Scarlatti, as suas maiores contribuições para a música foram as suas sonatas para teclado num único movimento, em que empreendeu abordagens harmónicas bastante inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca europeia, suas composições, mais leves e homofónicas, têm estilo mais próximo daquele do início do período clássico.
Domenico Scarlatti nasceu no mesmo ano em que nasceram dois outros grandes mestres do barroco, Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Händel. Foi o sexto de dez filhos e o irmão mais novo de Pietro Filippo Scarlatti, também músico. O mais provável é que tenha recebido as primeiras lições de música com seu pai. Outros compositores que também podem ter sido seus professores foram: Gaetano Greco, Francesco Gasparini e Bernardo Pasquini, que parecem ter influenciado seu estilo musical.
Scarlatti se tornou compositor e organista na capela real de Nápoles em 1701. Em 1704, ele fez uma revisão à ópera Irene de Carlo Francesco Pollarolo para ser apresentada em Nápoles. Pouco depois seu pai o mandou para Veneza. Não existem registos a seu respeito nos próximos quatro anos. Em 1709, ele foi a Roma a serviço da rainha polaca, então no exílio, Marie Casimire, onde ele encontrou Thomas Roseingrave que liderou em Londres uma entusiástica recepção às sonatas do compositor. Já um cravista renomado, há uma história de que numa competição com Georg Friedrich Händel, no palácio do cardeal Ottoboni, em Roma, ele talvez tenha sido julgado superior a Händel naquele instrumento, embora inferior com relação ao órgão. Mais tarde, Scarlatti ficou conhecido pela veneração com que se referia às habilidades de Händel.
Também, enquanto em Roma, Scarlatti compôs várias óperas para o teatro particular da Rainha Casimire. Ele foi maestro di cappella em São Pedro, de 1715 a 1719 e, neste último ano, foi a Londres para dirigir sua ópera Narciso no King's Theatre.
Em 1720, ou 1721, Scarlatti foi a Lisboa, onde ensinou música à princesa portuguesa Maria Magdalena Bárbara (Maria Bárbara de Bragança). Esteve novamente em Nápoles, em 1725. Durante uma visita a Roma, em 1728, casou-se com Maria Caterina Gentili. Em 1729 mudou-se para Sevilha onde permaneceu por quatro anos. Ali veio a conhecer o flamenco. Em 1733, foi a Madrid para assumir o cargo de maestro de música da princesa Maria Bárbara, que se casara com o Príncipe Herdeiro de Espanha. D. Maria Bárbara tornou-se rainha da Espanha e ele permaneceu no país por cerca de vinte e cinco anos, tendo, ali, sido pai de cinco filhos. Depois da morte de sua esposa, em 1742, desposou uma espanhola, Anastasia Maxarti Ximenes. Durante o período que permaneceu na Espanha, Scarlatti compôs mais de quinhentas sonatas para teclado e é por esses trabalhos que ele hoje é lembrado.
Scarlatti foi amigo do cantor castrato Farinelli, um napolitano que estava sendo patrocinado pela casa real, em Madrid. O musicólogo Ralph Kirkpatrick reconhece que a correspondência de Scarlatti com Farinelli fornece "a informação mais direta sobre [o compositor] que foi deixada para os nossos dias".
Domenico Scarlatti faleceu em Madrid, com 71 anos. A sua casa na Calle Leganitos é identificada com uma placa histórica e seus descendentes ainda vivem naquela cidade.
    

 


terça-feira, julho 18, 2023

O Padre António Vieira morreu há 326 anos...

Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais) e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem a sua leitura.
   
 

(imagem daqui)

 

António Vieira

O céu estrela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e a gloria tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.

No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei D. Sebastião.

Mas não, não é luar: é luz do etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo.
 


in
Mensagem (1934) - Fernando Pessoa 

segunda-feira, julho 17, 2023

As pretensões espanholas sobre Portugal terminaram em Montes Claros há 358 anos


Batalha de Montes Claros - Sala das Batalhas do Palácio Fronteira, em Lisboa

 

Batalha de Montes Claros
Guerra da Restauração
Data 17 de junho de 1665
Local Montes Claros, perto de Borba (Portugal)
Resultado Vitória dos portugueses
Combatentes
Portugueses Espanhóis
Comandantes
Marquês de Marialva Marquês de Caracena
Forças
20.500 combatentes15.000 infantes
7.600 cavaleiros

A Batalha de Montes Claros, foi travada em 17 de junho de 1665, em Montes Claros perto de, Borba, entre Portugueses e Espanhóis. Preparam-se os espanhóis para um ataque que tudo levasse de vencida, mas, por seu lado, os governantes portugueses tomaram todas as cautelas e providências indispensáveis para a defesa do reino. Calculando que a tentativa de invasão seria feita através das fronteiras do Sul, isto é pelo Alentejo, foi nessa província que se tomaram as maiores precauções. Três mil e quinhentos homens foram sem demora enviados de Trás-os-Montes, constituindo quatro terços de infantaria e catorze companhias de cavalaria.

Simão de Vasconcelos e Sousa levou de Lisboa trezentos cavaleiros e dois mil infantes e Pedro Jacques de Magalhães apresentou-se com mil e quinhentos soldados de infantaria e quinhentos de cavalaria. O conjunto representava um reforço de sete mil e oitocentos homens, o que dotava António Luís de Meneses, Marquês de Marialva com o comando total de vinte mil e quinhentos combatentes. O Marquês de Caracena havia planeado nada menos do que ocupar Lisboa, tomando em primeiro lugar Vila Viçosa e a seguir a cidade de Setúbal. Então pôs em movimento o seu exército, que se compunha de quinze mil infantes, sete mil e seiscentos cavaleiros e as guarnições de catorze canhões e dois morteiros. Tendo ocupado Borba que encontraram despovoada, os espanhóis atacaram Vila Viçosa que embora mal fortificada, ofereceu aos ataques do inimigo uma resistência inquebrantável.
Entretanto, o exército português avançava para socorrer a praça, mas foi resolvido pelo comando que as tropas se detivessem em Montes Claros, a aproximadamente meio caminho entre Vila Viçosa e Estremoz. O general espanhol ao saber da proximidade do exército português, deu ordens imediatas para que as forças de que dispunha marchassem ao encontro do adversário. Carregando em massa, a cavalaria espanhola abriu brechas nos terços de infantaria da primeira linha, mas foi recebida com uma chuva de metralha disparada pela artilharia comandada por D. Luís de Meneses. Os esquadrões de Castela, obrigados a recuar refizeram-se e lançaram segunda carga sobre o terço de Francisco da Silva Moura, causando a morte deste e de mais trinta soldados portugueses.
O Marquês de Marialva não estava disposto a ceder terreno ou a perder o ânimo. Sob as suas ordens, as brechas abertas pela cavalaria espanhola foram colmatadas, enquanto a artilharia não cessava de fazer fogo sobre os castelhanos. Uma segunda carga igualmente impetuosa, conseguiu no entanto levar os cavaleiros espanhóis até ao mesmo ponto onde fora detida a primeira, mas as perdas sofridas foram de tal ordem que tiveram de deter-se também, sem que a segunda linha portuguesa comandada pessoalmente pelo Marquês de Marialva, tivesse sequer sido molestada. O Conde de Schomberg esteve prestes a cair em mãos espanholas, quando um tiro abateu o cavalo que ele montava. O espanhóis que pareciam ter contado com a fúria dos primeiros ataques em massa, executados em especial pela cavalaria, viram-se em situação de perigo. Deram ainda uma terceira carga, mas o ímpeto inicial tinha-se perdido e o desânimo apoderava-se deles. Ao cabo de sete horas de luta, os atacantes começaram a debandar, e o próprio general Caracena, reconhecendo que a batalha estava perdida, fugiu para Juromenha, de onde seguiu depois a caminho de Badajoz.
Pode considerar-se que a batalha de Montes Claros decidiu definitivamente a independência de Portugal, que seria reconhecida pela Espanha três anos mais tarde, ao firmar-se entre os dois reinos a paz no Tratado de Lisboa de 1668. A batalha de Montes Claros foi a última das cinco grandes vitórias que Portugal contra os espanhóis na Guerra da Restauração, sendo as restantes: Montijo, Linhas de Elvas, Ameixial e Castelo Rodrigo.

Sam The Kid nasceu há 44 anos

 (imagem daqui)

Sam The Kid (também conhecido por STK), nome artístico de Samuel Martins Torres Santiago (Chelas, 17 de julho de 1979) é um rapper português.
    

 


terça-feira, julho 04, 2023

A Família Real regressou a Portugal há 202 anos


Patenteado o fracasso do seu projeto de construir uma monarquia forte e unificada, centralizada na América, e perdendo importantes apoios brasileiros, D. João não pôde mais resistir à pressão portuguesa, e seu retorno se tornou inevitável. Nomeou D. Pedro regente em seu nome e partiu para Lisboa em 25 de abril de 1821, após uma permanência de treze anos no Brasil, do qual levou saudades.

Os navios com o rei e a sua comitiva entraram no porto de Lisboa em 3 de julho. O seu regresso fora orquestrada de modo a não dar a entender que o rei se sentira coagido, mas de facto já se havia instaurado um novo ambiente político. Elaborada a Constituição, o rei foi obrigado a jurá-la em 1 de outubro de 1822, perdendo diversas prerrogativas.
 

sábado, julho 01, 2023

Portugal aboliu a pena de morte há 156 anos

 

       

Portugal foi praticamente o primeiro país da Europa e do Mundo a abolir a pena capital, sendo o primeiro Estado do Mundo a prever a abolição da pena de morte na Lei Constitucional, após a reforma penal de 1867.
  
Cronologia:
      
(..)   
 

A última execução conhecida em território português foi em 22 de abril de 1846, em Lagos, de José Joaquim, de alcunha “o Grande” que matou a criada do padrinho a tiro.

Remonta a 1 de julho de 1772 a última execução de uma mulher (Luísa de Jesus).

A penúltima e última execuções por enforcamento foram as de Manuel Pires, de Vila da Rua - Moimenta da Beira, a 8 de maio de 1845 e de José Maria, conhecido pelo "Calças", no Campo do Tabolado, em Chaves, a 19 de setembro de 1845.

   

segunda-feira, junho 19, 2023

Hoje é o aniversário de Quim Barreiros...

(imagem daqui)
     
Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros (Vila Praia de Âncora, 19 de junho de 1947), mais conhecido por Quim Barreiros, é um cantor popular português que toca acordeão, conhecido pelas suas letras de duplo sentido (a chamada música pimba).
Aos 9 anos já tocava bateria no conjunto de seu pai (Conjunto Alegria). O seu primeiro disco foi lançado em 1971, juntamente com o famoso guitarrista Jorge Fontes, quando apenas tocava acordeão e folclore minhoto. A sua fama estendeu-se já ao Brasil e à Galiza, e já atuou em quase todos os países onde existem comunidades de portugueses (Canadá, E.U.A, Venezuela, Brasil, África do Sul, França, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Suíça e outros).
   

 


sexta-feira, junho 16, 2023

A Aliança Luso-Britânica foi forjada há 640 anos...!

(imagem daqui)
         
A Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e o Reino de Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média, portanto. Os portugueses, em geral, queixam-se de que tal aliança foi sempre mais proveitosa para os ingleses, enquanto potência internacional de maior força económica e política. Contudo, há que não esquecer o período, após os Descobrimentos, em que Portugal era assumidamente uma potência internacional de maior influência. Hoje em dia, a aliança já não é, praticamente, invocada, embora ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal, contudo, teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental, incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados privilégios em território português.
     
Idade Média
A ajuda inglesa à Casa de Avis foi o primeiro patamar de um conjunto de ações de cooperação com Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa portuguesa por mais de 500 anos. Em 12 de maio de 1386, o Tratado de Windsor afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III de Inglaterra, e teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de D. Fernando I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde, de 10 de julho de 1372, os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival, deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono. Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres, de 16 de junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.
João de Gante deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a D. João I - ato que selou a aliança política. A influência de Filipa de Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração) bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.
    
Entre os séculos XVII e XIX 
Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, foi assinado o tratado de Paz e Aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha, marcando o início da predominância económica inglesa sobre Portugal e suas colónias. Ficou acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses as cidades de Tânger em Marrocos e Bombaim na Índia e Colombo em Ceilão.
O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.
Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola, em que Portugal começou por estar ao lado de França, em conjunto com o Duque de Saboia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim. Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta militar que permitiria recuperar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.
Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as relações entre Portugal e o Reino Unido entraram em crise, agravada pelo Ultimato, que gerou uma forte reação patriótica contra os britânicos.
    
Século XX
Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:
  • As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal, em 9 de março de 1916.
  • Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.
  • Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.
     
Atualidade
Hoje em dia, como os dois países são membros da NATO, sendo as suas relações mais coordenadas por essa instituição do que pelos pontos previstos nos diversos tratados que formam a totalidade da Aliança.
     

quinta-feira, junho 15, 2023

Hoje é dia de recordar Alain Oulman, na voz de Amália...

 

Medo

Poema de Reinaldo Ferreira e música de Alain Oulman


Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem lhes digo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

 

terça-feira, junho 13, 2023

É a Hora...!

(imagem daqui)


Nevoeiro 

 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!


Valete, Fratres.

 

in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa  

Vasco Santana morreu há 65 anos...

     
Vasco António Rodrigues Santana (Lisboa, 28 de janeiro de 1898 - Lisboa, 13 de junho de 1958), mais conhecido como Vasco Santana, foi um dos maiores actores portugueses.
   

 


Saudade do Vasquinho...

domingo, junho 11, 2023

Carlos Seixas nasceu há 319 anos

     
José António Carlos de Seixas (Coimbra, 11 de junho de 1704 - Lisboa, 25 de agosto de 1742), compositor e organista português.
Filho de Francisco Vaz e de Marcelina Nunes, Carlos Seixas estudou com o pai e cedo o substituiu, como organista da Sé de Coimbra, cargo de grande responsabilidade, que exerceu durante dois anos. Aos 16 anos partiu para Lisboa, altura em que a corte portuguesa era das mais dispendiosas da Europa. Foi muito solicitado como professor de música de famílias nobres da corte, nomeado organista da Sé Patriarcal e da Capela Real (sendo o Mestre desta Domenico Scarlatti, estabeleceram certamente colaborações proveitosas). Carlos Seixas gozava da fama de ser músico e professor excelente. Na capital impôs-se como organista, cravista e compositor. Com o seu trabalho sustentou a mulher, que desposara aos 28 anos, e os cinco filhos, dois filhos e três filhas, e adquiriu algumas casas nas vizinhanças da Sé. Carlos Seixas morreu a 25 de agosto de 1742, de febre reumática, já sendo Mestre da Capela Real.
    

 


quinta-feira, junho 08, 2023

Paula Rego morreu há um ano...

(imagem daqui)

Maria Paula Figueiroa Rego, mais conhecida por Paula Rego (Lisboa, 26 de janeiro de 1935 - Londres, 8 de junho de 2022), foi uma pintora luso-britânica, condecorada pelo estado português e pela Rainha Isabel II
 
Biografia
Paula Rego nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, oriunda de uma família republicana e liberal, com ligações às culturas inglesa e francesa, iniciou os seus estudos no Colégio Integrado Monte Maior, seguindo para a St. Julian's School, em Carcavelos, onde os professores cedo lhe reconheceram o talento para a pintura. Incentivada pelo pai a prosseguir o seu desenvolvimento artístico fora do Portugal salazarista dos anos 50, partiu para Londres, onde estudou na Slade School of Fine Art, até 1956. Conheceu o pintor Victor Willing (1950-1999), com quem se casou em 1959. Entre 1959 e 1962 viveu na Ericeira. Numa ida a Londres, conheceu o pintor Jean Dubuffet, referência determinante na sua criação artística, usualmente definida como arte bruta. Ao longo da década de 1960 assina exposições coletivas em Inglaterra e, em 1966, entusiasma a crítica ao expor individualmente, na Galeria de Arte Moderna da então Escola de Belas-Artes de Lisboa.
Na década de 70, com a falência da empresa familiar, vende a quinta da Ericeira e radica-se em Londres. Torna-se bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e figura com onze obras na exposição Arte Portuguesa desde 1910 (1978), dominado pelas colagens. Volta à pintura, mais livre e mais direta, retratando o mundo intimista e infantil, inspirado em dados reais ou imaginários, com figuras de um teatro de crianças de Victor Willing (o macaco, o leão e o urso), interpretando as histórias que Paula inventa. A obra literária de George Orwell inspira-a no painel Muro dos Proles (1984), com mais de seis metros de comprimento, onde estabelece um paralelismo com as figuras de Hieronymus Bosch.
Dá uma viragem radical na sua obra com a série da menina e do cão. A figura feminina assume claramente a liderança na ação, enquanto o cão é subjugado e acarinhado. A menina faz de mãe, de amiga, de enfermeira e de amante, num jogo de sedução e de dominação que continua em obras posteriores. Tecnicamente as figuras ganham volume, o espaço ganha solidez e autonomia, a perspetiva cenográfica está montada. Em 1987, Paula Rego assina com a galeria Marlborough Fine Art, o passo que faltava para a divulgação internacional.
A morte do seu marido, também nesse ano, é assinalada em obras como O Cadete e a Irmã, A Partida, A Família ou A Dança, de 1988. A convite da National Gallery, em 1990, vai ocupar um ateliê no museu e pintar várias obras inspiradas na coleção. Desse período destaca-se Tempo – Passado e Presente (1990-1991).
Em 1994, realiza a série de pinturas a pastel intitulada Mulher Cão, que marca o início de um novo ciclo de mulheres simbólicas.
Impõe a sua consciência cívica em Aborto (1997-1999), numa crítica ao resultado do primeiro referendo a essa matéria, realizado em Portugal em 1997.
Inaugura, a 18 de setembro de 2009, a sua Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, que nasce com o intuito de acolher e promover a divulgação e estudo da sua obra, e cuja entidade responsável é a Fundação Paula Rego.
A par de Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego é a pintora portuguesa mais aclamada a nível internacional, estando colocada entre os quatro maiores pintores vivos que residem na Inglaterra.
Em julho de 2012, apresenta uma série de pinturas novas, numa exposição em parceria com a artista Adriana Molder, inspirada na narrativa histórica de Alexandre Herculano e intitulada “A Dama Pé-de-Cabra”, com inauguração a 7 de julho na Casa das Histórias em Cascais.
Em agosto de 2012 foi anunciada a vontade do Governo em encerrar a Fundação com o seu nome, com a oposição, entre outros, da Câmara Municipal de Cascais.

 Leilões
  • O quadro The Lesson foi vendido em leilão, arrematado por 596.881 euros em Londres, no dia 7 de julho de 2007 na leiloeira Christie's. Baying (em português "Uivando"), uma tela pintada a pastel datada de 1994, foi vendido por 740.599 euros (558.800 libras) no dia 27 de fevereiro de 2008 pela leiloeira Sotheby's em Londres.
  • A pintura The egyptian cats, ("Gatos egípcios", em tradução livre), um acrílico sobre papel colado em tela, de 1982, foi arrematada na leiloeira Sala Branca, em Lisboa, por 280 mil euros, valor recorde nacional em leilões de obras da autora, em fevereiro de 2008. "Madrasta", foi vendido em 2007 em Portugal por 220 mil euros.
  • O quadro Vivian Girls with Scorpions foi em 16 de outubro de 2009 arrematado num leilão na Sotheby's em Londres por 238 mil euros.
  • O quadro Looking Back ("Olhando para trás", em português), pintado em 1987 por Paula Rego foi arrematado por 769.250 libras (861.960 euros) em junho de 2011, batendo um novo recorde mundial para a artista.

Prémios e Distinções
Das distinções que recebeu, salienta o Prémio Celpa/Vieira da Silva de Consagração e o Grande Prémio Soquil. Em junho de 2010 recebeu, da Rainha Isabel II, a Ordem do Império Britânico, com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as Artes.

 

Mãe (Mother)      
      

quinta-feira, junho 01, 2023

Vianna da Motta morreu há 75 anos...

Busto do compositor no Jardim do Torel, em Lisboa

    
Biografia
Filho de José António da Motta e de sua mulher Inês de Almeida Vianna, estudou no Conservatório de Lisboa, sendo os seus estudos patrocinados pelo rei D. Fernando II e a sua esposa, a Condessa de Edla. Em 1882 parte para Berlim onde, custeado pelo real mecenas, continua durante três anos os estudos de piano e composição.
Em 1885 parte para Weimar onde é aluno de Franz Liszt, que mais tarde lhe oferece uma fotografia com a dedicatória: "A José Vianna da Motta, saudando os seus futuros sucessos. Fr. Liszt".
Dá concertos nos Estados Unidos da América, Paris, Inglaterra, Espanha, Itália, Dinamarca, Lisboa, Porto, Brasil e Argentina, numa série de recitais que são outros tantos triunfos.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi diretor do Conservatório de Genebra. Em 1917 regressa a Portugal, onde foi diretor do Conservatório Nacional de Lisboa, de 1918 a 1938.
Entre as suas composições mais conhecidas está a Sinfonia "À Pátria" e as obras "Evocação dos Lusíadas" e "Cenas da Montanha", entre outras.
Casou primeira vez com Margarethe Marie Lemke (Karlsruhe, Heidelberg, 31 de março de 1858 - ?), filha de Juliua Lemke e de sua mulher Agnes Eckhardt, sem geração, casou segunda vez com Berta de Bívar, e casou uma terceira vez, com Irma Harden, sem geração.
Faleceu em 1948, em Lisboa, tendo vivido os últimos anos da sua vida na residência de sua filha Inês de Bivar Vianna da Motta e do seu genro, o psiquiatra Henrique João de Barahona Fernandes. A sua outra filha, Leonor Micaela de Bivar Vianna da Motta, nascida em Buenos Aires, casou com João Apolinário Sampaio Brandão, com geração.
 
José Vianna da Motta desde cedo revelou a sua grande proficiência para a música e particularmente para o piano.
Com 14 anos de idade concluiu os estudos no Conservatório Nacional. No mesmo ano (1882), partiu para Berlim, com os seus estudos financiados pelo rei-consorte, D. Fernando II, e pela sua esposa, a Condessa de Edla, que nele apostaram depois de o ouvir tocar. Em Berlim estudou com Xaver Scharwenka (piano) e com Philipp Scharwenka (composição). A sua primeira apresentação, no mesmo local, data de 1885 e foi um inegável êxito. Na mesma cidade, teve também aulas com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana. Em 1884 já Viana da Motta descobrira o encanto de Wagner, em Bayreuth. Tornou-se então membro da mesma Sociedade, e foi fiel a Wagner até ao fim da sua vida.
Em 1885, devido ao desejo de trabalhar com Liszt, parte para Weimar e foi um dos seus últimos alunos.
Dois anos depois, em Frankfurt, trabalhou com Hans Von Bullow, que o considerou um dos mais brilhantes discípulos de Liszt.
Fixou residência em Berlim e apresentou-se em várias cidades alemãs. Rússia, Paris, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália, Dinamarca, Brasil, Argentina, foram países que presenciaram as suas atuações. Em 1893, no mês de abril, fez a sua primeira grande digressão em Portugal.
O público e a crítica sempre o aplaudiram e distinguiram a sua técnica, clareza, expressão, o rigor das suas interpretações dos mestres clássicos.
Foi considerado um brilhante intérprete de Liszt, Bach e Beethoven. A ele devemos a primeira apresentação da audição integral das 32 Sonatas para piano de Beethoven.
Anos antes de regressar definitivamente a Portugal, ao eclodir a 1ª Guerra Mundial, Vianna da Motta fixa-se em Genebra. Nesta cidade foi professor na Escola Superior de Música de Genebra.
Já em Portugal, manteve a sua atividade como pianista até 1945, a par com a sua ação pedagógica.
 
Importância
Dada a versatilidade e a profundidade da sua cultura, Vianna da Motta personificou em alto grau o ideal de "músico completo" que Liszt preconizou na sua diretriz pedagógica. Assim se explicará também a razão dos diversos campos da sua atividade: pianista, pedagogo, compositor, musicógrafo, conferencista e regente de orquestra; tendo sido predestinado, no entanto, para ser um virtuoso de piano, ele destacou-se no quadro dos renomeados pianistas da sua época (foi amigo e colaborador de Ferruccio Busoni, entre muitos outros). Em 1885 frequentou, em Weimar, o último curso de verão dado por Liszt, do qual recebeu por escrito os melhores votos para a sua grande carreira, e foi o aluno dileto de Hans von Bülow nos cursos de Frankfurt a. M. em 1887.
José Vianna da Motta tocou por toda a Europa, Américas do Norte e do Sul, perante presidentes, Reis e Imperadores, recebeu altas condecorações e na Alemanha foi-lhe concedido o título de Hofpianist (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota.
Conquanto Vianna da Motta tenha ficado sempre bem português e tenha marcado por todo o mundo a presença de Portugal, já através de si próprio, já através das suas composições e de outros compositores portugueses, como por exemplo de João Domingos Bomtempo, ele foi um afincado divulgador da cultura alemã e incorpora o fenómeno mais flagrante de simbiose das duas culturas ou seja: ele representa a ponte por excelência da cultura luso-alemã (especialmente na sua considerável obras de Lieder, em que musicou diversos poetas alemães!). Houve quem lhe chamasse "o português mais patriota e o alemão missionário".
Obrigado, pela Primeira Guerra Mundial, a abandonar a sua residência de Berlim em 1914, aceitou finalmente o convite para a regência da classe de virtuosismo de piano do Conservatório de Genebra, em 1915. Em 1917 regressou definitivamente a Lisboa, fundou a Sociedade de Concertos e realizou o seu objetivo de proceder à reforma do Conservatório Nacional de Lisboa, assumindo o cargo de diretor desta instituição de 1919 a 1938. A sua orientação pedagógica operou uma completa viragem no nível técnico/artístico e na intelectualidade do meio musical lisbonense. Fez inúmeras primeiras audições de obras há muito consagradas, como a integral das 32 sonatas de Beethoven, no centenário da sua morte, em 1927 (cuja receita reverteu a favor dos alunos pobres do Conservatório, tendo instituído o prémio Beethoven) e, também, de compositores seus contemporâneos.
Como compositor, cuja atividade se confinou ao período da sua vida com residência em Berlim, José Vianna da Motta foi importante para a História da Música em Portugal no âmbito da "música de concerto", por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de "música culta" de carácter nacional. São disso testemunho a sua obra mais relevante a Sinfonia "À Pátria" (que apresenta também a inovação entre nós do conceito lisztiano de música programática e em que, ao que parece, um compositor português usa pela primeira vez numa sinfonia, temas genuínos do folclore do nosso país), as suas composições pianísticas, as suas canções para canto e piano.
Sem dúvida, das personagens mais versáteis do mundo da música portuguesa na primeira metade do século XX. Exemplar na sua capacidade de trabalho e perseverança, no domínio absoluto da técnica pianística, no equilíbrio da forma e do conteúdo. Intérprete excecional, notável pedagogo, admirável compositor…mas terá recebido sempre o valor que merece?
Como tantos outros artistas portugueses dos maiores, Vianna da Motta foi uma vítima da incompreensão, da maldade e da pequenez de um meio com o qual a sua invulgar estatura não podia ter medida comum. Negaram-lhe o talento, disputaram-lhe a glória, moveram-lhe campanhas ultrajantes, dificultaram-lhe a vida, regatearam misérias nos seus modestos cachets de concertista, esforçaram-se por fazer cair sobre o seu nome e a sua obra a pedra vil do esquecimento, deixaram-no morrer num isolamento e numa solidão terríveis, e mesmo depois de morto se procurou evitar que a sua vera fisionomia de artista e de intelectual pudesse ser revelada em toda a sua luz. 
In Memoriam de Viana da Motta - Fernando Lopes Graça, 1949