(imagem daqui)
A Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e o Reino de Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média,
portanto. Os portugueses, em geral, queixam-se de que tal aliança foi
sempre mais proveitosa para os ingleses, enquanto potência internacional
de maior força económica e política. Contudo, há que não esquecer o
período, após os Descobrimentos,
em que Portugal era assumidamente uma potência internacional de maior
influência. Hoje em dia, a aliança já não é, praticamente, invocada, embora
ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal, contudo, teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental,
incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a
Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados
privilégios em território português.
Idade Média
A ajuda inglesa à Casa de Avis
foi o primeiro patamar de um conjunto de ações de cooperação com
Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa
portuguesa por mais de 500 anos. Em 12 de maio de 1386, o Tratado de Windsor afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III de Inglaterra, e teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de D. Fernando I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde, de 10 de julho de 1372,
os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival,
deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono.
Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir
em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu
rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres, de 16 de junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.
João de Gante deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a D. João I
- ato que selou a aliança política. A influência de Filipa de
Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração)
bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações
comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.
Entre os séculos XVII e XIX
Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, foi assinado o tratado de Paz e Aliança
entre Portugal e a Grã-Bretanha, marcando o início da predominância
económica inglesa sobre Portugal e suas colónias. Ficou acordado o
casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses as cidades de Tânger em Marrocos e Bombaim na Índia e Colombo em Ceilão.
O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.
Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola, em que Portugal começou por estar ao lado de França, em conjunto com o Duque de Saboia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim.
Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da
aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta
militar que permitiria recuperar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.
Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as
relações entre Portugal e o Reino Unido entraram em crise, agravada pelo
Ultimato, que gerou uma forte reação patriótica contra os britânicos.
Século XX
Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:
- As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal, em 9 de março de 1916.
- Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.
- Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.
- Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, as bases militares nos Açores estiveram de novo à disposição da Marinha Real Britânica.
Atualidade
Hoje em dia, como os dois países são membros da NATO, sendo as suas relações mais coordenadas por essa
instituição do que pelos pontos previstos nos diversos tratados que
formam a totalidade da Aliança.
in Wikipédia
Sem comentários:
Enviar um comentário