quinta-feira, dezembro 29, 2011

Tomás Becket foi assassinado há 841 anos

Retrato de Becket num vitral da Catedral de Cantuária

S. Thomas Becket, ou Tomás Becket (circa 111829 de dezembro de 1170), foi Arcebispo de Cantuária 1162 a 1170. É venerado como santo e mártir pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana. Envolvido num conflito com o rei Henrique II da Inglaterra pelos direitos e privilégios da Igreja, foi assassinado por seguidores do rei na Catedral de Cantuária.

Educação
Thomas Becket nasceu c. 1118 no bairro de Cheapside, Londres, em uma família da classe média-alta da Normandia, filho de Gilbert de Thierceville e Rosea ou Matilda de Caen.
Richer de L'aigle, amigo de Gilbert de Thierceville, interessado nas irmãs de Thomas, convidava regularmente Thomas para a sua propriedade no Sussex. Foi lá que Thomas aprendeu a cavalgar, a caçar, etiqueta, e a participar de desportos populares como as justas, ou torneios. Desde os 10 anos de idade, Becket recebeu uma excelente educação em lei canónica civil no Priorado de Merton, na Inglaterra, e depois em Paris, Bolonha e Auxerre.
Ao regressar à Inglaterra, por se tratar de um jovem com educação, entrou para o serviço de Teobaldo, arcebispo de Cantuária, que lhe confiou várias missões importantes a Roma e por fim recompensou-o com o arquidiaconado de Cantuária e a reitoria da escola de Beverley. Distinguiu-se de tal modo pelo seu zelo e eficiência que Teobaldo o recomendou ao rei Henrique II da Inglaterra para o importante cargo de chanceler, que manteve durante sete anos.
Chanceler de Henrique II da Inglaterra
Henrique II desejava ser senhor absoluto dos seus domínios, tanto da Igreja como do Estado, e conseguiu encontrar um precedente nas tradições do reino para retirar privilégios especiais ao clero inglês, que ele considerava como empecilhos à sua autoridade.
Enquanto chanceler, Becket cobrou um imposto de protecção do reino contra invasores, uma tradição medieval cobrada de todos os proprietários de terras, incluindo igrejas e bispados, o que lhe criou dificuldades e ressentimentos do clero inglês. Becket aumentou ainda mais a sua imagem de homem secular ao tornar-se um cortesão bem sucedido e extravagante, e um alegre companheiro dos prazeres do rei. O jovem Thomas era dedicado aos interesses do seu soberano, de um modo tão firme apesar de diplomático, que quase ninguém, com a possível excepção de John of Salisbury, bispo de Chartres, duvidava da sua lealdade à coroa inglesa.
De modo a honrar o seu vassalo, e segundo o costume da época de crianças nobres serem educadas em outras casas nobres, o rei enviou o seu primogénito, Henrique, o Jovem para a casa de Becket. Posteriormente, essa seria uma das razões por que este se revoltaria contra o pai, tendo formado uma ligação emocional a Becket como figura parental. Conta-se que Henrique, o Jovem teria declarado que Becket lhe dera mais afecto paternal em um dia que o seu próprio pai durante toda a vida.

Arcebispado
Em 1162, Henrique II recompensou Becket fazendo-o arcebispo de Cantuária. A escolha terá sido olhada com desconfiança pelo clero inglês, e Thomas só conseguiu o cargo vários meses após a morte do anterior arcebispo, Teobaldo. O rei tencionava aumentar a sua influência ditando as acções do seu fiel e nomeado vassalo, e diminuir a independência e a influência da Igreja na Inglaterra.
Mas o carácter de Becket pareceu modificar-se imediatamente. Passou a viver uma vida de simplicidade e pobreza e, apesar de anteriormente ter ajudado Henrique a diminuir o poder dos bispos, passou a defender activamente os direitos da Igreja.
Vários hagiógrafos do santo retratam-no de modos bastante diferentes: uns falam do comportamento virtuoso como parte do seu dia-a-dia de sempre (por exemplo, o uso de roupas grossas, desconfortáveis, por baixo das roupagens de cortesão); outros que a sua devoção cresceu em revolta contra o homem de paixões que era Henrique II; ainda outros acusam-no de ser motivado apenas pelos seus próprios interesses e pelo seu desejo de poder. A maioria dos relatos dos primeiros tempos de Thomas como arcebispo foram escritas depois da sua morte e influenciadas pelos respectivos ambientes políticos. As interpretações das políticas de Henrique II e do papado, e as implicações da sua canonização para ambos, foram de grande importância no jogo de poderes europeu.
Primeiro confuso com a atitude de Thomas, e depois sentindo-se traído pelo antigo companheiro, Henrique II viu o arcebispo afastar-se ainda mais quando este abandonou o seu cargo de chanceler e manteve os rendimentos das terras da Cantuária sob o seu controle. Começaram assim uma série de conflitos legais sobre a jurisdição dos tribunais seculares sobre o clero inglês. Em Outubro de 1163, o rei tentou colocar a opinião e a influência dos outros bispados contra Thomas em Westminster, com o objectivo de obter a aprovação dos privilégios reais.

As constituições de Clarendon
Em 30 de Janeiro de 1164, Henrique II da Inglaterra convocou uma assembleia no Palácio de Clarendon, em Wiltshire, onde apresentou as suas exigências em 16 constituições. Pretendia com isto diminuir a independência do clero e a influência de Roma na política inglesa. Henrique conseguiu negociar e pressionar o consentimento de todos, inclusivamente de Richer de L'aigle, o amigo de longa data da família de Thomas. Foi oficialmente exigido a Becket que assinasse as cartas do rei, caso contrário enfrentaria repercussões políticas e legais, graves para a sua pessoa e para a Igreja.
Por fim, até mesmo Becket expressou a sua disponibilidade em concordar com as constituições, mas quando chegou o momento da assinatura, recusou-se. Isto significava a guerra entre os dois poderes. Henrique instaurou um processo judicial contra o arcebispo e convocou-o a aparecer perante um concelho em Northampton, a 8 de Outubro de 1164, para responder a alegações de desobediência à autoridade real e ilegalidades cometidas como chanceler do reino.

Fuga para França
Henrique perseguiu-o com uma série de edictos, dirigidos também aos seus amigos e apoiantes, mas o seu rival Luís VII de França recebeu o arcebispo fugitivo e ofereceu-lhe protecção. Becket passou quase dois anos na abadia cistercense de Pontigny, até que as ameaças do rei contra a sua ordem o obrigaram a voltar a Sens.
Becket lutou com as armas legais da Igreja, pedindo ao papa Alexandre III a excomunhão de Henrique II da Inglaterra e o interdicto (o equivalente à excomunhão para um território) da Inglaterra. Mas apesar de concordar com a posição do seu arcebispo, o papa preferia tentar uma solução mais diplomática. O papa e o arcebispo desentenderam-se, principalmente quando o primeiro enviou legados, em 1167 com a autoridade de agir como árbitros do conflito. Ressentido com esta limitação da sua jurisdição, e firme nos seus príncipios, Becket não se submeteu aos enviados do papa, uma vez que a sua posição o obrigava a lealdade tanto com a coroa inglesa como com a Igreja.
A sua firmeza parecia ter compensado quando, em 1170, o papa parecia inclinado a promulgar o interdicto contra a Inglaterra. Alarmado pela ideia, uma vez que isto implicava um confito mais ou menos aberto com as nações europeias sujeitas a Roma, Henrique II decidiu elevar o seu filho e herdeiro Henrique, o Jovem a rei da Inglaterra, mantendo para si poder imperial. Uma vez que Becket estava no exílio, o arcebispo de York sagrou a coroação. Furioso, o arcebispo da Cantuária ameaçou excomungar o rei e todos os envolvidos na cerimónia. No entanto, seguiu-se uma débil reconciliação e Thomas voltou à Cantuária com a promessa de que poderia re-coroar o príncipe.

Assassinato
Assim que aportou em Sandwich, Kent, Becket mostrou que continuaria inflexível como sempre, excomungando os bispos envolvidos na coroação. Quando informado disto, o rei, furioso, terá dito qualquer coisa como "Não haverá ninguém capaz de me livrar deste padre turbulento?".
A maioria dos historiadores parece concordar que o rei não pretendia realmente o assassinato de Becket, apesar das suas duras palavras. Seja como for, quatro dos cavaleiros presentes (Reginald Fitzurse, Hugh de Moreville, William de Traci e Richard le Breton) terão interpretado isto como uma ordem. Responderam que sabiam como fazer isso e partiram para a Cantuária. Em 29 de Dezembro de 1170, entraram na catedral e assassinaram Becket, segundo alguns nos degraus do altar, quando os monges cantavam as vésperas. Existem vários relatos contemporâneos do acto, em particular um de Edward Grim, um visitante da catedral que teria também sido ferido no ataque.

Canonização
Depois do assassinato, descobriu-se que Becket usava um cilício (neste contexto uma camisa de tecido grosso e desconfortável) por baixo das suas vestes de arcebispo. Em pouco tempo, a fiéis por toda a Europa começaram a venerar Thomas Becket como mártir, e em 1173, cerca de três anos após a sua morte, foi canonizado pelo papa Alexandre III na Igreja de S. Pedro em Segni.
Em 12 de Julho de 1174, durante a revolta dos seus três filhos Henrique, o Jovem, Ricardo, futuro Coração de Leão e Geoffrey Plantageneta de 1173-1174, Henrique II da Inglaterra fez penitência pública junto ao túmulo de Becket, que se tornou em um dos mais populares locais de peregrinação da Inglaterra até à sua destruição durante a Dissolução dos Mosteiros (1538 a 1541).
Em 1220, os restos de Becket foram transladados para um relicário na recentemente concluída Capela da Trindade, em Cambridge. O pavimento deste está hoje em dia assinalado com uma vela acesa. Os arcebispos actuais celebram a eucaristia neste local para lembrar o martírio e a transladação.

Lendas
Depois da canonização, nasceram algumas lendas locais que, apesar de serem histórias hagiográficas típicas, também refletem a personalidade do arcebispo:
  • O Poço de Becket, em Otford, Kent, foi criado quando Becket, desagradado com o gosto da água local, bateu no chão com o seu báculo (ceptro) episcopal. Teriam nascido imediatamente duas nascentes de água fresca no local.
  • A ausência de rouxinóis na mesma localidade também lhe é atribuída. Becket, perturbado nas suas orações pelo seu chilrear, teria proibido para sempre os rouxinóis de cantar na cidade.
  • Os bebés da cidade de Strood, também em Kent, teriam passado a nascer com caudas. Os homens de Strood tinham alinhado com o rei contra o arcebispo e, para demonstrar o seu apoio, teriam cortado a cauda do cavalo de Becket quando este passava pela cidade.
Literatura

in Wikipédia

Pau Casals nasceu há 135 anos

Pau Casals o Pau Carles Salvador Casals i Defilló (Vendrell, 29 de diciembre de 1876 - San Juan de Puerto Rico, 22 de octubre de 1973), más conocido como Pau Casals, y también como Pablo Casals en Latinoamérica y el mundo anglosajón, es uno de los músicos españoles más destacados del siglo XX. De padre español y madre puertorriqueña, Casals es considerado uno de los mejores violonchelistas de todos los tiempos.
Una de sus composiciones más célebres es el "Himno de las Naciones Unidas", conocido como el "Himno de la Paz", compuesto mientras residía en su segunda patria, Puerto Rico (donde había nacido y se había criado con su madre), y donde residían otros españoles renombrados internacionalmente, como Juan Ramón Jiménez y Francisco Ayala. Magnífico director de orquesta y notabilísimo compositor, Casals fue siempre un artista completísimo, de férrea disciplina y gran dedicación.
Además de destacar como intérprete, Pau Casals también fue reconocido por su activismo en la defensa de la paz, la democracia, la libertad y los derechos humanos, que le valieron prestigiosas condecoraciones como la Medalla de la Paz de la ONU y ser nominado al Premio Nobel de la Paz. Casals también manifestó públicamente su oposición al régimen franquista y su deseo de ver una Cataluña no necesariamente independiente pero con un grado alto de autonomía (vide cap. V de sus memorias, dictadas originariamente en francés a Albert E. Kahn y traducidas al catalán como Joia i Tristor).
Pau Casals murió el 22 de octubre de 1973, a la edad de 96 años, en San Juan de Puerto Rico, a consecuencia de un ataque al corazón. Fue enterrado en el Cementerio Conmemorativo de San Juan de Puerto Rico. En esa localidad se organiza el actual Festival Casals de Puerto Rico y está ubicado el Museo Pablo Casals.
El 9 de noviembre de 1979, restablecida la democracia en España, sus restos fueron trasladados al cementerio de Vendrell, su población natal, donde actualmente descansan.
En el centro de Vendrell se ubica la Casa-Museo de Pau Casals, y en el barrio de San Salvador de la misma población, la sede de la Fundación Pau Casals, con otra casa-museo frente a un auditorio bautizado con su nombre, y con un busto realizado por el escultor Josep María Subirachs.

Entre las contribuciones más importantes de Pau Casals destaca haber cambiado la técnica de la interpretación de violonchelo, buscando movimientos más naturales alejados de la técnica rígida del siglo XIX y pegando el arco a las cuerdas siempre. Rescató del olvido las estupendas suites para violonchelo de Johann Sebastian Bach, son legendarias las grabaciones que de ellas hizo entre 1936 y 1939, aunque las grabó repetidamente.
Casals mostró ya desde su infancia una gran sensibilidad por la música. Su padre, Carles Casals i Ribes, también músico, le transmitió los primeros conocimientos musicales, que Pau Casals amplió con estudios en Barcelona y Madrid. En esta ciudad compartió estudios con el otro grande del violonchelo español del siglo XX, Juan Ruiz Casaux, siendo ambos discípulos del catedrático de la Escuela Nacional de Música, Víctor Mirecki, iniciador de la escuela violonchelística española moderna, y de Jesús de Monasterio en la cátedra de perfeccionamiento de música de cámara. Con tan solo 23 años, inició su trayectoria profesional y actuó como intérprete en los mejores auditorios del mundo.
En calidad de intérprete, aportó cambios innovadores a la ejecución del violonchelo e introdujo nuevas posibilidades técnicas y expresivas. Como director, buscaba igualmente la profundidad expresiva, la esencia musical que sabía alcanzar con el violonchelo. Son especialmente conocidas las versiones que dirigió en el Festival de Malborough: Los Conciertos de Brandemburgo de J.S. Bach, su músico predilecto, Sinfonías de W. A. Mozart, etc.
Pau Casals ejerció también como profesor en el Real Conservatorio de Madrid. Además de violonchelista, también desarrolló su carrera como compositor, dejando un legado de obras, entre las que se incluyen el oratorio El Pessebre, que presentó en diversos países. Popularizó la antigua canción catalana "El cant dels ocells" tocándola en la sede de la ONU; ésta melodía ha acabado erigiéndose en un verdadero canto a la paz. En 1973, muere en San Juan de Puerto Rico: el gobierno del país declara tres días de luto nacional, se reciben las condolencias de todos los jefes importantes de estado, los grandes músicos y el pueblo en general. En la Ciudad de México, desde el teatro principal, El Palacio de las Bellas Artes, se presenta el poema sinfónico El Pessebre con renombrados solistas, dos orquestas y coro, dirigidos por Enrique Gimeno que fue retransmitido por satélite internacionalmente.





El cant dels ocells

Al veure despuntar el major lluminar en la nit més ditxosa,
els ocellets cantant a festejar-lo van amb sa veu melindrosa.

L'àliga imperial pels aires va voltant, cantant amb melodia,
dient: 'Jesús és nat per treure'ns de pecat i dar-nos l'Alegria'.

Respon-li lo pardal: 'Esta nit és Nadal, és nit de gran contento'.
El verdum i el lluer diuen, cantant també: 'Oh, que alegria sento!'

Cantava el passerell: 'Oh, que formós i que bell és l'Infant de Maria!'.
I lo alegre tord: 'Vençuda n'és la mort, ja neix la Vida mia'.

Cantava el rossinyol: 'Hermós és com un sol, brillant com una estrella'.
La cotxa i lo bitxac festegen el manyac i sa Mare donzella.

La garsa, griva i gaig diuen: 'Ja ve lo maig'. Respon la cadernera:
'Tot arbre reverdeix, tota planta floreix, com si tot fos primavera'.





El canto de los pájaros

Al ver despuntar el mayor resplandor en la noche más dichosa
los pajaritos van a cantarle con su melosa voz

El águila imperial va por los aires, cantando con melodía,
diciendo: Jesús ha nacido para librarnos del pecado y darnos la Alegría

Le responde el gorrión: Esta noche es Navidad, es noche de gran contento.
El verderón y el lúngano dicen, cantando también: ¡Oh, qué alegría siento!

Cantaba el pardillo: ¡Oh, qué hermoso y qué bello es el Hijo de María!
Y el tordo alegre: Vencida ha sido la muerte, ya nace mi Vida

Cantaba el ruiseñor: Es hermoso como un sol, brillante como una estrella.
El colirrojo y la tarabilla celebran la criatura y su Madre doncella

La graza, el zorzal y el arrendajo dicen: Ya viene el mayo. Responde el jilguero:
Todo árbol reverdece, toda planta florece, como si todo fuese primavera

Rilke morreu há 85 anos


Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke (Praga, 4 de Dezembro de 1875Valmont, Suíça, 29 de Dezembro de 1926) foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.

Nasceu em Praga, na República Checa, então pertencente ao Império Austro-Húngaro, e mudou seu nome, originalmente René, para Rainer.
Rilke fez seus estudos nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Em 1894 fez sua primeira publicação, uma colecção de versos de amor, intitulados Vida e canções (Leben und Lieder). Não exerceu nenhuma profissão, tendo vivido, sempre, à custa de amigas nobres.
Alguns anos depois, em 1899, Rilke viajou para a Rússia a convite de Lou Andreas-Salomé, a escritora e depois psicanalista, filha de um general russo, e que foi sua amante por longos anos. Sua passagem pela Rússia imprimiu uma inspiração religiosa em seus poemas. Rilke passou a enxergar a natureza, dada as dimensões e exuberância das paisagens russas, como manifestação divina presente em todas as coisas. Sobre este aspecto publicou em 1900 a colecção Histórias do bom Deus.
Em 1901 casou com Clara Westhoff, da qual logo se separou. O século XX trouxe para a poesia de Rilke um afastamento do lirismo e dos simbolistas franceses com os quais ele se identificara. Em 1905, publicou O Livro das Horas de grande repercussão à época. Nesta obra, seus poemas já apresentavam um estilo concreto, bem característico desta sua fase.

Em 1902 foi para Paris, onde trabalhou como secretário do escultor Auguste Rodin entre 1905 a 1906. Rodin exerceu grande influência sobre o poema de Rilke, que se reflete em suas publicações de 1907 a 1908.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, Rilke morava em Munique e lá permaneceu durante todo o conflito. Antes de se mudar para Munique, ele viveu na região do Trieste e publicou, em 1913, a A vida de Maria (Das Merien Leben) e iniciou a redacção de Elegias de Duíno (Duineser Elegien), texto que só viria a ser publicado em 1923. Duíno era um castelo na região de Trieste, Itália, onde Rilke morou por dois anos antes da Guerra, a convite da princesa Maria von Thurn und Taxis. Após o conflito na Europa, Rilke mudou-se para a Suíça, a última de suas pátrias de eleição, onde viveu até morrer.

O Solitário


Como alguém que por mares desconhecidos viajou,
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.


Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.


As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.

in O Livro das Imagens - Rainer Maria Rilke (tradução de Maria João Costa Pereira)

A vingança serve-se com veludo - há 22 anos Vaclav Havel tornou-se Presidente da Checoslováquia

Firme defensor da resistência não-violenta (tendo passado cinco anos preso por suas convicções), tornou-se um ícone da Revolução de Veludo em seu país, em 1989. Em 29 de dezembro de 1989, na qualidade de chefe do Fórum Cívico, elegeu-se presidente da Checoslováquia pelo voto unânime da Assembleia Federal.
Manteve-se no cargo após as eleições livres de 1990. Apesar das crescentes tensões, Havel apoiou a preservação da federação entre checos e eslovacos durante a dissolução da Checoslováquia. Em 3 de julho de 1992, o parlamento federal não logrou elegê-lo - o único candidato a presidente - devido à falta de apoio dos deputados eslovacos. Após a declaração de independência da Eslováquia, Havel renunciou à presidência, em 20 de julho. Quando da criação da República Checa, candidatou-se ao cargo de presidente e venceu as eleições em 26 de janeiro de 1993.
Após combater um cancro de pulmão, Havel foi reeleito presidente em 1998. Seu segundo mandato presidencial terminou em 2 de fevereiro de 2003, sucedendo-lhe seu grande adversário, Václav Klaus.


NOTA: recentemente o PCP foi o único partido a votar contra o voto de pesar pela morte deste Senhor.

Rasputin morreu há 95 anos

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Grigoriy Yefimovich Rasputin, místico russo, nasceu dia 23 de Janeiro de 1864 em Pokrovskoie, Tobolsk e foi assassinado no dia 29 de Dezembro de 1916 aos 52 anos em Petrogrado, actual São Petersburgo. Foi uma figura influente no final do período czarista da Rússia.



quarta-feira, dezembro 28, 2011

Música africana recente para geopedrados


E o PCP não está de luto?!?

por Rui Rocha | 28.12.11

Enquanto a natureza continua a chorar a morte de Kim Jong-il (convém recordar aqui os episódios da ave branca maior do que uma pomba que limpou a neve de uma estátua do Querido Líder, do grou que voou três vezes em redor de uma outra, das pombas que choraram meia-hora ou do ruído ensurdecedor do  quebrar do gelo no monte Baekdu), coisa que aliás não é surpreendente se tivermos em conta que o nascimento do agora defunto foi anunciado por um arco-íris duplo e por uma nova estrela no firmamento junto ao monte Paektu, o dito cujo foi transportado para a derradeira morada numa americaníssima limusina Lincoln. Caso para dizer: so long, buddy!

Há cidades com azar...

Porto teve um “Largo José Sócrates” mas a câmara já removeu a placa clandestina
27.12.2011 - Aníbal Rodrigues

Placa já foi retirada (Foto: Paulo Pimenta)

Tinha pouco tempo de existência, mas já se tinha transformado em objecto fotográfico para muitos passantes. No Largo Mompilher, no Porto, surgiu uma nova “placa toponímica” que rivalizava com a oficial, verde, como tantas outras na cidade. A nova placa foi colocada no edifício do café Candelabro – ao que tudo indica anteontem –, e era constituída por seis azulejos de fundo branco e adornos nas extremidades, em azul e amarelo, que remetiam para a clássica azulejaria portuguesa.

A placa anunciava o “Largo Eng. José Sócrates”, mas um traço na referência abreviada à habilitação académica do visado como que prenunciava o que se lia a seguir: “(Mentiroso, Corrupto, Incompetente, Primeiro-Ministro de Portugal 2005-2011)”.

Por coincidência, a nova “placa toponímica” surgiu numa altura em que a Câmara do Porto realiza obras de remodelação no Largo de Mompilher que retiraram algum estacionamento e estão a alargar a área pedonal daquele espaço.

Contactado pelo PÚBLICO, o Gabinete de Comunicação e Promoção da Câmara do Porto informou que a placa toponímica clandestina foi removida ontem, cerca das 18.00 horas, pelos serviços municipais.

in Público - ler notícia

NOTA: se tiver que ser, usem o nome do senhor "engenheiro" numa prisão nova (que ele inaugure e que uso por muitos e bons anos...). Recorde-se que, ali perto, puseram o nome de um político falecido num acidente aéreo a um aeroporto - não é preciso mais explicações.

ADENDA: O JN publicou o seguinte texto e filme no seu site:

Largo de Mompilher rebaptizado com insultos a Sócrates - JN



O Largo de Mompilher, no Porto, foi rebaptizado por desconhecidos com insultos a José Sócrates. A placa em azulejo, que terá sido colada entre segunda-feira e esta terça-feira, foi retirada por funcionários da Câmara Municipal do Porto.

Insultos? Mentiroso, Corrupto, Incompetente não são insultos, são verdades indesmentíveis - por muito que apaguem as escutas, queimem os processos do Aterro da Cova da Beira, escondam os projetos arquitetónicos na Guarda (e Covilhã...), destruam a Universidade Independente, queimem os documentos da UnI, modifiquem a ficha de deputado do senhor Pinto de Sousa, esqueçam a bomba de gasolina que o senhor teve com uns amigos, não se lembrem de perguntar de onde veio a súbita riqueza da mãe e da família, se esqueçam das suas relações com os Irmãos dos Aventais, escondam o caso Freeport, se esqueçam de quem duplicou a dívida pública portuguesa em meia dúzia de anos, quem assinou as fantásticas parcerias público-privadas, quem ajudou os sucateiros, os pedrosos, os penedos, os varas e os coelhones, tudo não será esquecido e um dia terá de ser julgado.

Sim, é possível viajar no tempo!

Decisão polémica
Samoa salta a próxima sexta-feira para acertar calendário

Samoa vai passar da direita para a esquerda da linha do Tempo Universal Coordenado (UTC)

Para todos os que vêem a sexta-feira como aquele dia interminável que nunca mais dá lugar ao fim-de-semana, as autoridades de Samoa têm uma solução: por que não riscá-lo simplesmente do calendário? Pelo menos é o que acontecerá esta semana, quando a nação insular do Pacífico puser em prática mais uma decisão radical do seu primeiro-ministro, Tuilaepa Sa’ilele Malielegaoi. Samoa vai mudar de fuso horário e, com isso, passar de um lado para o outro da linha do Tempo Universal Coordenado.

O Governo samoano quer ficar do mesmo lado do calendário que os seus vizinhos (e principais parceiros comerciais) Austrália e Nova Zelândia. “Desviar” a linha internacional da data – o que implica passar, este ano, directamente de quinta-feira para sábado – evitará desencontros entre estas nações.

Até aqui, quando Samoa estava na sexta-feira, já era sábado em Sydney e Auckland; e a segunda-feira australiana e neozelandesa calhava no domingo samoano. “Estávamos a perder dois dias de trabalho por semana”, analisa o primeiro-ministro, em declarações ao jornal de língua inglesa Samoa Observer, citadas pela CNN.com.

A decisão não está, porém, a ser recebida com agrado em todo o país, que tem 180.000 habitantes. A maioria da população, é certo, encara a coisa com a bonomia característica dos polinésios – já corre mesmo a piadola de chamar a este dia inexistente TGIF “Thank God It’s Friday” (Graças a Deus é Sexta-feira). Aliás, os samoanos já têm tradição neste procedimento: em 1892, o rei de Samoa tinha cruzado a linha internacional da data em sentido contrário, para acertar o calendário com o porto de São Francisco, EUA (nessa altura, houve dois feriados do 4 de Julho).

Mas o sector do turismo está inconsolável. Samoa era o último lugar do mundo a ver nascer o dia e onde se podia ver o pôr-do-sol, um programa aparentemente muito popular para casais em lua-de-mel. A partir de agora, o paradigma muda. Samoa será o primeiro sítio do mundo a ver o dia a nascer e a acabar. Pode não ser tão romântico, mas garante-lhe o título de primeira nação a entrar em cada ano novo. Começando já em 2012. Sem esquecer que, com a Samoa Americana a uma hora de voo e do outro lado da linha internacional, será possível comemorar o aniversário ou alguma data especial dois dias seguidos.

Esta não é a primeira decisão radical de Tuilaepa Sa’ilele Malielegaoi. Há dois anos – e numa medida bem mais polémica – os samoanos passaram a conduzir pela esquerda, para facilitar a importação de carros em segunda mão da Austrália e Nova Zelândia. Houve tumultos, protestos e até actos de vandalismo sobre a nova sinalização, mas a medida manteve-se.

in Público - ler notícia

NOTA: não é nada de especial - nós, os portugueses, em 1582, passou-se de 5 para 14 de outubro, desaparecendo dez dia. E isto para não falar de um político transfuga que, em seis anos, nos fez recuar mais de trinta...

Três museus nossos merecem

Vencedor só é conhecido em Maio
Três museus portugueses são finalistas do Museu Europeu do Ano 2012

Museu do Côa é um dos finalistas Museu do Côa é um dos finalistas

O Museu do Côa, no Douro, o Hotel-Museu do Convento de São Paulo, no Redondo, e o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, nos Açores, estão entre 46 nomeados para o Prémio do Museu Europeu do Ano 2012.

O prémio é atribuído anualmente pelo European Museum Forum (EMF), organização sem fins lucrativos criada nos anos 1970 para promover a qualidade das instituições museológicas, e que funciona sob os auspícios do Conselho da Europa.

A cerimónia de atribuição do Prémio Museu Europeu do Ano 2012 terá lugar em Penafiel, entre 16 e 19 de Maio, onde decorrerá a assembleia anual do EMF.

Os três museus portugueses fazem parte de uma lista de 46 nomeados de 20 países, entre eles Grécia, Irlanda, Rússia, Estónia, Alemanha, Holanda, Suíça, Espanha, França e Reino Unido.

Na decisão final do júri pesam habitualmente os esforços realizados pelos museus europeus para atrair visitantes através de programas nas áreas da interpretação, responsabilidade social, comunicação e marketing.

Em declarações à agência Lusa, Margarida Ruas, actual embaixadora do EMF e antiga diretora do Museu da Água, em Lisboa, comentou que “é um motivo de orgulho para Portugal existirem três museus nomeados para o prémio”.

“É também importante que seja Penafiel a receber a assembleia do European Museum Forum porque há sempre inúmeros pedidos para acolher este encontro e cerimónia do anúncio dos premiados”, salientou.

No ano passado, o Museu do Douro, em Peso da Régua, recebeu uma menção especial do júri do EMF, no âmbito do Museu Europeu do Ano 2011, atribuído ao Museu Galo-Romano de Tongeren, na Bélgica.

Também o Conselho da Europa premeia anualmente um museu europeu, tendo anunciado este mês o distinguido com o prémio de 2012: o Rautenstrauch-Joest Museum - Kulturen der Welt, uma instituição que alberga um acervo de caráter antropológico e etnológico com sede em Colónia, na Alemanha.

O museu centenário tinha-se mudado recentemente para um novo edifício da cidade e aproveitou para fazer uma remodelação total da apresentação e design da sua exposição permanente, composta por objectos de culturas e tradições de países de todo o mundo.

Este prémio do Conselho da Europa para os museus é atribuído desde 1977 em colaboração com o EMF e entregue em Estrasburgo.


NOTA: uma excelente notícia, pela nomeação de três fantásticos museus e por o evento ser no nosso país, mas com um pequeno problema - esqueceram-se dos links para os sites dos Museus:

Hoje é dia de ouvir música clássica portuguesa

A vingança serve-se com veludo - há 22 anos Alexander Dubcek tornou-se presidente do Assembleia Federal checoslovaca

Alexander Dubček (nascido em 27 de novembro de 1921 em Uhrovec, Checoslováquia, atualmente Eslováquia - falecido em 7 de novembro de 1992 em Praga) foi um chefe de estado da antiga Checoslováquia, tornou-se líder do Partido Comunista da Checoslováquia em 1968 e iniciou as reformas da "Primavera de Praga".

Seu pai foi um operário emigrante na União Soviética. Sua educação foi na URSS. A família retornou a Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubček ingressou no Partido Comunista Checoslovaco (PCCh). Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na resistência contra a ocupação nazista. Demostrou sua capacidade de organização ao protagonizar o levantamento nacionalista eslovaco contra as tropas alemãs no inverno de 1944 a 1945. Ficou ferido em repetidas ocasiões.
Em 1949 foi nomeado secretário de distrito do Partido em Trencin e em 1951 foi eleito membro do Comité Central do PCCh e deputado da Assembleia Nacional, o que motivou sua ida a Bratislava, onde estudou Direito na Universidade de Komenski.
Entre 1955 e 1958, Dubček assistiu à Escola Superior de Mandos do Partido em Moscou. Dois anos depois já era membro do Presidium do PCCh. Em maio de 1963, Dubček substituiu K. Bacílek como primeiro secretário do Partido na Eslováquia. E em janeiro de 1968, substituiu o estalinista Novotni, como primeiro secretário do CC.
Dirigiu a tentativa de democratização socialista em seu país. Seu propósito, destinado a democratizar o Estado e as estruturas internas do Partido, e abrir a nação às potencias ocidentais, foi referendado por grande parte da população checoslovaca. A tentativa (o socialismo com rosto humano) seria abortado violentamente pelas tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia em agosto de 1968. Dubček e outros cinco membros do Presidium foram sequestrados pela polícia soviética de ocupação e levados a Moscovo, onde "os fizeram entrar na razão". Quando voltou a Praga foi considerado como um cadáver político, ostracisado.
Até 1970 foi presidente da Assembleia Federal checa. Nesse mesmo ano quando foi expulso do Partido. Nomeado embaixador na Turquia. Não tardou em ser destituído: de novo em Praga, trabalhou como burocrata de uma exploração florestal. Não houve notícias suas até 1974, quando saiu uma carta aberta, assinada por ele e dirigida à Assembleia Federal onde ratificou os postulados democráticos de 1968, criticou as posições políticas do Partido e denunciou os abusos de poder do primeiro secretário Husak.
Em 26 de novembro de 1989 Dubček foi aclamado na Praça de Letna de Praga por milhares de compatriotas. Inspirador para a troca democrática, foi feito como presidente do Parlamento checo. Dubček morrera em um acidente de automóvel, não viu a desintegração de seu país.

During the Velvet Revolution of 1989, he supported the Public against Violence (VPN) and the Civic Forum. On the night of 24 November, Dubček appeared with Václav Havel on a balcony overlooking Wenceslas Square, He was greeted with uproarious applause from the throngs of protesters below, embraced as a symbol of democratic freedom. He disappointed the crowd somewhat by calling for pruning out what was wrong with Communism. By this time, however, the demonstrators in Prague wanted nothing to do with Communism of any sort. Later that night, Dubček was on stage with Havel at the Laterna Magika theater, the headquarters of Civic Forum, when the entire leadership of the Communist Party resigned--in effect, ending Communist rule in Czechoslovakia.
Dubček was elected Chairman of the Federal Assembly (Czecho-Slovak Parliament) on 28 December 1989, and re-elected in 1990 and 1992.
At the time of the overthrow of Communist party rule, Dubček described the Velvet Revolution as a victory for his humanistic socialist outlook. In 1990, he received the International Humanist Award from the International Humanist and Ethical Union.
In 1992, he became leader of the Social Democratic Party of Slovakia and represented that party in the Federal Assembly. At that time, Dubček passively supported the union between Czechs and Slovaks in a single Czecho-Slovak federation against the (ultimately successful) push towards an independent Slovak state.


NOTA: os comunistas soviéticos não o quiseram matar, como fizeram com Imre Nagy, e tiveram este resultado... A democracia é uma chatice.

Em Paris, há 38 anos, era publicado um livro em russo que mostrou a verdadeira União Soviética

Arquipélago de Gulag é provavelmente a mais forte e a certamente a mais influente obra sobre como funcionavam os gulags (campos de concentração e de trabalho forçado na antiga União Soviética) nos tempos de Josef Stálin.
"DEDICO este livro a todos quantos a vida não chegou para o relatar. Que eles me perdoem não ter visto tudo, não ter recordado tudo, não me ter apercebido de tudo."
Escrito por Alexander Soljenítsin, o livro de 1.800 páginas é uma narrativa sobre factos que foram presenciados pelo autor, prisioneiro durante onze anos, em Kolima, num dos campos do arquipélago, e por duzentas e trinta e sete pessoas, que confiaram as suas cartas e relatos ao autor.
"Kolima era a maior e a mais célebre ilha, o pólo de ferocidade desse assombroso Arquipélago de GULAG, desgarrado pela geografia num arquipélago, mas psicologicamente ligado ao continente, a esse quase invisível, quase intangível país habitado pelo povo zek."
Escrito entre 1958 a 1967, a obra foi publicada no ocidente no ano de 1973 e circulou clandestinamente na União Soviética, numa versão minúscula, escondida, até à sua publicação oficial no ano de 1989.
"GULag" é um acrónimo em russo para o termo: "Direção Principal (ou Administração) dos Campos de Trabalho Corretivo" ("Glavnoye Upravleniye Ispravitelno-trudovykh Lagerey"), um nome burocrático para este sistema de campos de concentração.
O título original em russo do livro era "Arkhipelag GULag". A palavra arquipélago relaciona-se ao sistema de campos de trabalho forçado espalhados por toda a União Soviética como uma vasta corrente de ilhas, conhecidas apenas por quem fosse destinado a visitá-las.

 Aleksandr Solzhenitsyn in Vladivostok (1994)

Since the Soviet Union's dissolution and the formation of the Russian Federation, The Gulag Archipelago is included in the high school program in Russia as mandatory reading in 2009.
Structurally, the text is made up of seven sections divided (in most printed editions) into three volumes: parts 1–2, parts 3–4, and parts 5–7. At one level, the Gulag Archipelago traces the history of the Soviet concentration camp and forced labour system from 1918 to 1956, starting with V.I. Lenin's original decrees shortly after the October Revolution establishing the legal and practical frame for a slave labor economy, and a punitive concentration camp system. It describes and discusses the waves of purges, assembling the show trials in context of the development of the greater gulag system with particular attention to the legal and bureaucratic development.
The legal and historical narrative ends in 1956, the time of Nikita Khrushchev's Secret Speech at the 20th Party Congress of 1956 denouncing Stalin's personality cult, his autocratic power, and the surveillance that pervaded the Stalin era. Though the speech was not published in the USSR for a long time, it was a break with the most atrocious practices of the concentration camp system; Solzhenitsyn was aware, however, that the outlines of the gulag system had survived and could be revived and expanded by future leaders.
Despite the efforts by Solzhenitsyn and others to confront this Soviet system, the realities of the camps remained taboo into the 1980s. While Khrushchev, the Communist Party, and the Soviet Union's supporters in the West viewed the gulag as a deviation of Stalin, Solzhenitsyn and the opposition tended to view it as a systemic fault of Soviet political culture - an inevitable outcome of the Bolshevik political project.
Parallel to this historical and legal narrative, Solzhenitsyn follows the typical course of a zek (a slang term for inmate) through the concentration camp system, starting with arrest, show trial and initial internment; transport to the "archipelago"; treatment of prisoners and general living conditions; slave labor gangs and the technical prison camp system (where Andrei Sakharov and his team of prisoner-scientists developed the Soviet Union's first hydrogen bomb); camp rebellions and strikes (see Kengir uprising); the practice of internal exile following completion of the original prison sentence; and ultimate (but not guaranteed) release of the prisoner. Along the way, Solzhenitsyn's examination details the trivial and commonplace events of an average zek's life, as well as specific and noteworthy events during the history of the gulag system, including revolts and uprisings.
Aside from using his experiences as a zek at a scientific prison (a sharashka), the basis of the novel The First Circle (1968), Solzhenitsyn draws from the testimony of 227 fellow zeks, the first-hand accounts which base the work. One chapter of the third volume of the book is written by a prisoner named Georg Tenno, whose exploits enraptured Solzhenitsyn to the extent that he offered Tenno a position as co-author of the book; Tenno declined.
The sheer volume of firsthand testimony and primary documentation that Solzhenitsyn managed to assemble in The Gulag Archipelago made all subsequent Soviet and KGB attempts to discredit the work useless. Much of the impact of the treatise stems from the closely detailed stories of interrogation routines, prison indignities and (especially in section 3) camp massacres and inhuman practices.
There had been works about the Soviet prison/camp system before, and its existence was known to the Western public since the 1930s. However, never before had the wide reading public been brought face to face with the horrors of the Soviet system in this way. The controversy surrounding this text in particular was largely due to the way Solzhenitsyn definitively and painstakingly laid the theoretical, legal and practical origins of the gulag system at Lenin's feet, not Stalin's. According to Solzhenitsyn's testimony, Stalin merely amplified a concentration camp system that was already in place. This is significant, as many Western intellectuals viewed the Soviet concentration camp system as a "Stalinist aberration."
Solzhenitsyn argued that the Soviet government could not govern without the threat of imprisonment, and that the Soviet economy depended on the productivity of the forced labor camps, especially insofar as the development and construction of public works and infrastructure were concerned.
This put into doubt the entire moral standing of the Soviet system. In Western Europe the book came, in time, to force a rethinking of the historical role of Lenin. With The Gulag Archipelago, Lenin's political and historical legacy became problematic, and the fractions of Western communist parties who still based their economic and political ideology on Lenin were left with a heavy burden of proof against them. George F. Kennan, the influential U.S. diplomat, called The Gulag Archipelago, "the most powerful single indictment of a political regime ever to be levied in modern times."
In an Interview with German weekly Die Zeit British historian Orlando Figes claims that many gulag inmates he interviewed for his research identified so strongly with the book's contents that they became unable to distinguish between their own experiences and what they read. Thus, he claims "The Gulag Archipelago spoke for a whole nation and was the voice of all those who suffered".
After the KGB had confiscated Solzhenitsyn's materials in Moscow, during 1965-1967, the preparatory drafts of The Gulag Archipelago were turned into finished typescript in hiding at his friends' homes in Estonia. While in the KGB's Lubyanka Prison, Solzhenitsyn had befriended Arnold Susi, a lawyer and former Estonian Minister of Education. After completion, Solzhenitsyn's original handwritten script was kept hidden from the KGB in Estonia by Arnold Susi's daughter, Heli Susi, until the dissolution of the Soviet Union.
The KGB seized one of only three extant copies of the text still on Soviet soil. This was achieved by torturing Elizaveta Voronyanskaya, Solzhenitsyn's typist who knew where the typed copy was hidden; within days of her release by the KGB, she hanged herself on 3 August 1973.
Translated into English by American Thomas Whitney, the English and French translations of Volume I appeared in the spring and summer of 1974. Solzhenitsyn had been in touch with them about the upcoming publication, which he knew he could not put off much longer, but the final decision was taken by the YMCA Press itself with the author's implicit approval (two years previously, it had published August 1914).
Solzhenitsyn had wanted the manuscript to be published in Russia first, but knew this was impossible under conditions then extant. The international impact of the work was profound. Not only did it provoke a very vivid debate in the West, a mere six weeks after the work had left Parisian presses Solzhenitsyn himself was forced into exile.
Because possession of the manuscript incurred the risk of a long prison sentence for 'anti-Soviet activities', Solzhenitsyn never worked on the manuscript in complete form. Due to the KGB's constant surveillance of him, Solzhenitsyn only worked on parts of the manuscript at any one time, so as not to put the book as a whole into jeopardy if he happened to be arrested. For this reason, he secreted the various parts of the work throughout Moscow and the surrounding suburbs, in the care of trusted friends, and sometimes purportedly visiting them on social calls, but actually working on the manuscript in their homes. During much of this time, Solzhenitsyn lived at the dacha of the world-famous cellist Mstislav Rostropovich, and due to the reputation and standing of the musician, even with Soviet authorities, he was reasonably safe from KGB searches there.
Solzhenitsyn did not think this series would be his defining work, as he considered it journalism and history rather than high literature. However, with the possible exception of One Day in the Life of Ivan Denisovich, it is his best-known and most popular work, at least in the West.
Finished in 1968, The Gulag Archipelago was microfilmed and smuggled out to Solzhenitsyn's main legal representative, Dr Kurt Heeb of Zürich, to await publication (a later paper copy, also smuggled out, was signed by Heinrich Böll at the foot of each page to prove against possible accusations of a falsified work).
Solzhenitsyn was aware that there was a wealth of material and perspectives that merited to be continued in the future, but he considered the book finished for his part. The royalties and sales income for the novel were transferred to the Solzhenitsyn Foundation for aid to former camp prisoners, and this fund, which had to work in secret in its native country, managed to transfer substantial amounts of money to those ends in the 1970s and 1980s.

Há 103 anos, um forte sismo abalou o sul de Itália

1908 Messina earthquake and tsunami

The 1908 Messina earthquake and tsunami took some 100,000–200,000 lives on December 28, 1908 in Sicily and Calabria, southern Italy.

Aftermath of the Messina earthquake and tsunami

Earthquake
On December 28, 1908 from about 05.20 to 05.21 an earthquake of 7.2 on the moment magnitude scale occurred centered on the of city Messina, in Sicily. Reggio Calabria on the Italian mainland also suffered heavy damage. The ground shook for some 30 to 40 seconds, and the destruction was felt within a 300 km radius. Moments after the earthquake, a 12 m tsunami struck nearby coasts causing even more devastation. 91% of structures in Messina were destroyed and some 70000 residents were killed. Rescuers searched through the rubble for weeks, and whole families were still being pulled out alive days later, but thousands remained buried there. Buildings in the area had not been constructed for earthquake resistance, having heavy roofs and vulnerable foundations.

Relief efforts
News of the disaster was carried by Italian torpedo boats to Nicotera, where the telegraph lines were still working, but that was not accomplished until midnight at the end of the day. Rail lines in the area had been destroyed, often along with the railway stations.
The Italian navy and army responded and began searching, treating the injured, and evacuating refugees (as did every ship). Looters soon had to be shot. King Victor Emmanuel III and the Queen arrived.
The disaster made headlines worldwide and international relief efforts were launched. With the help of the Red Cross and sailors of the Russian and British fleets, search and cleanup were expedited. The British battleship Exmouth and the cruisers Euryalus, Minerva, and Sutlej were ordered to provide assistance; the SS Afonwen was in Messina harbor during the quake (anchored in 45 fathoms (80 m) of water, but there were only 30 fathoms (55 m) when she sailed full of refugees). The French battleships Justice and Vérité, and three torpedo boat destroyers were ordered to Messina. The U.S. Great White Fleet and her supply ships Celtic and Culgoa were also ordered to assist. Russian ships included the Slava, Tsesarevich, and Admiral Makarov. Other nations' ships also responded.

Cause
The earthquake was caused by normal faulting between plates. Italy sits along the boundary zone of the African Continental plate and this plate is pushing against the seafloor underneath Europe at a rate of 1-inch (25 mm) per year. This causes vertical displacement which in turn can cause earthquakes. Recently it has been proposed that the concurrent tsunami was not generated by the earthquake, but rather by a large undersea landslide it triggered. There were also several fires that destroyed houses and turned them to rubble.

Aftermath
In the years following 1908, precautions were taken when reconstruction began, building architecture that would be able to withstand earthquakes of variable magnitude, if one should strike again. In the midst of reconstruction many of the Italian residents were relocated to various parts of Italy. Others were forced to emigrate to America. In 1909 the cargo ship Florida carried 850 such passengers away from Naples. Lost in a dense fog, the Florida collided with the Republic, a luxury passenger liner. Three people aboard the Florida were killed instantly. Within minutes, pandemonium broke out on the ship. The captain of the Florida, Angelo Ruspini, used extreme measures to regain control of the desperate passengers, including firing gunshots into the air. Eventually the survivors were rescued at sea and brought into the New York harbor where they would start a new life.

João Domingos Bomtempo nasceu há 236 anos

João Domingos Bomtempo (Lisboa, 28 de dezembro de 1775 – Lisboa, 18 de agosto de 1842) foi um pianista clássico, compositor e pedagogo português.
Era filho de Francesco Saverio Bomtempo, oboísta na Corte de Lisboa, e que veio a ser o seu primeiro professor de Música. Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto, com seu pai que viera para Portugal no tempo de D. José. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta e aos vinte anos tomou o lugar de seu pai, entretanto falecido, na Real Câmara.
Em 1801 o músico decide ir para França contrariando o costume dos músicos portugueses da época e pôs de lado uma eventual continuação dos seus estudos em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical onde conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e políticas, que se reuniam à volta do egrégio poeta Filinto Elísio. Com esta atitude comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista virtuoso inspirado por Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas primeiras composições. É dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal. Op. 1”, o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra, Op. 2, o Segundo Concerto para Piano, Op. 3, as Variações sobre o «Minueto Afandangado», Op. 4 e ainda, Elogio aos Faustíssimos Dias de S. S. D. Carlota Joaquina. Op. 5.
As primeiras obras de Bomtempo são muito apreciados pelos parisienses e prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte inspiração em Clementi. Quando em 1804 atinge uma fama realmente importante, aparece, entre outros lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.
Entretanto, em Portugal, as tropas de Napoleão sofriam pesadas derrotas infligidas pelo exército luso-inglês e a sua situação em França começou a tornar-se delicada, pelo que vai para Londres em 1810, ano em que a sua 1ª Sinfonia é alvo dos maiores elogios por parte da crítica parisiense. Na capital britânica é uma vez mais bem recebido pela comunidade portuguesa. Também algumas famílias da aristocracia inglesa lhes dão as boas vindas especialmente como professor de piano. É então que se começa a relacionar com alguns dos mais importantes músicos do seu tempo como Muzio Clementi e John Field e é professor da filha de Lady Hamilton.
O contacto com Clementi, a quem o ligavam laços de amizade desde Paris, torna-se mais frequente e é na editora do músico italiano que Bomtempo publicará a maior parte das suas obras. Publica Variações sobre um tema de Paesiello - Nel cor piú non mi sento. Op. 6, o Terceiro Concerto para Piano. Op. 7, o Capricho e Variações sobre o «God Save The King». Op. 8 e Três grandes sonatas para Piano. Op. 9 e muitas outras obras. Dado o perfil das pessoas com que se relaciona é provável que date desta época a sua iniciação na Maçonaria.
Em 13 de Maio de 1813, D. Domingos António de Sousa Coutinho, Conde do Funchal, diplomata, ao tempo embaixador de Portugal em Londres, realiza um grande festival com dois propósitos: o de celebrar o aniversário daquele que viria a ser o rei D. João VI e a expulsão do exército francês do território português em consequência da derrota de Massena. Influenciado pela euforia que se instalara após a vitória luso-britânica, João Domingos Bomtempo compõe uma cantata intitulada Hino Lusitano. Op. 10, sobre versos do poeta liberal Dr. Vicente Pedro Nolasco da Cunha. Neste festival apresentou-se perante uma audiência de personalidades que incluía a quase totalidade do Conselho de Ministros britânico. As obras compostas nesse período incluem a Primeira Grande Sinfonia. Op. 11, executada pela primeira vez em Londres em 1810, o Quarto Concerto para Piano. Op. 12, executado pelo autor em Hannover Square, Uma Sonata Fácil para Piano. Op. 13, Grande Fantasia para Piano. Op. 14, que dedica a um ilustre emigrado, liberal e seu particular amigo, Ferreira Pinto, Duas Sonatas e Uma Ária Popular com Variações para Piano. Op. 15 e um Quinteto para Piano. Op. 16.
Em 1815, após o congresso de Viena, regressou a Portugal no contexto de uma Europa pacificada. Nesta sequência compõe A Paz da Europa, Cantata. Op. 17, que teria uma edição em Portugal, em versão reduzida com o título O Anúncio da Paz. Preocupado com o desconhecimento da música instrumental portuguesa do período clássico, uma das ideias que trazia em mente era fundar em Portugal uma sociedade de concertos ao estilo da Philharmonic Society londrina, esta fundada em Londres em 1812. Pretendia deste modo preencher uma grave lacuna na cultura musical portuguesa.
Mas o ambiente que se vivia em Portugal, tornara-se ainda mais difícil do que aquele que deixara em 1801 devido à ingerência inglesa na política portuguesa, à ausência da Corte portuguesa no Brasil e o agravamento da repressão contra a Maçonaria Portuguesa e contra todos os que ousavam defender os princípios liberais do constitucionalismo. Deste modo decide regressar a Londres onde publica Três Sonatas para Piano e Violino. Op. 18 e, Elementos de Música e Método para Tocar Piano Forte. Op. 19 a sua principal obra pedagógica que dedicou à “nação portuguesa”. Além disso compôs ainda, Grande Sonata para Piano. Op. 20, Fantasia e Variações para Piano sobre a Ária de Mozart «Soyez Sensibles». Op. 21, Uma Ária da Ópera Alessandro in Efeso composta e arranjada para Piano. Op. 22, uma Valsa e uma Marcha.
Em 1816, passa por Paris e regressa a Lisboa aquando da morte de D. Maria I no Brasil. Em 1817 o General Gomes Freyre é enforcado no Forte de S. Julião da Barra e este ambiente de repressão leva-o a Paris, de novo em 1818, mas também aí, a crispação política não propicia às artes. De regresso a Portugal, dedica-se à composição da que é considerada a sua obra-prima, o Requiem. Op.23, (À memória de Camões), integrada no mesmo espírito de revivalismo que tinha originado a publicação em França da famosa edição de Os Lusíadas pelo morgado de Mateus (1817). Este requiem é talvez o mais importante composto entre o Requiem de Mozart (1791) e o de Berlioz (1837).
João Domingos Bomtempo volta a sair do país para, em 9 de Março de 1821, apenas alguns meses depois da Revolução de 1820, oferecer ao Soberano Congresso, uma nova missa de homenagem à regeneração política portuguesa. Esta missa foi cantada na Igreja de S. Domingos no dia 28 de Março, seguida de um Te Deum mas, realizada a homenagem à nação, Bomtempo pode então assumir o que não podia antes e, compõe uma nova Missa de Requiem, desta vez, à memória de Gomes Freyre de Andrade e aos supliciados de 1817. Agora, já o nome do prestigiado General e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa podia ser evocado, sem os riscos que essa atitude comportaria, alguns anos antes.
João Domingos Bomtempo alcançou a estima de D. João VI e dirigiu as exéquias fúnebres de D. Maria I quando os seus restos mortais chegaram a Lisboa. Conseguiu obter as condições que lhe permitiram fundar a ambicionada Sociedade Filarmónica, que iniciou a sua actividade em Agosto de 1822 com a realização de concertos periódicos. No entanto, a política interpõe-se uma vez mais no seu caminho, quando a reacção miguelista lhe proíbe a realização dos concertos então levados a palco na Rua Nova do Carmo e mesmo após a sua reabertura - no insuspeito palácio velho do duque de Cadaval, onde é hoje a estação do Rossio – pela influência de alguns fidalgos admiradores de Bomtempo, viu as suas portas serem definitivamente fechadas após os acontecimentos de 1828 (proclamação de D. Miguel - Guerras Liberais), altura em que o Absolutismo volta ao poder. Este foi um período difícil na vida do compositor português, onde até a sua integridade física esteve seriamente ameaçada. Acabou por ter de se refugiar no Consulado da Rússia em Portugal, mantendo-se aí durante cinco anos, até à chegada a Lisboa das forças liberais de D. Pedro.
Com o constitucionalismo, João Domingos Bomtempo pode retomar a sua actividade artística e é nomeado por D. Pedro IV, professor da rainha D. Maria II. Em 1835, compõe para celebrar o primeiro aniversário da morte de D. Pedro IV, uma Segunda Sinfonia e um Libera Me. Em 1836, é criado sob inspiração de Almeida Garrett, o Conservatório Geral de Arte Dramática, sendo entregue a Bomtempo a Direcção da sua Escola de Música, mantendo-se como chefe da Orquestra da Corte e onde acumulou também as funções de professor de piano. Aí pretendeu implantar um novo modelo de pedagogia musical contando para isso com o recurso aos métodos do seu amigo Muzio Clementi, sem dúvida um dos mais notáveis mestres do piano do seu tempo, na altura já falecido. Embora se dedique mais ao ensino continua a compor até 1842, data em que compõe e dirige uma missa festiva que seria executada na Igreja dos Caetanos por professores e alunos do Conservatório. Viria a morrer alguns dias depois, a 18 de Agosto de 1842, vítima de uma "apoplexia".
Alguns esforços têm sido feitos para divulgar a música de João Domingos Bomtempo, nomeadamente algumas gravações, mas a grande parte mantém-se desconhecida e inédita. As suas composições compreendem concertos, sonatas, fantasias e variações, compostas para piano-forte, desde sempre o seu instrumento preferido e do qual foi exímio intérprete. Conhecem-se também duas sinfonias, embora se admita a existência de mais cinco, que transmitem de um modo mais flagrante a sua personalidade musical e as suas influências invulgares para compositor ibérico da época, nomeadamente influências germânicas clássicas. São ainda de destacar alguns trabalhos corais-sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de Camões e outros e ainda alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso.
A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico). Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa.