quarta-feira, agosto 06, 2025

Poema (de aniversariante de hoje) adequado à estação estival...

 

(imagem daqui)

 

ENTARDECER NA PRAIA DA LUZ
  
Espreguiçados, os ramos
das palmeiras filtram
a luz que sobra
do dia. É já noite
nas folhas. O branco
das paredes recolhe
o sangue e o vinho
de buganvílias
e hibiscos. Bebe-os
de um trago: saberás
que, mais do que cegueira, a noite
é uma embriaguez perfeita. 
   

   
in
Castália e Outros Poemas (2001) - Albano Dias Martins

Saudades do violão de Baden Powell de Aquino...

Hiroshima foi bombardeada há oitenta anos...

A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da Little Boy e sobre Nagasaki, após o lançamento de Fat Man
    
Os bombardeamentos atómicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram dois bombardeamentos realizados pelos Estados Unidos contra o Império do Japão durante os final da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945. Foi o primeiro e único momento na história em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis.
Depois de uma campanha de bombardeamentos que destruiu várias cidades japonesas, os Aliados preparavam-se para uma invasão do Japão. A guerra na Europa terminou quando a Alemanha nazi assinou o acordo de rendição em 8 de maio de 1945, mas a Guerra do Pacífico continuou. Juntamente com Reino Unido e China, os Estados Unidos pediram a rendição incondicional das forças armadas japonesas na Declaração de Potsdam a 26 de julho de 1945, ameaçando uma "destruição rápida e total".
Em agosto de 1945, o Projeto Manhattan dos Aliados tinha testado com sucesso um artefacto atómico e produzido armas com base em dois projetos alternativos. O Grupo Composto 509º das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos foi equipado com aeronaves Boeing B-29 Superfortress que poderiam ficar em Tinian, nas Ilhas Marianas. A bomba atómica de urânio (Little Boy) foi lançada sobre Hiroshima a 6 de agosto de 1945, seguido por uma explosão de uma bomba nuclear de plutónio (Fat Man) sobre a cidade de Nagasaki a  9 de agosto. Dentro dos primeiros 2-4 meses após os ataques atómicos, os efeitos agudos das explosões mataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e 60 mil e 80 mil seres humanos em Nagasaki; cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia. Durante os meses seguintes, vários morreram por causa do efeito de queimaduras, envenenamento radioativo e outras lesões, que foram agravadas pelos efeitos da radiação. Em ambas as cidades, a maioria dos mortos eram civis, embora Hiroshima tivesse muitos militares.
A 15 de agosto, poucos dias depois do bombardeamento de Nagasaki e da declaração de guerra da União Soviética, o Japão anunciou a sua rendição aos Aliados. Em 2 de setembro, o governo japonês assinou o acordo de rendição, encerrando a Segunda Guerra Mundial. O papel dos bombardeamentos na rendição do Japão e a sua justificação ética ainda são pontos debatidos entre académicos e na sociedade.
   
A missão foi colocada em prática nos dias 6 e 9 de agosto (a meta inicial era 9 de agosto) - no mapa, as cidades de Hiroshima, Nagasaki e Kokura em destaque
   

Os Beatles lançaram o álbum Help! há sessenta anos...!

The Beatles, standing in a row and wearing blue jackets, with their arms positioned as if to spell out a word in flag semaphore – George, John, Paul and Ringo 

 

Studio album by
Released6 August 1965
Recorded15 February – 17 June 1965
StudioEMI, London
Genre
Length33:44
LabelParlophone
ProducerGeorge Martin
The Beatles chronology
Beatles for Sale
(1964)
Help!
(1965)
Rubber Soul
(1965)

The Beatles North American chronology
Beatles VI
(1965)
Help!
(1965)
Rubber Soul
(1965)
Singles from Help!
  1. "Ticket to Ride"
    Released: 9 April 1965
  2. "Help!"
    Released: 23 July 1965

Help! is the fifth studio album by the English rock band the Beatles and the soundtrack to their film of the same name. It was released on 6 August 1965. Seven of the fourteen songs, including the singles "Help!" and "Ticket to Ride", appeared in the film and take up the first side of the vinyl album. The second side includes "Yesterday", the most-covered song ever written. The album was met with favourable critical reviews and topped the Australian, German, UK and US charts.

During the recording sessions for the album, the Beatles continued to explore the studio's multitracking capabilities to layer their sound. "Yesterday" features a string quartet, the band's first use of Baroque sensibilities, and "You've Got to Hide Your Love Away" includes a flute section. The North American release is a true soundtrack album, combining the first seven songs with instrumental music from the film. The omitted tracks are instead spread across the Capitol Records LPs Beatles VI, Rubber Soul and Yesterday and Today.

In the US, Help! marked the start of artistic recognition for the Beatles from mainstream critics, including comparisons to the European art music tradition. It was nominated in the category of Album of the Year at the 1966 Grammys Awards, marking the first time that a rock band had been recognised in this category. In 2000, it was voted 119th in the third edition of Colin Larkin's book All Time Top 1000 Albums. In 2020, it was ranked 266th on Rolling Stone magazine's list of the "500 Greatest Albums of All Time". In September 2013, after the British Phonographic Industry changed its sales award rules, Help! was certified platinum for recorded sales since 1994. 
 
 

terça-feira, agosto 05, 2025

Saudades de Chavela...

 

Paloma Negra - Chavela Vargas


Ya me canso de llorar y no amanece
Ya no sé si maldecirte o por ti rezar
Tengo miedo de buscarte y de encontrarte
Donde me aseguran mis amigos que te vas

Hay momentos en que quisiera mejor rajarme
Y arrancarme ya los clavos de mi penar
Pero mis ojos se mueren sin mirar tus ojos
Y mi cariño con la aurora te vuelve a esperar

Ya agarraste por tu cuenta las parrandas
Paloma negra, paloma negra
¿Dónde?
¿Dónde andarás?

Ya no jueges con mi honra, parrandera
Si tus caricias deben ser mías, de nadie más
Y aunque te amo con locura, ya no vuelvas
Paloma negra, eres la reja de un penar

Quiero ser libre
Vivir mi vida con quien me quiera
Dios dame fuerza, me estoy muriendo
Por irla a buscar

Ya agarraste por tu cuenta las parrandas

O Abbé Pierre nasceu há 113 anos...

     
Henri Antoine Groués, mais conhecido como Abbé Pierre (Lyon, 5 de agosto de 1912 - Paris, 22 de janeiro de 2007) foi um sacerdote católico francês. Morreu com 94 anos.
Revoltado ao constatar que num país rico como a França morriam, devido ao frio, pessoas que dormiam na rua, o Abbé Pierre, que se iniciou na ordem franciscana e passou pela dos capuchinhos, falou em 1954 aos microfones da Rádio Luxemburgo (RTL), para lançar alertas no sentido de recolher apoio para salvar os mais pobres de uma morte certa.
O seu trabalho de assistência iniciou-se durante a Segunda Guerra Mundial, tendo-se dedicado a salvar pessoas perseguidas pelos nazis. Organizou mesmo um grupo de resistência armada no seio da Resistência Francesa, tendo sido preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia que fez escala na Suíça. Recebeu numerosas honrarias, distinções e condecorações militares pelo combate em prol da França.
Com a paz, voltou a Paris e foi eleito deputado na Assembleia Nacional Francesa, que abandonou, em 1951, como forma de protesto contra uma lei eleitoral que ele julgava injusta. A partir daí dedicou-se inteiramente ao Movimento Emaús, que está hoje presente em mais de quarenta países de todo o mundo.
     

Neil Armstrong nasceu há 95 anos...

  
Neil Alden Armstrong (Wapakoneta, 5 de agosto de 1930Cincinnati, 25 de agosto de 2012) foi um norte-americano engenheiro aeroespacial, aviador naval, piloto de teste, astronauta e professor que se tornou o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969. Armstrong estudou engenharia na Universidade Purdue; em 1949 tornou-se aspirante da Marinha dos Estados Unidos e, no ano seguinte, fez o curso de aviador naval. Lutou na Guerra da Coreia a partir do porta-aviões USS Essex e depois completou o seu bacharelado em engenharia; na sequência, trabalhou como piloto de testes na Estação de Voo de Alta-Velocidade da Base Aérea Edwards, voando em diversos aviões da Série Centenária e, por sete vezes, no North American X-15. Também participou de dois programas espaciais concebidos pela Força Aérea: Man in Space Soonest e X-20 Dyna-Soar.
  

E o mundo não se acabou - só para Carmen Miranda...

João Barone, percursionista n'Os Paralamas do Sucesso, nasceu há 63 anos

   
João Alberto Barone Reis e Silva (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1962) é um baterista brasileiro, membro do grupo Os Paralamas do Sucesso.

Considerado um dos melhores bateristas do Brasil, costumava ser referido por Herbert Viana como "as baquetas mais velozes da América Latina"'. João Barone não é um músico freelancer, mas foi convidado para gravar com artistas e grupos como Ultraje a Rigor, Marina Lima, Lenine, Rita Lee e Zizi Possi, entre outros.
   
 

Pat Smear - 66 anos


Georg Albert Ruthenberg (Los Angeles, August 5, 1959), better known by his stage name Pat Smear, is an American musician. He is best known for being the lead guitarist and co-founder of Los Angeles-based punk band The Germs and for being a rhythm guitarist for grunge band Nirvana, which he joined as a touring guitarist in 1993, and Foo Fighters, with whom he has recorded six studio albums. After Nirvana disbanded following the suicide of its frontman Kurt Cobain, drummer Dave Grohl went on to become the frontman of rock band Foo Fighters, with Smear joining on guitar. He left Foo Fighters in 1997, before rejoining as a touring guitarist in 2005, and has been a full-time member since 2010. 

 

in Wikipédia

 

Hoje é dia de ler Poesia...

Rui Lage ganha Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís | Livros | PÚBLICO

 

Moral da história

 



Deixamos passar o outono, o inverno,

a primavera, o verão,

e fazemos de conta que lhes sobrevivemos

como se tudo não passasse

de inofensiva e reversível

sucessão.



Passeamos de mãos dadas,

temos filhos e casamos,

pedimos a reforma,

partilhamos o gelado na praia

junto à rebentação,

apertamos o casaco na gola

quando as folhas se deitam,

pisamos papoilas em caminhos

de aldeias abandonadas,

olhamos a água no tanque

quando levamos o cão à rua

de madrugada,

e dizemos: é isto a vida, é isto

o real

(e assim nos enganamos)

como meninos

livres para brincar junto do poço

enquanto a mãe não está a olhar

ou fala ao telefone,

ou prepara o almoço.

 

 

Rui Lage 

Ana Luísa Amaral morreu há três anos...

Ana Luísa Amaral (Lisboa, 5 de abril de 1956Porto, 5 de agosto de 2022) foi uma poetisa portuguesa, tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto

 

in Wikipédia

 

Três de maio de 1808 em Madrid: os fuzilamentos na montanha do Príncipe Pío - Francisco de Goya

 


UM POUCO SÓ DE GOYA: CARTA A MINHA FILHA:


Lembras-te de dizer que a vida era uma fila?
Eras pequena e o cabelo mais claro,
mas os olhos iguais. Na metáfora dada
pela infância, perguntavas do espanto
da morte e do nascer, e de quem se seguia
e porque se seguia, ou da total ausência
de razão nessa cadeia em sonho de novelo.

Hoje, nesta noite tão quente rompendo-se
de junho, o teu cabelo claro mais escuro,
queria contar-te que a vida é também isso:
uma fila no espaço, uma fila no tempo,
e que o teu tempo ao meu se seguirá.

Num estilo que gostava, esse de um homem
que um dia lembrou Goya numa carta a seus
filhos, queria dizer-te que a vida é também
isto: uma espingarda às vezes carregada
(como dizia uma mulher sozinha, mas grande
de jardim). Mostrar-te leite-creme, deixar-te
testamentos, falar-te de tigelas — é sempre
olhar-te amor. Mas é também desordenar-te à
vida, entrincheirar-te, e a mim, em fila descontínua
de mentiras, em carinho de verso.

E o que queria dizer-te é dos nexos da vida,
de quem a habita para além do ar.
E que o respeito inteiro e infinito
não precisa de vir depois do amor.
Nem antes. Que as filas só são úteis
como formas de olhar, maneiras de ordenar

o nosso espanto, mas que é possível pontos
paralelos, espelhos e não janelas.
E que tudo está bem e é bom: fila ou
novelo, duas cabeças tais num corpo só,
ou um dragão sem fogo, ou unicórnio

ameaçando chamas muito vivas.
Como o cabelo claro que tinhas nessa altura
se transformou castanho, ainda claro,
e a metáfora feita pela infância
se revelou tão boa no poema. Se revela
tão útil para falar da vida, essa que,
sem tigelas, intactas ou partidas, continua
a ser boa, mesmo que em dissonância de novelo.


Não sei que te dirão num futuro mais perto,
se quem assim habita os espaços das vidas
tem olhos de gigante ou chifres monstruosos.
Porque te amo, queria-te um antídoto
igual a elixir, que te fizesse grande
de repente, voando, como fada, sobre a fila.
Mas por te amar, não posso fazer isso,
e nesta noite quente a rasgar junho,
quero dizer-te da fila e do novelo
e das formas de amar todas diversas,
mas feitas de pequenos sons de espanto,
se o justo e o humano aí se abraçam.

A vida, minha filha, pode ser
de metáfora outra: uma língua de fogo;
uma camisa branca da cor do pesadelo.
Mas também esse bolbo que me deste,
e que agora floriu, passado um ano.
Porque houve terra, alguma água leve,
e uma varanda a libertar-lhe os passos.


Ana Luísa Amaral 

Osvaldo Cruz nasceu há 153 anos

 
Foi pioneiro no estudo de doenças tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente.

(...)

Em 1909, quando Carlos Chagas descobriu o protozoário causador da tripanossomíase americana (popularmente conhecida como "doença de Chagas") batizou-o com o nome de Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz.
 

Não voltará...

O poeta Rui Lage celebra hoje cinquenta anos...!

 

Rui Carlos Morais Lage (Porto, 5 de agosto de 1975) é um escritor e político português. 

 

Biografia

Rui Lage foi deputado à Assembleia da República na XV Legislatura, em 2022, eleito pelo Partido Socialista no círculo eleitoral do Porto, com assento, enquanto membro efetivo, na Comissão de Assuntos Europeus e na Comissão de Ambiente e Energia. Foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS. Foi colunista do semanário Expresso e assina uma crónica quinzenal no Jornal de Notícias. Publicou, ao longo dos anos, diversos artigos de opinião no Público.

Entre 2014 e 2021 foi assessor parlamentar no Parlamento Europeu.

É membro da Assembleia Municipal do Porto, pelo PS, e fez parte do Conselho Municipal de Cultura do mesmo município. Entre 2001 e 2011, integrou a direção da Fundação Eugénio de Andrade. Em 2023, foi o programador convidado e o comissário da homenagem a Manuel António Pina na Feira do Livro do Porto.

Licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, obteve, nesta mesma instituição, uma especialização em Literatura Portuguesa e Brasileira, e, em 2010, o grau de Doutor em Literaturas e Culturas Românicas - Especialidade em Literatura Portuguesa, com a tese de doutoramento "A elegia portuguesa nos séculos XX e XXI: perda, luto e desengano".

Foi investigador académico, formador, docente do ensino artístico na ACE - Academia Contemporânea do Espetáculo / Teatro do Bolhão e lecionou as cadeiras de História Cultural do Teatro I e II, na licenciatura em Artes Dramáticas da Universidade Lusófona do Porto.

É autor de vários livros nos domínios da poesia, da ficção e do ensaio. O seu livro Estrada Nacional (2016) foi distinguido com o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016 e com o Prémio Ruy Belo 2018. O seu primeiro romance, O Invisível (Gradiva, 2018), foi distinguido com o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017 e com o Prémio Autores 2019, da SPA, na categoria de melhor livro de ficção narrativa, tendo sido traduzido para castelhano, em 2020, com a chancela de La Umbría y La Solana.

É autor de ficção infanto-juvenil e de trabalhos de dramaturgia para companhias como o Ensemble – Sociedade de Atores ("Três Irmãs", de Anton Tchékhov 2021, Teatro Nacional de São João) e Astro Fingido ("O Grito dos Pavões", 2011).

Com Jorge Reis-Sá, organizou e prefaciou a antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (Porto Editora, 2009), a mais extensa e abrangente alguma vez publicada em Portugal. Traduziu obras de Paul Auster, Pablo Neruda, Samuel Beckett e Carl Sagan.

Em 2019 foi o romancista convidado do “European First Novel Festival”, de Budapeste, Hungria.

Escreveram sobre a sua obra ensaístas e críticos literários tais como Pedro Mexia, António Guerreiro, Maria Alzira Seixo, José Mário Silva, Arnaldo Saraiva, Osvaldo Manuel Silvestre, Diogo Vaz Pinto, Rosa Maria Martelo e Carlos Fiolhais, entre vários outros. 

 

Obras

Poesia

  • Antigo e Primeiro. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2002.
  • Berçário. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2004.
  • Revólver. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2006.
  • Corvo. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2008.
  • Um Arraial Português, Lisboa, Ulisseia, 2011.
  • Rio Torto, Lisboa, Língua Morta, 2014.
  • Estrada Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2016.
  • Firmamento, Lisboa, Assírio & Alvim, 2022.

Ficção

  • O Invisível. Lisboa, Gradiva, 2018.

Ensaio

  • A meta física do corpo: sobre a poesia de Valter Hugo Mãe; seguido de uma antologia. Maia, Cosmorama, 2006.
  • A presença do mistério: introdução à poesia de Manuel António Pina (ensaio e antologia comentada). Porto, Exclamação, 2022.
Literatura infanto-juvenil
  • Tiago e os Primos Espantam os Morcegos. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal de Notícias, 2005.
  • Sermão de Santo António aos peixes. 1ª ed. (adaptação). Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal Sol, 2008; 2ª ed. 2018.

Organização de antologias

  • Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do séc. XIII ao séc. XXI. (Seleção, organização, introdução e notas). Com Jorge Reis-Sá; prefácio de Vasco Graça Moura. Porto, Porto Editora, 2009.

Outros

  • Portugal Possível. Textos de Rui Lage e fotografias de Álvaro Domingues e Duarte Belo. Lisboa, Museu da Paisagem, 2022.
 
Prémios
  • Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016.
  • Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017.
  • Prémio Ruy Belo 2018.
  • Prémio Autores da Sociedade Portuguesa de Autores, 2019 - categoria de melhor livro de ficção narrativa.
  • Prémio Literário António Gedeão 2024, Instituído pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) em parceria com a SABSEG - Corretor de Seguros. 

 

in Wikipédia

 


A CARTA NA MÃO
 

 

ao meu pai, Carlos

 



País perdido no regaço da palha

sob o peso da luz e do pão,

tenho-te escrito e aberto nas mãos,

tenho-te perto da vista e longe

cada vez mais do coração.



Sobre os joelhos o fruto seco da carta,

a nódoa de veneno deixada

pelos insectos, a invasão dos vermes,

as unhas imundas que feriram

a polpa, o caroço onde guardo

os sinos da manhã.



O pátio na carta aberta,

a casa remota, perdida

após montes e montes deitados

sobre o perfume das hortas,

o eco das minas bebendo em sossego

o pensamento, a lentidão dos animais

que perduram na curva dos caminhos.



Na carta aberta o cimo das escadas,

o céu tranquilo as mãos na cintura,

a súplica de pó no rosto que olha

pedindo a mão pequena

para a borda da saia,

o primeiro dia de escola

para o colo do regresso.

Mas se morrermos agora,

no pátio ou no deserto, quem dará conta

do país perdido?



Que me pede a carta nas mãos

cantando o país perdido?

Também aqui as cigarras cantam

mas estranhas aves amplificam

no tímpano sujo dos muros

o ar queimado da savana.



Que faço na terra do marfim?

Porque não há cravos

na pequena horta da prisão?





Rui Lage

Richard Burton morreu há quarenta e um anos...

    
Richard Burton (pseudónimo de Richard Walter Jenkins; Pontrhydfen, 10 de novembro de 1925 - Genebra, 5 de agosto de 1984) foi um ator britânico, nascido no País de Gales.
   
Foi o penúltimo dos doze filhos da família Jenkins. O seu pai era apaixonado por poesia. Ele não pensava em ser ator, mas sim em ser professor.
Estreou no teatro aos dezassete anos, pelas mãos do dramaturgo Emilyn Williams. O nome artístico Burton ele encontrou-o num professor que desde a adolescência o incentivou a seguir a carreira de ator. Ele formou-se em Oxford e serviu durante três anos na Real Força Aérea Britânica. .
Em Londres ficou conhecido por suas interpretações das obras de Shakespeare, principalmente Hamlet e Henrique IV. Rodou o seu primeiro filme em 1949, The Last Days of Dolwyn. O seu filme de maior sucesso nesse período foi Amargo triunfo, em 1957, dirigido por Nicholas Ray.
Alcançou o status de estrela internacional só nos anos 60, quando atuou ao lado da sua mulher, Elizabeth Taylor, em grandes produções, como Cleópatra, em 1963, Gente muito importante, em 1963, Quem tem medo de Virgínia Woolf, em 1966, e A fera amansada, em 1967.
Richard Burton e Elizabeth Taylor casaram-se e divorciaram-se duas vezes. O primeiro casamento foi em 1964 e terminou em divórcio em 1973. O segundo foi em 1975 e terminou um ano depois, isso tudo por causa do alcoolismo de Richard. No ano de 1975, Richard e Elizabeth adotaram uma menina alemã, a quem deram o nome de Maria Taylor Burton. Burton também é pai da atriz Kate Burton.
Devido aos escândalos na vida privada, a sua aparição conjunta no drama conjugal Quem tem medo de Virginia Woolf?, baseado numa obra de Edward Albee despertou grande expectativa na imprensa sensacionalista. Foi um filme que falava da vida conjugal de muitas disputas entre ele e a esposa. Eles mesmos protagonizaram o filme.
Após o segundo divórcio de Liz Taylor, casou-se com a modelo Susan Hunt. Bebedor inveterado, foi durante esse casamento que tentou parar de beber. Após seis anos, o casamento acabou e voltou a beber muito. Ainda se casaria com a assistente de produção da BBC, Sally Hay.
Fez mais de quarenta filmes e foi indicado para o Óscar de melhor ator sete vezes, embora nunca tenha sido premiado. Burton morreu de cirrose hepática, aos 58 anos, depois de um violento processo de autodestruição, que o levou a beber, durante muitos anos, uma garrafa de vodca todas as manhãs. Encontra-se sepultado no Cemitério Vieux, Céligny, Genebra na Suíça.
      

Chavela Vargas morreu há treze anos...

    
Isabel Vargas Lizano, conhecida como Chavela Vargas, (San Joaquín de Flores, Costa Rica, 17 de abril de 1919 - Cuernavaca, Morelos, México, 5 de agosto de 2012) foi uma cantora da tradição ranchera mexicana.
Mudou-se para o México aos 15 anos, em busca de paz e de uma carreira. O país acolheu-a e deu-lhe tudo que desejou. Iniciou a sua carreira aos 32 anos e teve grande evidência nos anos 50. Conhecida pela sua maneira chorosa e intensa de cantar, encantou o mundo com a sua voz incomparável. Foi amiga da pintora Frida Kahlo. Após uma carreira bem sucedida no género e a posterior decadência, por causa do consumo excessivo de álcool, foi redescoberta, em 1992, pelo cineasta Pedro Almodóvar, que resgatou o seu talento, agora com quase 80 anos, apresentando-a nos seus filmes. Publicou sua autobiografia em 2002 em livro intitulado Y si quieres saber de mi pasado.
Chavela Vargas faleceu no dia 5 de agosto de 2012 em Tepoztlán, lugar onde morava e no qual se inspirou para compor a canção Maria Tepozteca.
    
 

Roque Gameiro morreu há noventa anos...

Auto Retrato

 

Alfredo Roque Gameiro (Minde, 4 de abril de 1864 - Lisboa, 5 de agosto de 1935) foi um pintor e desenhador português, especializado na arte da aguarela

Estudou na Academia de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluno de Manuel Maria de Macedo, José Simões de Almeida e Enrique Casanova. Frequentou também a Escola de Artes e Ofícios de Leipzig, como bolseiro do Governo português, onde estudou litografia com Ludwig Nieper. De regresso a Portugal, em 1886, dirigiu a Companhia Nacional Editora e em 1894 foi nomeado professor na Escola Industrial do Príncipe Real. Com o seu nome existem três instituições em Portugal, duas delas na Amadora: a Escola Roque Gameiro (2º e 3º ciclo do Ensino Básico) e a "Casa Roque Gameiro" residência do artista e da família (atualmente espaço de exposições do município); a outra existe em Minde, sua terra natal: o Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro, que inclui o Museu de Aguarela Roque Gameiro. A maioria das suas obras encontra-se no acervo do Museu de Minde (obras pertencentes ao museu e obras de familiares e da Fundação Gulbenkian em depósito).

Tem colaboração artística em diversas publicações periódicas: em 1884 o seu nome surge no periódico Lisboa creche: jornal miniatura; seguem-se o jornal humorístico A Comédia Portuguesa, começado a editar em 1888, o semanário Branco e Negro (1896-1898) e as revistas Brasil-Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911), Atlântida (1915-1920) e Arte e Vida (1904-1906). Ilustrou, juntamente com Manuel de Macedo (1839-1915), a Grande edição ilustrada de Os Lusíadas, publicada em Lisboa, pela Empreza da História de Portugal, em 1900.

Casou em Lisboa, Sacramento, com Maria da Assunção de Carvalho Forte (Lisboa, Pena - ?), filha de Manuel Forte e de sua mulher Guilhermina de Carvalho, com descendência.

Roque Gameiro não deixou apenas uma vasta coleção de obras; deixou também uma família de artistas. Todos os seus cinco filhos foram importantes artistas, por direito próprio:


 

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Partida de Vasco da Gama para a Índia em 1497

 

Retrato de El-Rei Carlos I - Alfredo Roque Gameiro

 

Carmen Miranda morreu há setenta anos...

      
Maria do Carmo Miranda da Cunha (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909 - Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira. A sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Foi considerada pela revista Rolling Stone como a 15ª maior voz da música brasileira, sendo considerada um ícone e símbolo internacional do país no exterior.
O primeiro grande sucesso veio com Ta-hí, de Joubert de Carvalho lançada em 1930 e que foi record de vendas, ultrapassando a marca de 36 mil cópias, a música alcançou uma popularidade tão grande que, em menos de seis meses, Carmen Miranda já era a cantora mais famosa do Brasil. No ano seguinte, ela fez sua primeira turnê internacional, já como uma artista de renome, quando foi para a Argentina com os cantores Francisco Alves, Mário Reis e com o bandolinista Luperce Miranda. Ela retornou à Argentina mais oito vezes, entre os anos de 1933 e 1938. Carmen tornou-se a primeira artista de rádio a assinar contrato com uma emissora, quando na época todos recebiam somente cachês.
Em 1939, na comédia musical Banana da Terra, Carmen Miranda apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana, personagem que a lançou internacionalmente. O filme apresentava clássicos como O que é que a baiana tem, que lançou Dorival Caymmi no cinema. Quando estava em temporada no Cassino da Urca, foi contratada pelo o magnata do show business Lee Shubert, para ser uma das atrações do seu espetáculo The Streets of Paris, que estrearia na Broadway. Este foi o episódio que transformou a vida de quem mais tarde viria a ser conhecida como "The Brazilian Bombshell".
Em 1940, Carmen fez sua estreia no cinema dos Estados Unidos no filme Serenata Tropical, com Don Ameche e Betty Grable, suas roupas exóticas e sotaque latino tornou-se sua marca registada. No mesmo ano, foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos, e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca. Carmen Miranda é conhecida pelos penduricalhos ao pescoço e as frutas tropicais que lhe ornamentavam a cabeça.
Em junho de 1946, o Tesouro americano divulgou as suas coletas do ano fiscal de 1945, referentes aos ganhos dos contribuintes em 1944. Com os $201.458 dólares que lhe tinham sido pagos pela Fox “em salários, bónus e outras compensações”, Carmen Miranda era a mulher mais bem paga dos Estados Unidos - talvez no mundo - aquele ano. A sua fortuna foi estimada como algo equivalente a cerca de $2 milhões de dólares pelo Los Angeles Times.
Fez um total de catorze filmes em Hollywood entre 1940 e 1953, nove deles somente na 20th Century Fox. Embora aclamada como uma artista talentosa, a sua popularidade diminuiu até ao final da Segunda Guerra Mundial. O seu talento como cantora e performer, porém, muitas vezes foi ofuscado pelo caráter exótico das suas apresentações. Carmen tentou reconstruir a sua identidade e fugir do enquadramento que os seus produtores e a indústria tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços. De facto, por todos os estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, as  suas performances fizeram grandes avanços na popularização da música brasileira, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da consciência de toda a cultura Latina.
Carmen Miranda foi a primeira artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas mãos e pés no pátio do Grauman's Chinese Theatre, em 1941. Ela também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama. Carmen é considerada a precursora do tropicalismo no Brasil, movimento cultural da década de 60.
Em 20 anos de carreira deixou a sua voz registada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 gravações. Um museu foi construído mais tarde no Rio de Janeiro, em sua homenagem. Em 1995, ela foi tema do aclamado documentário Carmen Miranda: Bananas is my Business, dirigido por Helena Solberg, uma intersecção no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada Carmen Miranda Square, em setembro de 1998. Até hoje, nenhum artista brasileiro teve tanta projeção internacional como ela.
   
 

Porque hoje faz anos um Poeta...

Rui Lage (1975) – Correio do Porto

 

Vivem ali uns tantos cujo sangue 

 

Vivem ali uns tantos cujo sangue 

é morno 

mas esfria sem demora se vertido. Incubam as crias 

por longos meses. Dão-lhes um nome,

agasalho, teta. 

Desfilam, vestidos de petroquímica, encaroçados 

em cubos metálicos que rolam no crude 

fundido, deitado sobre a terra morta. 

 

Uns quantos, desvairados escalam pináculos,

cavalgam ondas colossais. 

Outros puxam alavancas, carregam em botões, 

colectam coisas, transportam sacas, 

enchem recipientes. 

 

Confinam. Formigam. Unem margens apartadas,

passadiços sobre o vazio. Percorrem túneis, tubos,

escavam buracos, tocas; queimam sem descanso a podridão antiga, 

milhões de anos acumulada tiram dela a flama

do movimento. 

 

Tiveram outrora uma alma, ínfimo desvio 

do azul 

para o vermelho. 

 

 

in Firmamento (2022) - Rui Lage