terça-feira, agosto 05, 2025

O poeta Rui Lage celebra hoje cinquenta anos...!

 

Rui Carlos Morais Lage (Porto, 5 de agosto de 1975) é um escritor e político português. 

 

Biografia

Rui Lage foi deputado à Assembleia da República na XV Legislatura, em 2022, eleito pelo Partido Socialista no círculo eleitoral do Porto, com assento, enquanto membro efetivo, na Comissão de Assuntos Europeus e na Comissão de Ambiente e Energia. Foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS. Foi colunista do semanário Expresso e assina uma crónica quinzenal no Jornal de Notícias. Publicou, ao longo dos anos, diversos artigos de opinião no Público.

Entre 2014 e 2021 foi assessor parlamentar no Parlamento Europeu.

É membro da Assembleia Municipal do Porto, pelo PS, e fez parte do Conselho Municipal de Cultura do mesmo município. Entre 2001 e 2011, integrou a direção da Fundação Eugénio de Andrade. Em 2023, foi o programador convidado e o comissário da homenagem a Manuel António Pina na Feira do Livro do Porto.

Licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, obteve, nesta mesma instituição, uma especialização em Literatura Portuguesa e Brasileira, e, em 2010, o grau de Doutor em Literaturas e Culturas Românicas - Especialidade em Literatura Portuguesa, com a tese de doutoramento "A elegia portuguesa nos séculos XX e XXI: perda, luto e desengano".

Foi investigador académico, formador, docente do ensino artístico na ACE - Academia Contemporânea do Espetáculo / Teatro do Bolhão e lecionou as cadeiras de História Cultural do Teatro I e II, na licenciatura em Artes Dramáticas da Universidade Lusófona do Porto.

É autor de vários livros nos domínios da poesia, da ficção e do ensaio. O seu livro Estrada Nacional (2016) foi distinguido com o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016 e com o Prémio Ruy Belo 2018. O seu primeiro romance, O Invisível (Gradiva, 2018), foi distinguido com o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017 e com o Prémio Autores 2019, da SPA, na categoria de melhor livro de ficção narrativa, tendo sido traduzido para castelhano, em 2020, com a chancela de La Umbría y La Solana.

É autor de ficção infanto-juvenil e de trabalhos de dramaturgia para companhias como o Ensemble – Sociedade de Atores ("Três Irmãs", de Anton Tchékhov 2021, Teatro Nacional de São João) e Astro Fingido ("O Grito dos Pavões", 2011).

Com Jorge Reis-Sá, organizou e prefaciou a antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (Porto Editora, 2009), a mais extensa e abrangente alguma vez publicada em Portugal. Traduziu obras de Paul Auster, Pablo Neruda, Samuel Beckett e Carl Sagan.

Em 2019 foi o romancista convidado do “European First Novel Festival”, de Budapeste, Hungria.

Escreveram sobre a sua obra ensaístas e críticos literários tais como Pedro Mexia, António Guerreiro, Maria Alzira Seixo, José Mário Silva, Arnaldo Saraiva, Osvaldo Manuel Silvestre, Diogo Vaz Pinto, Rosa Maria Martelo e Carlos Fiolhais, entre vários outros. 

 

Obras

Poesia

  • Antigo e Primeiro. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2002.
  • Berçário. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2004.
  • Revólver. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2006.
  • Corvo. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2008.
  • Um Arraial Português, Lisboa, Ulisseia, 2011.
  • Rio Torto, Lisboa, Língua Morta, 2014.
  • Estrada Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2016.
  • Firmamento, Lisboa, Assírio & Alvim, 2022.

Ficção

  • O Invisível. Lisboa, Gradiva, 2018.

Ensaio

  • A meta física do corpo: sobre a poesia de Valter Hugo Mãe; seguido de uma antologia. Maia, Cosmorama, 2006.
  • A presença do mistério: introdução à poesia de Manuel António Pina (ensaio e antologia comentada). Porto, Exclamação, 2022.
Literatura infanto-juvenil
  • Tiago e os Primos Espantam os Morcegos. Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal de Notícias, 2005.
  • Sermão de Santo António aos peixes. 1ª ed. (adaptação). Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições / Jornal Sol, 2008; 2ª ed. 2018.

Organização de antologias

  • Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do séc. XIII ao séc. XXI. (Seleção, organização, introdução e notas). Com Jorge Reis-Sá; prefácio de Vasco Graça Moura. Porto, Porto Editora, 2009.

Outros

  • Portugal Possível. Textos de Rui Lage e fotografias de Álvaro Domingues e Duarte Belo. Lisboa, Museu da Paisagem, 2022.
 
Prémios
  • Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016.
  • Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017.
  • Prémio Ruy Belo 2018.
  • Prémio Autores da Sociedade Portuguesa de Autores, 2019 - categoria de melhor livro de ficção narrativa.
  • Prémio Literário António Gedeão 2024, Instituído pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) em parceria com a SABSEG - Corretor de Seguros. 

 

in Wikipédia

 


A CARTA NA MÃO
 

 

ao meu pai, Carlos

 



País perdido no regaço da palha

sob o peso da luz e do pão,

tenho-te escrito e aberto nas mãos,

tenho-te perto da vista e longe

cada vez mais do coração.



Sobre os joelhos o fruto seco da carta,

a nódoa de veneno deixada

pelos insectos, a invasão dos vermes,

as unhas imundas que feriram

a polpa, o caroço onde guardo

os sinos da manhã.



O pátio na carta aberta,

a casa remota, perdida

após montes e montes deitados

sobre o perfume das hortas,

o eco das minas bebendo em sossego

o pensamento, a lentidão dos animais

que perduram na curva dos caminhos.



Na carta aberta o cimo das escadas,

o céu tranquilo as mãos na cintura,

a súplica de pó no rosto que olha

pedindo a mão pequena

para a borda da saia,

o primeiro dia de escola

para o colo do regresso.

Mas se morrermos agora,

no pátio ou no deserto, quem dará conta

do país perdido?



Que me pede a carta nas mãos

cantando o país perdido?

Também aqui as cigarras cantam

mas estranhas aves amplificam

no tímpano sujo dos muros

o ar queimado da savana.



Que faço na terra do marfim?

Porque não há cravos

na pequena horta da prisão?





Rui Lage

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