quinta-feira, maio 02, 2024

Leonardo da Vinci morreu há 505 anos...

Provável autorretrato de Leonardo da Vinci, circa 1512 - 1515
   
Leonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci (Anchiano, 15 de abril de 1452 - Amboise, 2 de maio de 1519), foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [parece-nos] misterioso e distante.
Nascido como filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina, em Vinci, na região da Florença, foi educado no ateliê do pintor florentino de renome, Verrocchio. Passou a maior parte do início de sua vida profissional a serviço de Ludovico Sforza (Ludovico il Moro), em Milão; trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou os seus últimos dias na França, numa casa que lhe foi dada pelo rei Francisco I.
Leonardo era, como até hoje, conhecido principalmente como pintor. Duas de suas obras, a Mona Lisa e A Última Ceia, estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos, e a sua fama apenas se comparar à Criação de Adão, de Miguel Ângelo. O desenho do Homem Vitruviano, feito por Leonardo, também é tido como um ícone cultural, e foi reproduzido por todo o lado, desde em moedas de euro até t-shirts. Cerca de quinze das suas pinturas sobreviveram até aos dias de hoje; o número pequeno se deve às suas experiências constantes - e frequentemente desastrosas - com novas técnicas, além de sua procrastinação crónica. Ainda assim, estas poucas obras, juntamente com seus cadernos de anotações - que contêm desenhos, diagramas científicos, e seus pensamentos sobre a natureza da pintura - formam uma contribuição às futuras gerações de artistas que só pode ser rivalizada à de seu contemporâneo, Miguel Ângelo.
Leonardo é reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica; concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectónicas. Um número relativamente pequeno de seus projetos chegou a ser construído durante sua vida (muitos nem mesmo eram factíveis), mas algumas de suas invenções menores, como uma bobina automática, e um aparelho que testa a resistência à tração de um fio, entraram sem crédito algum para o mundo da indústria. Como cientista, foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da óptica e da hidrodinâmica.
Leonardo da Vinci é considerado por vários o maior génio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, a sua engenhosidade e criatividade, além das suas obras polémicas. Num estudo realizado em 1926 o seu QI foi grosseiramente estimado em cerca de 180.
 
 
O homem vitruviano, segundo a interpretação de Leonardo da Vinci
      
           
in Wikipédia

Música adequada à data...

Os madrilenos revoltaram-se contra as tropas de um ditador ocupante há 216 anos...!

 El dos de mayo de 1808 en Madrid, também chamado La carga de los mamelucos en la Puerta del Sol ou La lucha con los mamelucos - Goya
          
O Levantamento de 2 de maio, ocorrido em 1808, é o nome pelo qual se conhecem os factos violentos acontecidos em Madrid (Espanha) naquele dia, surgidos pelo protesto popular frente à situação de incerteza política gerada após o Motim de Aranjuez. Reprimido o protesto contra as forças napoleónicas presentes na cidade, estendeu-se por toda a Espanha uma onda de indignação e apelos públicos à insurreição armada, que terminariam na Guerra de Independência Espanhola.

História
Antecedentes
Após a assinatura do Tratado de Fontainebleau a 27 de outubro de 1807 e a conseguinte entrada na Espanha das tropas aliadas francesas de caminho para Portugal, e os acontecimentos do Motim de Aranjuez a 17 de março de 1808, Madrid foi ocupada pelas tropas do general Murat a 23 de março. Ao dia seguinte, ocorreu a entrada triunfal na cidade de Fernando VII e do seu pai, Carlos IV, que acabava de ser forçado a abdicar em favor do primeiro. Ambos foram obrigados a acudir, para se reunir com Napoleão, a Baiona, onde aconteceria o fato histórico conhecido como as Abdicaçoes de Baiona, que deixarão o trono da Espanha nas mãos do irmão do imperador, José Bonaparte.
Enquanto isso, em Madrid foi constituída uma Junta de Governo como representação do rei Fernando VII. Contudo, o poder efetivo ficou nas mãos de Murat, o qual reduziu a Junta a um mero títere, simples espectador dos acontecimentos. A 27 de abril Murat solicitou, supostamente em nome de Carlos IV, a autorização para o translado a Baiona dos dois filhos deste que ficavam na cidade, Maria Luísa, rainha de Etrúria, e o infante Francisco de Paula. Se bem que a Junta recusou a princípio, após uma reunião na noite de 1 a 2 de maio, e perante as instruções de Fernando VII chegadas através de um emissário desde Bayona, finalmente cedeu.
  
Levantamento - "Que o levam!"
A 2 de maio de 1808, no início da manhã, a multidão começou a concentrar-se frente do Palácio Real. A multidão viu como os soldados franceses tiravam do palácio o infante Francisco de Paula, pelo qual, ao grito de José Blas de Molina "Que o levam!", o povo tentou assaltar o palácio. O infante assomou-se a uma varanda, provocando que aumentasse o bulício na praça. Este tumulto foi aproveitado por Murat, que mandou depressa uns Guardas Imperiais ao palácio, acompanhados por artilharia, que disparou contra da multidão. Ao desejo do povo de impedir a saída do infante, uniu-se o de vingar os mortos e o de se desfazer dos franceses. Com estes sentimentos, a luta estendeu-se por Madrid.
  
A luta nas ruas
Os madrilenhos começaram assim um levantamento popular espontâneo, mas em gestação desde a entrada no país das tropas francesas, improvisando soluções para as necessidades da luta das ruas. Constituíram-se assim partidas de bairro comandadas por chefes espontâneos; procurou-se o aprovisionamento de armas, pois a princípio as únicas de que dispuseram foram navalhas; compreendeu-se a necessidade de impedir a entrada na cidade de novas tropas francesas.
Tudo isto não foi suficiente e Murat pôde pôr em prática uma tática tão simples quanto eficaz. Quando os madrilenhos quiseram tomar as portas da cerca da cidade para impedir a chegada das forças francesas acantonadas nas suas cercanias, o grosso das tropas de Murat (cerca de 30 000 homens) já penetrara, fazendo um movimento concêntrico para se dirigir para o centro. Porém, as pessoas continuaram lutando durante toda a jornada utilizando qualquer objeto susceptível de ser utilizado coma arma... Assim, os esfaqueamentos, degolamentos e detenções sucederam-se numa jornada sangrenta. Mamelucos e lanceiros napoleónicos extremaram a sua crueldade contra a população e várias centenas de madrilenos, homens e mulheres, bem como soldados franceses, faleceram na refrega. Francisco de Goya refletiria anos depois estas lutas, na sua famosa pintura A Carga dos Mamelucos.
Embora a resistência ao avanço francês fosse muito mais eficaz do que Murat tinha previsto, especialmente na Puerta de Toledo, na Puerta del Sol e no Parque de Artilharia de Monteleón, a sua operação de cerco permitiu submeter Madrid sob a jurisdição militar e pôr sob as suas ordens a Junta de Governo. Pouco a pouco, os focos de resistência popular foram caindo.

Defensa del Parque de Artillería de Monteleón, en Madrid, por las tropas al mando de Luís Daoiz y Pedro Velarde, el 2 de mayo de 1808 - Joaquín Sorolla
        
Os Heróis - Daoiz e Velarde
Enquanto se desenvolvia a luta, os militares espanhóis permaneceram, seguindo ordens do capitão-general Francisco Javier Negrete, aquartelados e passivos. Somente os artilheiros do parque de Artilharia situado no Palácio de Monteleón desobedeceram as ordens e uniram-se à insurreição. Os heróis de maior graduação foram os capitães Luis Daoíz, que assumiu o comando dos insurretos por ser o mais veterano, e Pedro Velarde. Com os seus homens encerraram-se no Parque de Artilharia de Monteleón e, após repelir uma primeira ofensiva francesa no comando do general Lefranc, faleceram lutando heroicamente contra os reforços enviados por Murat.
Dois de maio não foi a rebelião do estado espanhol contra os franceses, mas a das classes populares de Madrid contra o ocupante tolerado (por indiferença, medo ou interesse) por grande quantidade de membros da Administração. De facto, a entrada das tropas francesas fora legal, no âmbito do Tratado de Fontainebleau, cujos limites porém rapidamente foram ultrapassados, excedendo o permitido e ocupando praças que não estavam no caminho para Portugal, o seu suposto objetivo. A Carga dos Mamelucos antes citada, apresenta as principais características da luta: profissionais perfeitamente equipados (os mamelucos) frente de uma multitude praticamente desarmada; presença ativa no combate de mulheres, algumas das quais perderam até mesmo a vida (Manuela Malasaña ou Clara del Rey).
  
Três de maio de 1808 em Madrid: os fuzilamentos na montanha do Príncipe Pío, de Francisco de Goya. - Museu do Prado
 
A repressão
A repressão foi cruel. Murat, não conforme com aplacar o levantamento, concebeu três objetivos: controlar a administração e o exército espanhol, aplicar um rigoroso castigo aos rebeldes para prevenir novas rebeliões dos espanhóis e afirmar que era ele quem governava Espanha. Na tarde de 2 de maio assinou um decreto que criou uma comissão militar, presidida pelo general Grouchy, para sentenciar à morte todos quantos fossem colhidos com as armas na mão ("Serão arcabuzeados todos quantos durante a rebelião fossem presos com armas").
O Conselho de Castela publicou uma proclama na que foi declarada ilícita qualquer reunião em sítios públicos e foi ordenada a entrega de todas as armas, brancas ou de fogo. Militares espanhóis colaboraram com Grouchy na comissão militar. Nestes primeiros momentos, as classes endinheiradas pareceram preferir o triunfo das armas de Murat do que o dos patriotas, compostos unicamente das classes populares.
No salão do Prado e nos campos de La Moncloa centenas de espanhóis foram fuzilados. Cerca de mil espanhóis perderam a vida no levantamento e nos fuzilamentos sub-seguintes.
     

O Barão Vermelho nasceu há 142 anos

    
Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen (Breslau, 2 de maio de 1892Vaux-sur-Somme, 21 de abril de 1918) foi um piloto de caça alemão da Primeira Guerra Mundial que é considerado ainda hoje como o "ás dos ases". Servindo no braço aéreo do Exército Imperial Alemão (Luftstreitkräfte), foi um líder militar, e como piloto tornou-se um ás da aviação, obtendo o maior número de vitórias (oitenta) de um único piloto durante a Primeira Guerra.
Originalmente servindo na cavalaria, ele transferiu-se para o serviço aéreo em 1915, tornando-se um dos primeiros membros do esquadrão Jasta 2 em 1916. Obteve rápido sucesso na carreira de piloto de caça, e, em 1917, tornou-se líder do Jasta 11, e mais tarde de toda uma unidade de caça, a Jagdgeschwader 1. Em 1918 já era herói nacional da Alemanha e era bastante conhecido pelos adversários.
Richthofen foi abatido e morto perto de Amiens, em 21 de abril de 1918. A sua morte foi creditada ao artilheiro australiano Cedric Popkin, apesar da RAF atribuir esse crédito ao piloto canadiano Arthur Roy Brown.
  
Brasão da família von Richthofen
 
   
Réplica do triplano Fokker Dr.I de Manfred von Richthofen
     

Francisco Salgado Zenha nasceu há cento e um anos...


Francisco de Almeida Salgado Zenha
(Braga, São José de São Lázaro, 2 de maio de 1923 - Lisboa, 1 de novembro de 1993) foi um advogado e político português

 

Infância e juventude

Natural de Braga, era filho do médico Henrique de Araújo Salgado Zenha (25 de maio de 1887 - 12 de agosto de 1957) e de Maria Ernestina de Mesquita de Almeida e Silva (1 de agosto de 1893 - 25 de julho de 1974) e simultaneamente sobrinho-neto e sobrinho-bisneto do 1.º Barão de Salgado Zenha.

Após a conclusão dos estudos liceais, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde viria a licenciar-se em Direito

 

Entrada na política e no Partido Comunista Português

Aderindo ao Partido Comunista Português no início da década de 1940, foi o primeiro aluno eleito presidente da Direção da Associação Académica de Coimbra, em 1944. Seria demitido no cargo no ano seguinte, pelo facto da Associação declinar, em Assembleia Magna, o convite do reitor para o acompanhar numa visita a Salazar, com o fim de lhe agradecer a neutralidade durante a guerra.

Em finais de 1945, passa a ser responsável pela organização da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas em Coimbra. Nessa qualidade estará entre os fundadores do Movimento de Unidade Democrática Juvenil, integrando a sua Comissão Central. Preso pela primeira vez em 1947, será uma das muitas vezes que visitará os calabouços da PIDE. Neste período conhece Mário Soares, iniciando uma relação de amizade que irá ser reforçada pela participação de ambos na candidatura presidencial de Norton de Matos, em 1949.

Também no final da década de 40 inicia a sua vida profissional como advogado, realizando o estágio no escritório de Adelino da Palma Carlos. A par da carreira política e profissional, colabora na revista Vértice

 

Luta pelo Socialismo

Depois de abandonar o Partido Comunista Português, adere à Resistência Republicana e Socialista, em 1955, dois anos depois de obter a liberdade condicional. Participa na candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República, em 1959. Esteve entre os subscritores do Programa para a Democratização da República, em 1961. No mesmo ano voltaria a ser detido pela PIDE. Torna-se colaborador de O Tempo e o Modo, em 1964. É candidato à Assembleia Nacional, pela Oposição Democrática socialista/não-comunista, em 1965 e 1969.

Até ao 25 de Abril Salgado Zenha fez parte do grupo restrito de advogados que se destacou na defesa de presos políticos e participantes em atividades subversivas. Ganhou notoriedade na defesa de António de Sommer Champalimaud, no âmbito do Caso Herança Sommer, em 1973, garantindo a absolvição deste.

Ainda em 1964 participa na fundação da Ação Socialista Portuguesa, que iria resultar na criação do Partido Socialista, em 1973, e do qual seria, ainda que contrariado, membro fundador. Não estando presente em Bad Münstereifel, foi um dos sete elementos da Ação Socialista que entregou o seu voto contra a transformação da Associação em partido a Maria Barroso, que o representou. 

 

Após o 25 de Abril de 1974

No pós-25 de Abril converte-se num das figuras de proa no processo de democratização. Foi ministro da Justiça nos I, II, III e IV Governos Provisórios, e ministro das Finanças no VI Governo Provisório. Foi negociador na revisão da Concordata com a Santa Sé, que veio permitir o divórcio em Portugal, em 1975. Foi também um dos fortes opositores à unicidade sindical, que pretendia a criação de uma única central sindical.

Em 1976 o PS ganha as eleições, ocupando Salgado Zenha o lugar de líder da bancada parlamentar na Assembleia da República. Na altura Mário Soares terá alegado que não o levara para o governo de que era primeiro-ministro, porque Zenha era a «consciência moral» do partido.

Por volta de 1980 entra em rutura com Mário Soares, na sequência da polémica em torno do apoio ou não à candidatura de Ramalho Eanes a Presidente da República. Quando o PS decide manter o apoio, em linha com a opinião de Salgado Zenha, Mário Soares demite-se da liderança do partido, só regressando em 1981. Neste período Zenha manter-se-á como líder parlamentar, mas seria afastado devido a um processo disciplinar, movido por Soares, por causa do apoio de Salgado Zenha a Ramalho Eanes nas presidenciais de 1980. Como resultado foi expulso do Partido Socialista.

Agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade a 1 de outubro de 1985, todavia recusou na altura.

Em 1986, anuncia a sua candidatura a Presidente da República, afastando-se definitivamente do PS e selando a rutura com seu adversário Mário Soares. Salgado Zenha, garantindo o apoio do PCP e do PRD, conseguiu 20% dos votos, não passando à segunda volta. Afasta-se então da intervenção política, publicando as principais ideias da sua campanha no livro As Reformas Necessárias, de 1988.

Apesar de ter sido sugerido várias vezes ao longo dos anos para ser condecorado com a Ordem da Liberdade, só com a persuasão de António Guterres, amigo de longa data, aceitaria. Seria condecorado a 10 de junho de 1990 com o grau de Grã-Cruz. Seria também António Guterres, então líder do PS, que o convidaria a reingressar no partido, mas Salgado Zenha manter-se-á como independente.

Morreu em 1 de novembro de 1993 em Lisboa, após doença prolongada. A viúva, Maria Irene de Miranda da Cunha da Silva Araújo (31 de maio de 1919 - 9 de janeiro de 2014), filha de José Joaquim Marques da Silva Araújo (Braga, Pousada, 9 de maio de 1879 - ?) e de sua mulher (16 de dezembro de 1916) Julieta de Miranda da Cunha (Lisboa, Conceição Nova - ?), de quem não tivera descendência, criou a Fundação Salgado Zenha, que atribui um prémio e bolsas de estudo anuais na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo sido agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito a 3 de maio de 2004.

Em 2014, foi erigida em Braga uma escultura, denominada "Silo da Memória" em homenagem ao político bracarense.

A Câmara Municipal de Lisboa prestou-lhe a sua homenagem ao atribuir o seu nome a uma avenida de Lisboa, situada na freguesia de Marvila.

   

  

O Maio de 68 começou há 56 anos

   
Les événements de mai-juin 1968, ou plus brièvement Mai 68, désignent une période durant laquelle se déroulent, en France, des manifestations étudiantes, ainsi que des grèves générales et sauvages.
Ces événements, enclenchés par une révolte de la jeunesse étudiante parisienne, puis gagnant le monde ouvrier et la plupart des catégories de population sur l'ensemble du territoire, constituent le plus important mouvement social de l'histoire de France du XXe siècle.
Il est caractérisé par une vaste révolte spontanée antiautoritaire (« ici et maintenant »), de nature à la fois culturelle, sociale et politique, dirigée contre le capitalisme, le consumérisme, l'impérialisme américain et, plus immédiatement, contre le pouvoir gaulliste en place.
Les événements de mai-juin provoquent la mort d'au moins sept personnes et des centaines de blessés graves dans les affrontements, aussi bien du côté des manifestants que des forces de l'ordre.
Avec le recul des années, les événements de mai-juin 1968 apparaissent comme une rupture fondamentale dans l'histoire de la société française, matérialisant une remise en cause des institutions traditionnelles.
   
  
 
 
Following months of conflicts between students and authorities at the University of Paris at Nanterre, the administration shut down that university on 2 May 1968. Students at the Sorbonne University in Paris met on 3 May to protest against the closure and the threatened expulsion of several students at Nanterre.

A Rainha D.ª Leonor nasceu há 566 anos

  
Leonor de Avis, Leonor de Portugal, Leonor de Lencastre ou Infanta Leonor, e, mais recentemente, no estrangeiro, "Leonor de Viseu", do nome do título secundário do seu pai, o infante Fernando de Portugal, Duque de Viseu (Beja, 2 de maio de 1458 - Paço de Xabregas, Lisboa, 17 de novembro de 1525), foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, e Rainha de Portugal a partir de 1481, pelo casamento com o seu primo João II de Portugal, o Príncipe Perfeito. Pela sua vida exemplar, pela prática constante da misericórdia, e mais virtudes cristãs, alcançou de alguns historiadores o epíteto de "Princesa Perfeitíssima", inspirado no cognome do Rei seu marido, a cuja altura sempre se soube manter para o juízo da história.
A rainha D.ª Leonor de Avis é também a terceira e última rainha consorte de Portugal nascida em Portugal, tendo a primeira sido Leonor Teles e a segunda a sua tia, e sogra, Isabel de Avis, mulher de Afonso V. Com o seu casamento acaba o Século de Oiro Português, caracterizado por casamentos endogâmicos continuados entre os descendentes da Ínclita Geração, entre a prole de João I e da sua rainha Filipa de Lancastre. Leonor foi sem dúvida uma das mais notáveis soberanas portuguesas de todos os tempos, pela sua vida, importância, influência, obra, e legado aos vindouros.
Foi também a primeira dos ocupantes do trono português com sangue Bragança, pela sua avó materna, a infante Isabel de Barcelos, filha do 1º duque de Bragança - logo se lhe seguindo seu irmão Manuel I, como primeiro rei reinante, e seu sobrinho Jaime I, Duque de Bragança, como primeiro Bragança herdeiro jurado do trono, na permanente relação entre a Casa Real, de origem ilegítima, e o seu ramo Bragança, igualmente ilegítimo, sempre casando entre si.
   
(...)
   
Leonor reinou no apogeu da fortuna da expansão portuguesa, quando Lisboa se transformara na capital europeia do comércio de riquezas exóticas: e foi por isso mesmo no seu tempo a mais rica princesa da Europa, conforme demonstra uma obra recente a respeito da administração da sua grande casa.
Essa grande fortuna, que cresceu exponencialmente com a chegada à Índia e com o comércio ultramarino, visto seu pai ter sido filho adotivo e herdeiro universal do Infante D. Henrique, o Navegador, e das grandes mercês que recebeu do rei seu marido e do rei seu irmão, empregou-a depois de viúva na prática da caridade constante, da devoção verdadeira, no patrocínio de obras religiosas, e sobretudo na assistência social aos pobres: assim, encorajou, fomentou e financiou o projeto de Frei Miguel Contreiras de estabelecimento de Misericórdias gerida por irmandades em todo o reino, notável iniciativa precursora em toda a Europa. A rede de Misericórdias portuguesa chegou até aos nossos dias, sempre ativa no papel social e caritativo a que a Rainha a destinou.

Armas da Rainha D. Leonor de Avis, enquanto casada 
 
 

Brasão das Caldas da Rainha, cidade fundada pela "Princesa Perfeitíssima", baseado nas armas da soberana
    

 

NOTA: volta, Rainha Leonor, que há uma malta que achava que a Santa Casa que fundaste em Lisboa era uma coutada para um partido e quase conseguiram acabar com ela...

Lily Allen comemora hoje 39 anos

   
Lily Rose Beatrice Cooper (Hammersmith, Londres, 2 de maio de 1985) mais conhecida como Lily Allen, é uma cantora, compositora e apresentadora britânica. Em 2011, ela lançou sua própria gravadora. Em 2013, Allen afirmou que estava trabalhando em seu terceiro álbum de estúdio, que mais tarde foi intitulado Sheezus. Em 12 de novembro de 2013, Allen lançou o vídeo musical da primeira canção original desde 2009, "Hard out Here", na qual foi lançada como single cinco dias depois. É irmã do ator Alfie Allen.
  
  

 


Armando Bogus morreu há trinta e um anos...

      
Armando Bogus (São Paulo, 19 de abril de 1930 - São Paulo, 2 de maio de 1993) foi um ator brasileiro.
   
Biografia
Armando Bógus estreou-se como ator em 1955, com a peça Moral em Concordata, que se transformou no seu primeiro filme em 1959. Na televisão começou na TV Excelsior e, no teatro, destaca-se a sua parceria com o diretor Ademar Guerra, participando em peças como Marat/Sade (1967) e na primeira montagem de Hair no Brasil, em 1969. Fundou, com Antunes filho e Felipe Carone o Pequeno Teatro de Comédia, o PTC, enquanto encenava peças brasileiras. Na televisão, Armando Bógus viveu personagens marcantes da teledramaturgia brasileira e foi um dos atores da primeira versão de Vila Sésamo, primeiro na TV Cultura e depois na Rede Globo, em 1972, ao lado de Sônia Braga, Laerte Morrone e Aracy Balabanian.
Nas novelas, os seus personagens mais marcantes foram: o comerciante Nacib em Gabriela (1975); o austero Estêvão em O Casarão (1976); o médico Daniel em Ciranda de Pedra (1981); Licurgo Cambará na minissérie O Tempo e o Vento (1985); o avarento Zé das Medalhas em Roque Santeiro (1985); o esperto Modesto Pires em Tieta (1989) e o vilão Cândido Alegria, personagem que construiu se inspirando no Fradinho, do Henfil, e no padrão clássico do político mineiro, em Pedra Sobre Pedra (1992), a sua última telenovela.
Foi casado duas vezes, a primeira com a atriz Irina Grecco, com quem teve um filho.
Armando Bógus estudou no Colégio Marista Arquidiocesano. Na década de 50, foi expulso de dois colégios de São Paulo por militar em grupos de esquerda. Era primo do jornalista Luís Nassif.
Faleceu devido a uma leucemia, tendo ficado internado por dois meses no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, submetendo-se a uma quimioterapia.

A pintura O Grito de Edvard Munch foi vendido por preço recorde há doze anos

      
O Grito (em norueguês Skrik) é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch, a mais célebre das quais datada de 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci.
  
(...)
  
Munch acabou por pintar quatro versões de O Grito, para substituir as cópias que ia vendendo. O original de 1893 (91 x 73,5 cm), numa técnica de óleo e pastel sobre cartão, encontra-se exposto na Galeria Nacional de Oslo. A segunda (83,5 x 66 cm), em têmpera sobre cartão, foi exibida no Museu Munch de Oslo até ao seu roubo em 2004. A terceira pertence ao mesmo museu e a quarta era propriedade de um particular, até ser arrematada num leilão da Sotheby's, em maio de 2012. Para responder ao interesse do público, Munch realizou também uma litografia (1900) que permitiu a impressão do quadro em revistas e jornais.
 
(...) 
  
Munch pintou ao longo de décadas quatro versões de "O Grito". Três delas estão em museus na Noruega, enquanto a quarta estava nas mãos de Petter Olsen, um empresário norueguês cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido inúmeros quadros ao artista.
Nesta versão, de 1895, as cores são mais fortes do que nas outras três versões e é a única em que a moldura foi pintada pelo artista com o poema que descreve uma caminhada ao por do sol que inspirou a pintura. Outra particularidade única desta versão é que uma das figuras que está em segundo plano olha para baixo, para a cidade.
Em 2 de maio de 2012 foi vendido, pelo preço recorde de 119,9 milhões de dólares (cerca de 91 milhões de euros), tornando-se a obra mais cara de sempre em leilão, superando o quadro até então recordista, de Pablo Picasso, Nu, Folhas e Busto, que em maio de 2010, foi leiloado por 106,5 milhões de dólares (81 milhões de euros). A obra foi comprada pelo empresário norte americano Leon Black.
  

Jeff Hanneman, guitarrista dos Slayer, morreu há onze anos...

     
Jeffrey John Hanneman (Oakland, Califórnia, 31 de janeiro de 1964 - Los Angeles, California, 2 de maio de 2013), foi um músico norte-americano. Ele foi um dos guitarristas da banda de thrash metal, Slayer. Quando conheceu o também guitarrista Kerry King, criaram os Slayer.

Equipamento
Durante uma turnê, Hanneman levou seis guitarras, devido a diferentes afinações que eram requeridas. Nos primeiros álbuns como "Haunting the Chapel" - "Divine Intervention", usava afinação em Mi bemol, enquanto nos álbuns posteriores, tais como "Diabolus in Musica" - Christ Illusion, usava afinações alternativas. O primeiro álbum, Show No Mercy, foi gravado usando afinação comum, enquanto que nas performances ao vivo das canções respetivas eram tocadas em Mi bemol, desde cerca de 1984. Guitarras extras eram sempre levadas, para o caso das originais sofrerem algum dano. 
   
Doença e morte

No início de 2011, Hanneman contraiu uma fasciite necrosante, após ser picado por uma aranha. A doença, que é uma rara infeção no tecido subcutâneo, quase o levou à morte e fez com que perdesse parte do músculo do braço. Desde então afastou-se de alguns shows da banda para que pudesse recuperar. Em 2012, o colega de banda Tom Araya tinha anunciado a sua recuperação da doença, porém depois, em fevereiro de 2013, Hanneman demonstrou problemas de saúde contínuos, que o impediam de trabalhar nos Slayer. Hanneman morreu, a 2 de maio de 2013, perto de sua casa, em Island Empire, Califórnia. Ele estava num hospital local e sofria de insuficiência hepática. Não se sabia então se a doença de pele estava ligada à sua insuficiência hepática. Mais tarde, resultados revelam que a causa da morte se deveu a uma cirrose hepática, por causa de alcoolismo. Hanneman morreu com apenas quarenta e nove anos.

 

 


Música de aniversariante de hoje...!

Luciano Barbosa, o líder e vocalista dos Repórter Estrábico, morreu há cinco anos...

(imagem daqui)


Repórter Estrábico é uma banda portuguesa de pop rock electrónico, formada nos anos 80. Trata-se de uma banda do Porto que se define como autora de "techno pop irónico".

Na sua formação original, os Repórter Estrábico eram: Paula Sousa (sintetizador, sampler, piano e voz), António Olaio (voz), Paulo Lopes (guitarra), Luciano Barbosa (caixa de ritmos, percussão e voz), José Ferrão (guitarra) e Anselmo Canha (baixo).

Em 1991, lançam o álbum Uno Dos, com temas como "Disco Heavy", "Pois, Pois" e "John Wayne".

O álbum Bigo foi lançado em 1994. Seguiu-se Disco de Prata, em 1995.

Na editora Nortesul, lançam o álbum Mouse Music (1999).

Nos anos seguintes, foram lançados o EP Requiem (2002) e Eurovisão (2004). Depois, a banda entrou em hiato.

Luciano Barbosa, Anselmo Canha, Paulo Lopes e Manuel Ribeiro regressaram em 2017, após 10 anos de pausa, tendo atuado no Teatro Rivoli, no âmbito do ciclo Porto Best Of. Em 2018, lançaram o single "Separa o Lixo".

Luciano Barbosa, o seu carismático líder e vocalista, de seu verdadeiro nome Gonçalo Vaz, faleceu a 2 de maio de 2019, aos 60 anos.

 

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quarta-feira, maio 01, 2024

A Grande Exposição de Londres começou há 173 anos

   
A Grande Exposição, (em inglês Great Exhibition of the Works of Industry of all Nations) foi uma exposição universal celebrada em 1851

A organização de pequenas feiras nacionais, bastante limitadas pelos produtos expostos, começaram a atrair uma grande massa de potenciais interessados. Estava dado o primeiro passo para a Grande Exposição de Londres de 1851, patrocinada pelo príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Henry Cole e Francis Henry.

A 1 de maio de 1851 abriu-se ao público, em Londres, “A Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações”. Uma data que ficará na história por ser a primeira exposição internacional de indústria. No dizer empolgado de Gibbs-Smith: “Pela primeira vez na história do mundo, os homens das Artes, Ciência e Comércio foram autorizados pelos seus respetivos governos a reunir-se para discutirem e promoverem os objetivos para os quais as nações civilizadas existem”.

O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda, com a Exposição do Palácio de Cristal de 1851, inicia o período mais áureo da sua história como a nação mais poderosa do globo, dona de uma frota naval maior do que a de todo o resto do planeta reunido. Uma realidade de que os Ingleses tinham plena consciência e que lhes dava uma confiança suprema na sua nação e nas suas instituições.

Dentro de cada secção nacional, incluindo a britânica, a comissão tinha igualmente regulamentada a divisão e distribuição dos objetos por secções: maquinaria, a norte; matérias-primas e produtos agrícolas, ao sul; e, por fim, os produtos artísticos e manufaturados, no meio. Cada secção era da responsabilidade do seu comissário ou agente nacional.

 

 

Poema adequado à data...

 






À MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAIS




Longe da fama e das espadas,

Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.

Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.

Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de acção, sombra perdida,
Sopro sem ser.

Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?

No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós — só o nome
E a fé perdida?

Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?

Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.

Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.

Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!

Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!

Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.

No oculto para o nosso olhar,
No visível à nossa alma,
Inda sorri com o antigo ar
De força calma.

Ainda de longe nos anima,
Inda na alma nos conduz
Gládio de fé erguido acima
Da nossa cruz!

Nada sabemos do que oculta
O véu igual de noite e dia,
Mesmo ante a Morte a Fé exulta:
Chora e confia.

Apraz ao que em nós quer que seja
Qual Deus quis nosso querer tosco,
Crer que ele vela, benfaeja
Sombra connosco.

Não sai da nossa alma a fé
De que, alhures que o mundo e o fado,
Ele inda pensa em nós e é
O bem-amado.

Tenhamos fé porque ele foi.
Deus não quer mal a quem o deu.
Não passa como o vento o herói
Sob o ermo céu.

E amanhã, quando queira a Sorte,
Quando findar a expiação,
Ressurrecto da falsa morte!
Ele já não.

Mas a ânsia nossa que encarnara,
A alma de nós de que foi braço,
Tornara, nova forma clara,
Ao tempo e ao espaço.

Tornará feito qualquer outro,
Qualquer cousa de nós com ele;
Porque o nome do herói morto
Inda compele,

Inda comanda, e a armada ida
Para os campos da Redenção,
Às vezes leva à frente, erguida
Espada, a Ilusão.

E um raio só de ardente amor,
Que emana só do nome seu,
Dê sangue a um braço vingador,
Se esmoreceu.

Com mais armas que com Verdade
Combate a alma por quem ama.
É lenha só a Realidade.
A fé é a chama.

Mas ai, que a fé já não tem forma
Na matéria e na cor da Vida,
E, pensada, em dor se transforma
E a fé perdida!

Pra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!

Mas basta o nome e basta a glória
Para ele estar connosco, e ser
Carnal presença de memória
A amanhecer;

Espectro real feito de nós,
Da nossa saudade e ânsia,
Que fala com oculta voz
Na alma, a distância;

E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ânsia, um esperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.

Não mente a alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque ele pôde ser, Deus não
Nos desprezou.

Rei-nato, a sua realeza,
Por não podê-la herdar dos seus
Avós, com mística inteireza
A herdou de Deus;

E, por directa consonância
Com a divina intervenção,
Uma hora ergueu-nos alta a ânsia
De salvação.

Toldou-o a Sorte que o trouxera
Outra vez com nocturno véu.
Deus p'ra que no-lo deu, se era
P'ra o tornar seu?

Ah, tenhamos mais fé que a esp'rança!
Mais vivo que nós somos, fita
Do Abismo onde não há mudança
A terra aflita.

E se assim é; se, desde o Assombro
Aonde a Morte as vidas leva,
Vê esta pátria, escombro a escombro,
Cair na treva;

Se algum poder do que tivera
Sua alma, que não vemos, tem,
De longe ou perto — por que espera?
Por que não vem?

Em nova forma ou novo alento,
Que alheio pulso ou alma tome,
Regresse como um pensamento,
Alma de um nome!

Regresse sem que a gente o veja,
Regresse só que a gente o sinta —
Impulso, luz, visão que reja
E a alma pressinta!

E qualquer gládio adormecido,
Servo do oculto impulso, acorde,
E um novo herói se sinta erguido
Porque o recorde!

Governa o servo e o jogral.
O que íamos a ser morreu.
Não teve aurora a matinal
Estrela do céu.

Vivemos só de recordar.
Na nossa alma entristecida
Há um som de reza a invocar
A morta vida;

E um místico vislumbre chama
O que, no plaino trespassado,
Vive ainda em nós, longínqua chama —
O DESEJADO.

Sim, só há a esp'rança, como aquela
- E quem sabe se a mesma? — quando
Se foi de Aviz a última estrela
No campo infando.

Novo Alcácer-Kibir na noite!
Novo castigo e mal do Fado!
Por que pecado novo o açoite
Assim é dado?

Só resta a fé, que a sua memória
Nos nossos corações gravou,
Que Deus não dá paga ilusória
A quem amou.

Flor alta do paul da grei,
Antemanhã da Redenção,
Nele uma hora encarnou el-rei
Dom Sebastião.

O sopro de ânsia que nos leva
A querer ser o que já fomos,
E em nós vem como em uma treva,
Em vãos assomos,

Bater à porta ao nosso gesto,
Fazer apelo ao nosso braço,
Lembrar ao sangue nosso o doesto
E o vil cansaço,

Nele um momento clareou,
A noite antiga se seguiu,
Mas que segredo é que ficou
No escuro frio?

Que memória, que luz passada
Projecta, sombra, no futuro,
Dá na alma? Que longínqua espada
Brilha no escuro?

Que nova luz virá ralar
Da noite em que jazemos vis?
Ó sombra amada, vem tornar
A ânsia feliz.

Quem quer que sejas, lá no abismo
Onde a morte a vida conduz,
Sê para nós um misticismo
A vaga luz.

Com que a noite erma inda vazia
No frio alvor da antemanhã
Sente, da esp'rança que há no dia,
Que não é vã.

E amanhã, quando houver a Hora,
Sendo Deus pago, Deus dirá
Nova palavra redentora.
Ao mal que há,

E um novo verbo ocidental
Encarnado em heroísmo e glória,
Traga por seu broquel real
Tua memória!

Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro a abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir,

Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!

Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!

E, porque foste, confiando
Em QUEM SERÁ porque tu foste,
Ergamos a alma, e com o infando
Sorrindo arroste,

Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,

E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!



Fernando Pessoa

 

Notícia fantástica de bioespeleologia...

Ana Sofia Reboleira, de Caldas da Rainha coordena projeto de investigação de espécies relevantes em "hotspot mundial de biodiversidade subterrânea"

Prémio Belmiro de Azevedo-Fundação para a Ciência e a Tecnologia irá financiar projeto coordenado por bióloga nos próximos 36 meses

 

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Espécies únicas do Algarve passam a ser monitorizadas a longo-prazo

 

Ana Sofia Reboleira, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e investigadora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, natural de Caldas da Rainha, é a responsável pela investigação distinguida com o segundo lugar do Prémio Fundação Belmiro de Azevedo 2023, cujo foco é a conservação da Gruta do Vale Telheiro, no Barrocal do Algarve, reconhecida como um "hotspot mundial de biodiversidade subterrânea".

Os estudos, realizados com o financiamento atribuído pelo galardão de 163.883 euros, terão como fim criar informação útil para a proteção da gruta e um quadro para a sua futura avaliação ecológica, garantindo a sua sustentabilidade.

Está ainda prevista uma proposta de enquadramento legal para a proteção do habitat e das espécies mais relevantes.

Ana Sofia Reboleira é a líder do grupo de investigação em Ecologia Subterrânea do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), neste projeto que tem como parceiros a Universidade Lusófona e a Universidade do Algarve e o apoio da Câmara Municipal de Loulé, proprietária do terreno onde se encontra a gruta e do Centro de Ciência Viva do Algarve.

 

 

O lançamento da investigação acontecerá no Palácio Gama Lobo, em Loulé, no dia 3 de maio.

 

Resumo técnico

Recentemente, uma gruta no Algarve (Barrocal) foi reconhecida como hotspot mundial de biodiversidade subterrânea, devido à sua incomparável riqueza em espécies endémicas, muitas das quais só são conhecidas nessa gruta.

Um sítio único em Portugal que enfrenta diversas ameaças, como a urbanização e degradação de áreas de influência superficial.

Isto urge o seu estudo, proteção e restauração de áreas degradadas, a fim de gerar informações úteis para a sua proteção e um quadro para a sua futura avaliação ecológica, baseada em sólidos conhecimentos científicos.

O projeto Barrocal-Cave irá colmatar esta lacuna, estabelecendo as bases para a conservação do hotspot de biodiversidade cavernícola de classe mundial em Portugal.

O projeto irá avaliar a sua biodiversidade e estado de conservação, implementar uma monitorização a longo prazo e a criação da primeira Investigação Ecológica de Longo Prazo em Grutas da Europa Ocidental, e avaliar as suas necessidades de restauração ecológica em áreas degradadas da gruta e da sua área de influência superficial.

Por último, em alinhamento com as partes interessadas, será criada uma proposta formal de um quadro jurídico para a proteção deste habitat cavernícola de importância mundial e das suas espécies únicas mais relevantes, garantindo a sua sustentabilidade.

Tal inclui a adoção de um programa específico de sensibilização para o valor e a singularidade dos ecossistemas cavernícolas como legado para as gerações futuras.

 

in Jornal de Leiria 


NOTA: parabéns à Doutora Ana Sofia Reboleira, conhecida de longa data das lides espeleológicas e cuja carreira temos acompanhado aqui no nosso Blog, por mais este feito...!