Auto-retrato, Gustave Courbet
Courbet nasceu numa família de milionários na França. Depois de
frequentar um colégio na mesma cidade, começou a ter aulas de pintura e
iniciou seus estudos de direito em
Paris. Finalmente decidiu estudar desenho e pintura por iniciativa própria, copiando os grandes mestres no
Louvre, principalmente
Hals e
Velázquez. Suas primeiras obras foram uma série de auto-retratos. Em 1844 expôs pela primeira vez no
Salão de Paris e dois anos mais tarde apresentou os quadros
Enterro em Ornans e
O Ateliê do Artista,
que lhe custaram críticas severas e a recusa do Salão de Paris devido
aos seus temas demasiadamente prosaicos. Courbet não se deu por vencido e
construiu um pavilhão perto do Salão, onde expôs quarenta e quatro de
suas obras, que chamou de realista, fundando assim esse movimento.
O público não viu com satisfação essa nova estética das classes
trabalhadoras. Courbet, enquanto isso, se reunia para compartilhar
opiniões com seus amigos, entre eles o pintor e notável teórico
anarquista
Proudhon, o escritor
Baudelaire e o irónico caricaturista
Daumier.
Já se discutiu muito sobre os motivos que teriam levado Courbet a
escolher os trabalhadores como tema. De facto, os homens de seus quadros
não expressam nenhuma emoção e mais parecem parte de uma paisagem do que
seus personagens. Courbet se manteve, nesta etapa realista, muito longe
do colorismo romântico, aproximando-se, em compensação, do realismo
tenebroso espanhol do
barroco, com uma profusão de pretos, ocres e castanhos, banhados por uma pátina cinza. Comprova-se isto no seu quadro mais importante,
O Ateliê do Artista (1855), em que manifestou sua desaprovação em relação à sociedade.
Por volta de 1850, o realismo de Courbet foi se apagando e deu lugar a uma pintura de formas voluptuosas e conteúdo
erótico, de figuras femininas no estilo de
Ingres,
mas mais descarnadas. A elas seguiu-se uma série de naturezas-mortas,
quadros de caça e paisagens marinhas que confirmaram sua capacidade
criativa e técnica impecável. Por volta de 1870, Courbet foi acusado de
ter destruído uma coluna da praça
Vendôme, o que levou o pintor a se mudar para
Viena. Em Paris, as suas obras foram rejeitadas, e o ateliê do artista foi leiloado para pagar a restauração da coluna.
O Ateliê do Artista (1855)