terça-feira, novembro 01, 2016

Nuno Álvares Pereira, hoje São Nuno de Santa Maria, morreu há 585 anos

Estátua em Flor da Rosa
 
D. Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria, hoje São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun' Álvares (Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, 24 de junho de 1360Lisboa, 1 de novembro de 1431) foi um nobre e guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º Condestável de Portugal, 38.º Mordomo-Mor do Reino, 7.º conde de Barcelos, 3.º conde de Ourém e 2.º conde de Arraiolos.
Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas», chamando-lhe o "forte Nuno" e logo no primeiro canto (12ª estrofe) é evocada a figura de São Nuno, ao dizer "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço".
Uma escultura sua encontra-se no Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa, outra no castelo de Ourém e uma, equestre, no exterior do Mosteiro da Batalha. Tem também uma estátua em Flor da Rosa, um dos dois locais apontados como sua terra natal.
São Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI, em 26 de abril de 2009, e a sua festa litúrgica é a 6 de novembro.
Segundo Fernão Lopes, D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e de Iria Gonçalves. D. Nuno Álvares Pereira cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos e foi lá que se iniciou "como bom cavalgante, torneador, justador e lançador" e sobretudo onde ganhou gosto pela leitura, lia nos "livros de cavallaria que a pureza era a virtude que tornara invenciveis os heroes da Tavola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem immaculados". Foi com essa idade que entrou para a corte de D. Fernando de Portugal, onde foi feito cavaleiro, com uma armadura emprestada por D. João, o Mestre de Avis. Decidido a manter-se virgem, foi profundamente contrariado (e praticamente obrigado pelo pai) que, aos 16 anos, o casou com Leonor de Alvim, em 1376, em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja. O nobre casal estabeleceu-se no Minho (supõe-se que em Pedraça, Cabeceiras de Basto), em propriedade de D. Leonor de Alvim.
Quando o Rei D. Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis, à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros, em que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, em abril de 1384, D. João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.
A 6 de abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal pela Beira Alta com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.
A 14 de agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, foi travada em terreno castelhano a célebre Batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Quando já se temia o pior, o seu escudeiro foi encontrá-lo em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: "Nada de orações, que morremos todos! responde então D. Nuno, suavemente: "Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.". Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa.
Do seu casamento com D. Leonor de Alvim, o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, dando origem à Casa de Bragança, que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde.

Nos últimos anos da sua vida Nuno Álvares Pereira recolheu-se no Convento do Carmo, onde morreu (ruínas da nave da igreja)

Vida religiosa
Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de novembro de 1431, com 71 anos.
Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."
Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário e declarando que "se el-rei de Castela outra vez movesse guerra a Portugal, serviria ao mesmo tempo a religião que professava e a terra que lhe dera o ser". Conta-se também que no inicio da sua vida monástica correra em Lisboa o boato de que Ceuta estaria em risco de ser apresada pelos Mouros. De imediato Frei Nuno manifesta a sua vontade em fazer parte da expedição que iria acudir a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir, apontando a sua figura alquebrada pelos anos e por tantas canseiras, pegou numa lança e atirou-a do varandim do convento. A lança atravessou todo o Vale da Baixa de Lisboa, indo cravar-se numa porta do outro lado do Rossio e disse Nuno Álvares: "Em África a poderei meter, se tanto for mister!" (daqui nasceu a expressão "meter uma lança em África", no sentido de se vencer uma grande dificuldade).
 
Beatificação e canonização
Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de janeiro de 1918, pelo Papa Bento XV, através do Decreto "Clementíssimus Deus" e foi consagrado o dia 6 de novembro ao, então, beato. Iniciado em 1921, em 1940 o processo de canonização foi interrompido por razões essencialmente políticas. O país festejava então os Centenários da Fundação de Portugal e da Restauração da Independência e Salazar desejava que a canonização do Beato Nuno se revestisse de uma pompa nunca vista e num ambiente de grande exaltação nacionalista, incluindo uma possível visita papal a Portugal, para que o próprio Sumo Pontífice presidisse às cerimónias da canonização. O Papa de então (Pio XII) recusou, profundamente incomodado com o significado altamente político em que o facto estava a descambar. O processo foi então suspenso e por assim dizer, caiu num "semi-esquecimento". Entretanto, em 1953, foi inaugurada a Igreja do Santo Condestável, sede da Paróquia do mesmo nome, em Campo de Ourique (Lisboa), que contou com a Procissão de Transladação das Relíquias desde o Largo do Carmo, no meio de honras militares e de um intenso entusiasmo popular (segundo testemunhos da época, mais de metade do povo de Lisboa esteve presente na consagração da Igreja e nas restantes cerimónias religiosas) e com a presença dos mais altos dignitários da Nação. Posteriormente, em 2004 o Processo foi reiniciado por vontade do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo.
No Consistório de 21 de fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa ordenou aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos -, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos. O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.
D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 09.33 (hora de Portugal) de 26 de abril de 2009.
A Conferência Episcopal Portuguesa, em nota pastoral sobre a canonização de Nuno de Santa Maria, declarou: "(…) o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.
Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos."

segunda-feira, outubro 31, 2016

Houdini morreu há 90 anos

Harry Houdini, ("O Grande Houdini") nome artístico de Ehrich Weisz (Budapeste, 24 de março de 1874 - Detroit, 31 de outubro de 1926), foi um dos mais famosos escapistas e ilusionistas da história.

El-Rei D. Duarte I nasceu há 625 anos!

El-Rei D. Duarte I de Portugal (Viseu, 31 de outubro de 1391Tomar, 9 de setembro de 1438) foi o décimo-primeiro Rei de Portugal, cognominado o Eloquente pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu. Filho de D. João I de Portugal e D. Filipa de Lencastre, desde cedo foi preparado para reinar como primogénito da ínclita geração. Em 1433 sucedeu ao seu pai e, num curto reinado de cinco anos, deu continuidade à política exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão Henrique estabeleceu-se em Sagres, de onde dirigiu as primeiras navegações e, em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida, a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro. D. Duarte interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vítima pela peste.


sábado, outubro 29, 2016

O famoso paleontólogo Othniel Charles Marsh nasceu há 116 anos

Othniel Charles Marsh (Lockport, 29 de outubro de 1831 - New Haven, 18 de março de 1899) foi um paleontólogo dos Estados Unidos da América, pioneiro da aplicação da teoria da evolução à interpretação de espécies fósseis.
Marsh nasceu no estado de Nova Iorque, no seio de uma família abastada. Estudou em vários colégios e instituições privadas até 1860, quando se licenciou em Geologia e Mineralogia na Universidade de Yale. Nos anos seguintes prosseguiu os estudos na Alemanha, onde aprofundou os seus conhecimentos em paleontologia e anatomia na Universidade de Berlim, Universidade de Breslau e Universidade de Heidelberg. Regressando aos Estados Unidos em 1866, tornou-se professor de Paleontologia de Vertebrados em Yale. É por volta desta altura que convence o seu tio, George Peabody, a financiar o Museu Peabody de História Natural, ainda hoje existente em Yale.
O principal trabalho da carreira científica de Marsh como paleontólogo foi o estudo de diversas espécies basais de equídeos. As suas interpretações foram pioneiras no estabelecimento de uma linha evolutiva, desde as formas primitivas do grupo até aos representantes modernos do género Equus, e ajudaram a credibilizar a teoria da evolução de Charles Darwin.
Os equídeos não foram, no entanto, o único foco da sua carreira científica. Marsh estudou muitos outros grupos e, em 1871, foi o primeiro paleontólogo a identificar exemplares de pterossauros na América. Outras descobertas fundamentais da sua autoria foram diversas espécies de aves cretácicas, como o Ichthyornis e o Hesperornis, e dinossauros como o Apatosaurus e o Allosaurus.
À medida que as descobertas de fósseis se desenvolviam e novas espécies eram descritas, a paleontologia popularizou-se, em particular devido a exemplares espectaculares de carnívoros de grandes dimensões como o tiranossauro. O interesse do público incentivou a criação de museus de história natural, que competiam entre si pelas exibições mais atractivas. Em consequência, a procura de fósseis acelerou, bem como a competição entre paleontólogos por novas descobertas. Marsh protagonizou com Edward Drinker Cope uma rivalidade paleontológica que mereceu a designação de “guerra dos ossos” nos media de então. Estimulados pela concorrência do adversário, Marsh e Cope descreveram cerca de 120 novas espécies de dinossauro entre si, nos finais do século XIX.
Marsh morreu em 1899 e está sepultado em New Haven, no Connecticut.
O apatossauro (Apatosaurus, do latim "lagarto falso") um dinossáurio do Jurássico

A Guerra do Suez começou há 60 anos

A Crise do Suez, também conhecida como Guerra do Suez, foi uma crise política que teve início a 29 de outubro de 1956, quando Israel, com o apoio da França e Reino Unido, que utilizavam o canal para ter acesso ao comércio oriental, declarou guerra ao Egito. O presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser havia nacionalizado o canal de Suez, cujo controle ainda pertencia à Inglaterra. Como consequência, o porto israelita de Eilat ficaria bloqueado, assim como o acesso de Israel ao mar Vermelho, através do estreito de Tiran, no golfo de Acaba.
Em 1956, o nacionalismo, a guerra fria e o conflito árabe-israelita estiveram reunidos como fatores de um curto e violento conflito nas regiões egípcias do Canal de Suez e da Península do Sinai. O Egito e outras nações árabes tinham obtido há pouco tempo a independência completa dos impérios controlados por potências europeias como Grã-Bretanha e França. Estas nações jovens, com culturas antigas e histórias, esforçaram-se para ganhar suficiência económica e militar e para valer os seus direitos políticos como povos livres. A luta da Guerra Fria entre o Ocidente, na sua maioria democrática e capitalista, contra o Oriente comunista, dominado pela União Soviética tanto ajudou e impediu os objetivos nacionalistas de muitos países africanos e asiáticos. Por exemplo, o Egito procurou ajuda externa na construção do projeto da Barragem de Assuão, que passaria a controlar o selvagem rio Nilo. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, os principais intervenientes no Ocidente, recusaram-se a ajudar o Egito, por causa de seus laços políticos e militares para a União Soviética. Os soviéticos apressaram-se ansiosamente para ajudar o Egito. Após isso, o Egito passou a ser considerado um amigo dos soviéticos, e uma nação não muito amigável para o Ocidente. Desta forma, a Guerra Fria afetou a jovem nação do Egito e suas relações com o resto do mundo. O conflito árabe-israelita começou em 1948 e levou Egito e Israel a serem inimigos até 1979. A segunda guerra entre esses vizinhos do Oriente Médio teve lugar em 1956.
Como parte da agenda nacionalista, o presidente egípcio Nasser tomou o controle do Canal de Suez tomando-o das empresas britânicas e francesas, que o possuíam. Ao mesmo tempo, como parte de sua luta permanente com Israel, forças egípcias bloquearam o Estreito de Tiran, a hidrovia estreita que é a única saída de Israel para o Mar Vermelho. Israel e Egito enfrentaram-se várias vezes desde a guerra de 1948, tendo o Egito permitido e incentivado grupos de combatentes palestinianos para atacar Israel a partir de território egípcio. Em resposta, as forças israelitas constantemente atacavam a fronteira, em retaliação. Grã-Bretanha e França, ambos em processo de perder os seus seculares impérios, decidiram, numa estratégia conjunta, a ocupação do Canal de Suez. Isto teve como objetivo reafirmar o controle dessa hidrovia vital para as empresas britânicas e francesas, expulsas pela nacionalização realizada por Nasser. Por sugestão da França, o planeamento foi coordenado com Israel, um fato que todas as três nações negaram por anos depois.
Em 29 de outubro de 1956, tropas israelitas invadiram a Península do Sinai e rapidamente superou a oposição das tropas egípcias. No dia seguinte, a Grã-Bretanha e França, se ofereceram para ocupar temporariamente a Zona do Canal e sugeriu uma zona de 10 milhas em cada lado que iria separar as forças egípcias dos israelitas. Nasser, é claro, recusou, e em 31 de outubro, o Egito foi atacado e invadido por forças militares da Grã-Bretanha e França. Em resposta a estes desenvolvimentos, a União Soviética, que na época estava a impiedosamente suprimir uma revolta anti-comunista na Hungria, ameaçou intervir, em nome do Egito. O presidente Eisenhower dos Estados Unidos pressionou a Grã-Bretanha, França e Israel a concordar com um cessar-fogo e eventual retirada do Egito. Os Estados Unidos, apanhados de surpresa pelas duas invasões, estava mais preocupado com a guerra soviética na Hungria e na Guerra Fria do que com a Grã-Bretanha e da França envolvendo relações de Suez. A última coisa que o presidente Eisenhower queria era uma guerra mais ampla sobre Suez. A guerra em si durou apenas uma semana, e as forças invasoras foram retiradas num mês, sob a supervisão das tropas das Nações Unidas. Como resultado, o Egito agora firmemente alinhado-se com a União Soviética, que armou o Egito e outras nações árabes para a luta contínua contra Israel.

Duane Allman morreu há 45 anos...

Howard Duane Allman (Nashville, 20 de novembro de 1946 – Macon, 29 de outubro de 1971) foi um guitarrista dos Estados Unidos, co-fundador do grupo The Allman Brothers Band e respeitado músico de sessão. Teve um papel de destaque no álbum Layla and Other Assorted Love Songs, lançado em 1970 pelo grupo Derek & the Dominos. Foi considerado o nono melhor guitarrista do mundo pela revista norte-americana Rolling Stone.
Duane morreu após sofrer um acidente de mota em 1971, poucas semanas antes de seu 25° aniversário.

Infância
Duane Allman nasceu em Nashville, Tennessee. Quando Duane tinha apenas três anos de idade e sua família vivia nos arredores de Norfolk, Virginia, seu pai, Willis Allman, sargento do Exército Americano, foi assassinado. Geraldine "Mama A" voltou então com a família para Nashville. Em 1957 eles mudaram-se novamente para Daytona Beach, Florida. Em 1960, ele ficou motivado a aprender a tocar viola, por influência do seu irmão, Gregg Allman, que há pouco havia começado, após ver um vizinho a tocar country music numa viola acústica.
Outro evento importante ocorreu em 1959, quando Duane e Gregg estavam a visitar familiares em Nashville. Eles foram a um show de Rock 'n' roll, no qual a lenda dos blues, B.B. King estava a apresentar-se e simplesmente caíram na magia da sua música. Gregg lembrava-se que logo após Duane acrescentou: "Nós precisamos de entrar nisto."

Morte
Duane foi vítima de um acidente de moto meses antes do lançamento e do sucesso de At Fillmore East. A colisão entre a sua mota Harley-Davidson e um camião ocorreu em Macon, a 29 de outubro de 1971, atirando-o para fora da moto, que caiu sobre o seu seu corpo e derrapou, causando-lhe severos danos nos seus órgãos internos. Duane foi rapidamente levado ao hospital e operado, porém não resistiu, morrendo algumas horas depois, semanas antes de seu vigésimo quinto aniversário.
Encontra-se sepultado no Rose Hill Cemetery, Macon, Condado de Bibb, Geórgia, nos Estados Unidos.


O Rei D. Fernando II de Portugal nasceu há dois séculos!

D. Fernando II de Portugal, batizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry (29 de outubro de 1816 - 15 de dezembro de 1885), foi o Príncipe e, posteriormente, Rei de Portugal pelo seu casamento com a rainha D. Maria II em 1836.
De acordo com as leis portuguesas, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry tornou-se Rei de Portugal jure uxoris, apenas após o nascimento do primeiro príncipe, que foi o futuro Pedro V. Dado D. Maria II ser a regente, D. Fernando evitava sempre que possível a política, preferindo envolver-se com a arte.
D. Fernando II foi regente do reino por quatro vezes: durante as gravidezes e partos da Rainha D.ª Maria II, depois da sua morte em 1853 e quando o seu segundo filho, o Rei D. Luís I, e a rainha consorte Maria Pia de Saboia se ausentaram de Portugal para assistirem à Exposição de Paris em 1867.
Este ficou conhecido na História de Portugal como "O Rei-Artista".

(...)

Em 1835, tendo D. Maria II enviuvado aos 16 anos do seu primeiro marido, o príncipe Augusto de Beauharnais, D. Fernando foi escolhido para novo esposo da soberana.
As negociações do casamento foram dirigidas por D. Francisco de Almeida Portugal, Conde de Lavradio, tendo o contrato matrimonial sido assinado em 1 de dezembro de 1835, com o barão de Carlowit em representação do duque reinante de Saxe-Coburgo, e o barão de Stockmar em representação do príncipe Fernando, seu pai.
De acordo com a tradição portuguesa, enquanto marido de uma rainha reinante, D. Fernando só tomaria o título de rei após o nascimento de um herdeiro (foi este o motivo pelo qual o primeiro marido da rainha, Augusto de Beauharnais, nunca foi rei). D. Fernando foi, portanto, príncipe de Portugal até ao nascimento do futuro D. Pedro V em 1837.
A 1 de janeiro de 1836, casa-se com D. Maria II por procuração, e é assinado o decreto nomeando D. Fernando marechal-general do Exército, posto reservado ao próprio Rei, na sua função de Comandante Supremo do Exército. D. Fernando saiu de Coburgo, atravessou a Bélgica, e embarcou em Oostende para Lisboa, onde chegou a 8 de abril. A cerimónia do casamento realizou-se no dia seguinte. A nomeação de D. Fernando enquanto marechal-general gerou polémica entre os liberais mas, uma vez que essa dignidade já houvera sido conferida ao príncipe D. Augusto, o governo não podia deixar de comprometer-se com a rainha.
Foi eleito, a 4 de maio de 1836, presidente da Academia Real das Ciências.
D. Fernando evitou envolver-se no panorâmica político, preferindo dedicar-se às artes. Por ocasião da fundação da Academia de Belas-Artes de Lisboa, a 25 de outubro de 1836, D. Fernando e a rainha declaram-se seus protetores. Após uma visita ao Mosteiro da Batalha (que se encontrava abandonado, no quadro da extinção das ordens religiosas), D. Fernando passou a dedicar parte das suas preocupações à causa do proteção do património arquitetónico português edificado, tendo impulsionado cultural e financeiramente, a par do estímulo à ação desenvolvida por sociedades eruditas, projetos de restauração e manutenção respeitantes não só a Batalha, mas também ao Convento de Mafra, Convento de Cristo, em Tomar, ao Mosteiro dos Jerónimos, Sé de Lisboa, e Torre de Belém. Como amante de pintura que era, colaborou com algumas gravuras de sua autoria, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865).

O seu corpo jaz ao lado de D. Maria II, sua primeira esposa, no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

sexta-feira, outubro 28, 2016

Hank Marvin, o líder da banda The Shadows, faz hoje 75 anos

Hank Brian Marvin (Newcastle upon Tyne, 28 October 1941), also known as Hank B. Marvin, is an English multi-instrumentalist, vocalist and songwriter. He is best known as the lead guitarist for The Shadows, a group which primarily performed instrumentals and was the backing band for Cliff Richard. Marvin uses a clean guitar sound with a Vox amplifier and often used significant amounts of reverb and/or delay effect for songs like "Apache" and "Wonderful Land". He also developed a distinctive way of using the guitar's vibrato to give a "dreamy feel" to his playing. Many leading British and Canadian rock guitarists cite Marvin as an influence on them.


Erasmo nasceu há 550 anos

Erasmo de Roterdão (Roterdão, 28 de outubro de 1466Basileia, 12 de julho de 1536) foi um teólogo e um humanista neerlandês que viajou por toda a Europa, inclusive Portugal.
Erasmo estudou no seminário com os monges agostinianos e fez votos monásticos aos 25 anos, vivendo como tal, sendo um grande crítico da vida monástica e das características que julgava negativas na Igreja Católica. Frequentou o Collège Montaigu, em Paris, e continuou os seus estudos na Universidade de Paris, então o principal centro da escolástica, apesar da influência crescente do Renascimento da cultura clássica, que chegava de Itália. Erasmo optou por uma vida de académico independente, independente de país, independente de laços académicos, de lealdade religiosa e de tudo que pudesse interferir com a sua liberdade intelectual e a sua expressão literária.
Os principais centros da sua actividade foram Paris, Lovaina, Inglaterra e Basileia. No entanto, nunca pertenceu firmemente a nenhum destes locais. O tempo passado na Inglaterra foi frutífero, tendo feito amizades para a vida com os líderes ingleses, mesmo nos dias tumultuosos do rei Henrique VIII: John Colet, Thomas More, John Fisher, Thomas Linacre e Willian Grocyn. Na Universidade de Cambridge foi o professor de Teologia de Lady Margaret e teve a opção de passar o resto de sua vida como professor de inglês. Ele esteve no Queens' College, em Cambridge, e é possível que tenha sido alumnus. Foram-lhe oferecidas várias posições com honra e proveito através do mundo académico, mas ele declinou-as todas, preferindo a incerteza, tendo no entanto receitas suficientes da sua actividade literária independente. Entre 1506 e 1509 esteve em Itália. Passou ali uma parte do seu tempo na casa editorial de Aldus Manutius, em Veneza. De acordo com suas cartas, ele esteve associado com o filósofo natural veneziano, Giulio Camillo, mas, além deste, ele teve uma associação com académicos italianos menos activa do que se esperava.
A sua estada em Lovaina expôs Erasmo a muitas críticas mesquinhas por parte daqueles que eram hostis aos princípios do progresso literário e religioso aos quais ele devotava a vida. Ele interpretava esta falta de simpatia como uma perseguição e procurou refúgio em Basileia, onde, sob abrigo de hospitalidade suíça, pôde expressar-se livremente e estava rodeado de amigos. Foi lá que esteve associado por muitos anos com o grande editor Froben, e onde uma multidão de admiradores de (quase) todos os cantos da Europa o vieram visitar.

A Estátua da Liberdade faz hoje 130 anos!

A Estátua da Liberdade (em inglês: The Statue of Liberty; em francês: Statue de la Liberté), cujo nome oficial é A Liberdade Iluminando o Mundo (em inglês: Liberty Enlightening the World; e em francês: La liberté éclairant le monde), é um monumento inaugurado a 28 de outubro de 1886, na Ilha da Liberdade, na entrada do Porto de Nova Iorque.
O Monumento comemora o centenário da assinatura da Declaração da Independência dos Estados Unidos e é um gesto de amizade da França para com os Estados Unidos. Foi projetada e construída pelo escultor alsaciano Frédéric Auguste Bartholdi (1834-1904), que se baseou no Colosso de Rodes para edificá-la. Para a construção da estrutura metálica interna da estátua, Bartholdi contou com a assistência do engenheiro francês Gustave Eiffel, o mesmo engenheiro criador da Torre Eiffel.


quinta-feira, outubro 27, 2016

Lou Reed morreu há três anos

Lou Reed (Brooklyn, Nova Iorque, 2 de março de 1942 - Long Island, Nova Iorque, 27 de outubro de 2013) foi um cantor, guitarrista e compositor norte-americano. Foi considerado o 81º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.


terça-feira, outubro 25, 2016

A última Rainha de Portugal morreu há 65 anos...

Maria Amélia Luísa Helena de Orleães (Twickenham, 28 de setembro de 1865 - Le Chesnay, 25 de outubro de 1951) foi a última rainha de facto de Portugal.
Durante a sua vida, Amélia perdeu todos os seus familiares diretos: defrontou-se com o assassinato do marido, o rei D. Carlos I de Portugal, e do filho mais velho, o príncipe real D. Luís Filipe (episódio conhecido como Regicídio de 1908); vinte e quatro anos mais tarde, recebeu a notícia da morte do segundo e último filho, o rei D. Manuel II; e também ficara de luto com a morte de sua filha, a infanta D. Maria Ana de Bragança, nascida em um parto prematuro, e, em 1920, com a morte do cunhado, o infante D. Afonso de Bragança, Duque do Porto, único irmão do rei D. Carlos I.
Ela foi um dos membros da família real portuguesa exilada após a implantação da república - facto ocorrido a 5 de outubro de 1910 - que visitou Portugal em vida, bem como o último membro a morrer, aos oitenta e seis anos. Amélia de Orleães viveu sofridas décadas de exílio, entre Inglaterra e França, onde aguentou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Esta frase estava entre as suas últimas palavras:
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Quero bem a todos os portugueses, mesmo àqueles que me fizeram mal.
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Chad Smith, o baterista dos Red Hot Chili Peppers, faz hoje 55 anos!

Chadwick Gaylord Smith ou, como é mais conhecido, Chad Smith (Saint Paul, 25 de outubro de 1961), é um baterista americano, mais conhecido como membro de longa data da banda californiana de rock Red Hot Chili Peppers, a quem se juntou em 1988 e onde permanece até hoje.
Chad Smith também trabalhou com Glenn Hughes e no seu próprio projeto de rock instrumental Chad Smith's Bombastic Meatbats. Além de bandas de Smith, também gravou com muitos outros músicos, incluindo Dixie Chicks, Kid Rock e George Clinton. Smith ficou no lugar 87º na lista dos "100 melhores bateristas de todos os tempos" da revista Rolling Stone  e entrou para o Guinnes Book após tocar na maior bateria do mundo, constituída por 308 partes.
Em 2012 foi introduzido no Hall da Fama do Rock como membro dos Red Hot Chili Peppers.


Picasso nasceu há 135 anos

Pablo Ruiz Picasso (Málaga, 25 de octubre de 1881- Mougins, 8 de abril de 1973) fue un pintor y escultor español, creador, junto con Georges Braque, del cubismo.
Es considerado desde el génesis del siglo XX como uno de los mayores pintores que participaron en muchos movimientos artísticos que se propagaron por el mundo y ejercieron una gran influencia en otros grandes artistas de su tiempo. Laborioso y prolífico, pintó más de dos mil obras, presentes en museos y colecciones de toda Europa y del mundo. Además, abordó otros géneros como el dibujo, el grabado, la ilustración de libros, la escultura, la cerámica y el diseño de escenografía y vestuario para montajes teatrales.
En lo político, Picasso se declaraba pacifista y comunista. Fue miembro del Partido Comunista de España y del Partido Comunista Francés hasta su muerte el 8 de abril de 1973 en su casa llamada «Notre-Dame-de-Vie» en Mougins (Francia) a los 91 años. Está enterrado en el parque del castillo de Vauvenargues (Bouches-du-Rhone).


Escultura no Daley Plaza (Chicago, Estados Unidos)

segunda-feira, outubro 24, 2016

Ramalho Ortigão nasceu há 180 anos

José Duarte Ramalho Ortigão (Porto, 24 de outubro de 1836 - Lisboa, 27 de setembro de 1915) foi um escritor português.

Vida e Obra
José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.
Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito. Ensinou francês e dirigiu o Colégio da Lapa no Porto, do qual seu pai havia sido diretor. Iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto . Foi colaborador em diversas publicações periódicas, em alguns casos postumamente, entre as quais se destaca: Acção realista (1924-1926); O António Maria (1879-1885;1891-1898); Branco e Negro (1896-1898); Brasil-Portugal (1899-1914); Contemporânea (1915-1926); Galeria republicana (1882-1883); Gazeta Literária do Porto (1868), A Imprensa (1885-1891); O Occidente (1878-1915); Renascença (1878-1879?); Revista de Estudos Livres (1883-1886)A semana de Lisboa: supplemento do Jornal do Commercio (1893-1895); Serões (1901-1911); O Thalassa: semanario humoristico e de caricaturas (1913-1915).
Em 24 de outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.
Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o cego e velhinho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.
No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, obtendo uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.
Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores, no prefácio de 1884): O Mistério da Estrada de Sintra (1870), que marca o aparecimento do romance policial em Portugal. No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.
Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, o Marquês de Soveral, o Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido, significativamente, eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".
Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".
Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas monárquicas, denominado Integralismo Lusitano:
"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos".
Vítima de cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer, a 27 de setembro de 1915, na sua casa na Calçada dos Caetanos, na Freguesia da Lapa.
Foi Comendador da Ordem Militar de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa do Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica e foi membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.
Foram impressas duas notas de 50$00 com a sua imagem.

domingo, outubro 23, 2016

A Revolução Húngara de 1956 começou há 60 anos

A Revolução Húngara de 1956 (em húngaro: 1956-os forradalom) ou Contra-Revolução foi uma revolta popular espontânea contra as políticas impostas pelo governo da República Popular da Hungria e pela União Soviética. O movimento durou de 23 de outubro até 10 de novembro de 1956.
A revolta começou como uma manifestação estudantil que atraiu milhares que marcharam pelo centro de Budapeste até o parlamento. Uma delegação de estudantes entrando no prédio da Rádio Free Europe em uma tentativa de transmitir as suas demandas, mas foi detida. Quando a libertação da delegação foi exigida pelos manifestantes do lado de fora, eles foram alvejados pela Autoridade de Proteção de Estado (ÁVH) de dentro do prédio. As notícias espalharam-se rapidamente e desordem e violência irromperam por toda a capital.
A revolta espalhou-se rapidamente pela Hungria, e o governo caiu. Milhares organizaram-se em milícias, combatendo a Polícia de Segurança do Estado (ÁVH) e as tropas soviéticas. Comunistas pro-soviéticos e membros da ÁVH eram frequentemente executados ou aprisionados, enquanto os antigos prisioneiros eram libertados e armados. Conselhos improvisados tiraram o controle municipal do Partido dos Trabalhadores Húngaros e exigiram mudanças políticas. O novo governo formalmente dissolveu a ÁVH, declarou a sua intenção de se retirar do Pacto de Varsóvia e prometeu restabelecer eleições livres. Pelo final de outubro, as lutas tinham quase parado e um senso de normalidade começava a retornar.
Depois de anunciar a boa vontade para negociar uma retirada das forças soviéticas, o Politburo mudou de ideia e decidiu suprimir a revolução. Em 4 de novembro, um grande exército soviético invadiu Budapeste e outras regiões do país. A resistência húngara continuou até 10 de novembro. Mais de 2.500 soldados húngaros e cerca de 700 soldados soviéticos foram mortos no conflito, tendo 200.000 húngaros fugido, passando a ser refugiados. Prisões em massa e denúncias continuaram durante meses. Em janeiro de 1957, o novo governo soviético instalado suprimiu toda a oposição pública. Essas ações soviéticas fizeram duvidar das suas convicções muitos marxistas ocidentais, ainda mais pelo brutal reforço do controle soviético na Europa Central.
Discussões públicas sobre essa revolução foram reprimidas na Hungria por trinta anos, mas desde os anos 1980 ela tem sido objeto de intenso estudo e debate. Na inauguração da Terceira República da Hungria, em 1989, o dia 23 de outubro foi declarado feriado nacional.

quinta-feira, outubro 20, 2016

Khadafi morreu há 5 anos...

(imagem daqui)

23

Mostravam-nos o corpo espedaçado de Khadafi,
depois das primaveras árabes, o mundo
entrava dentro do quarto
a golpes de metralhadora. Os mercados
eram seres bovinos, invisíveis, violando a Europa
num simulacro virtual de Zeus.
Só tu, obstinada, ensanguentavas o olhar, tensíssima,
na tua espera de Deus.


24

Somos o mesmo sangue, querias tu dizer,
e bebias o sumo sem uma palavra.
Um sangue que devia revoltar-se contra o tempo
e escorria das ampolas bebíveis,
ampulhetas sinistras,
quebradas pelos meus dedos.


in De Amore (2012) - Armando Silva Carvalho

quarta-feira, outubro 19, 2016

Samora Machel morreu há 30 anos

Machel com Margot Honecker em Berlim, 1983

Samora Moisés Machel (Chilembene, Gaza, 29 de setembro de 1933 - Mbuzini, Montes Libombos, 19 de outubro de 1986) foi um militar moçambicano, líder revolucionário de inspiração socialista, que liderou a Guerra da Independência de Moçambique e se tornou o seu primeiro presidente após a sua independência, de 1975 a 1986.
Carinhosamente conhecido como "Pai da Nação", morreu quando o avião em que regressava a Maputo se despenhou em território sul-africano. Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz.

(...)

Samora Machel não conseguiu, no entanto, ver realizados os seus propósitos, uma vez que, em 19 de outubro de 1986, quando se encontrava de regresso de uma reunião internacional em Lusaka, o Tupolev Tu-134 cedido pela União Soviética em que seguia, juntamente com muitos dos seus colaboradores, se despenhou em Mbuzini, nos montes Libombos (território sul-africano, perto da fronteira com Moçambique). O acidente foi atribuído a erros do piloto russo, mas ficou provado que este tinha seguido um rádio-farol, cuja origem não foi determinada. Este facto levou a especulações sobre uma possível cumplicidade do governo sul-africano, que nunca se conseguiu provar.
Em 2010, o jornalista português José Milhazes, que vive em Moscovo desde 1977 e trabalha atualmente para o diário português Público e como correspondente da cadeia portuguesa de televisão SIC, publicou o livro «Samora Machel: Atentado ou Acidente?», no qual sustenta que a queda do avião nada teve a ver com um atentado ou uma falha mecânica, mas sim com diversos erros da tripulação russa: em lugar de executar corretamente as operações de voo, os membros da tripulação, incluindo o piloto, estavam entretidos com futilidades, como a partilha de bebidas alcoólicas e outras, que não era possível obter em Moçambique e que eles traziam da Zâmbia. Segundo Milhazes, tanto os soviéticos como os moçambicanos teriam interesse em divulgar a tese de um atentado perpetrado pelo governo racista da África do Sul: a URSS quereria salvaguardar a sua reputação (qualidade mecânica do aparelho e profissionalismo da tripulação), ao passo que o governo de Moçambique quereria criar um herói.
No entanto, em 2007, Jacinto Veloso, um dos mais fieis aliados de Machel no seio da FRELIMO, tinha já publicado as suas Memórias em Voo Rasante, nas quais sustenta que a morte do presidente de Moçambique se deveu a uma conspiração entre os serviços secretos sul-africanos e os soviéticos, que, uns e outros, teriam razões para o eliminar.
Segundo Veloso, o embaixador soviético pediu certa vez uma audiência ao Presidente para lhe comunicar a apreensão da URSS face ao aparente «deslizamento» de Moçambique para o Ocidente, ao que Machel teria respondido «Vai à merda!», ordenando em seguida ao intérprete que traduzisse e abandonando a sala. Convencidos de que Machel se afastara irrevogavelmente da sua órbita, os soviéticos não teriam hesitado em sacrificar o piloto e toda a equipagem do seu próprio avião.