sábado, agosto 24, 2013

Há 441 anos o massacre da noite de São Bartolomeu quase acabou com os huguenotes em França

Massacre de São Bartolomeu, de François Dubois

O massacre da noite de São Bartolomeu ou a noite de São Bartolomeu, foi um episódio sangrento na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, que eram católicos.
Esses assassinatos aconteceram em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu.
As matanças, organizadas pela Casa Real Francesa, começaram na noite de 24 de agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados, e até mesmo nos escritos de historiadores modernos há uma escala considerável de diferença, que têm variado de 2.000 vítimas por um católico, até a afirmação de 70.000, pelo contemporâneo huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte.
Este massacre veio dois anos depois do tratado de paz de Saint-Germain, pelo qual Catarina de Médici tinha oferecido tréguas aos protestantes.
Em 1572, quatro incidentes inter-relacionados têm lugar após o casamento real de Marguerite de Valois, irmã do rei da França, com Henrique de Navarra, (chefe da dinastia dos huguenotes) uma aliança que supostamente deveria acalmar as hostilidades entre protestantes e católicos romanos, e fortalecer as aspirações de Henrique ao trono. Em 22 de agosto, um agente de Catarina de Médici (a mãe do rei da França de então, Carlos IX de França, o qual tinha apenas 22 anos e não detinha verdadeiramente o controle), um católico chamado Maurevert, tentou assassinar o almirante Gaspard de Coligny, líder huguenote de Paris, o que enfureceu os protestantes, apesar de ele ter ficado apenas ferido.
Nas primeiras horas da madrugada de 24 de agosto, o dia de São Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planeados pela família real.
Este foi início de um massacre mais vasto, apesar do rei ter enviado mensageiros às províncias para manter os termos do tratado de 1570. Começando em 24 de agosto e durando até outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em doze cidades francesas, como Toulouse, Bordeaux, Lyon, Bourges, Rouen e Orléans.
Relatos da quantidade de cadáveres arremessados nos rios levaram a uma visível contaminação, de modo que ninguém comia peixe, pelas condições insalubres do local.

sexta-feira, agosto 23, 2013

Há 74 anos os nazis e os comunistas dividiram a Europa e prepararam-na para a II Guerra Mundial

Estaline e Ribbentrop na assinatura do Pacto

O Pacto Molotov-Ribbentrop foi um tratado de não-agressão firmado nas vésperas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), entre a Alemanha Nazi e a União Soviética.Esse tratado definia:
  1. 5 anos de paz entre Alemanha e União Soviética;
  2. Invasão da Polónia (que seria dividida entre as 2 nações), dos Países Bálticos e da Finlândia.

Caricatura no jornal semanal "Mucha", de Varsóvia, em 8 de setembro de 1939, já com a invasão Nazi em andamento - Ribbentrop faz reverência a Estaline

Antecedentes
O resultado da Primeira Guerra Mundial foi desastroso tanto para o Reich alemão como para a União Soviética. Durante o conflito, os bolcheviques lutavam pela sobrevivência, e Lenine não teve alternativa a não ser reconhecer a independência da Finlândia, da Estónia, da Letónia, da Lituânia e da Polónia. Além disso, diante do avanço militar alemão, Lenine e Trotsky foram forçados assinar o Tratado de Brest-Litovsk, que retirava o país da guerra e cedia alguns territórios ocidentais da Rússia ao Império Alemão. Após o colapso da Alemanha, tropas da Grã-Bretanha, da França e do Império Japonês intervieram na Guerra Civil Russa.
Em 16 de abril de 1922, a Alemanha e a União Soviética participaram no Tratado de Rapallo, por cujos termos renunciavam às reivindicações territoriais e financeiras contra os demais. As partes se comprometeram ainda à neutralidade na eventualidade de um ataque de um contra um outro pelo Tratado de Berlim (1926).
No início da década de 1930, a ascensão do Partido Nazi ao poder na Alemanha, aumentou as tensões entre estes países, a União Soviética e outros países de etnia eslava, que foram considerados "Untermenschen" ("sub-humanos") de acordo com a ideologia racial nazi. Além disso, os nazis, antissemitas, associavam a etnia judia com o comunismo e com o capitalismo financeiro, aos quais se opunham. Por conseguinte, a liderança nazi declarou que os eslavos na União Soviética estavam a ser governados por "judeus bolcheviques".
Em 1939, a Alemanha nazi e a Itália fascista, apoiaram os nacionalistas espanhóis na Guerra Civil Espanhola, enquanto os soviéticos apoiaram a Segunda República Espanhola, sob a liderança do presidente Manuel Azaña. Naquele mesmo ano, a Alemanha e o Império Japonês entraram no "Pacto Anti-Comintern", e a que se juntou, um ano depois, a Itália.
A feroz retórica anti-soviética de Adolf Hitler foi uma das razões pelas quais a Grã-Bretanha e a França decidiram que a participação da União Soviética na Conferência de Munique, em 1938, sobre o destino da Checoslováquia, seria perigosa e inútil. O Acordo de Munique, então assinado, marcou uma anexação parcial da Checoslováquia pela Alemanha, no final de 1938, seguido da sua dissolução completa, em março de 1939, o que é visto como parte de um apaziguamento da Alemanha realizado pelos gabinetes de Neville Chamberlain e Édouard Daladier. Esta política levantou de imediato a questão de saber se a União Soviética poderia evitar ser o próximo passo na lista de Hitler.
Nesse contexto, a liderança soviética acreditava que o Ocidente poderia querer incentivar a agressão alemã a Oriente, e que a Grã-Bretanha e a França poderiam ficar neutras no conflito iniciado pela Alemanha Nazi. Pelo lado da Alemanha, devido a que uma aliança com a Grã-Bretanha era impossível, tornava-se necessário estreitar relações mais estreitas com a União Soviética para a obtenção de matérias-primas. Além disso, um bloqueio naval britânico era esperado em caso de guerra, o que iria provocar uma escassez crítica de matérias-primas para o esforço de guerra da Alemanha. Depois do acordo de Munique, aumentaram as necessidades alemãs em termos de abastecimento militar, ao passo que, devido à implementação do terceiro plano quinquenal na URSS, eram essenciais investimentos maciços em tecnologia e equipamentos industriais.
Em 31 de março de 1939, em resposta ao desafio da Alemanha nazi do Acordo de Munique e da ocupação da Checoslováquia, a Grã-Bretanha garantiu o apoio da própria França para garantir a independência da Polónia, da Bélgica, da Roménia, da Grécia e da Turquia. Em 6 de Abril, a Polónia e a Grã-Bretanha concordaram em formalizar a garantia de uma aliança militar. Em 28 de abril, Hitler denunciou o Pacto de Não-Agressão Polaco-Alemão de 1934 e o Acordo Naval Anglo-Germânico de 1935.

À esquerda as fronteiras conforme o Pacto Molotov-Ribbentrop; à direita, as fronteiras reais em 1939

O Pacto
Foi assinado em Moscovo na madrugada de 24 de agosto de 1939 (mas datada de 23 de agosto) pelo então ministro do exterior soviético Vyacheslav Molotov e pelo então ministro do exterior da Alemanha Joachim von Ribbentrop. Em linhas gerais estabelecia que ambas as nações se comprometiam a manter-se afastadas uma da outra em termos bélicos. Nenhuma nação favoreceria os inimigos da outra, nem tão pouco invadiriam os seus respectivos territórios, além do que, a União Soviética não reagiria a uma agressão alemã à Polónia, e que, em contrapartida, a Alemanha apoiaria uma invasão soviética à Finlândia, entre outras concessões. De facto à invasão nazi seguiu-se a Invasão Soviética da Polónia e também da Finlândia, ainda em 1939.
Em dois protocolos secretos, os dois governos organizaram a partilha dos territórios da Europa de Leste em zonas de influência, decidindo que a Polónia deveria deixar de existir (passando o seu território para a Alemanha e para a URSS), que a Lituânia ficaria sob alçada alemã (meses mais tarde a Alemanha trocou a Lituânia por outra zonas de influência, ficando a Lituânia sob alçada soviética), que a Estónia e a Letónia passariam para a URSS bem como grande parte da Finlândia e vastas zonas da Roménia e da Bulgária.
O pacto estabelecia também fortes relações comerciais, vitais para os dois países, nomeadamente petróleo soviético da zona do Cáucaso e trigo da Ucrânia, recebendo em contrapartida ajuda, equipamento militar alemão e ouro.
Este novo facto nas relações internacionais alarmou a comunidade das nações, não só porque os nazistas eram supostos inimigos dos comunistas, mas também porque, secretamente, objetivava a divisão dos estados da Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia segundo as esferas de interesses de ambas as partes. O pacto era absolutamente vital para ambos os países: para os alemães assegurava que se poderiam concentrar apenas na sua frente ocidental para além de terem assegurado combustíveis que de outro modo impossibilitariam tais operações. Do lado soviético, a paz e a ajuda militar eram fundamentais, tanto mais que as forças militares não estavam preparadas para qualquer grande combate, como se comprovou na mal sucedida aventura finlandesa de novembro de 1939 - a chamada guerra de inverno.
O pacto durou até 22 de junho de 1941, quando a Alemanha nazi, sem prévio aviso, iniciou a invasão do território soviético na Operação Barbarossa.

Keith Moon, o bateristas dos The Who, nasceu há 67 anos

Keith John Moon (Londres, 23 de agosto de 1946 – Londres, 7 de setembro de 1978) foi o baterista da banda de rock britânica The Who. Ganhou prestígio por seu estilo inovador e exuberante na bateria e notoriedade por seu comportamento excêntrico e por vezes destrutivo, o que lhe rendeu o apelido de "Moon the Loon" ("Moon, o Lunático"). Moon entrou para os Who em 1964, participando em todos os seus álbuns e singles a partir da estreia do grupo, com "Zoot Suit" em 64, até Who Are You, de 1978, lançado três semanas antes da sua morte.
Moon era conhecido por seu estilo de bateria dramático e cheio de suspense, que frequentemente envolvia a omissão de batidas básicas em prol de uma técnica fluída e acentuada, focada em viradas progressivas pelos timbalões, trabalho ambidestro no bumbo e passadas e ataques selvagens nos chimbaus. Ele é citado pelo Hall da Fama do Rock and Roll como um dos maiores bateristas de rock and roll de todos os tempos e foi postumamente introduzido no Rock Hall, em 1990, como membro dos The Who.
O legado de Moon, como membro dos The Who, como artista a solo e como uma personalidade excêntrica, continuam a colecionar prémios e reconhecimentos, incluindo um segundo um lugar na lista dos "melhores bateristas de todos os tempos", dos leitores da revista Rolling Stone, em 2011, quase 35 anos depois de sua morte.

Nos The Who
Inicialmente Moon tocava no mesmo estilo de bandas norte-americanas de surf rock e R&B, utilizando ritmos e preenchimentos de ambos os géneros, mas tocando mais alto e com muito mais autoridade. Ele também foi bastante influenciado pelo baterista de jazz Gene Krupa. Inspirado numa conversa que teve com Ginger Baker, Moon passou a usar um kit de bateria duplo no fim de 1965. Na banda, o guitarrista Peter Townshend mantinha o tempo, já que trabalhava de maneira acentuadamente rítmica, enquanto Moon e o baixista John Entwistle  faziam os solos no topo desta base. As composições de Townshend ganhavam vida nova após ele apresentá-las a Moon e Entwistle, que transformavam as músicas em algo completamente novo e inesperado, com suas técnicas distintas de tocar.
No começo da carreira dos The Who a banda adquiriu a reputação de destruir os seus instrumentos no final de cada show. Moon demonstrava um zelo particular quanto a esta atividade, chutando e quebrando a sua bateria com bastante à vontade.

A fama de destruidor
Moon não tardou a ganhar a reputação de ser uma personalidade destrutiva. Ele era conhecido por acabar com quartos de hotel, casas de amigos e até mesmo a sua própria residência, jogando com frequência móveis pelas janelas e destruindo casas de banho com fogo de artifício. Estes atos eram quase sempre provocados pelo consumo de drogas e álcool mas, na maioria do tempo, Moon estava simplesmente dando continuidade ao estilo de vida pelo qual se tornou famoso.
Em 1970, Moon envolveu-se em um incidente na saída de um pub em Londres, quando seu motorista e guarda-costas, Cornelius "Neil" Boland, foi atropelado e morto. Boland havia saído do carro para tentar conter um tumulto quando foi derrubado; Moon, desesperado, guiou para longe dali, só descobrindo quilómetros mais adiante o corpo do motorista, preso nas engrenagens do automóvel. Embora um subsequente processo judicial tenha declarado a inocência de Moon, o baterista culpar-se-ia pelo acidente no resto da sua vida.
O apetite de Moon pela vida alucinada custaria posteriormente a deterioração de suas habilidades na bateria e a confiança de seus companheiros de banda na sua capacidade como instrumentista.

A solo
Embora o trabalho com os The Who dominasse a carreira de Moon, ele chegou a participar em alguns projetos paralelos. Em 1966, Keith juntou-se ao guitarrista Jeff Beck do Yardbirds e com os futuros Led Zeppelin Jimmy Page e John Paul Jones para gravar uma instrumental, "Beck's Bolero", lançada no final daquele mesmo ano.
Em 1967, Moon foi convidado pelos Beatles para participar do coro da canção All You Need Is Love, numa apresentação ao vivo na primeira transmissão mundial via-satélite, em 26 países simultaneamente. A apresentação foi transmitida ao vivo do lendário estúdio Abbey Road e contou também com as participações de Mick Jagger, Eric Clapton, Marianne Faithfull e Graham Nash no coro do refrão da música.
Em 1975 ele lançou seu primeiro e único álbum a solo, uma coleção de covers de canções pop chamada Two Sides of the Moon. Curiosamente Moon resolveu assumir o papel de cantor, enquanto a bateria foi relegada a outros músicos, como Ringo Starr e Jim Keltner.
Em 1971 Moon fez uma participação especial no filme 200 Motels de Frank Zappa. Ele voltaria às telas com That'Il Be the Day de 1973, e também no filme Tommy, de 1975.

Morte
A última noite de Keith Moon foi como convidado de Paul McCartney na estreia do filme The Buddy Holly Story. Depois de jantar com Paul e Linda McCartney, Moon e a sua namorada, Annette Walter-Lax, deixaram a festa mais cedo e regressaram ao seu apartamento em Curzon Place, Londres. Ele morreu dormindo, em consequência de uma overdose do medicamento que ele estava a usar no tratamento contra o alcoolismo. O registo do legista apontou 32 pílulas de Heminevrin no seu organismo, 26 delas ainda não dissolvidas. O apartamento na Curzon Place tinha sido emprestado a Keith por seu amigo Harry Nilsson e, por coincidência, "Mama" Cass Elliot (vocalista do The Mamas and The Papas) morrera no mesmo apartamento quatro anos antes. Amargurado com a perda de dois amigos, Nilsson nunca mais regressou ao local, vendendo posteriormente o apartamento a Pete Townshend.


Georges Cuvier nasceu há 244 anos

Georges Cuvier (Montbéliard, 23 de agosto de 1769 -Paris, 13 de maio de 1832), cujo verdadeiro nome era Jean Leopold Nicolas Fréderic Cuvier, foi um dos mais importantes naturalistas da primeira metade do século XIX, tendo desenvolvido métodos e programas de pesquisas para várias áreas da História Natural.

Biografia
Procurando atingir a compreensão das leis naturais que regem o funcionamento dos seres vivos ele formulou as leis da Anatomia Comparada, que possibilitaram as reconstruções paleontológicas. A partir daí, os fósseis poderiam passar a pertencer a um sistema de classificação biológica, único, em conjunto com os organismos vivos. Através da Anatomia Comparada, Cuvier pôde comprovar que as ossadas fósseis de mamutes e mastodontes diferiam das ossadas dos elefantes ainda vivos na Terra, os asiáticos e africanos, e que portanto pertenciam a espécies distintas. Desta forma estabeleceu, definitivamente, a ocorrência do fenómeno da extinção, visto que não haveria possibilidade de que aqueles enormes quadrúpedes fossem encontrados em alguma região remota do Globo, já bem explorado naquele momento.
Foi um dos mais influentes defensores do Catastrofismo, publicando a obra de divulgação principal desta teoria: Discurso sobre as Revoluções na Superfície do Globo (1812-1825). Georges Cuvier é frequentemente relacionado à figura de opositor das ideias transformistas, como por exemplo as de Lamarck e de portanto ter barrado o surgimento do evolucionismo na França.
Estudou em Stuttgart (Alemanha), durante 4 anos, até 1788, quando então foi trabalhar na Normandia como tutor em uma família da nobreza, que se havia transferido para a região de Caen durante o período crítico da Revolução Francesa. Em 1795 mudou-se para Paris e assumiu, no Museu Nacional de História Natural (França), as funções de assistente de Jean-Claude Mertrud Em 1796 foi eleito membro do Institut de France, e em 1800 começou a lecionar no Collège de France. Com a morte de Mertrud em 1802, tornou-se titular da cadeira de Anatomia Animal, no Museu de Paris. Nesta instituição, Cuvier empreendeu uma profusão de estudos comparativos que resultaram no reconhecimento de seus métodos, pela comunidade científica da época, a qual viria a aderir ao seu programa científico para o estudo dos fósseis.
Cuvier defendia a ideia de que os organismos eram formados de partes complexas interrelacionadas, que não podiam ser alteradas sem que o todo perdesse a sua harmonia. Não acreditava na Teoria da Evolução Orgânica, pois, para ele, as modificações necessárias para tal fenómeno ocorrer, seriam inviáveis, de acordo com as leis da Anatomia Comparada. Para refutar as ideias transformistas, comparou gatos e ibis mumificados, trazidos pela expedição de Napoleão Bonaparte ao Egito, concluindo que não apresentavam diferenças anatómicas com os representantes atuais, mesmo com o decorrer de milhares de anos, pois, na sua época, acreditava-se que a Terra teria a idade de alguns milénios, apenas.
Além de sua eminência no campo das ciências, ocupou diversos cargos na Administração Pública, tendo em 1808 sido nomeado, pelo Imperador Napoleão Bonaparte, Inspetor-Geral da Educação, o que lhe permitiu promoveu a reforma no sistema de ensino francês, a qual vigora até os dias de hoje. Nos últimos dias de sua vida, Cuvier combateu as ideias de Geoffroy Saint-Hilaire sobre a unidade de composição orgânica, em uma polémica, acompanhada pelo público através de jornais e revistas da época. Morreu durante uma epidemia de cólera, que assolou Paris, porém a causa foi um acidente vascular cerebral.

quinta-feira, agosto 22, 2013

Há 598 anos o Rei de Portugal conquistou Ceuta

Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864 - 1942) na Estação de São Bento, no Porto: o Infante D. Henrique na conquista de Ceuta
A Conquista de Ceuta, cidade islâmica no Norte de África, por tropas portuguesas sob o comando de El-Rei D. João I de Portugal, deu-se a 22 de agosto de 1415.
As causas e origens da conquista de Ceuta não são hoje suficientemente claras: uma das razões, a Causa Bélica, teria sido a oportunidade dos infantes (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique) serem armados cavaleiros por um feito de guerra. Outra, a Causa Religiosa, defendida por historiadores como Joaquim Bensaúde (1859-1951), viram na figura do infante D. Henrique um símbolo do espírito de cruzada, defendendo ter havido na génese da expansão um zelo religioso; outra, a Causa Política, talvez a ameaça castelhana constante sobre a cidade, defendida por historiadores como Jaime Cortesão (1884-1960), que realçava o desejo da antecipação a Castela na expansão para o norte de África. Estes motivos não são incompatíveis com a Causa Económica, defendida por António Sérgio (1883-1969) e, mais recentemente, Vitorino Magalhães Godinho: Ceuta era uma cidade rica e teriam sido levados pela burguesia comercial, que queria canalizar para Lisboa o tráfego do Mediterrâneo ocidental feito por aquela cidade. Para se informar de todos os pormenores da cidade, D. João I enviou à Sicília dois embaixadores com o pretexto de pedirem a mão da rainha para o infante D. Pedro; estes na passagem colheram todas as informações sobre Ceuta.

(...)

Manter a cidade constituía-se em um problema logístico: era necessário enviar suprimentos, armas e munições; a maior parte dos soldados era recrutada à força, recorrendo-se a condenados e criminosos a quem o rei comutava a pena desde que fossem para Ceuta e ainda recompensar generosamente os nobres que ocupavam postos de chefia. Julgaram consegui-lo, quando do desastre português de Tânger, pedindo como resgate do infante de D. Fernando a cidade de Ceuta. Mas D. Fernando faleceu no cativeiro e a cidade continuou portuguesa (1443).
Ceuta teve que se aguentar sozinha, durante 43 anos, até que a posição da cidade ser consolidada com a tomada de Alcácer Seguer (1458), Arzila e Tânger (1471).
A cidade foi reconhecida como possessão portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas (1479) e pelo Tratado de Tordesilhas (1494).
Quando da Dinastia Filipina, Ceuta manteve a administração portuguesa do Reino de Portugal, assim como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa, não aclamou o Duque de Bragança, como rei de Portugal, mantendo-se espanhola. A situação foi oficializada em 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa entre os dois países, e que pôs fim à guerra da Restauração.

Bandeira atual da Cidade de Ceuta

Há dez anos o Acidente de Alcântara ia destruindo o programa espacial brasileiro

Torre Móvel de Integração do CLA (ao fundo) destruída em 2003

Às 13.30 horas (hora de Brasília) do dia 22 de agosto de 2003, três dias antes da data prevista para o seu lançamento, uma enorme explosão destruiu o foguete brasileiro VLS-1 V03 na sua plataforma de lançamento, no Centro de Lançamento de Alcântara durante os preparativos para o lançamento, matando 21 técnicos civis.
O objetivo da missão, nomeada Operação São Luís, era colocar o microssatélite meteorológico SATEC, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e o nanosatélite UNOSAT da Universidade do Norte do Paraná, em órbita circular equatorial, a 750 km de altitude.


O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), foi a denominação atribuída à segunda base de lançamentos de foguetes da Força Aérea Brasileira. Destina-se a realizar missões de lançamentos de satélites e sedia os testes do Veículo Lançador de Satélites (VLS).
Ela está situada na latitude 2°18’ sul, e tinha originalmente uma área de 620 km², no município de Alcântara, a 32 km de São Luís, capital do estado brasileiro do Maranhão.

A data de 1 de março de 1983, quando foi ativado o Núcleo do Centro de Lançamento de Alcântara - NUCLA, com finalidade de proporcionar o apoio logístico e de infraestrutura local, assim como garantir segurança à realização dos trabalhos a serem desenvolvidos na área do futuro centro espacial no Brasil, é considerada a data oficial de inauguração do CLA. Nessa época, as primeiras famílias foram retiradas dos seus locais de origem, e transferidas para sete agrovilas, localizadas a 14 km de Alcântara. Apenas em novembro de 1989, o CLA se tornou efetivamente operacional, quando na "Operação Pioneira", os primeiros foguetes do tipo SBAT foram lançados.
O CLA foi criado como alternativa ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado no estado do Rio Grande do Norte, pois o crescimento urbano nos arredores do CLBI, não permitia ampliações da base.
No âmbito do mercado das Missões Espaciais Internacionais, o CLA é o único concorrente do Centro Espacial de Kourou, situada na Guiana Francesa, mas ao contrário deste, o centro espacial brasileiro não faz lançamentos egulares por causa de atrasos logísticos e tecnológicos.
Devido à sua proximidade com a linha do equador, o consumo de combustível para o lançamento de satélites é menor em comparação a outras bases de lançamento existentes, tendo as seguintes vantagens:
  • A proximidade da base com a linha do equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul): a velocidade de rotação da Terra na altura do Equador, auxilia o impulso dos lançadores e assim favorece a economia do combustível utilizado nos foguetes.
  • A disposição da península de Alcântara: permite lançamentos em todos os tipos de órbita, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais), e a segurança das áreas de impacto do mar que foguetes de vários estágios necessitam ter.
  • A área do Centro: a baixa densidade demográfica possibilita a existência de diversos sítios para foguetes diferentes.
  • As condições climáticas: o clima estável, o regime de chuvas bem definido e os ventos em limites aceitáveis tornam possível o lançamento de foguetes em praticamente todos os meses do ano.
  • A base é considerada uma das melhores do mundo pela sua localização geográfica, por estar a dois graus da linha do Equador.

Claude Debussy nasceu há 151 anos

A música inovadora de Debussy agiu como um fenómeno catalisador de diversos movimentos musicais em outros países. Em França, só se aponta Ravel como influenciado, e só na juventude, não sendo propriamente discípulo. Influenciados foram também Béla Bartók, Manuel de Falla, Heitor Villa-Lobos e outros. Do Prélude à l'après-midi d'un Faune ("Prelúdio ao entardecer de um Fauno"), com que, para Pierre Boulez, começou a Música moderna, até Jeux ("Jogos"), toda a arte de Debussy foi uma lição de inconformismo.

Vida
A vocação musical do jovem foi descoberta por Mme Fauté de Fleurville, que o preparou para o Conservatório, onde foi admitido em 1873.
Em 1884 recebe o Grande Prémio de Roma de composição. Viaja para Moscovo, com Mme von Meck, protetora de Tchaikovsky, interessando-se pela obra do então desconhecido Mussorgsky, que o influenciará.
Após uma estada na Villa Médici, em Roma, regressa a Paris, em 1887, entrando em contacto com a vanguarda artística e literária. Frequenta os mardis de Mallarmé (reuniões semanais realizadas às terças-feiras, na casa do poeta simbolista Stéphane Mallarmé). No mesmo ano conhece Brahms, em Viena. Em 1888 ouve, em Bayreuth, Tristão e Isolda, de Wagner, que lhe causa profunda impressão. Em Paris, na exposição de 1889, ouve música do Oriente.
Por volta de 1887, inicia uma relação com Gabrielle Dupont. Os dois viverão juntos durante quase dez anos - Debussy levando uma vida boémia.
Debussy se separa de Gabrielle para se casar, em 19 de outubro de 1899 em Paris, com Marie-Rosalie (Lilly) Texier, uma costureira de Bichain, um povoado de Villeneuve-la-Guyard (Yonne), a 80 km a sul de Paris, onde ele passará os verões de 1902 a 1904. Lá, Debussy compõe a maior parte de La Mer.
Quatro anos mais tarde, ele encontra Emma Bardac, esposa de um banqueiro e ex-amante de Gabriel Fauré, iniciando com ela uma nova relação sentimental. Deixa, então, Lilly, que, abalada pela separação, tenta matar-se com um tiro no peito, mas sobrevive. O caso provoca um escândalo, e Debussy é duramente criticado pela sua atitude, mesmo pelos amigos mais próximos. De todo modo, ele consegue o divórcio e casa com Emma em 1908. O casal terá uma filha, Claude-Emma Debussy, a que chamava de Chouchou, nascida a 30 de outubro de 1905, a quem ele dedica a sua suíte para piano Children's Corner, composta entre 1906 e 1908.
A vida de Debussy corre sem grandes acontecimentos, excetuando-se o escândalo doméstico do seu divórcio e a tumultuada estreia de Pelléas et Mélisande, em 1902.
Em 1909, Debussy soube que sofria de cancro.
A maior parte da sua obra tardia constitui-se de música de câmara, incluindo três extraordinárias sonatas para violoncelo, para violino e para flauta, viola e harpa. Com o organismo em colapso, Debussy trabalhou com notável coragem. A eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, roubou-lhe todo o interesse pela música. Após um ano de silêncio, ele percebeu que tinha de contribuir para a luta da única maneira que podia, "criando com o melhor de minha capacidade um pouco daquela beleza que o inimigo está atacando com tanta fúria." Uma de suas últimas cartas fala de sua "vida de espera - a minha existência de sala de espera, eu poderia assim chamá-la - porque sou um pobre viajante, esperando por um comboio que não virá." O seu último trabalho, a Sonata para Violino e Piano L 140, foi executado em maio de 1917, com ele ao piano. Ele tocou essa mesma peça em setembro, em Saint-Jean-de-Luz. Foi a última vez que tocou em público.
Debussy morreu a 25 de março de 1918, durante o bombardeamento de Paris, na última ofensiva alemã da Primeira Guerra Mundial. Encontra-se sepultado no Cemitério de Passy, em Paris. Pouco tempo depois, a 14 de julho de 1919, também morreria a sua filha, Chouchou, de difteria. Ela foi sepultada no túmulo do seu pai, em Passy.


NOTA: o Google Doodle de hoje dá-nos música, comemorando o 151º aniversário do nascimento de Debussy...!



John Lee Hooker nasceu há 96 anos

John Lee Hooker (Coahoma, 22 de agosto de 1917 - Los Altos, 21 de junho de 2001) foi um influente cantor e guitarrista de blues norte-americano, nascido no condado de Coahoma próximo de Clarksdale, Mississipi. Foi considerado o 35º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.
A carreira de Hooker começou em 1948 quando ele alcançou sucesso com o compacto "Boogie Chillen", apresentando um estilo meio falado que se tornaria a sua marca registada. Ritmicamente, a sua música era bastante livre, uma característica que ele tinha em comum com os primeiros músicos de delta blues. A sua entonação vocal era menos associada à música de bar comparativamente com outros cantores de blues. O seu estilo casual e falado seria diminuído com o advento dos blues elétrico das bandas de Chicago mas, mesmo quando não estava tocando sozinho, Hooker mantinha as características primordiais do seu som.
Ele fê-lo, entretanto, levando adiante uma carreira a solo, ainda mais popular devido ao surgimento de aficionados por blues e música folk no começo dos anos 60 - ele inclusive passou a ser mais conhecido entre o público branco, e deu uma oportunidade ao iniciante Bob Dylan. Outro destaque da sua carreira aconteceu em 1989, quando se juntou à diversos astros convidados, incluindo Keith Richards e Carlos Santana, para a gravação de The Healer, que acabaria ganhando um Grammy.
Em 1994 Hooker passou por uma operação para a retirada de uma hérnia, o que acabou por o afastar dos palcos por algum tempo e, depois das gravações de "Chill Out" (1995), parou de fazer shows regulares, continuando apenas com aparições ocasionais.
Hooker, que gravou mais de 500 músicas e aproximadamente 100 álbuns, morreu de causas naturais enquanto dormia, em 21 de junho de 2001, na sua casa em Los Altos, Califórnia. Foi casado e divorciado 4 vezes, teve oito filhos e era o dono de um clube noturno de São Francisco chamado "Boom Boom Room", nome este inspirado num de seus muitos sucessos.

quarta-feira, agosto 21, 2013

A Primavera de Praga acabou há 45 anos

(imagens daqui)

A Primavera de Praga foi um período de liberalização política na Checoslováquia durante a época de domínio pela União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial. Esse período começou em 5 de janeiro de 1968, quando o reformista eslovaco Alexander Dubček chegou ao poder, e durou até ao dia 21 de agosto, quando a União Soviética e os países fantoches do Pacto de Varsóvia invadiram o país para interromper as reformas.
As reformas da Primavera de Praga foram uma tentativa de Dubček, aliado a intelectuais checoslovacos, de conceder direitos adicionais aos cidadãos num ato de descentralização parcial da economia e de democratização. As reformas concediam também um relaxamento das restrições às liberdades de imprensa, de expressão e de movimento e ficaram conhecidas como a tentativa de se criar um “socialismo com face humana”.
Dubček também dividiu o país em duas repúblicas separadas; essa foi a única reforma que sobreviveu ao fim da Primavera de Praga.
As reformas não foram bem recebidas pelos soviéticos que, após as falhas nas negociações, enviaram milhares de tropas e tanques do Pacto de Varsóvia para ocupar o país. Uma grande onda de emigração varreu o país. Apesar de ter havido inúmeros protestos pacíficos no país, inclusive o suicídio de um estudante, não houve resistência militar. A Checoslováquia continuou ocupada até 1990.
Após a invasão, a Checoslováquia entrou em um período de normalização: os lideres seguintes tentaram restaurar os valores políticos e económicos que prevaleciam antes de Dubček ganhar o poder no Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ, em checo). Gustáv Husák, que substituiu Dubček e que também se tornou presidente, destruiu quase todas as reformas de Dubček. A Primavera de Praga imortalizou-se na música e na literatura pelas obras de Karel Kryl e de Milan Kundera, como A Insustentável Leveza do Ser.

História
O movimento da Primavera de Praga foi liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Checo, interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, econômica e social, na Checoslováquia. A proposta surpreendeu a sociedade checa, que em 5 de abril de 1968 soube das propostas reformistas dos intelectuais comunistas.
O objetivo de Dubcek era "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Com isso, o secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembléia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade checa. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por Dubcek.
As propostas foram apoiadas pela população. O movimento que propôs a mudança radical da Checoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram a favor da rápida democratização. No mês de junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Eles acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para um regime socialista democrático em moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.
A União Soviética, temendo a influência que uma Checoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdade na sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 21 de agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscovo. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores, construídos à pressa, por membros do exército checo e por aficionados por radio transmissores: a Rádio Checoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. As suas instruções eram para a população manter a calma e, sobretudo, não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários checoslovacos, com uma extrema competência, atrasaram a entrega e, quando a estação chegou ao seu destino, estava inutilizável.
Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político: as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população checoslovaca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 iniciou-se uma greve geral e, no dia 26, foi publicado o decálogo da não cooperação:
  1. Não sei!
  2. Não conheço!
  3. Não direi! 
  4. Não tenho! 
  5. Não sei fazer! N
  6. Não darei! 
  7. Não posso! 
  8. Não irei! 
  9. Não ensinarei! 
  10. Não farei!
Através de uma rede de radioamadores, a população era informada sobre ações que poderiam ser organizadas para levar a cabo uma resistência não violenta. Tal reação foi espontânea, devido à impossibilidade de se utilizar a ação violenta. De certa forma, a população se inspirou em um livro picaresco muito popular, "O valente soldado Chveik", onde o personagem usava de travessuras para expulsar as tropas invasoras.
A paralisação dos comboios interrompeu a comunicação com os países aliados, e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas de sinalização foram invertidas, e depois pintadas com uma tinta fácil de se raspar. Quando os soldados raspavam a tinta para verem a direção correta, acabavam voltando na direção de Moscovo.
Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população checa estava sendo massacrada, como fora a população húngara, 12 anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Checoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach auto-imolou-se, ateando fogo ao próprio corpo numa praça de Praga, a 16 de janeiro de 1969.
Por sua vez, os comunistas checos mais conservadores apoiaram a invasão soviética, uma vez que eles acreditavam que as reformas de Dubček trariam um precoce desastre económico e social, o que mais tarde realmente ocorreria, em 1991, com o colapso soviético. Sinal disto, é a divisão do partido em dois lados, os liberais (reformistas) e os conservadores, que contariam com o apoio soviético, o poder mais influente.

Count Basie nasceu há 109 anos

William "Count" Basie (Red Bank, 21 de agosto de 1904 - Hollywood, 26 de abril de 1984) foi um pianista, compositor e bandleader de jazz (swing era) dos Estados Unidos da América.
Foi autor de temas, como "One O'clock Jump" e "Jumpin' at the Woodside" que foram executados, com primor, respectivamente, por Duke Ellington e Benny Goodman, com as suas orquestras.
Foi chamado de "Count" (Conde em português), considerando sua importância entre os grandes mestres da Swing era como Benny Goodman (Rei), Duke Ellington (Duque), Lester Young (Presidente) e Billie Holliday (Dama).

Kenny Rogers - 75 anos!

Kenneth Donald Rogers (21 de agosto de 1938, Houston, Texas) é um prolífico cantor de música country norte-americano, além de fotógrafo, produtor e ator.
Rogers também foi um dos líderes do grupo USA for Africa, que teve como objetivo ajudar as vítimas da fome e doenças em África. A música que deu início a essa organização foi o compacto We are the world, escrito por Michael Jackson e Lionel Richie. Essa música, que reuniu 45 cantores, foi um sucesso internacional e prenúncio do Live Aid 85.


Alexandre O'Neill morreu há 27 anos

Estátua no Parque dos Poetas

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões (Lisboa, 19 de dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de agosto de 1986), ou simplesmente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o imortal lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.


E de Novo, Lisboa...

E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?


in De Ombro na Ombreira (1969) - Alexandre O'Neill