Filha caçula do casal
capixaba Jairo Leão e Altina Lofego (em italiano Lofiego), descendente de imigrantes da
Basilicata que imigraram para o Espírito Santo no século XIX (famílias D'Amico e Lofiego), Nara nasceu em Vitória e mudou-se para a
Cidade do Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os pais e a
irmã, a
jornalista Danuza Leão. Durante a infância, Nara teve aulas de
viola com Solon Ayala e
Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo "Os Oito Batutas" de Pixinguinha. Aos 14 anos, em
1956, resolveu estudar viola na academia de
Carlos Lyra e
Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá Ferreira, em Copacabana. Mais tarde, Nara tornou-se professora da academia.
A
Bossa Nova nasceu em reuniões no apartamento dos pais da cantora, em
Copacabana, das quais participavam nomes que seriam consagrados no género, como
Roberto Menescal,
Carlos Lyra,
Sérgio Mendes e seu então namorado,
Ronaldo Bôscoli. No fim dos anos
1950, Nara foi repórter do jornal "
Última Hora", onde Bôscoli também trabalhava, e que pertencia a
Samuel Wainer, casado com a irmã de Nara, Danuza Leão. O namoro com Bôscoli terminou quando ele a traiu e iniciou um caso com a cantora
Maysa, durante uma turnê em
Buenos Aires, em
1961. Daí em diante, Nara se reaproxima de
Carlos Lyra, que rompeu a parceria musical com Bôscoli em 1960, e de ideias mais à esquerda. Inicia um namoro com o cineasta
Ruy Guerra e se casa com ele um tempo depois. Nessa época passa a se interessar pelo samba de morro.
A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de
Vinícius de Moraes e
Carlos Lyra, na comédia
Pobre Menina Rica (
1963). O título de
musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista
Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o movimento militar de
1964, com a apresentação do espetáculo
Opinião, ao lado de
João do Vale e
Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo
regime militar.
Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no
ano seguinte, interpretando
Carcará, pois Nara precisara se afastar por estar afónica. Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos
anos 1960. De
musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos
Centros Populares de Cultura da
UNE. Embora os CPCs já tivessem sido extintos pela ditadura, em
1964, o espetáculo
Opinião tem forte influência do espírito cepecista. Em
1966, interpretou a
canção A Banda, de
Chico Buarque no
Festival de Música Popular Brasileira (
TV Record), que ganhou o festival e público brasileiro.
Dentre as suas interpretações mais conhecidas, destacam-se
O barquinho,
A Banda e
Com Açúcar e com Afeto - feita a seu pedido por
Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homónimo, lançado em
1980.
Nara também aderiu ao
movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento -
Tropicália ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em
1968 e disponível hoje em CD.
Já separada alguns anos do marido Ruy, de quem não teve filhos, Nara casa-se novamente, dessa vez com o cineasta
Cacá Diegues, com quem teve dois filhos:
Isabel e Francisco. No fim dos anos
1960, se muda para a
Europa com o marido, permanecendo lá por dois anos, tendo morado na
França, na cidade de
Paris, onde nasceu Isabel, primeira filha do casal.
No começo dos
anos 1970, ela volta para o Brasil grávida e nasce na Cidade do Rio de Janeiro o segundo filho do casal, Francisco. Nessa época, decide estudar
psicologia na
PUC-RJ. De fato, Nara planejava abandonar a música mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e modificando o estilo dos espetáculos, pois era muito cansativa a vida de uma cantora, já que ela agora era mãe e casada, tinha que se dedicar mais aos filhos e ao marido do que a música, apesar de Nara amar cantar, teve que fazer essa difícil escolha.
Morreu na manhã de
7 de junho de
1989 vítima de um
tumor cerebral inoperável aos 47 anos de idade. Ela já sabia do tumor, e sofria com esse problema havia 10 anos. O tumor estava numa área muito delicada do cérebro, por isso ela não podia ser operada, sentia fortes dores e tonturas, e isso também foi um contribuinte para ela tentar largar carreira musical. O último disco foi
My foolish heart, lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.