Auto-retrato com halo, 1889
Apesar de nascido em
Paris, Gauguin viveu os primeiros sete anos de sua vida em
Lima, no
Peru, para onde seus pais se mudaram após a chegada de
Napoleão III ao poder. Seu pai pretendia trabalhar em um jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível viagem de navio acabou por ter complicações de saúde e faleceu. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas com sua mãe e irmã.
Quando voltou para seu país natal, em
1855, Gauguin estudou em
Orléans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou em seguida numa
corretora de valores parisiense e, em
1873, casou-se com a
dinamarquesa Mette Sophie Gad, com quem teve cinco filhos.
Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do
século XX. Ao contrário de muitos pintores, não se incorporou ao
movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em
1876. Mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades económicas, problemas conjugais, privações e doenças.
Foi então para
Copenhagen, onde acabou ocorrendo o rompimento de seu casamento.
Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como as de
Van Gogh ou
Paul Cézanne. Apesar disso, teve seguidores e pode ser considerado o fundador do grupo
Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como
filosofia de vida.
Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.
O pintor parte para o
Taiti em busca de novos temas e para se libertar dos condicionamentos da
Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um
erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na
Bretanha, onde sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da França, onde conviveu com
Vincent Van Gogh. Numa viagem à
Martinica, em
1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio", ou seja, à
arte primitivista.
Tinha como objetivo voltar ao
Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de amigos, também artistas, organizou um grande leilão de suas obras.
Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo
Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte).
Mesmo conseguindo menos de 3 mil francos, em meados de
1891 regressou ao
Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre tipos
indígenas, como "
Vahiné no te tiare" ("
A moça com a flor") e "
Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro,
Noa noa.
Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "
De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda a sua pintura, realizada antes de uma frustrada tentativa de
suicídio utilizando arsénio.
O Cristo Amarelo, 1889
Nota:queria dedicar esta pintura à minha mana velha (que gosta imenso deste pintor e desta pintura) e aos portugueses em geral, hoje tiveram direito, pelo última vez (pelo menos durante cinco anos...) ao feriado do Corpo de Deus...