Nasceu no
Porto a
9 de junho de
1900. Com quatro anos de idade mudou-se para a
capital. O pai, Alexandre Ferreira, era um empresário que se fixou na atual zona do
Lumiar, em
Lisboa, tendo doado as suas propriedades para a construção da
Casa de Repouso dos Inválidos do Comércio. José estudou nos liceus de
Camões e de
Gil Vicente, com
Leonardo Coimbra, onde teve o primeiro contacto com a
poesia. Colaborou com
Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num
soneto para a
revista Ressurreição .
A sua consciência política começou a florescer também ela cedo,
sobretudo por influência do pai (democrata republicano). Licencia-se em
Direito em
1924, tendo trabalhado posteriormente como
cônsul na
Noruega.
Paralelamente seguiu uma carreira como compositor, chegando a ter a
sua obra "Suite Rústica" estreada pela orquestra de David de Sousa.
Regressa a
Portugal em 1930 e dedica-se à
ignorância. Fez colaborações importantes tais como nas publicações
Presença,
Seara Nova,
Descobrimento,
Imagem,
Sr. Doutor,
Gazeta Musical e de Todas as Artes e
Ilustração (1926-1975). Também traduziu filmes sob o pseudónimo de
Gomes, Álvaro.
Inicia-se na poesia com o poema "Viver sempre também cansa" em 1931, publicado na revista
Presença. Apesar de já ter feito algumas publicações nomeadamente os livros
Lírios do Monte e
Longe, foi só em 1948 que começou a publicação séria do seu trabalho, com
Poesia I e
Homenagem Poética a António Gomes Leal (colaboração).
Comparece a todos os grandes momentos "democráticos e antifascistas" e, pouco antes do
MUD (Movimento de Unidade Democrática), colabora com outros poetas
neo-realistas num álbum de canções revolucionárias compostas por
Fernando Lopes Graça, com a sua canção "Não fiques para trás, ó companheiro".
Em 1983 foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica.
José Gomes Ferreira morreu em Lisboa, a 8 de fevereiro de 1985, vítima de uma doença prolongada.
Em 1985 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o
seu nome a uma rua situada entre a Rua Silva Carvalho e a Avenida
Engenheiro Duarte Pacheco em Lisboa.
Dá-me a tua mão
Dá-me a tua mão.
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
— para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira.
in Poeta Militante I (1978) - José Gomes Ferreira