Neptuno - ♆
Neptuno é o oitavo
planeta do
Sistema Solar, e o último, em ordem de afastamento a partir do
Sol, desde a reclassificação de
Plutão para a categoria de
planeta-anão, em
2006, que era o último dos planetas. É, tal como a Terra, conhecido como o "Planeta Azul", mas não devido à presença de água.
Neptuno recebeu o nome do
deus romano dos mares. É o quarto maior planeta em
diâmetro, e o terceiro maior em
massa. Neptuno tem 17 vezes mais massa do que a
Terra e é ligeiramente mais maciço do que
Úrano, que tem cerca de 15 vezes a massa da Terra e é menos denso. O seu
símbolo astronómico é uma versão estilizada do
tridente do deus Neptuno.
Descoberto em
23 de setembro de
1846, Neptuno foi o primeiro planeta encontrado por uma previsão
matemática,
em vez de uma observação empírica. Inesperadas mudanças na órbita de
Úrano levaram os astrónomos a deduzir que sua órbita estava sujeita a
perturbação gravitacional por um planeta desconhecido. Subsequentemente,
Neptuno foi encontrado, a um grau da posição prevista. A sua maior
lua,
Tritão,
foi descoberta pouco tempo depois, mas nenhuma das outras 13 luas do
planeta foram descobertas antes do século XX. Neptuno foi visitado por
uma única sonda espacial,
Voyager 2, que voou pelo planeta em
25 de agosto de
1989.
A composição de Neptuno é semelhante à composição de Úrano, e ambos têm composições diferentes das dos maiores
gigantes gasosos Júpiter e
Saturno. A
atmosfera de Neptuno, apesar de ser semelhante à de Júpiter e de Saturno por ser composta basicamente de
hidrogénio e
hélio, juntamente com os habituais vestígios de
hidrocarbonetos e, possivelmente,
azoto, contém uma percentagem mais elevada de "gelos", tais como
água,
amónia e
metano. Como tal, os astrónomos por vezes colocam-nos numa categoria separada, os "gigantes de
gelo".
Em contraste, o interior de Neptuno é composto principalmente de gelo e
rochas, como o de Úrano. Existem traços de metano nas regiões
ultra-periféricas que contribuem, em parte, para a aparência
azul do planeta.
Em oposição à relativamente monótona atmosfera de Úrano, a atmosfera de
Neptuno é notável pelos seus padrões climáticos activos e visíveis.
Neptuno tem os
ventos mais fortes de qualquer planeta no sistema solar, que podem chegar a atingir os 2100
quilómetros por hora. Na altura do
voo da
Voyager 2, por exemplo, o seu hemisfério sul possuía uma
Grande Mancha Escura, comparável à
Grande Mancha Vermelha
de Júpiter. A temperatura na alta atmosfera é geralmente próxima de
-218 °C (55,1 K), um dos mais frios do sistema solar, devido à sua
grande distância do sol. A temperatura no centro da Neptuno é de cerca
de 7000 °C (7270 K), o que é comparável à da superfície do Sol e
semelhante à encontrada no centro da maioria dos outros planetas do
sistema solar. Neptuno tem um pequeno e fragmentado sistema de
anéis, que pode ter sido detectado durante a década de 1960, mas só foi confirmado indiscutivelmente pela Voyager 2.
História
Os desenhos astronómicos de
Galileu mostram que ele observou Neptuno no dia 28 de dezembro de
1612, e outra vez no dia 27 de janeiro de
1613; em ambas as ocasiões, o planeta estava muito próximo - em
conjunção - com
Júpiter. Mas, como pensou que se tratasse de uma
estrela fixa, não lhe pode ser creditada a descoberta. Durante o período da sua primeira observação em dezembro de
1612, o movimento aparente de Neptuno estava excepcionalmente lento, pois, no mesmo dia, o planeta havia iniciado o período
retrógrado do seu movimento aparente no céu, que não podia ser percebido da Terra por meio dos instrumentos primitivos de Galileu.
Descoberta
Em
1845-
1846,
Urbain Le Verrier, independentemente de
Adams,
rapidamente desenvolveu os seus próprios cálculos, mas também
deparou-se com dificuldades em encorajar algum entusiasmo nos seus
compatriotas. No entanto, em Junho do mesmo ano, após ver as primeiras
estimativas publicadas por Le Verrier da longitude do planeta e a sua
similaridade com a estimativa de Adams,
Airy solicitou ao diretor do Observatório de Cambridge,
James Challis, que procurasse o planeta. Challis varreu o céu de agosto a setembro, em vão.
Enquanto isso, Le Verrier, por carta, persuadiu o astrónomo
Johann Gottfried Galle, do
Observatório de Berlim, a procurar com o
refrator do telescópio.
Heinrich Louis d'Arrest,
um estudante do observatório, sugeriu a Galle que eles comparassem um
mapa do céu, recentemente desenhado na região do local previsto por Le
Verrier, com o céu atual para procurar pelo deslocamento característico
de um
planeta,
ao invés de uma estrela fixa. Na mesma noite do recebimento da carta
de Le Verrier, Neptuno foi descoberto, em 23 de setembro de 1846, a 1°
de onde Le Verrier previra que estaria, e a cerca de 12° da previsão de
Adams. Posteriormente, Challis percebeu que ele havia observado o
planeta duas vezes em Agosto, mas não o identificara devido à sua
abordagem casual do trabalho.
Na época da descoberta, houve muita rivalidade nacionalista entre os
franceses e os britânicos sobre quem tinha prioridade e merecia crédito
pela descoberta. Eventualmente, chegou-se a um consenso internacional
de que Le Verrier e Adams mereciam o crédito juntamente. No entanto, a
questão está agora sendo reavaliada por historiadores, devido à
redescoberta, em 1998, dos "papéis sobre Neptuno" (documentos históricos
do
Observatório de Greenwich), que foram aparentemente roubados pelo astrónomo
Olin J. Eggen
e escondidos por quase três décadas, sem serem redescobertos (em sua
possessão) até imediatamente após sua morte. Após a revisão dos
documentos, alguns historiadores agora sugerem que Adams não merece
crédito igualmente a Le Verrier. Desde 1966,
Dennis Rawlins tem questionado a credibilidade da reivindicação de Adams de co-descoberta. Em um artigo de 1992, em seu jornal
Dio,
ele considera a reivindicação britânica um "roubo". "Adams fez alguns
cálculos, mas ele estava um tanto incerto sobre onde ele dizia que
estava Neptuno", diz Nicholas Kollerstrom, da
University College London em 2003.
O planeta também foi explorado pelo
Programa Voyager e, futuramente, pela sonda
Neptune/Triton Orbiter.
Nome
Pouco depois da sua descoberta, Neptuno foi simplesmente chamado de
"planeta exterior a Úrano". Galle foi o primeiro a sugerir um nome,
propondo nomeá-lo em homenagem ao deus
Jano. Na Inglaterra, Challis propôs o nome
Oceano.
Reivindicando o direito de nomear a sua descoberta, Le Verrier rapidamente propôs o nome
Neptuno para o seu novo planeta, afirmando falsamente que o nome já havia sido oficialmente aprovado pelo
Bureau des longitudes francês. Em outubro, chegou a denominar o planeta
Le Verrier, com o seu próprio nome, e foi lealmente apoiado pelo diretor do
Observatório de Paris,
François Arago. No entanto, como essa sugestão encontrou dura oposição fora da
França, os almanaques franceses rapidamente reintroduziram o nome
Herschel para
Úrano, em homenagem ao seu descobridor, Sir
William Herschel, e
Leverrier para o novo planeta.
Em
29 de dezembro de
1846,
Friedrich von Struve declarou-se publicamente a favor do nome
Neptuno em comunicação para a
Academia de Ciências da Rússia e, em poucos anos,
Neptuno tornou-se o nome internacionalmente aceite. Na
mitologia romana, Neptuno é o deus dos mares, identificado com o grego
Poseidon.
O uso de um nome mitológico parecia concordar com a nomenclatura dos
outros planetas, que foram nomeados em homenagem a deuses romanos.
De 1850 até hoje
Já a
10 de outubro de
1846, 17 dias após a descoberta de Neptuno, o astrónomo inglês
William Lassell descobriu o seu principal
satélite, Tritão. Ao fim do
século XIX,
criou-se a hipótese de que irregularidades observadas no movimento de
Úrano e Neptuno fossem causados pela presença de um outro planeta mais
exterior. Após extensas campanhas de busca,
Plutão foi descoberto em
18 de fevereiro de
1930, nas coordenadas previstas pelos cálculos de
William Henry Pickering e
Percival Lowell.
No entanto, o novo planeta estava muito distante para que pudesse
gerar a irregularidade observada no movimento de Úrano, enquanto que a
irregularidade do movimento de Neptuno era, na verdade, um erro no
cálculo da massa do planeta (que foi definida com a missão da Voyager
2), e que, além disso, originava da irregularidade de Úrano. A
descoberta de Plutão foi, portanto, um tanto acidental.
Em agosto de
1989,
o conhecimento sobre Neptuno teve um grande salto quando da chegada da
primeira sonda automática enviada para explorar a vizinhança do
planeta, a
Voyager 2.
A sonda identificou importantes detalhes da atmosfera do planeta,
confirmou a existência de cinco anéis e detectou novas luas além das já
descobertas na Terra.