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domingo, setembro 22, 2024

A Guerra Irão-Iraque começou há quarenta e quatro anos

           
A Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o Irão e o Iraque entre 1980 e 1988, resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Chatt al-Arab (que controla o porto de Bassorá), a devolução de três ilhas no estreito de Ormuz (tomadas pelo Irão em 1971) e a cessação da autonomia dada às minorias dentro do Irão, o exército iraquiano, a 22 de setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irão e, contando com o elemento surpresa, avançou no território iraniano.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerão e na anexação do Cuzistão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O Iraque esperava uma guerra rápida, pois contava com um moderno exército equipado pela URSS. Outros países muçulmanos, como o Kuwait e a Arábia Saudita, também lhe davam apoio financeiro, na esperança de enfraquecer o regime de Teerão. O Irão estava isolado internacionalmente, pois considerava igualmente os EUA e a URSS como inimigos. Como vantagem, o Irão contava apenas com uma população bem superior. O exército iraquiano empenhou-se numa escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas condições e, entre elas, a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, a Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma central nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassorá e Bagdad. Entre 1984 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o conflito transbordava para o Golfo Pérsico, envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos dois países.
Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que as suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente. O conflito começou a efetivamente preocupar as potências quando atingiu o fluxo regular de petróleo, na medida em que os beligerantes passaram a afundar navios e instalações petrolíferas, prejudicando grandes fornecedores como o Kuwait. A partir disso, começaram as pressões mundiais pela paz. No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irão, não. Em agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irão, levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia a fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de um milhão e quinhentas mil vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
       

domingo, abril 28, 2024

Saddam Hussein, ditador e genocida iraquiano, nasceu há 87 anos

         
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de abril de 1937 - Bagdad, 30 de dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano; foi o quinto presidente do Iraque, de 16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003, e também acumulou o cargo de primeiro-ministro nos períodos de 1979–1991 e 1994–2003. Hussein foi uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe e um dos principais membros do Partido Socialista Árabe Ba'ath, e mais tarde, do Partido Ba'ath de Bagdad e de uma organização regional Partido Ba'ath iraquiano, a qual era composta de uma mistura de nacionalismo árabe e do socialismo árabe; Saddam teve um papel chave no golpe de 1968 que levou o partido a um domínio a longo prazo no Iraque.
     
(...)
     
Em março de 2003, uma coligação de países, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, invadiu o Iraque para depor Saddam, depois que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush acusou o líder iraquiano de possuir armas de destruição maciça e de ter ligações com a Al-Qaeda. O Partido Baath de Saddam foi dissolvido e a nação fez uma transição para um sistema democrático. Após a sua captura, em 13 de dezembro de 2003 (na Operação Red Dawn), o julgamento de Saddam ocorreu já sob a jurisdição do governo interino iraquiano. A 5 de novembro de 2006, ele foi condenado por acusações relacionadas com o assassinato de 148 xiitas iraquianos em 1982 e foi condenado à morte, por enforcamento. A vergonhosa execução de Saddam Hussein foi feita a 30 de dezembro de 2006.
    

sábado, março 16, 2024

O Massacre de Halabja foi há 36 anos...

Oficial norte-americano patrulhando, em 2005, um cemitério com a sepultura de 1.500 das vítimas do ataque

 

O ataque com gás venenoso em Halabja (em curdo: Kîmyabarana Helebce), também conhecido como massacre de Halabja ou sexta-feira sangrenta, foi um incidente que ocorreu a 16 de março de 1988, durante o final da Guerra Irão-Iraque, quando foram utilizadas armas químicas pelas forças do governo iraquiano na cidade curda de Halabja, no Curdistão iraquiano.
O ataque matou entre 3.200 e 5.000 pessoas e feriu cerca de 7.000 a 10.000, a maioria civis, e milhares morreram de complicações e doenças congénitas, nos anos seguintes após o ataque. O incidente, que foi oficialmente definido como um ato de genocídio contra o povo curdo no Iraque, foi e ainda continua a ser o maior ataque de armas químicas contra uma área com população civil na história.
O ataque em Halabja foi reconhecido como um evento separado do Genocídio Anfal, que também foi levado a cabo contra o povo curdo pelo regime iraquiano de Saddam Hussein. O Alto Tribunal Penal iraquiano reconheceu o massacre de Halabja, como ato de genocídio a 1 de março de 2010, uma decisão bem acolhida pelo Governo Regional do Curdistão. O ataque também foi condenado como um crime contra a humanidade pelo Parlamento do Canadá.
  
Uma das bombas originais usada como suporte de flores no Monumento do Memorial de Halabja, em 2011
  

quarta-feira, dezembro 13, 2023

O ditador genocida Saddam Hussein foi capturado há vinte anos

Fotografia tirada por soldados americanos durante a captura de Saddam
       
O paradeiro de Saddam foi desconhecido durante vários meses até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ex-ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade. Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdad, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros chefes do regime, com o deliberado objetivo de assassiná-lo.
Mas ele conseguiu desaparecer depois que as forças da coligação invadiram Bagdad, em 9 de abril. Escondido, continuou tentando motivar os seus antigos combatentes, que se mostraram mais frágeis do que se imaginava e não resistiram ao poderio militar dos Estados Unidos - nem tão pouco usaram as supostas armas químicas que motivaram o ataque.
Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi localizado, militando na resistência à ocupação, e preso num cave de uma quinta da cidade de Adwar, próximo de Tikrit, a sua cidade natal, numa operação conjunta entre tropas americanas e rebeldes curdos. As tropas encontraram o ex-presidente escondido num pequeno buraco subterrâneo, camuflado com terra e tijolos. Embora estivesse armado com uma pistola e dois AK-47, rendeu-se pacificamente após uma suposta patética negociação onde pretendia subornar os seus captores com a soma de US$ 750.000 que guardava numa mala. "Sou o presidente do Iraque e quero negociar", teria proposto, em inglês. Segundo a coligação militar, foi um membro de uma família próxima de Saddam quem o delatou. Um jornal jordano publicou uma versão alternativa da prisão. Saddam teria sido drogado por um parente, que lhe servia de guarda-costas, e vendido aos americanos, em troca da recompensa milionária que era oferecida. A filha Raghad, exilada na Jordânia, diz que com certeza seu pai foi drogado, de outra forma teria lutado como "um leão". Paul Bremer e Tony Blair confirmaram esta notícia.
Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou a sua identidade. Entre as primeiras imagens transmitidas, algumas mostravam Hussein sendo examinado por um médico militar americano, assim como outras mostravam o local de sua captura. Tais imagens causaram variadas reações pelo mundo, desde aqueles que - tais como grande parte da população americana e até iraquiana - as justificaram por motivos políticos, sociais e militares, até os que (baseando-se em interpretações do direito internacional) argumentaram que as imagens representavam uma violação intolerável da Convenção de Genebra acerca do tratamento de prisioneiros de guerra capturados.
Em 1 de janeiro de 2004, o Pentágono reconheceu-o como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu a sua custódia judicial para o novo Governo provisório iraquiano.
Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças norte-americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano, patrocinado pelos Estados Unidos, que, em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte, por enforcamento, em 5 de novembro de 2006.
   

sexta-feira, setembro 22, 2023

A Guerra Irão-Iraque começou há quarenta e três anos

           
A Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o Irão e o Iraque entre 1980 e 1988, resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Chatt al-Arab (que controla o porto de Bassorá), a devolução de três ilhas no estreito de Ormuz (tomadas pelo Irão em 1971) e a cessação da autonomia dada às minorias dentro do Irão, o exército iraquiano, a 22 de setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irão e, contando com o elemento surpresa, avançou no território iraniano.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerão e na anexação do Cuzistão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O Iraque esperava uma guerra rápida, pois contava com um moderno exército equipado pela URSS. Outros países muçulmanos, como o Kuwait e a Arábia Saudita, também lhe davam apoio financeiro, na esperança de enfraquecer o regime de Teerão. O Irão estava isolado internacionalmente, pois considerava igualmente os EUA e a URSS como inimigos. Como vantagem, o Irão contava apenas com uma população bem superior. O exército iraquiano empenhou-se numa escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas condições e, entre elas, a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, a Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma central nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassorá e Bagdad. Entre 1984 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o conflito transbordava para o Golfo Pérsico, envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos dois países.
Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente. O conflito começou a efetivamente preocupar as potências quando atingiu o fluxo regular de petróleo, na medida em que os beligerantes passaram a afundar navios e instalações petrolíferas, prejudicando grandes fornecedores como o Kuwait. A partir disso, começaram as pressões mundiais pela paz. No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irão, não. Em agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irão levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de um milhão e quinhentas mil vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
       

sexta-feira, abril 28, 2023

O ditador e genocida Saddam Hussein nasceu há 86 anos

         
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de abril de 1937 - Bagdad, 30 de dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano; foi o quinto presidente do Iraque, de 16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003, e também acumulou o cargo de primeiro-ministro nos períodos de 1979–1991 e 1994–2003. Hussein foi uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe e um dos principais membros do Partido Socialista Árabe Ba'ath, e mais tarde, do Partido Ba'ath de Bagdad e de uma organização regional Partido Ba'ath iraquiano, a qual era composta de uma mistura de nacionalismo árabe e do socialismo árabe; Saddam teve um papel chave no golpe de 1968 que levou o partido a um domínio a longo prazo no Iraque.
     
(...)
     
Em março de 2003, uma coligação de países, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, invadiu o Iraque para depor Saddam, depois que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush acusou o líder iraquiano de possuir armas de destruição maciça e de ter ligações com a Al-Qaeda. O Partido Baath de Saddam foi dissolvido e a nação fez uma transição para um sistema democrático. Após a sua captura, em 13 de dezembro de 2003 (na Operação Red Dawn), o julgamento de Saddam ocorreu já sob a jurisdição do governo interino iraquiano. A 5 de novembro de 2006, ele foi condenado por acusações relacionadas com o assassinato de 148 xiitas iraquianos em 1982 e foi condenado à morte por enforcamento. A vergonhosa execução de Saddam Hussein foi feita a 30 de dezembro de 2006.
    

quinta-feira, março 16, 2023

Os curdos sofreram o Massacre de Halabja há 35 anos...

Oficial norte-americano patrulhando, em 2005, um cemitério com a sepultura de 1.500 das vítimas do ataque

 

O ataque com gás venenoso em Halabja (em curdo: Kîmyabarana Helebce), também conhecido como massacre de Halabja ou sexta-feira sangrenta, foi um incidente que ocorreu a 16 de março de 1988, durante o final da Guerra Irão-Iraque, quando foram utilizadas armas químicas pelas forças do governo iraquiano na cidade curda de Halabja, no Curdistão iraquiano.
O ataque matou entre 3.200 e 5.000 pessoas e feriu cerca de 7.000 a 10.000, a maioria civis, e milhares morreram de complicações e doenças congénitas, nos anos seguintes após o ataque. O incidente, que foi oficialmente definido como um ato de genocídio contra o povo curdo no Iraque, foi e ainda continua a ser o maior ataque de armas químicas contra uma área com população civil na história.
O ataque em Halabja foi reconhecido como um evento separado do Genocídio Anfal, que também foi levado a cabo contra o povo curdo pelo regime iraquiano de Saddam Hussein. O Alto Tribunal Penal iraquiano reconheceu o massacre de Halabja, como ato de genocídio a 1 de março de 2010, uma decisão bem acolhida pelo Governo Regional do Curdistão. O ataque também foi condenado como um crime contra a humanidade pelo Parlamento do Canadá.
  
Uma das bombas originais usada como suporte de flores no Monumento do Memorial de Halabja, em 2011
  

terça-feira, dezembro 13, 2022

O ditador genocida Saddam Hussein foi capturado há dezanove anos

Fotografia tirada por soldados americanos durante a captura de Saddam
     
O paradeiro de Saddam foi desconhecido durante vários meses até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ex-ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade. Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdad, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros chefes do regime, com o deliberado objetivo de assassiná-lo.
Mas ele conseguiu desaparecer depois que as forças da coligação invadiram Bagdad, em 9 de abril. Escondido, continuou tentando motivar os seus antigos combatentes, que se mostraram mais frágeis do que se imaginava e não resistiram ao poderio militar dos Estados Unidos - nem tão pouco usaram as supostas armas químicas que motivaram o ataque.
Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi localizado, militando na resistência à ocupação, e preso num cave de uma quinta da cidade de Adwar, próximo de Tikrit, a sua cidade natal, numa operação conjunta entre tropas americanas e rebeldes curdos. As tropas encontraram o ex-presidente escondido num pequeno buraco subterrâneo, camuflado com terra e tijolos. Embora estivesse armado com uma pistola e dois AK-47, rendeu-se pacificamente após uma suposta patética negociação onde pretendia subornar os seus captores com a soma de US$ 750.000 que guardava numa mala. "Sou o presidente do Iraque e quero negociar", teria proposto, em inglês. Segundo a coligação militar, foi um membro de uma família próxima de Saddam quem o delatou. Um jornal jordano publicou uma versão alternativa da prisão. Saddam teria sido drogado por um parente, que lhe servia de guarda-costas, e vendido aos americanos, em troca da recompensa milionária que era oferecida. A filha Raghad, exilada na Jordânia, diz que com certeza seu pai foi drogado, de outra forma teria lutado como "um leão". Paul Bremer e Tony Blair confirmaram esta notícia.
Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou a sua identidade. Entre as primeiras imagens transmitidas, algumas mostravam Hussein sendo examinado por um médico militar americano, assim como outras mostravam o local de sua captura. Tais imagens causaram variadas reações pelo mundo, desde aqueles que - tais como grande parte da população americana e até iraquiana - as justificaram por motivos políticos, sociais e militares, até os que (baseando-se em interpretações do direito internacional) argumentaram que as imagens representavam uma violação intolerável da Convenção de Genebra acerca do tratamento de prisioneiros de guerra capturados.
Em 1 de janeiro de 2004, o Pentágono reconheceu-o como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu a sua custódia judicial para o novo Governo provisório iraquiano.
Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças norte-americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano, patrocinado pelos Estados Unidos, que, em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte, por enforcamento, em 5 de novembro de 2006.
   

quinta-feira, setembro 22, 2022

A Guerra Irão-Iraque começou há quarenta e dois anos

        
A Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o Irão e o Iraque entre 1980 e 1988, resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Chatt al-Arab (que controla o porto de Bassorá), a devolução de três ilhas no estreito de Ormuz (tomadas pelo Irão em 1971) e a cessação da autonomia dada às minorias dentro do Irão, o exército iraquiano, a 22 de setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irão e, contando com o elemento surpresa, avançou no território iraniano.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerão e na anexação do Cuzistão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O Iraque esperava uma guerra rápida, pois contava com um moderno exército equipado pela URSS. Outros países muçulmanos, como o Kuwait e a Arábia Saudita, também lhe davam apoio financeiro, na esperança de enfraquecer o regime de Teerão. O Irão estava isolado internacionalmente, pois considerava igualmente os EUA e a URSS como inimigos. Como vantagem, o Irão contava apenas com uma população bem superior. O exército iraquiano empenhou-se numa escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas condições e, entre elas, a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, a Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma central nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassorá e Bagdad. Entre 1984 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o conflito transbordava para o Golfo Pérsico, envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos dois países.
Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente. O conflito começou a efetivamente preocupar as potências quando atingiu o fluxo regular de petróleo, na medida em que os beligerantes passaram a afundar navios e instalações petrolíferas, prejudicando grandes fornecedores como o Kuwait. A partir disso, começaram as pressões mundiais pela paz. No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irão, não. Em agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irão levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de um milhão e quinhentas mil vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
    

quinta-feira, abril 28, 2022

O ditador Saddam Hussein nasceu há 85 anos

      
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de abril de 1937 - Bagdad, 30 de dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano; foi o quinto presidente do Iraque, de 16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003, e também acumulou o cargo de primeiro-ministro nos períodos de 1979–1991 e 1994–2003. Hussein foi uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe e um dos principais membros do Partido Socialista Árabe Ba'ath, e mais tarde, do Partido Ba'ath de Bagdad e de uma organização regional Partido Ba'ath iraquiano, a qual era composta de uma mistura de nacionalismo árabe e do socialismo árabe; Saddam teve um papel chave no golpe de 1968 que levou o partido a um domínio a longo prazo no Iraque.
     
(...)
     
Em março de 2003, uma coligação de países, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, invadiu o Iraque para depor Saddam, depois que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush acusou o líder iraquiano de possuir armas de destruição maciça e de ter ligações com a Al-Qaeda. O Partido Baath de Saddam foi dissolvido e a nação fez uma transição para um sistema democrático. Após a sua captura, em 13 de dezembro de 2003 (na Operação Red Dawn), o julgamento de Saddam ocorreu já sob a jurisdição do governo interino iraquiano. A 5 de novembro de 2006, ele foi condenado por acusações relacionadas com o assassinato de 148 xiitas iraquianos em 1982 e foi condenado à morte por enforcamento. A vergonhosa execução de Saddam Hussein foi feita a 30 de dezembro de 2006.
 

quarta-feira, março 16, 2022

Os curdos sofreram o Massacre de Halabja há 34 anos

Oficial norte-americano patrulhando, em 2005, um cemitério com 1500 das vítimas do ataque

 

O ataque com gás venenoso em Halabja (em curdo: Kîmyabarana Helebce), também conhecido como massacre de Halabja ou sexta-feira sangrenta, foi um incidente que ocorreu a 16 de março de 1988, durante o final da Guerra Irão-Iraque, quando foram utilizadas armas químicas pelas forças do governo iraquiano na cidade curda de Halabja, no Curdistão iraquiano.
O ataque matou entre 3.200 e 5.000 pessoas e feriu cerca de 7.000 a 10.000, a maioria civis, e milhares morreram de complicações e doenças congénitas nos anos seguintes após o ataque. O incidente, que foi oficialmente definido como um ato de genocídio contra o povo curdo no Iraque, foi e ainda continua a ser o maior ataque de armas químicas contra uma área com população civil na história.
O ataque em Halabja foi reconhecido como um evento separado do Genocídio Anfal, que também foi levado a cabo contra o povo curdo pelo regime iraquiano de Saddam Hussein. O Alto Tribunal Penal iraquiano reconheceu o massacre de Halabja, como ato de genocídio a 1 de março de 2010, uma decisão bem acolhida pelo Governo Regional do Curdistão. O ataque também foi condenado como um crime contra a humanidade pelo Parlamento do Canadá.
  
Uma das bombas originais usada como suporte de flores no Monumento do Memorial de Halabja, em 2011
  

segunda-feira, dezembro 13, 2021

O ditador Saddam Hussein foi capturado há dezoito anos

Fotografia tirada por soldados americanos durante a captura de Saddam
     
O paradeiro de Saddam foi desconhecido durante vários meses até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ex-ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade. Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdad, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros chefes do regime, com o deliberado objetivo de assassiná-lo.
Mas ele conseguiu desaparecer depois que as forças da coligação invadiram Bagdad, em 9 de abril. Escondido, continuou tentando motivar os seus antigos combatentes, que se mostraram mais frágeis do que se imaginava e não resistiram ao poderio militar dos Estados Unidos - nem tão pouco usaram as supostas armas químicas que motivaram o ataque.
Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi localizado, militando na resistência à ocupação, e preso num cave de uma quinta da cidade de Adwar, próximo de Tikrit, a sua cidade natal, numa operação conjunta entre tropas americanas e rebeldes curdos. As tropas encontraram o ex-presidente escondido num pequeno buraco subterrâneo, camuflado com terra e tijolos. Embora estivesse armado com uma pistola e dois AK-47, rendeu-se pacificamente após uma suposta patética negociação onde pretendia subornar os seus captores com a soma de US$ 750.000 que guardava numa mala. "Sou o presidente do Iraque e quero negociar", teria proposto, em inglês. Segundo a coligação militar, foi um membro de uma família próxima a Saddam quem o delatou. Um jornal jordano publicou uma versão alternativa da prisão. Saddam teria sido drogado por um parente, que lhe servia de guarda-costas, e vendido aos americanos, em troca da recompensa milionária que era oferecida. A filha Raghad, exilada na Jordânia, diz que com certeza seu pai foi drogado, de outra forma teria lutado como "um leão". Paul Bremer e Tony Blair confirmaram esta notícia.
Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou a sua identidade. Entre as primeiras imagens transmitidas, algumas mostravam Hussein sendo examinado por um médico militar americano, assim como outras mostravam o local de sua captura. Tais imagens causaram variadas reações pelo mundo, desde aqueles que - tais como grande parte da população americana e até iraquiana — as justificaram por motivos políticos, sociais e militares, até os que (baseando-se em interpretações do direito internacional) argumentaram que as imagens representavam uma violação intolerável à Convenção de Genebra acerca do tratamento a prisioneiros de guerra capturados.
Em 1 de janeiro de 2004, o Pentágono reconheceu-o como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu a sua custódia judicial para o novo Governo provisório iraquiano.
Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças norte-americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano, patrocinado pelos Estados Unidos, que, em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte, por enforcamento, em 5 de novembro de 2006.
   

quarta-feira, setembro 22, 2021

A Guerra Irão-Iraque começou há 41 anos

      
A Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o Irão e o Iraque entre 1980 e 1988, resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Chatt al-Arab (que controla o porto de Bassorá), a devolução de três ilhas no estreito de Ormuz (tomadas pelo Irão em 1971) e a cessação da autonomia dada às minorias dentro do Irão, o exército iraquiano, a 22 de setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irão e, contando com o elemento surpresa, avançou no território iraniano.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerão e na anexação do Cuzistão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O Iraque esperava uma guerra rápida, pois contava com um moderno exército equipado pela URSS. Outros países muçulmanos, como o Kuwait e a Arábia Saudita, também lhe davam apoio financeiro, na esperança de enfraquecer o regime de Teerão. O Irão estava isolado internacionalmente, pois considerava igualmente os EUA e a URSS como inimigos. Como vantagem, o Irão contava apenas com uma população bem superior. O exército iraquiano empenhou-se numa escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas condições: de entre elas a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, a Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma central nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassorá e Bagdad. Entre 1984 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o conflito transbordava para o Golfo Pérsico, envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos dois países.
Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente. O conflito começou a efetivamente preocupar as potências quando atingiu o fluxo regular de petróleo, na medida em que os beligerantes passaram a afundar navios e instalações petrolíferas, prejudicando grandes fornecedores como o Kuwait. A partir disso, começaram as pressões mundiais pela paz. No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irão, não. Em agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irão levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de um milhão e quinhentas mil vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
    

quarta-feira, abril 28, 2021

O ditador Saddam Hussein nasceu há 84 anos

 

    
Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti
(Tikrit, 28 de abril de 1937 - Bagdad, 30 de dezembro de 2006) foi um político e estadista iraquiano; foi o quinto presidente do Iraque, de 16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003, e também acumulou o cargo de primeiro-ministro nos períodos de 1979–1991 e 1994–2003. Hussein foi uma das principais lideranças ditatoriais no mundo árabe e um dos principais membros do Partido Socialista Árabe Ba'ath, e mais tarde, do Partido Ba'ath de Bagdad e de uma organização regional Partido Ba'ath iraquiano, a qual era composta de uma mistura de nacionalismo árabe e do socialismo árabe; Saddam teve um papel chave no golpe de 1968 que levou o partido a um domínio a longo prazo no Iraque.
     
(...)
     
Em março de 2003, uma coligação de países, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, invadiu o Iraque para depor Saddam, depois que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush acusou o líder iraquiano de possuir armas de destruição maciça e de ter ligações com a Al-Qaeda. O Partido Baath de Saddam foi dissolvido e a nação fez uma transição para um sistema democrático. Após a sua captura, em 13 de dezembro de 2003 (na Operação Red Dawn), o julgamento de Saddam ocorreu sob o governo interino iraquiano. A 5 de novembro de 2006, ele foi condenado por acusações relacionadas com o assassinato de 148 xiitas iraquianos em 1982 e foi condenado à morte por enforcamento. A bárbara execução de Saddam Hussein foi feita a 30 de dezembro de 2006.
 

terça-feira, março 16, 2021

O Massacre de Halabja foi há 33 anos

 

Oficial norte-americano patrulhando, em 2005, um cemitério com 1500 das vítimas do ataque


O ataque com gás venenoso em Halabja (em curdo: Kîmyabarana Helebce), também conhecido como massacre de Halabja ou sexta-feira sangrenta, foi um incidente que ocorreu a 16 de março de 1988, durante o final da Guerra Irão-Iraque, quando foram utilizadas armas químicas pelas forças do governo iraquiano na cidade curda de Halabja, no Curdistão iraquiano.
O ataque matou entre 3.200 e 5.000 pessoas e feriu cerca de 7.000 a 10.000, a maioria civis, e milhares morreram de complicações e doenças congénitas nos anos seguintes após o ataque. O incidente, que foi oficialmente definido como um ato de genocídio contra o povo curdo no Iraque, foi e ainda continua a ser o maior ataque de armas químicas contra uma área com população civil na história.
O ataque em Halabja foi reconhecido como um evento separado do Genocídio Anfal, que também foi levado a cabo contra o povo curdo pelo regime iraquiano de Saddam Hussein. O Alto Tribunal Penal iraquiano reconheceu o massacre de Halabja, como ato de genocídio a 1 de março de 2010, uma decisão bem acolhida pelo Governo Regional do Curdistão. O ataque também foi condenado como um crime contra a humanidade pelo Parlamento do Canadá.
  
Uma das bombas originais usada como suporte de flores no Monumento do Memorial de Halabja, em 2011