Mahsa Amini (em curdo: مەھسا ئەمینی, em farsi: مهسا امینی; Saqqez, 22 de julho de 2000 – Teerão, 16 de setembro de 2022), também conhecida como Zhina Amini ou Jina Amini (em curdo: ژینا امینی), era uma jovem mulher curda iraniana que foi presa pela Patrulha de Orientação da República Islâmica do Irão, um esquadrão especial da polícia encarregado da implementação pública dos regulamentos islâmicos do hijabe, por seu hijabe não obedecer aos padrões obrigatórios do governo. O relatório oficial da polícia afirmou que ela teve insuficiência cardíaca e morreu após dois dias em coma.
Provas mostram que foi espancada com um pedaço de pau na cabeça e
foi agredida várias vezes dentro de um carro da polícia. Alguns acreditam que esses
atos violentos levaram ao coma e morte cerebral. Ela tornou-se um símbolo da violência contra as mulheres sob a República Islâmica.
Biografia
Mahsa Amini era uma mulher curda iraniana de 22 anos, originária de
Saqqez, na
província do Curdistão. O seu irmão Kiaresh estava com ela no momento de sua prisão.
Detenção e morte
Mahsa
(Zhina) Amini viajava para Teerão com a sua família, quando foi presa, no
dia 13 de setembro, na entrada da rodovia Haqqani pela auto-proclamada
“Patrulha de Orientação” enquanto estava com o seu irmão, Kiaresh Amini, e
foi transferida para a agência “Segurança Moral”.
Ele foi informado de que ela seria levada para o centro de detenção, para
passar por uma "aula de esclarecimento", e libertada após uma hora. Em vez
disso, ela foi levada para o Hospital Kasra de ambulância.
Durante dois dias, Amini ficou em coma no Hospital Kasra, em
Teerão, o que despertou o sentimento do público em geral e mais uma vez
provocou o protesto das pessoas contra a Patrulha de Orientação e a lei
sobre hijabes. Ela morreu na unidade de cuidados intensivos a 16 de setembro.
Provas de violência
A clínica onde Amini foi tratada divulgou um comunicado no
Instagram dizendo que ela estava em
morte cerebral
quando foi internada. A postagem do Instagram já foi excluída. O irmão
de Amini, Kiaresh, notou hematomas na cabeça e nas pernas. As mulheres
que foram detidas com Amini disseram que ela foi severamente espancada
por resistir aos insultos e provocações dos polícias que a prenderam.
Vários médicos opinaram que Amini sofreu uma lesão cerebral, com base
nos sintomas clínicos, incluindo sangramento nas orelhas e hematomas sob
os olhos.
ProtestosUma série de protestos eclodiu após sua morte, inclusive em Saqqez,
a sua cidade natal. Algumas gritaram slogans feministas curdos como
“Jin - Jiyan - Azadi: Mulheres, Vida, Liberdade” e “morte ao ditador” em
persa. Essas manifestações foram reprimidas pelas forças especiais da
polícia iraniana.
Também ocorreram protestos do lado de fora do Hospital Kasra, em
Teerão,
onde alguns dos protestantes foram presos pelas forças de segurança,
que também usaram spray de pimenta contra eles.
Com a morte de Mahsa, protestos e marchas espalham-se por diversos
em diferentes cidades. As ruas de Sanandaj no domingo foram parcialmente
fechadas e as forças de segurança foram espalhadas pela cidade após uma
noite de protestos contra o rígido código de roupa da República
Islâmica do Irão.
Em 19 de setembro, cinco pessoas foram mortas na região curda do Irão,
quando as forças de segurança abriram fogo durante protestos, disse um
grupo de direitos humanos curdo, no terceiro dia de turbulência por um
incidente que começou em todo o país. Duas das pessoas foram mortas
quando as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes na
cidade curda de Saqez, cidade natal de Amini, disse a Organização de
Direitos Humanos de Hengaw no
Twitter.
Ele disse que mais dois foram mortos na cidade de Divandarreh "por fogo
direto" das forças de segurança, e um quinto foi morto em Dehgolan,
também na região curda. Manifestações populares se espalharam por diferentes cidades do Irão, incluindo
Teerão,
Rasht,
Esfahan,
Karaj,
Mashhad,
Sanandaj,
Ilam e muitas outras cidades, e a polícia especial do governo iraniano
lidou com esses protestos severamente, havendo muitos feridos e foram presos
alguns ativistas políticos.
Durante esse período, a
hashtag#MahsaAmini tornou-se uma das
hashtags
mais repetidas no Twitter persa. O número de
tweets e
retuítes dessas
hashtags ultrapassou 5,1 milhões. Algumas mulheres iranianas postaram vídeos nas redes sociais cortando o cabelo em protesto.
Reações
A Amnistia Internacional
solicitou uma investigação criminal sobre a morte suspeita. Segundo
esta organização, "todos os responsáveis e funcionários" neste caso
devem ser levados à justiça e "as condições que levaram à sua morte
suspeita, que incluem tortura e outros maus-tratos no centro de
detenção, devem ser investigadas criminalmente".
A Human Rights Watch
chamou a morte de Amini de "cruel" e escreveu: "As autoridades
iranianas devem cancelar a lei obrigatória do hijab e remover ou alterar
outras leis que privam as mulheres de sua independência e direitos".
Centro para os Direitos Humanos no Irão: Mahsa Amini considerada
outra vítima da guerra da República Islâmica contra as mulheres e pediu
que a violência contra as mulheres no Irão seja fortemente condenada em
todo o mundo para evitar tais tragédias evitáveis.
Javaid Rehman, Relator Especial das Nações Unidas, também
lamentou o comportamento da República Islâmica do Irão e acrescentou:
"Este incidente é um sinal de violação generalizada dos direitos humanos
no Irão".
O porta-voz da União Europeia
divulgou um comunicado anunciando que o que aconteceu com Mahsa Amini é
inaceitável e os autores deste assassinato devem ser responsabilizados.
O Ministério das Relações Exteriores da França condenou a tortura que levou à morte de Mahsa Amini.