terça-feira, dezembro 10, 2013

Olivier Messiaen nasceu há 105 anos

Autor de vasta produção, que se estende pela música para órgão, piano, de câmara, vocal (com ou sem instrumentos), concertante, sinfónica, coral-sinfónica e uma ópera - Sétimo Quadro do São Francisco de Assis.

Vida e obra
Olivier Eugène Prosper Charles Messiaen nasceu em Avinhão, França, numa família com tendência para a literatura. A mãe de Messiaen publicou uma sequência de poemas, L'âme bourgeon en ("A Alma de brotamento"), em que o último capítulo, Tandis que la terre tourne ("À medida que a Terra roda"), trata do nascimento do seu filho. Messiaen disse, mais tarde, que essa sequência de poemas o influenciou profundamente e citou-o como profético sobre a sua futura carreira artística.
Ele era o mais velho dos dois filhos de Cécile Sauvage, um poeta, e Messiaen Pierre, uma professora de Inglês, que traduziu as peças de William Shakespeare para francês. Entrou no Conservatório de Paris aos 11 anos, e, entre os seus professores, contaram-se Paul Dukas, Maurice Emmanuel, Charles-Marie Widor e Marcel Dupré.
Foi designado organista na Igreja da Trinité de Paris em 1931, posto que ocupou até à sua morte. Durante a Batalha de França, Messiaen foi feito prisioneiro de guerra, e enquanto estava aprisionado compôs o Quatuor pour la fin du temps ("Quarteto pelo fim do tempo") para os únicos quatro instrumentos disponíveis na prisão: piano, violino, violoncelo e clarinete. A obra foi estreada por Messiaen e os seus amigos prisioneiros, perante uma audiência de reclusos e guardas prisionais. Ao sair da prisão, em 1941, Messiaen foi nomeado professor de harmonia, e, em 1966, professor de composição no Conservatório de Paris, até à sua reforma, em 1978. Compôs ainda uma sinfonia (Turangalîla-Symphonie) que utiliza o instrumento denominado Ondas Martenot. Na sua obra, de inspiração mística, a linguagem musical caracteriza-se por um ritmo novo e elementos exóticos. Outras obras são As cores da cidade celeste, Vinte olhares sobre o menino Jesus, Cronocromia, Et expectro ressurrection em mortuorum, Cantéyodjayâ.


Brian Molko, guitarrista e vocalista dos Placebo, faz hoje 41 anos

Brian Molko (Bruxelas, 10 de dezembro de 1972) é um músico nascido na Bélgica. Ele é o vocalista, baixista e guitarrista da banda de rock alternativo Placebo. Também escreve a maioria das letras do grupo.

Biografia
Filho de um bancário norte-americano e de uma escocesa, a família Molko mudou-se bastante durante a infância de Brian, viajando por países como Libéria, Líbano e Luxemburgo. Molko considera a cidade escocesa de Dundee, cidade natal da sua mãe, como o lugar onde cresceu.
Em 1990, Brian começou a estudar Drama na Goldsmiths College em Londres. Ele descreve sua infância como um momento de solidão (gostava muito de ficar em seu quarto sozinho) e alienação. Começou a usar maquilhagem quando tinha apenas 11 anos de idade. Brian é fluente em francês e intolerante à lactose.
Os seus pais tentaram, durante sua infância, educá-lo de acordo com os seus padrões e o seu pai queria que ele se tornasse um bancário.
As suas influências musicais incluem Depeche Mode, Dead Kennedys, Bad Religion, Sonic Youth, PJ Harvey, Nick Drake, Joy Division, Sex Pistols, The Pixies e The Cure. Molko aprendeu sozinho a tocar guitarra. Aos 16 anos, ganhou como presente dos seus pais uma Telecaster falsa, mas rapidamente comprou uma guitarra verdadeira. Também toca outros instrumentos como baixo, teclados, saxofone e bateria. Ocasionalmente Molko faz de DJ em discotecas, mas admite que não é muito bom.
Brian sempre foi alvo de muitas críticas quando esteve faculdade de Arte Dramática em Londres. Vivia sozinho já desde os 17 anos, longe dos pais. Brian afirmou a sua independência e dedicava-se muito aos estudos dramáticos, porém, a sua paixão pela música era mais forte, e todo o seu dramatismo foi despejado em composições musicais.
Brian foi uma pessoa muito reprimida pelos pais, que fizeram de tudo para ele seguir uma carreira tradicional, porém, foi tudo em vão. Ele diz gostar muito de passar horas sozinho em casa, com as luzes apagadas, ouvindo a sua própria música bem alto, beber uísque e fumar cigarros mentolados, o que aparentemente o leva ao transe.

Vida pessoal
Brian Molko teve recentemente um filho com Helena Berg, fotógrafa, ao qual deu o nome de Cody. Ele diz que o nome é uma homenagem a um amigo que morreu em um acidente de carro, mas algumas pessoas acreditam que o nome é uma referência ao álbum da banda Mogwai, Come On Die Young. Em junho de 2009, ele e Helena já não estavam juntos, passando a ser pai solteiro. Molko é assumidamente bisexual.


segunda-feira, dezembro 09, 2013

Música atual para geopedrados...

Tré Cool, o baterista dos Green Day, faz hoje 41 anos

Frank Edwin Wright III (Frankfurt, 9 de dezembro de 1972), conhecido pelo nome artístico de Tré Cool, é um músico americano nascido na Alemanha. Ele é o atual baterista da banda de punk rock Green Day, que se juntou à banda após o baterista original e seu aluno de bateria, Al Sobrante, sair para completar os estudos. Ele também sabe tocar guitarra e acordeão.


A soprano alemã Elisabeth Schwarzkopf nasceu há 98 anos

Elisabeth Schwarzkopf, em 1958

Elisabeth Schwarzkopf (Jarotschin, 9 de dezembro de 1915 - Schruns, 3 de agosto de 2006) foi uma cantora de ópera alemã, uma das principais sopranos, do período pós-Segunda Guerra Mundial, alvo de grande admiração pelas suas interpretações de Mozart, Schubert, Strauss e Wolf.


Almeida Garrett morreu há 159 anos

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto, a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.

(...)

Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal datado de 25 de junho de 1851 Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta do Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha.
Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será em março de 1854, em que ataca o governo, na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.
Falece a 9 de dezembro de 1854, vítima de um cancro de origem hepática, na sua casa situada na atual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado, a 8 de março de 1926, para o Panteão Nacional, à data no Mosteiro dos Jerónimos. Encontra-se actualmente no Panteão Nacional, na Igreja de Santa Engrácia.



Brasão de Visconde de Almeida Garrett (daqui)



Beleza

Vem do amor a Beleza,
Como a luz vem da chama.
É lei da natureza:
Queres ser bela? - ama.

Formas de encantar,
Na tela o pincel
As pode pintar;
No bronze o buril
As sabe gravar;
E estátua gentil
Fazer o cinzel
Da pedra mais dura...
Mas Beleza é isso? - Não; só formosura.

Sorrindo entre dores
Ao filho que adora
Inda antes de o ver
- Qual sorri a aurora
Chorando nas flores
Que estão por nascer –
A mãe é a mais bela das obras de Deus.
Se ela ama! - O mais puro do fogo dos céus
Lhe ateia essa chama de luz cristalina:

É a luz divina
Que nunca mudou,
É luz... é a Beleza
Em toda a pureza
Que Deus a criou.

 

in Folhas Caídas (1853) - Almeida Garrett

La Pasionaria nasceu há 118 anos

Isidora Dolores Ibárruri Gómez (também conhecida como La Pasionaria) foi uma líder comunista espanhola. O seu nome verdadeiro era Isidora Ibárruri Gómez e nasceu em Gallarta, uma localidade da província de Biscaia, no País Basco, em Espanha, a 9 de dezembro de 1895 e faleceu em Madrid, a 12 de novembro de 1989.

Ibárruri casou-se aos 21 anos de idade com Julián Ruiz, com a oposição de seus pais, que desaprovavam as ideias socialistas do futuro genro e, no mesmo ano, nasce a sua primeira filha, Esther, que morre muito pequena. No mesmo ano começa a sua militância comunista. Em 1918 escreve o seu primeiro artigo assinando sob o pseudónimo de La Pasionaria, que a acompanharia a vida toda.

Em 15 de abril de 1920 filia-se no Partido Comunista Espanhol e, pouco após, no seu sucessor, o Partido Comunista de Espanha, no qual ficaria por toda a sua vida, e ao qual presidiria a partir de 1960.
Em 1920 nasce seu filho Rubén, e em 1923 dá a luz a trigémeas, das quais apenas uma sobrevive, Amaya. Alguns anos depois separa-se de seu marido, um marido e pai ausente pela sua militância no Partido Comunista, do qual era um dos principais dirigentes.

Celebrizou-se durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), ao instigar os republicanos contra as tropas do General Franco com a frase: «¡Para vivir de rodillas, es mejor morir de pié!» e «¡No pasarán!» ("Para viver de joelhos, é melhor morrer de pé!" e "Não passarão!").

Após a vitória de Franco em 1939, exilou-se na URSS, tendo regressado a Espanha em 1977, após a morte do Generalíssimo e restauração da democracia. Foi eleita deputada do Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes, e permanece líder honorária do Partido Comunista de Espanha até à sua morte, em 1989, que coincide com o ano em que caiu o Muro de Berlim.


António Pedro nasceu há 104 anos

(imagem daqui)

António Pedro da Costa (Cidade da Praia, Cabo Verde, 9 de dezembro de 1909 - Caminha, Moledo, 17 de agosto de 1966) foi um encenador, escritor e artista plástico português.

Biografia
Filho de José Maria da Costa (Lisboa, 27 de setembro de 1880 - ?) e de sua mulher Isabel Savage de Paula Rosa (Lisboa, Santos-o-Velho, 1884 - Cidade da Praia, circa 1930), filha de mãe inglesa era primo-irmão da mãe de António Sousa Lara.
Mudou-se aos 4 anos para Portugal e frequentou o Liceu Pedro Nunes em Lisboa até ao 2.º ano, mudando-se depois para o Instituto Nuno Álvares, da Companhia de Jesus, em La Guardia - Galiza, onde foi membro do grupo de teatro, tendo participado em várias dezenas de peças. O 6.º ano acabou-o em Santarém e o 7.º ano em letras no Liceal de Coimbra, onde dirigiu o jornal O Bicho. Ingressou na Universidade de Lisboa, tendo frequentado a Faculdade de Direito e a Faculdade de Letras, não concluindo nenhum dos cursos. Viveu em Paris entre 1934 e 1935 onde chegou a estudar no Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Sorbonne e onde assinou o Manifeste Dimensioniste.
Casou com Maria Manuela Possante, de quem não teve descendência.
Em 1933 cria a galeria UP (1933-1936), onde apresenta a primeira exposição de Maria Helena Vieira da Silva em Portugal (1935).
O surrealismo surge nos horizontes culturais portugueses a partir de 1936, em grande parte pela sua mão, em experiências literárias «automáticas» que realiza com alguns amigos. Em 1940 realiza, com António Dacosta e Pamela Boden (Casa Repe, Lisboa) aquela que é considerada a primeira exposição surrealista em Portugal: " A exposição reunia dezasseis pinturas de Pedro, dez de Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela Boden [...]. O surrealismo de que se falara até então vagamente, desde 1924, [...] irrompia nesta exposição, abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali polemicamente se definiam". Nesse mesmo ano cria a revista Variante.
Em 1941 António Pedro visitou o Brasil. Esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo exposto os seus quadros em concorridas mostras em ambas as cidades. Permaneceu no país uns quatro ou cinco meses, o bastante para formar um largo círculo de amizades entre a nata da intelectualidade brasileira, partindo deixando um rastro de amizades e sinceros admiradores.
Entre 1944 e 1945 vive e trabalha em Londres na British Broadcasting Corporation (B.B.C.), tendo feito parte do grupo surrealista de Londres.
Precursor do movimento surrealista português, fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa, criado em 1947 por Cândido Costa Pinto (expulso ainda na fase inicial de formação do grupo), Marcelino Vespeira, Fernando Azevedo e Mário Cesarini, entre outros, tendo participado na I Exposição Surrealista em Lisboa (1949).
Com uma forte ligação ao teatro, foi diretor do Teatro Apolo (Lisboa) em 1949 e diretor, figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto entre 1953 e 1961. Entre 1944 e 1945, foi crítico de arte e cronista da BBC em Londres.
Viveu os últimos anos em Moledo, uma praia junto a Caminha.
Grande parte da sua obra como pintor perdeu-se em 1944, aquando dum incêndio no seu atelier onde ficara a viver o seu amigo António Dacosta.

A Ilha do Cão, 1941, óleo sobre tela


"Se houve engano de olhos..."


Se houve engano de olhos,
Nunca esta alma minha
Se levou dos olhos,
Bem amada minha.

Olhos de alma, claros
Pela tua graça
E onde o teu sorriso
Namorado passa.

- Meu sorriso, aberto,
Porque é derradeiro,
Este foi, decerto,
Meu amor primeiro.

 

in Distância (1928) - António Pedro

El-Rei D. Pedro II morreu há 307 anos

D. Pedro II de Portugal (Lisboa, 26 de abril de 1648 - Alcântara, 9 de dezembro de 1706). Foi Rei de Portugal, de 1683 até à sua morte, sucedendo ao irmão Afonso VI, vindo já exercendo as funções de Regente do Reino desde 1668, devido à instabilidade mental do irmão, D. Afonso VI. Está sepultado no Panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora. Morreu na Quinta de Alcântara, ou Palácio da Palhavã, de apoplexia. Tinha 58 anos e estava doente apenas há quatro dias.

Bandeira pessoal de D. Pedro II

Biografia
Terceiro filho do rei João IV de Portugal e de Dona Luísa de Gusmão, foi Senhor da Casa do Infantado. Cognominado de O Pacífico, porque na sua regência fez-se a paz com a Espanha (em 1668).
Regente de 1667 a 1683, chegou ao poder por Golpe de Estado no qual, em 27 de janeiro de 1668, depôs o irmão, o Rei Afonso VI de Portugal. Foi Rei por morte deste, em 12 de setembro de 1683. Governou portanto, de facto, de 1667 a 1706. Implacável com o irmão, além de o encarcerar em Sintra, preparou o processo de anulação do casamento com Maria Francisca Isabel de Saboia, alegando a não-consumação do mesmo, por inaptidão do rei em sua relação com mulheres, obtendo de Roma e dissolução e casando-se com a cunhada.

Apreciação
Diz Veríssimo Serrão em «História de Portugal», volume IV, página 233: «Um historiador coevo exaltou as suas qualidades físicas, tanto na destreza das armas como no toureio a cavalo, por ter uma agilidade e fortaleza que o predispunham para exercícios de violência. Foi no seu tempo que o palácio de Salvaterra de Magos voltou a ser o local preferido da corte, ali se instalando D. Pedro II nos meses de Janeiro e Fevereiro, para se dedicar aos desportos da montaria. (…) Senhor de grande memória, o monarca nunca recusava audiência a quem lha pedisse, tanto de dia como de noite, deleitando-se em ouvir os outros e em discutir os assuntos nos mais ínfimos pormenores. Essa qualidade era (…) um dos seus maiores defeitos, porque queria sempre ouvir a opinião dos conselheiros, o que o levava a dilatar a resolução dos problemas. O seu reinado tinha como grande desígnio reconstruir o País abalado pelas lutas da Restauração. Desde 1693 que podia dispor da riqueza aurífera do Brasil, que teria dado a essa obra o arranque decisivo de que Portugal carecia. Mas a participação na guerra sucessória da Espanha foi contrária aos interesses nacionais (…). »
Firmou a aliança inglesa. Consolidou a independência de Portugal, com a assinatura do Tratado de Lisboa em 1668, pondo fim às guerras da Restauração iniciadas em 1640. teve o decisivo apoio da Inglaterra, com base em cláusulas matrimoniais que uniram Carlos II Stuart com a irmã, princesa Catarina de Bragança, em 1661. Portugal cedeu Tânger e Bombaim, comprometeu-se a transferir para os ingleses a maioria das praças recuperadas dos holandeses, repartir ao meio o comércio da canela, instalar famílias inglesas com os mesmos privilégios dos portugueses em Goa, Cochim, Diu, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro. Em troca a Inglaterra daria suporte militar a Lisboa, protegendo embarcações portuguesas no Mediterrâneo e nas costas de Lisboa e do Porto.
A aliança com os ingleses foi decisiva na consolidação do poder de D. Pedro, que centralizou o poder da monarquia e dissolveu a excessiva força da nobreza depois da morte de D João IV em 1656.
Sua longa gestão foi de importantes realizações. Em 1671 concedeu liberdade de comércio para os ingleses residentes em Portugal e deu início ao estabelecimento de manufacturas têxteis. Dona Isabel Luísa foi proclamada herdeira do trono nas Cortes de 1674, tendo D. Pedro promulgado uma carta «sobre as regências e tuutorias dos Reys» para melhor fundar o direito de sua filha.
Em 1674 sua maior preocupação foi melhorar as defesas do Reino, pedindo contribuição dos três estados para o sustento das guarnições de fronteira, seu apetrecho e obras indispensáveis em castelos e fortes marítimos. As Cortes não atenderam a totalidade do pedido, mas o grande receio estava na defesa do litoral. «Os navios da Índia e do Brasil eram o principal objectivo da cobiça», diz Veríssimo Serrão, «História de Portugal», volume V, página 213, de modo que «a Coroa viu-se na obrigação de armar uma frota de 11 barcos. (…) A esquadra saiu do Tejo em 21 de julho de 1675, sob o comando de Pedro Jacques de Magalhães.» «Mas não se viram os resultados de tão custosa empresa».
Obteve autorização papal para a elevação do bispado da Bahia à categoria de arcebispado, e a criação dos bispados em Olinda e no Rio de Janeiro em 1676. Em 1677 foi criado o bispado do Maranhão, subordinado diretamente ao arcebispado de Lisboa. Em 1686, por decreto do Regimento de Missões, foram restringidos os privilégios dos jesuítas nos sertões do Norte. Houve porém resistências ao processo de reordenamento da administração colonial: em 1684 dá-se a revolta de Beckman, que sublevou os colonos do Maranhão contra o monopólio da Companhia Geral para o Estado do Maranhão, sufocada; da década de 1680 o levante dos tapuias, em diversas regiões do Nordeste.
Havia um óbice legal ao casamento de sua filha com o primo, o duque de Saboia: a chamada «lei das Cortes de Lamego» impedia o casamento de uma herdeira com um príncipe estrangeiro, pretenso documento que em 1640 se tornara lei fundamental do Reino. As Cortes convocadas em 1 de novembro de 1679 não tiveram dúvidas em proceder à derrogação. Já então viera a Lisboa o embaixador de Saboia, o marquês de Ornano, celebrar o casamento por procuração. Mas tudo ficaria sem efeito na medida em que a embaixada do duque de Cadaval, enviada a Turim, em maio de 1682, não alcançou ou não quis concretizar o projeto, por pressões talvez de Luís XIV sobre a dinastia de Saboia. Em 1683, aliás, morreriam D. Afonso VI de Portugal e a rainha D. Maria Francisca Isabel. Na corte havia um forte partido «francês», chefiado pelo 1º duque de Cadaval, por Manuel Teles da Silva, 2º conde de Vilar Maior, futuro marquês de Alegrete, e pelo visconde de Ponte de Lima, mas outros pugnavam por aliança mais próxima com a Espanha. Ao casar-se novamente, D. Pedro II escolheu a irmã da rainha espanhola, como ela filha de Filipe Guilherme, eleitor palatino do Reno. A nova rainha, D. Maria Sofia de Neuburgo jamais influiu na vida política, mantendo uma atuação discreta e dando ao marido larga descendência.
A descoberta de ouro no sertão de Caeté, nas Minas Gerais, no final do século XVII, deu início a uma fase de prosperidade económica e a remodelações administrativas, com a criação em 1693 da Capitania de São Paulo e Minas Gerais, e a criação da Intendência das Minas em 1702. Data do período também a destruição do Quilombo dos Palmares (Alagoas), em 1695.
No final do reinado, havia dois grandes problemas no Brasil: a disputa pela colónia do Sacramento que, embora desde 1680 reconhecido território português, foi ocupada pelos espanhóis em 1705; e os primeiros conflitos, desde 1703, entre paulistas e emboabas, concorrentes forasteiros, inclusive reinóis, que chegaram à região das minas em busca de ouro.

Política europeia
Numa avaliação geral, o seu reinado consolidou a independência de Portugal diante da Espanha, mas foi alto o custo das concessões à Inglaterra: pelo controverso Tratado de Methuen, de 1703, os panos de lã ingleses passaram a ser livremente comercializados em Portugal, o que levou à estagnação da indústria têxtil do Reino.
A sua política de não-alinhamento tinha como trunfo a presença de embaixadores e agentes nas cortes europeias, e os nomes que se destacaram foram, até 1700, D. Francisco de Melo, marquês de Sande; Henrique de Sousa Tavares, 1º marquês de Arronches; o doutor José de Faria, na Inglaterra; Duarte Ribeiro de Macedo e Salvador Taborda Portugal, em Paris; Diogo de Mendonça Corte-Real, na Holanda. Diz Veríssimo Serrão: «Foi nessa boa escolha que se formou o mais destacado de nossos diplomatas da primeira metade de setecentos: D. Luís da Cunha».
A Guerra da Sucessão Espanhola veio alterar o equilíbrio, pois a sucessão de Carlos II da Espanha, morto em 1700, revelou-se enorme problema, na medida em que não teve descendência. O rei deixara por testamento, como herdeiro, o neto de Luís XIV, Filipe, duque de Anjou. Recusando o facto consumado, Guilherme III da Inglaterra, por meio da Grande Aliança da Haia, formou coligação com Holanda e com o Império, propondo Carlos, arquiduque da Áustria, como candidato ao trono espanhol. Seria difícil a Portugal fugir às pressões externas, e o rei viu-se impossibilitado de guardar uma posição neutral, pois as implicações do conflito podiam estender-se à América. Portugal, que começara por reconhecer Filipe de Anjou como Filipe V de Espanha pelo tratado de Paris de 18 de junho de 1701, repensou a sua posição, facto para o qual «contribuíram as primeiras derrotas dos franceses em Itália e no Reno», e a ameaça da frota inglesa. Em setembro de 1702 anulou-se o tratado com Luís XIV e graças à intervenção de John Methuen, embaixador da Inglaterra, estabeleceram-se «formas de cooperação que ainda não eram de aberta beligerância por parte de Portugal.» Mas era normal: diz Veríssimo Serrão na obra citada, página 230 do volume V: «Desde 1661 Portugal voltara, na política europeia, a fazer parte da órbita inglesa que garantira o triunfo da Restauração».
Portugal assinou em Lisboa em 16 de maio de 1703 um tratado defensivo com a Inglaterra e Províncias Unidas, outro tratado de aliança ofensiva e defensiva com a rainha Ana de Inglaterra, Leopoldo I da Áustria e os Estados da Holanda. Havia dois artigos secretos: logo que subisse ao trono da Espanha, o arquiduque Carlos entregaria a Portugal a título perpétuo as praças fronteiras de Badajoz, Albuquerque, Valença de Alcântara, Tui, Baiona de Galiza e Vigo; e na América do Sul, as terras da margem setentrional do rio da Prata, o qual ficaria a constituir o limite das duas coroas.
Aclamado rei da Espanha como Carlos III em Viena, a 12 de setembro de 1703, o arquiduque Carlos entendeu fazer de Portugal a base das operações contra o seu adversário e desembarcou em Lisboa a 9 de março de 1704. Deixou a cidade no ano seguinte numa esquadra inglesa para se fixar na Catalunha, pois a morte do imperador Leopoldo I, em 5 de maio, forçava-o a aproximar-se da Áustria e do norte da Itália. A ofensiva aliada começou com D. António Luís de Sousa, 4º marquês das Minas e Dinis de Melo e Castro, 1º conde das Galveias, que comandavam respectivamente a Beira e o Alentejo. Valência de Alcântara rendeu-se ao segundo, em 8 de maio de 1705. D. Fernando de Mascarenhas, futuro marquês de Fronteira, foi outro nome a destacar na guerra. A 28 de junho o exército português chegou a entrar triunfante em Madrid, onde Carlos III foi aclamado. Mas seu nome não tinha qualquer ressonância nas populações, e Filipe V recebia constantes socorros dos Pirenéus e beneficiava da realeza em exercício.

No Brasil
Fixou as bases de sua política no Brasil em dois pontos principais: o da pesquisa de metais e pedras preciosas e da extensão da fronteira da colónia às margens do rio da Prata. Enviou o visconde de Barbacena ao Brasil com instruções especiais para incentivas as explorações mineiras, e era tal a reputação dos paulistas que o Príncipe Regente, instado por Barbacena, escreveu a doze dos principais sertanistas piratininganos, a quem proporcionou a «incomparável honra» de uma interpelação direta, convocando-os ao emprego do seu real serviço. Alguns eram do maior prol, como Fernão Dias Paes Leme, Francisco Dias Velho, Lourenço Castanho Taques.
Sob seu reinado foi criada a Casa da Moeda da Bahia, inaugurada em 8 de março de 1694. D. Pedro II cedeu seus direitos de senhoriagem, tributo a ele devido, para o melhor funcionamento desta instituição, que cunhou as primeiras moedas brasileiras para uso da própria colónia em 1695. Estas moedas de 4000 e 2000 réis, em ouro e 640, 320, 160, 80, 40 e 20 réis, em prata; ampliaram e diversificaram a moeda circulante no Brasil.

Últimos anos
Desde 1703 o rei passava épocas de profunda sonolência que os médicos atribuíam a um «defluxo de estilicido», ou seja, grave infecção da laringe. A 5 de dezembro de 1706 foi acometido de um «pleuriz legítimo» que derivou num ataque apoplético, com o qual perdeu os sentidos. Não resultou a sangria nos pés e, no dia 9, o ataque se tornou fatal. Acredita-se hoje em doença hepática, pois a autópsia achou «hua parte do fígado torcida e se lhe acharão 25 pedras no fel».
Está sepultado em Lisboa no Panteão dos Braganças.

Artigo interessante para qualquer geólogo ou biólogo no Público

Portugal, o santuário mundial da biodiversidade da vinha
Por Abel Coentrão
23.11.2013

As grandes nações do vinho já começam a replicar o modelo português, mas levam um atraso de décadas na recolha de dados

Um conjunto de factores favoreceu a manutenção, em Portugal, de centenas de castas de vinha autóctones, cada uma delas com um grau de variabilidade bem acima do que acontece nos países que foram apostando em clones de meia dúzia de castas na moda e muito produtivas. Um grupo de cientistas vem estudando o potencial desse património genético, que, diz o rosto deste projecto, pode tornar o país numa Meca da viticultura.
Chegámos atrasados a quase tudo. Às Luzes, à Industrialização, à Democracia. Portugal, um pequeno país teimosamente agarrado à cauda da Europa tem um pequeno segredo mal guardado que o anda a pôr nas bocas do mundo que tem boca para um bom vinho como um país de vanguarda, a anos-luz dos restantes países vinícolas do planeta. Na revista World of Fine Wine já lhe chamaram Arca de Noé da biodiversidade da vinha. Antero Martins, sumidade na área da genética quantitativa aplicada ao melhoramento de plantas, ou mais simplesmente um dos "Noés" desta história, prefere pensar que estamos a caminho de nos tornarmos uma espécie de "Meca do Vinho". Mas porquê tanta excitação?

A culpa é do tal atraso. Em parte, pelo menos, concede o responsável pela Investigação da Sogrape, António Graça, outro dos envolvidos na recém-criada Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (Porvid), que desde 2009 prossegue, agora de uma forma institucional, os esforços de identificação e preservação da biodiversidade destas plantas iniciados há 35 anos por um trio de "carolas", o já referido Antero Martins, do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa, Nuno Magalhães, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Luís Carneiro, da Estação Agronómica Nacional. O seu esforço permitiu identificar, no nosso país, 250 castas autóctones (no território que pode ser o da península), muito para lá das dezenas utilizadas, pelos produtores. E o número já peca por defeito porque, nas análises genéticas mais recentes, se percebeu que plantas que se pensavam ser apenas uma variante (genótipo) dentro da casta, são afinal castas diferentes. O que vai, de certeza, engrossar a lista deste património.

Quando o mundo se rendia a vinhos estremes, feitos a partir de meia dúzia de castas francesas, plantadas nos quatro cantos do globo; quando viveiristas e agricultores de outros países seleccionavam eugenisticamente, por elimininação, castas, e plantas (genótipos) dentro das castas com as melhores características para responder ao mercado, cada vez mais global mas, em contraponto, a estreitar o gosto, Portugal estava ainda a acordar do longo sono salazarista, que o manteve fechado, e não apenas à Coca-Cola. Por cá mantinham-se tradições como as dos vinhos de lote, com mistura de castas, muita vinha velha por arrancar – alguma até pré-filoxérica, como os mortórios do Douro – e técnicas culturais que favoreciam o acaso em vez da selecção e, que, por isso, mantiveram uma parte importante da biodiversidade do país, o único que tem cem por cento do território numa qualquer região demarcada, lembra António Graça.

Pode parecer contraditório, mas este atraso acertou o nosso relógio com o do planeta, que já reconhecia a importância da biodiversidade nesses finais de 70, em que, gastando horas fora das aulas e fins-de-semana, Martins e seus pares puseram pés ao caminho. Numa abnegação que ainda hoje os mantém, apesar de jubililados, ainda ligados ao projecto, conseguiram, em pouco tempo, criar uma rede informal: com as direcções regionais de agricultura e algumas empresas, que perceberam desde logo a importância de participar nesta missão de recolha, estudo, selecção e – note-se a diferença – preservação das variedades genéticas da vinha portuguesa. Em poucos anos, dezenas de quintas por esse país fora acolheram campos experimentais e viveiros onde esse património foi mantido.

Agora, depois de o Estado ter cedido em 2009 à Porvid parte de uma herdade em Pegões, na Península de Setúbal, nada longe de propriedades e da adega de sócios como a José Maria da Fonseca ou a Cooperativa de Santo Isidro de Pegões, entre outros, as plantas estão todas a caminho de uma nova casa. Milhares delas já foram instaladas (em vasos) e vai-se preparar mais terreno para guardar 50 mil genótipos das tais 250, ou mais, castas portuguesas, mesmo ao lado de uma área de 80 a 100 hectares onde uma parte importante dessa variabilidade vai ser enxertada e posta a produzir, para análise comparativa.

A necessidade de guardar um tão elevado número de espécimes é facilmente percebida se soubermos que, nas mais de 60 castas já bem estudadas ao longo destes anos, há exemplos de uma diversidade intra-casta impensável noutros países, que andaram a deitar essa variabilidade ao lixo. Se o Riesling alemão se faz com muitos poucos clones, do Alvarinho, há 530 genótipos diferentes conhecidos, com diferentes consequências na produção, compara Antero Martins. Aliás, foi depois de estudada a variabilidade interna da Touriga Nacional, um dos primeiros alvos da atenção do projecto, que o sector conseguiu descobrir e seleccionar genótipos que, com ganhos superiores a 30%, resolveram o problema da baixa produtividade e da desconfiança com que esta grande casta portuguesa era encarada, na década de 70, pelos produtores do Douro.

O estudo aprofundado da variabilidade dentro de cada casta foi um dos grandes avanços do projecto e Antero Martins insiste sempre em associá-lo à entrada em cena de uma sua assistente, Elsa Gonçalves, que o ultrapassou – e ele di-lo com o gosto de quem não quer ficar com o conhecimento só para si – na capacidade de pôr a estatística, e a informática, ao serviço da genética quantitativa. Graças a este aporte, já reconhecido no meio científico internacional, a equipa conseguiu, para mais de seis dezenas de castas, identificar as suas variantes internas e o comportamento de cada uma, independentemente de factores ambientais, em parâmetros como a produção, a acidez, o açucar (importante para o teor alcoólico) e as antocianas (pigmentos responsáveis pela cor escura do vinho tinto).

Não é difícil imaginar a utilidade deste conhecimento para a vitivinicultura portuguesa. E há casos concretos em que ele já resolveu problemas, explica António Graça. Já se percebeu por exemplo que a tinta-roriz, muito apreciada, entre outros aspectos, pela cor que imprime aos vinhos, perde, precisamente nesse aspecto, a partir de um determinado patamar de produção, potenciado por condições ambientais favoráveis. Perante isto, tem sido feito um esforço de enxertar as novas vinhas com genótipos menos "produtivos", mas que garantem a qualidade máxima pretendida. António Graça, tal como Antero Martins, antevêem o que isto, multiplicado por todo o nosso parque de castas, significa, em termos de competitividade, para o país, numa altura em que são visíveis os efeitos das alterações climáticas.

Antevendo o risco, é o homem das empresas, António Graça, quem mais toca, na conversa com a FUGAS, na questão ambiental. Mas Portugal está a construir, com o projecto da Porvid, a capacidade de escolher, a cada momento, as vinhas que melhor se adaptam, por exemplo, à subida da temperatura ambiente, rejubila. Já Antero Martins foge da sua genética quantitativa para fazer notar que estaremos preparados para responder a outro tipo de desafios, como o das modas, o gosto. Se hoje se produzem vinhos com teores de álcool bem acima dos 12,5 graus que eram habituais há umas décadas, nada nos diz que os vinhos de baixo teor alcoólico, para os quais hoje já há algum mercado, não se tornarão um trend. E, se for necessário, nós saberemos dar resposta a essa demanda, vinca.

Apesar de ir dizendo que gostava de ser mais reformado do que é – e desconfiamos que não conseguiria manter-se muito longe do campo experimental de Pegões, que nos mostrou com orgulho – Antero Martins não esconde a satisfação pelo reconhecimento que o projecto vem tendo por esse mundo fora, nas revistas especializadas e em congressos do sector. As grandes nações do vinho já começam a replicar o modelo português, mas levam um atraso de décadas na recolha de dados. E "o projecto de Pegões é para mais 50 anos", nota António Graça. O seu sucesso pleno está no entanto dependente da entrada de mais dinheiro – por via das quotas de mais associados, mecenas, apoios estatais e fundos europeus – que garantam uma estabilidade financeira que esta luta pela biodiversidade no sector ainda não teve.

Se nunca houve muito dinheiro, o esforço valeu-lhes, pelo menos, alguns "brindes". Com o estudo aprofundado da variabilidade dentro de cada casta, os portugueses começaram a ter dados concretos sobre o caminho que cada uma delas seguiu, desde um ponto de origem. Esse ponto, como noutras espécies vegetais, é aquele em que a variabilidade da planta é maior (porque foi necessário mais tempo para a conseguir). É o contributo luso para a história desta cultura milenar. Que não traz boas notícias para todos. Rioja ficou a saber, pela Porvid, que o seu Tempranillo (a nossa Tinta Roriz ou Aragonez) não surgiu por ali, como pensavam, mas na zona de Valdepenãs, a sul de Madrid. Já a casta forte da Bairrada, a Baga, terá afinal surgido no Dão. E a Jaen, famosa nesta região, tem aqui tão pouca variedade que o mais certo é ser muito recente nesta zona do país, indiciando outra origem.

Depois, ao longo destes anos, ao calcorrear o país, os investigadores foram percebendo também que Portugal é um santuário da Vitis silvestrys, a planta silvestre que há milhares de anos foi domesticada pelo homem para se tornar nas videiras que hoje conhecemos. Há mais de 150 núcleos destas vinhas e, assinala António Graça, só nos faltará encontrar algum vínculo arqueológico para podermos, quem sabe, pôr em causa a teoria que coloca no médio Oriente o nascimento da cultura do vinho. Já há na Europa quem defenda a tese da origem múltipla, e Portugal está muito atento a esse debate, que, como a questão da biodiversidade, do uso de castas raras e desconhecidas, pode gerar dividendos económicos se, como insiste António Graça, formos capazes de "comunicar, comunicar, comunicar isto lá fora".

Já este ano, a Porvid associou-se a um projecto, com origem em França e ambições globais, a Wine Mosaic, que luta pela promoção das castas antigas do mediterrâneo, como aquela, quase extinta, que é cultivada por um italiano na Toscana e que, se não vende nada no seu país, teve sucesso em Hong Kong e no Japão, segundo a Wine Spectator. "É que, sabe, eu acho que no vinho, mais do que o que está lá dentro, muito do que se vende é cultura, é a sua história, o trabalho que implicou", acrescenta o presidente da Porvid, Antero Martins, convicto de que Portugal terá muito a ganhar com as dezenas de hectares de vinha, amostra complexa, e completa da nossa biodiversidade, que ele espera ver plantados, e continuamente estudados, em Pegões. Numa herdade prestes a tornar-se o novo santuário da viticultura portuguesa.

in Público - ler notícia

domingo, dezembro 08, 2013

Porque hoje devemos recordar a Poesia de Florbela Espanca...

(imagem daqui)

Versos

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz, cantos dispersos,
Ou pétalas que caem uma a uma...

Versos!... Sei lá! Um verso é o teu olhar,
Um verso é o teu sorriso e os de Dante
Eram o teu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!... Sei eu lá também que são...
Sei lá! Sei lá!... Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez...

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês...

 

in Sonetos Completos (1934) - Florbela Espanca

Hoje é preciso recordar The Doors e Jim Morrison...

John Lennon foi assassinado há 33 anos

John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. John Lennon foi casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum experimental, Unfinished Music No.1: Two Virgins, que causou controvérsia por apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa. A partir deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal casou numa cerimónia privada em Gibraltar. Usaram a repercussão do seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de "Bed in", ou "John e Yoko na cama pela paz", como um resultado prático da sua lua-de-mel, realizada no Hotel Hilton, em Amesterdão. No final do mesmo ano, Lennon comunicou aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles. Ainda no mesmo período, Lennon devolveu sua medalha de Membro do Império Britânico à Rainha Isabel II, como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do Vietname, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra e "o fraco desenvolvimento de Cold Turkey nas tops de sucesso".
Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciou oficialmente o fim dos Beatles. Antes disso, John Lennon havia lançado outros dois álbuns experimentais, Life with lions e Wedding album. Também lançara o compacto "Cold Turkey" e o disco ao vivo Live peace in Toronto, creditados à banda Plastic Ono Band, com a participação de Eric Clapton. No final do ano, sai o primeiro disco a solo de Lennon, após o fim dos Beatles: John Lennon/Plastic Ono Band, que contou com a participação de Ringo Starr, Yoko Ono e Klaus Voormann.
Durante a década de 1970, John e Yoko envolveram-se em vários eventos políticos, como promoção da paz, pelos direitos das mulheres e trabalhadores e também exigindo o fim da Guerra do Vietname. O seu envolvimento com líderes da extrema-esquerda norte-americana, com Jerry Rubin, Abbie Hoffman e John Sinclair, além do seu apoio formal ao Partido dos Panteras Negras, deu início a uma perseguição ilegal do governo Nixon ao casal. A pedido do Governo, a Imigração deu início a um processo de extradição de John Lennon dos EUA, que durou cerca de três anos, período em que John ficou separado de Yoko Ono durante 18 meses, entre 1973 e 1975.
Após reconciliar-se com Yoko, vencer o processo de imigração e conseguir o Green Card, Lennon decidiu afastar-se da música para dedicar-se à criação de seu filho Sean Taro Ono Lennon, nascido no mesmo dia de seu aniversário, em 1975. O casal voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum, Double Fantasy, lançado em novembro. Era como um recomeço. Porém em 8 de dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman, quando regressava do estúdio de gravação com a mulher.
De entre as composições de destaque de John Lennon (creditadas a Lennon/ McCartney) estão "Help!", "Strawberry Fields Forever" e "All You Need Is Love", "Revolution", "Lucy in the Sky with Diamonds", "Come Together", "Across the Universe, "Don't Let Me Down" e na carreira solo "Imagine", "Instant Karma!", "Happy Xmas (War is Over)", "Woman", "(Just Like) Starting Over" e "Watching the Wheels".
Recebeu uma Estrela da Calçada da Fama de Hollywood a 30 de setembro de 1988. Em 2002, John Lennon ficou em oitavo lugar numa pesquisa feita pela BBC sobre os 100 mais importantes britânicos de todos os tempos. Recentemente, em 2008, John foi considerado pela revista Rolling Stone o 5º melhor cantor de todos os tempos. Foi considerado o 55º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.
  
(...)
 
Na noite de 8 de dezembro de 1980, quando voltava para o apartamento onde morava em Nova Iorque, no Edifício Dakota, em frente ao Central Park, John foi abordado por um rapaz que durante o dia lhe havia pedido um autógrafo num LP Double Fantasy, em frente ao Dakota. O rapaz era Mark David Chapman, um fã dos Beatles e de John, que acabou disparando 5 tiros com um revólver de calibre 38, dos quais 4 acertaram em John Lennon. A polícia chegou minutos depois e levou John na própria viatura para o hospital. O assassino permaneceu no local com um livro nas mãos, O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger. John morreu após perder cerca de 80% de seu sangue, aos quarenta anos de idade. Logo após a notícia da morte de John Lennon, que correu o mundo, uma multidão juntou-se em frente ao Dakota, com velas e cantando canções de John e dos Beatles. O corpo de John foi cremado no Cemitério de Ferncliff, em Hartsdale, cidade do estado de Nova Iorque, e suas cinzas foram guardadas por Yoko Ono.
   

Hoje é dia do nascimento e da morte de Florbela Espanca

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

(...)

Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de dezembro de 1930. A causa da morte foi a sobredose de barbitúricos.
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz, desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim":
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,
Como adormece a noite pelo outono,
Fecha os olhos, simples, docemente,
Como à tarde uma pomba que tem sono…


Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a Árvore tosca e tensa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol, altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!...



Florbela Espanca

Tom Jobim, o pai da bossa nova, morreu há 19 anos

Antônio "Tom" Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 - Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira pela revista Rolling Stone, e um dos criadores e uma das principais forças do movimento da bossa nova.