O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor.
Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu
definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa
do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8
de dezembro de 1930. A causa da morte foi uma sobredose de barbitúricos.
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas
disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do
avião pilotado pelo seu irmão Apeles, quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz,
desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim":
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Foi para a escola e aprendeu a ler
e as quatro operações, de cor e salteado.
Era um menino triste:
nunca brincou no largo.
Depois, foi para a loja e pôs a uso
aquilo que aprendeu
— vagaroso e sério,
sem um engano,
sem um sorriso.
Depois, o pai morreu
como estava previsto.
E o Senhor António
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...)
ficou dono da loja e chefe da família...
Envelheceu, casou, teve meninos,
tudo como quem soma ou faz multiplicação!...
E quando o mais velhinho
já sabia contar, ler, escrever,
o Senhor António deu balanço à vida:
tinha setenta anos, um nome respeitado...
— que mais podia querer?
Por isso,
num meio-dia de Verão,
sentiu-se mal.
Decentemente abriu os braços
e disse: — Vou morrer.
E morreu!, morreu de congestão...
Vitorino Salomé Vieira (Redondo, 11 de junho de 1942), ou apenas Vitorino, como é conhecido, é um cantorportuguês. A sua música combina o folclore tradicional, principalmente do Alentejo, e o estilo popular da sua voz.
Biografia
Vitorino nasceu numa família de músicos, no Redondo.
Desde que nasceu que ouvia música em sua casa, tocada pelos seus tios,
tendo sido sempre neste ambiente que cresceu, bem como os seus quatro
irmãos, todos igualmente músicos. Vitorino é o terceiro dos cinco; o
cantor Janita Salomé é o quarto.
Conheceu Zeca Afonso, de quem se tornou amigo, quando estava a fazer a recruta no Algarve. Fixou-se em Lisboa a partir dos 20 anos, onde se associou à noite, às tertúlias e aos prazeres boémios. Em 1968 entrou para o Curso de Belas Artes, mas já antes disso tinha começado a pintar.
Emigrado em França,
estudou pintura e, para sobreviver, lavou pratos em restaurantes. Foi
aqui que um amigo lhe disse que se ganhava mais a cantar na rua ou no
metro do que a lavar pratos. Experimentou: era verdade. Largou os pratos
e agarrou na guitarra.
Colaborou em discos de José Afonso, Coro dos Tribunais, e Fausto. Atuou no célebre concerto de março de 1974, I Encontro da Canção Portuguesa, que decorreu no Coliseu dos Recreios. Lançou nesse ano o seu primeiro single: Morra Quem Não Tem Amores.
Participou no disco Cantigas de Ida e Volta conjuntamente com outros nomes como Fausto, Sheila e Sérgio Godinho.
Em 1975,
estreou com o seu primeiro disco que incluía uma das canções mais
importantes do imaginário português: “Menina estás à janela”. No álbum Semear Salsa ao Reguinho
aparecem ainda canções como “Cantiga d'um Marginal do séc. XIX”, “A
primavera do Outono”, “Cantiga de Uma Greve de Verão” e “Morra Quem Não
Tem Amores”.
Em 1977 foi editado o disco Os Malteses que inclui “Oh Beja, Terrível Beja”, uma evocação ao tempo em que cumpriu o serviço militar obrigatório naquela cidade. Vitorino foi também o produtor do disco Ó Rama Ó Que Linda Rama de Teresa Silva Carvalho, editado nesse ano.
O álbum Não Há Terra Que Resista — Contraponto, que inclui o tema “Dá-me Cá Os Braços Teus”, foi editado em 1979.
Romances, editado em 1980, conta com a colaboração especial de Pedro Caldeira Cabral. “Indo Eu Por I Abaixo” e “Laurinda” são algumas das canções deste disco.
O álbum Flor de la Mar, editado em 1983, incluiu temas como “Queda do Império”, com Filipa Pais, “Cervejaria da Trindade”, “Marcha Ingénua” e “Dama de Copas”.
Leitaria Garrett é lançado no Outono de 1984. “Tinta
Verde”, “Leitaria Garrett”, “Tragédia da Rua das Gáveas”, “Andando Pela
Vida”, “Poema”, “Menina Estás À Janela” (com o Opus Ensemble) e “Postal para D. João III” são alguns dos temas.
Em Dezembro de 1985 foi editado o álbum Sul com temas como “Meninas”, “Sul” e “Homens do Largo”. José Mário Branco fez os arranjos musicais da canção "Alcácer Quibir", presente nesse álbum. Um ano depois foi editado o maxi-single “Joana Rosa”.
O álbum Negro Fado, co-produzido por António Emiliano e José Manuel Marreiros, foi editado em Abril de 1988. O disco inclui temas como “Vou-me Embora”, “Negro Fado”, “Flor de Jacarandá” e uma versão em crioulo de “Joana Rosa”. O disco vence o Prémio José Afonso.
Cantigas de Encantar, com a participação dos seus sobrinhos, foi lançado em novembro de 1989. O disco inclui um livro com dez histórias populares.
Em 1990 surgiu com o quarteto Lua Extravagante, com Filipa Pais e os seus irmãos Janita e Carlos Salomé. O álbum homónimo surgiu em 1991 com canções como “Lua de Papel”, “Ilha” ou “Adeus Ó Serra da Lapa”.
Com o álbum Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada, de 1992, com textos de António Lobo Antunes, venceu o Prémio José Afonso/93 e o Se7e de Ouro/92 para música popular. Os temas mais conhecidos deste disco são “Bolero do Coronel Sensível
Que Fez Amor Em Monsanto”, “Tango do Marido Infiel Numa Pensão do Beato”
e “Ana II”.
Em 1993 foi editada a compilação As Mais Bonitas com regravações de “Laurinda” e de “Menina Estás À Janela” e a gravação de Vitorino para “Ó Rama Ó Que Linda Rama”.
O álbum A Canção do Bandido, editado em Novembro de 1995,
inclui canções como “Nomes do Amor”, “Fado da Prostituta”, “Tocador de
Concertina” e “Fado Alexandrino”. É um dos discos candidatos ao Prémio José Afonso.
Foi fundador do projeto Rio Grande juntamente com Rui Veloso, Tim, João Gil e Jorge Palma.
O disco de estreia foi editado em dezembro de 1996. Em dezembro de 1997
é editado o álbum “Dia de Concerto” com gravações ao vivo dos Rio Grande.
Em 1999 gravou um disco em Cuba com o Septeto Habanero. “Desde El Día En Que Te Vi” e “Toda Una Vida” foram os temas em maior destaque do disco La Habana 99.
Participou, com Pedro Barroso e Isabel Silvestre, na campanha da Fenprof para colocar novamente de pé o sistema educativo timorense. No disco Uma Escola Para Timor, de 2000, são interpretadas canções do professor e músico Rui Moura.
Em novembro de 2001 foi editado Alentejanas e Amorosas.
O disco inclui os temas “Vou-me Embora Vou Partir”, “Alentejanas e
Amorosas”, “Meu Querido Corto Maltese”, “Ausência em Valsa”, “Cão
Negro”, “Constança”, “Bárbara Rosinha”, “Dona dos Olhos Castanhos”,
“Paixão e Dúvida”, “Mariana à Janela”, “Coração ao Deus Dará” e
“Guerrilha Alentejana”. Inclui também o tema da série “Estação da Minha
Vida”.
A compilação As Mais Bonitas 2 — Ao Alcance da Mão é editada em finais de 2002. Inclui os inéditos “Galope” e “O Dia Em Que Me Queiras”. Colabora num dos temas do projeto Cabeças No Ar.
Ao Alcance da Mão é o nome de um songbook, editado em junho de 2003 pela editora D. Quixote,
com 25 canções do seu repertório. O livro é acompanhado de um CD onde
interpreta os temas “Menina Estás à Janela”, “Queda do Império” e
“Alentejanas e Amorosas”.
Em abril de 2004 foi lançado o disco “Utopia”, de Vitorino e de Janita Salomé, com o registo dos dois concertos realizados no CCB em fevereiro de 1998. Ainda em 2004 é editado o álbum Ninguém Nos Ganha Aos Matraquilhos! que contou com a colaboração de nomes como Rui Veloso, Manuel João Vieira e Sílvia Filipe.
A completar 30 anos de carreira, foi editada em fevereiro de 2006 a compilação Tudo com 50 canções em três discos temáticos subordinados a O Alentejo, Lisboa e O Amor.
Em 9 e 13 de Maio de 2007 dá concertos ao vivo em Lisboa, no Teatro da Trindade, dos quais resultou o CD intitulado AO VIVO — Vitorino a preto e branco.
Em 2009 publica o CD TANGO, El Perro Negro Canta, gravado em Buenos Aires, na Argentina, mas com três temas gravados em Lisboa, o qual dedicou à memória do pintor João Vieira, que lhe ilustrou as capas desde o CD Tudo e é pai do músico Manuel João Vieira, dos Ena Pá 2000.)
Para comemorar os seus 35 anos de carreira, dá concertos nos
Coliseus de Lisboa, a 10 de outubro de 2011, e do Porto, a que chamou "35 Anos a Semear
Salsa ao Reguinho", numa alusão ao seu 1º LP, acompanhado pela
belíssima Orquestra das Beiras, com origem e forte ligação à Universidade de Aveiro, para os quais convida alguns amigos para estarem também em palco, quer músicos, quer não músicos.
No dia 16 de setembro de 2016 dá um concerto em Moimenta da Beira, numa noite em que também subiu ao palco o Grupo Coral e Etnográfico "Os Camponeses de Pias", de cante alentejano.
Em 2022 faz uma aparição televisiva no programa The Voice Portugal ao cantar "Queda do Império" com o finalista Daniel Fernandes.
É membro da Maçonaria, integrando a obediência maçónica Grande Oriente Lusitano, com o nome Mestre Hélio.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera informa que no dia
21.05.2025 pelas 03.12 (hora local) foi registado nas estações da Rede
Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 2.3 (Richter) e cujo
epicentro se localizou a cerca de 6 km a Oeste-Noroeste de
Arraiolos. Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao
momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com
intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) no concelho de
Arraiolos (Évora).
Se a situação o justificar serão emitidos novos
comunicados.
Gravura
de Catarina Eufémia, como parte da obra de arte "Revolução subterrada",
na passagem subterrânea da estação de Alcantâra-Mar, em Lisboa
AO RETRATO DE CATARINA
Esses teus olhos enxutos
Num fundo cavo de olheiras
Esses lábios resolutos
Boca de falas inteiras
Essa fronte aonde os brutos
Vararam balas certeiras
Contam certa a tua vida
Vida de lida e de luta
De fome tão sem medida
Que os campos todos enluta
Ceifou-te ceifeira a morte
Antes da própria sazão
Quando o teu altivo porte
Fazia sombra ao patrão
Sua lei ditou-te a sorte
Negra bala foi teu pão
E o pão por nós semeado
Com nosso suor colhido
Pelo pobre é amassado
Pelo rico só repartido
Tanta seara continhas
Visível já nas entranhas
Em teu ventre a vida tinhas
Na morte certeza tenhas
Malditas ervas daninhas
Hão-de ter mondas tamanhas
Searas de grã estatura
De raiva surda e vingança
Crescerão da tua esperança
Ceifada sem ser madura
Teus destinos Catarina
Não findaram sem renovo
Tiveram morte assassina
Hão-de ter vida de novo
Na semente que germina
Dos destinos do teu povo
E na noite negra negra
Do teu cabelo revolto
nasce a Manhã do teu rosto
No futuro de olhos posto
No dia 19 de maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo,
Catarina e mais treze outras ceifeiras foram reclamar com o feitor da
propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de dois escudos
por jornadas. Os homens da ceifa foram, em princípio, contrários à
constituição do grupo das peticionárias, mas acabaram por não hostilizar
a ação destas. As catorze mulheres foram suficientes para atemorizar
o feitor que foi a Beja chamar o proprietário e a guarda.
Catarina fora escolhida pelas suas colegas para apresentar as suas reivindicações. A uma pergunta do tenente da guarda, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão". Como resposta teve uma bofetada que a enviou ao chão. Ao levantar-se, terá dito: "Já agora mate-me." O tenente da guarda disparou três balas que lhe estilhaçaram as vértebras.
Catarina não terá morrido instantaneamente, mas poucos minutos depois
nos braços do seu próprio patrão (entretanto chegado), que a levantou
da poça de sangue onde se encontrava, e terá dito: Oh senhor tenente, então já matou uma mulher, o que é que está a fazer? O patrão, Francisco Nunes, que é geralmente descrito como uma pessoa acessível, foi caracterizado por Manuel de Melo Garrido em "A morte de Catarina Eufémia - A grande dúvida de um grande drama" como "o jovem lavrador da região que menos discutia os salários a atribuir aos rurais e que, nas épocas de desemprego, os ajudava com larga generosidade". O menino de colo, que Catarina tinha nos braços ficou ferido na queda. Uma outra camponesa teria ficado ferida também.
De acordo com a autópsia, Catarina foi atingida por "três
balas, à queima-roupa, pelas costas, atuando da esquerda para a
direita, de baixo para cima e ligeiramente de trás para a frente, com o
cano da arma encostada ao corpo da vítima. O agressor deveria estar
atrás e à esquerda em relação à vítima". Ainda segundo o relatório da autópsia, Catarina Eufémia era "de estatura mediana (1,65 m), de cor branco-marmórea, de cabelos pretos, olhos castanhos, de sistema muscular pouco desenvolvido".
Após a autópsia, temendo a reação da população, as autoridades resolveram realizar o funeral
às escondidas, antecipando-o de uma hora em relação àquela que tinham
feito constar. Quando se preparavam para iniciar a sua saída às
escondidas, o povo correu para o caixão
com gritos de protesto, e as forças policiais reprimiram
violentamente a populaça, espancando não só os familiares da falecida,
outros rurais de Baleizão, como gente simples de Beja que pretendia
associar-se ao funeral. O caixão acabou por ser levado à pressa, sob
escolta da polícia, não para o cemitério de Baleizão, mas para Quintos (a terra do seu marido cantoneiro António Joaquim do Carmo, o Carmona, como lhe chamavam) a cerca de dez quilómetros de Baleizão. Vinte anos depois, em 1974, os seus restos mortais foram finalmente trasladados para Baleizão.
Na sequência dos distúrbios do funeral, nove camponeses foram acusados
de desrespeito à autoridade; a maioria destes foi condenada a dois
anos de prisão com pena suspensa. O tenente Carrajola foi transferido para Aljustrel, mas nunca veio a ser sequer julgado em tribunal. Faleceu em 1964.
A lenda
Ao torná-la numa lenda da resistência antifascista, o PCP
teria adulterado alguns pormenores da vida e morte de Catarina
Eufémia. Designadamente, fez-se crer que Catarina era militante do
Partido Comunista, no comité local de Baleizão, desde 1953, o que é, possivelmente, falso. A escolha de Catarina para porta-voz das ceifeiras terá sido mesmo influenciada pelo facto de não existirem as mínimas suspeitas de ser comunista. Aliás, Mariana Janeiro,
uma militante comunista várias vezes presa pela PIDE, sempre rejeitou
a hipótese de que Catarina estivesse ao serviço do partido. Por seu
lado, António Gervásio, antigo dirigente do PCP no Alentejo, afirma que
Catarina era de facto membro do comité local de Baleizão do PCP desde
1953. Também a União Democrática Popular
reivindicou a militância de Catarina (embora a UDP só tenha surgido
em 1974, tentou reclamar Catarina como um dois exemplos da linha
comunista não-estalinista e comunista não-interclassista, que antecedeu a União Democrática Popular e o seu precursor, o PC-R), tendo, mesmo, erigido um pequeno monumento em sua memória, que foi destruído por apoiantes do PCP em 23 de maio de 1976.
Os familiares de Catarina, especialmente os filhos, chegaram a apoiar
ou filiar-se na UDP. UDP e PCP continuam a disputar Catarina (que
segundo conhecidos não seria militante comunista, mas sendo altamente
politizada, seria simpatizante com bastante certeza).
Afirmou-se também que Catarina Eufémia estaria grávida
de alguns meses no momento em que foi assassinada. Aparentemente,
essa informação teria vindo de outras ceifeiras, a quem Catarina
alguns dias antes de ser assassinada teria revelado o seu estado amenorreico. Durante a autópsia, o povo de Baleizão juntou-se no largo da Sé de Beja, a poucos metros do Hospital da Misericórdia, clamando em desespero e revolta: "Não foi uma, foram duas mortes!". No entanto, o médico legista que a autopsiou, Henriques Pinheiro, afirmou repetidamente, inclusive depois da revolução de 1974, que as referências a uma gravidez eram falsas.
António Pinto Basto nasceu em 6 de maio de 1952 em Évora. Filho do engenheiro António Ferreira Pinto Basto (Aveiro, Glória, 12 de maio de 1913 - ?) e de sua mulher (Estremoz, Evoramonte, Casa da Juceira, Capela do Coração de Jesus, 20 de abril de 1941) Maria Luísa de Matos Fernandes de Vasconcelos e Sá (Lisboa, São Mamede, 17 de agosto de 1920 - ?), sobrinha-bisneta do 1.º Barão de Albufeira e prima sobrinha em segundo grau do 1.º Visconde de Silvares.
António Pinto Basto começou a interessar-se pelo Fado aos 13 anos. Uma noite os pais levaram-no a uma noite de fados na Feira dos Salesianos de Évora e Pinto Basto e a sua irmã, resolveram recriar aquele ambiente e improvisar um retiro na garagem da casa, a Toca, em homenagem à casa de Carlos Ramos.
António Pinto Basto tinha acesso aos poemas do seu avô materno, João
Vasconcellos e Sá, e, como tal, desde cedo, cantava letras originais
nos fados tradicionais. O seu tio, José de Vasconcellos e Sá, depois de
passar pela Toca numa das noites de festa, apreciando os dotes
de intérprete do seu sobrinho, resolve inscrevê-lo na Grande Noite do
Fado. Com 16 anos, António Pinto participou neste concurso, como
representante da Casa do Alentejo. Pela mesma altura também teve a experiência de cantar em casas de fado. Lembra-se, por exemplo, de o ter feito no Timpanas.
É também por intermédio desse tio que grava o primeiro disco, em 1970. Um EP editado pela Alvorada, com letras do avô e do tio e músicas do fado tradicional (Fado Franklin, Fado Vitória, Fado Dois Tons e Fado das Horas).
Nessa altura foi também a alguns programas de televisão e concedeu
entrevistas. Tinha apenas 17 anos quando, com este primeiro disco,
iniciou a sua carreira. Nos anos de 1972 e 1973 gravou mais dois EPs.
António Pinto Basto acabaria por se dedicar exclusivamente ao Fado,
após gravar, em 1988, o maior sucesso da sua carreira — "Rosa Branca",
um fado escrito pelo seu avô João, cujas vendas atingiram o disco de platina
e renderam cerca de 120 espetáculos em apenas um ano, além de ter
dado 73 entrevistas. Tornou-se incomportável manter a atividade
profissional como empregado da Siderurgia Nacional, que resolveu abandonar no final do ano de 1989. Nesse ano editou mais um álbum, Maria (1989), que repetiu o sucesso de vendas.
Confidências à Guitarra foi editado em 1991. Segue-se a coletânea Os Grandes Sucessos de António Pinto Basto (1993) e Desde o Berço (1996).
Em 1997 realizou uma digressão na Turquia, numa iniciativa da Comissão Europeia. Em 2000 conduziu o programa Fados de Portugal, na RTP1.
Sobre várias letras de fado publicadas em volume (letras do fado vulgar, Quetzal, 1998), José Campos e Sousa compôs as peças que em 2003 são gravadas na voz de António Pinto Basto.
Com mais de cinquenta anos de carreira musical, é reconhecido como um dos representantes da atual música popular portuguesa.
(...)
Em 1996,
a sua vida é violentamente agitada pela morte da sua mulher Maria
Fernanda em circunstâncias trágicas, após ser atingida por uma bala na
cabeça, tendo, após inquérito, sido considerado suicídio. É pai de Ana Paula (1963) e Maria da Conceição (1964), filhas desse primeiro casamento.
Em 1997 casa-se com Maria Roseta, com quem viveu até 2009. Dessa união nasceu a filha Constança (1999).
Uma outra filha, Ângela, nasceu no início dos anos 1970, mas só foi perfilhada em maio de 2012.
É ainda avô de quatro netos: Rúben, Carlota, Rita e Jéssica.
Em 13 de julho de 2012, foi condenado a uma pena de três anos e
quatro meses de pena suspensa por violência doméstica e detenção de arma
proibida. Pagou ainda três mil euros de indemnização à ex-mulher e uma
coima de 400 euros por posse de um revólver sem licença. Recorreu ao Tribunal da Relação de Lisboa, que confirmou a pena. Os juízes desembargadores concluíram que Maria Roseta foi vítima de violência doméstica.
O Aeroporto Internacional de Beja - Alentejo (código IATA: BYJ, código OACI: LPBJ) é um aeroporto localizado junto à Base Aérea n.º 11, a 12 km da cidade de Beja, freguesia de São Brissos, no Baixo Alentejo.
Em 2000, o XIV Governo, dirigido por António Guterres,
reconheceu o interesse na promoção da Base para fins civis, iniciou o
estudo de viabilidade do aeroporto de Beja e criou a EDAB. O estudo, que
determinou a viabilidade do aeroporto, terminou em 2003 e, após a
conclusão do plano diretor, dos projetos de execução e do estudo de
impacto ambiental favorável, as obras de construção da infraestrutura
começaram em 2007 e terminaram em 2009, sob o auspício do governo de José Sócrates.
O aeroporto começou a operar a 13 de abril de 2011, quando se realizou o
voo inaugural, mas, desde então, apesar de aberto, tem estado
praticamente vazio e sem voos e passageiros na maioria dos dias.
O voo inaugural aconteceu no dia 13 de abril de 2011 promovido pelo município de Ferreira do Alentejo.
As obras da primeira fase de construção foram atribuídas à empresa
construtora Sopol pela empresa de desenvolvimento do Aeroporto de Beja
(EDAB). O aeroporto representa um investimento de cerca de 33 milhões de
euros e estava previsto estar operacional em julho de 2009(Bastos, 2009). O governo português pretendia focalizar este aeroporto para a laboração de companhias aéreas de baixo custo,
visto que este aeroporto vai beneficiar de taxas aeroportuárias
significativamente baixas. É também de importante relevância o facto de o
aeroporto se localizar a pouco tempo do Algarve e dos empreendimentos hoteleiros já projetados para a Costa Vicentina e a Barragem de Alqueva, este também se encontra a pouco mais de duas horas de Lisboa.
Para uma melhor rentabilização do Aeroporto de Beja foi adjudicado o novo troço da auto-estrada (Autoestrada do Baixo Alentejo) que une o Porto de Sines a este novo aeroporto, de forma a torná-lo mais competitivo, unir a cidade do Baixo Alentejo, Beja,
ao litoral e, desta forma, criar uma intermodalidade de serviços e
transportes. Também com esta nova auto-estrada, o aeroporto de Beja,
destinado a companhias aéreas de baixo custo, terá ligação não só com a capital, Lisboa, mas também com o Algarve.
A broncopneumonia e o corpo debilitado pela fome crónica e pelo
orgulho sorbebo cortaram a meio a obra do mais estimado ilustrador
português.
No quarto da pensão onde vivia, na Rua Bernardim Ribeiro, em Lisboa,
acompanharam o seu último alento alguns escritores para quem
generosamente desenhava os livros que vieram a constituir o coração do Neorrealismo português dos anos 40 e 50 do século passado.
Avesso à pintura de cavalete e aos circuitos de validação do
mundo das artes plásticas, criou algumas das mais belas capas daqueles
anos para o escol da intelectualidade da época, de Alves Redol a Namora,
de Antunes da Silva a Domingos Monteiro, de Tolstoi a Dostoievski, e
para emblemáticas editoras como a Portugália, a Guimarães, a Inquérito e
a Sociedade de Expansão de Cultura. O feitio esquivo e a obsessão pelo
Alentejo natal fizeram dele, sobretudo a partir da sua morte, um ícone
para os oposicionistas do Estado Novo, que grafaram na revista Vértice
uma rara homenagem, criando uma linda imortal à volta do artista a quem José Gomes Ferreira apelidava carinhosamente de " Príncipe Sem Vintém".
Homem de 38 anos morre esmagado em acidente de trabalho numa pedreira em Bencatel
Vítima teve morte imediata.
Um homem, de 38 anos, morreu esta quinta-feira num acidente de
trabalho ocorrido numa pedreira situada em Bencatel, no concelho de Vila
Viçosa, distrito de Évora, revelaram fontes da Proteção Civil e da GNR.
A fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil
do Alentejo Central indicou à agência Lusa que o alerta para este
acidente de trabalho foi dado às 11.51 horas.
Contactada pela Lusa, uma fonte do Comando Territorial de Évora da GNR
precisou que o homem teve morte imediata por esmagamento, depois de um
bloco de mármore com grandes dimensões lhe ter caído em cima.
RETRATO DE CATARINA EUFÉMIA Da medonha saudade da medusa que medeia entre nós e o passado dessa palavra polvo da recusa de um povo desgraçado. Da palavra saudade a mais bonita a mais prenha de pranto a mais novelo da língua portuguesa fiz a fita encarnada que ponho no cabelo. Trança de trigo roxo Catarina morrendo alpendurada do alto de uma foice. Soror Saudade Viva assassinada pelas balas do sol na culatra da noite. Meu amor. Minha espiga. Meu herói Meu homem. Meu rapaz. Minha mulher de corpo inteiro como ninguém foi de pedra e alma como ninguém quer.
No dia 19 de maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo,
Catarina e mais treze outras ceifeiras foram reclamar com o feitor da
propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de dois escudos
por jornadas. Os homens da ceifa foram, em princípio, contrários à
constituição do grupo das peticionárias, mas acabaram por não hostilizar
a ação destas. As catorze mulheres foram suficientes para atemorizar
o feitor que foi a Beja chamar o proprietário e a guarda.
Catarina fora escolhida pelas suas colegas para apresentar as suas reivindicações. A uma pergunta do tenente da guarda, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão". Como resposta teve uma bofetada que a enviou ao chão. Ao levantar-se, terá dito: "Já agora mate-me." O tenente da guarda disparou três balas que lhe estilhaçaram as vértebras.
Catarina não terá morrido instantaneamente, mas poucos minutos depois
nos braços do seu próprio patrão (entretanto chegado), que a levantou
da poça de sangue onde se encontrava, e terá dito: Oh senhor tenente, então já matou uma mulher, o que é que está a fazer? O patrão, Francisco Nunes, que é geralmente descrito como uma pessoa acessível, foi caracterizado por Manuel de Melo Garrido em "A morte de Catarina Eufémia - A grande dúvida de um grande drama" como "o jovem lavrador da região que menos discutia os salários a atribuir aos rurais e que, nas épocas de desemprego, os ajudava com larga generosidade". O menino de colo, que Catarina tinha nos braços ficou ferido na queda. Uma outra camponesa teria ficado ferida também.
De acordo com a autópsia, Catarina foi atingida por "três
balas, à queima-roupa, pelas costas, atuando da esquerda para a
direita, de baixo para cima e ligeiramente de trás para a frente, com o
cano da arma encostada ao corpo da vítima. O agressor deveria estar
atrás e à esquerda em relação à vítima". Ainda segundo o relatório da autópsia, Catarina Eufémia era "de estatura mediana (1,65 m), de cor branco-marmórea, de cabelos pretos, olhos castanhos, de sistema muscular pouco desenvolvido".
Após a autópsia, temendo a reação da população, as autoridades resolveram realizar o funeral
às escondidas, antecipando-o de uma hora em relação àquela que tinham
feito constar. Quando se preparavam para iniciar a sua saída às
escondidas, o povo correu para o caixão
com gritos de protesto, e as forças policiais reprimiram
violentamente a populaça, espancando não só os familiares da falecida,
outros rurais de Baleizão, como gente simples de Beja que pretendia
associar-se ao funeral. O caixão acabou por ser levado à pressa, sob
escolta da polícia, não para o cemitério de Baleizão, mas para Quintos (a terra do seu marido cantoneiro António Joaquim do Carmo, o Carmona, como lhe chamavam) a cerca de dez quilómetros de Baleizão. Vinte anos depois, em 1974, os seus restos mortais foram finalmente trasladados para Baleizão.
Na sequência dos distúrbios do funeral, nove camponeses foram acusados
de desrespeito à autoridade; a maioria destes foi condenada a dois
anos de prisão com pena suspensa. O tenente Carrajola foi transferido para Aljustrel, mas nunca veio a ser sequer julgado em tribunal. Faleceu em 1964.
A lenda
Ao torná-la numa lenda da resistência antifascista, o PCP
teria adulterado alguns pormenores da vida e morte de Catarina
Eufémia. Designadamente, fez-se crer que Catarina era militante do
Partido Comunista, no comité local de Baleizão, desde 1953, o que é, possivelmente, falso. A escolha de Catarina para porta-voz das ceifeiras terá sido mesmo influenciada pelo facto de não existirem as mínimas suspeitas de ser comunista. Aliás, Mariana Janeiro,
uma militante comunista várias vezes presa pela PIDE, sempre rejeitou
a hipótese de que Catarina estivesse ao serviço do partido. Por seu
lado, António Gervásio, antigo dirigente do PCP no Alentejo, afirma que
Catarina era de facto membro do comité local de Baleizão do PCP desde
1953. Também a União Democrática Popular
reivindicou a militância de Catarina (embora a UDP só tenha surgido
em 1974, tentou reclamar Catarina como um dois exemplos da linha
comunista não-estalinista e comunista não-interclassista, que antecedeu a União Democrática Popular e o seu precursor, o PC-R), tendo, mesmo, erigido um pequeno monumento em sua memória, que foi destruído por apoiantes do PCP em 23 de maio de 1976.
Os familiares de Catarina, especialmente os filhos, chegaram a apoiar
ou filiar-se na UDP. UDP e PCP continuam a disputar Catarina (que
segundo conhecidos não seria militante comunista, mas sendo altamente
politizada, seria simpatizante com bastante certeza).
Afirmou-se também que Catarina Eufémia estaria grávida
de alguns meses no momento em que foi assassinada. Aparentemente,
essa informação teria vindo de outras ceifeiras, a quem Catarina
alguns dias antes de ser assassinada teria revelado o seu estado amenorreico. Durante a autópsia, o povo de Baleizão juntou-se no largo da Sé de Beja, a poucos metros do Hospital da Misericórdia, clamando em desespero e revolta: "Não foi uma, foram duas mortes!". No entanto, o médico legista que a autopsiou, Henriques Pinheiro, afirmou repetidamente, inclusive depois da revolução de 1974, que as referências a uma gravidez eram falsas.
Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor.
Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu
definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa
do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8
de dezembro de 1930. A causa da morte foi uma sobredose de barbitúricos.
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas
disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do
avião pilotado pelo seu irmão Apeles, quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz,
desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim":
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Foi para a escola e aprendeu a ler
e as quatro operações, de cor e salteado.
Era um menino triste:
nunca brincou no largo.
Depois, foi para a loja e pôs a uso
aquilo que aprendeu
— vagaroso e sério,
sem um engano,
sem um sorriso.
Depois, o pai morreu
como estava previsto.
E o Senhor António
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...)
ficou dono da loja e chefe da família...
Envelheceu, casou, teve meninos,
tudo como quem soma ou faz multiplicação!...
E quando o mais velhinho
já sabia contar, ler, escrever,
o Senhor António deu balanço à vida:
tinha setenta anos, um nome respeitado...
— que mais podia querer?
Por isso,
num meio-dia de Verão,
sentiu-se mal.
Decentemente abriu os braços
e disse: — Vou morrer.
E morreu!, morreu de congestão...