domingo, agosto 11, 2013

O grande matemático Pedro Nunes morreu há 435 anos

Pedro Nunes (Alcácer do Sal, 1502 - Coimbra, 11 de agosto de 1578), com o nome latinizado Petrus Nonius, foi um matemático português.
Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo. Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da navegação teórica, tendo-se dedicado, entre outros, aos problemas matemáticos da cartografia. Foi ainda inventor de vários instrumentos de medida, incluindo o "anel náutico", o "instrumento de sombras", e o nónio (nonius, o seu sobrenome em latim, mas também, erradamente, conhecido como vernier).
Traduziu para a língua portuguesa o Tratado da Esfera de Johannes de Sacrobosco (1537), os capítulos iniciais das Novas Teóricas dos Planetas de Georg von Peuerbach (por vezes referido como Jorge Purbáquio) e o livro primeiro da Geografia de Ptolomeu.
Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção que se podia conferir, no país, à época, a um matemático.
Subsistem ainda hoje dúvidas sobre a origem familiar de Pedro Nunes. Judeu ou não, o certo é que os seus netos Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira foram detidos, interrogados e condenados pelo Santo Ofício, sob a acusação de judaísmo. O primeiro esteve detido de 31 de maio de 1623 a 4 de junho de 1631; o segundo, em Lisboa, de 6 de junho de 1623 a 1632.

Biografia
A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Estudou na Universidade de Salamanca talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Coimbra (que então ainda estava em Lisboa) onde obteve a graduação em Medicina em 1525. No século XVI a Medicina recorria à Astrologia, vindo assim a dominar as disciplinas de Astronomia e Matemática. Posteriormente prosseguiu os seus estudos de Medicina, mas também lecionou várias disciplinas na Universidade de Coimbra, incluindo Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica. Quando, em 1537, a universidade retornou para Coimbra, ele transferiu-se para lá, para lecionar matemática, cargo que manteve até 1562. À época, esta era uma disciplina nova naquela instituição, tendo sido criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara um tópico vital no país, à época. A matemática tornou-se uma disciplina independente em 1544.
Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado Cosmógrafo Real em 1529 e tornou-se o primeiro Cosmógrafo-mor do Reino em 1547, cargo que exerceu até ao seu falecimento.
Em 1531, El-Rei D. João III de Portugal encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi também responsável pela educação do neto de Sua Majestade (e também futuro rei), D. Sebastião.
É possível que durante a sua estadia em Coimbra, Christopher Clavius tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho.

Nónio original de Pedro Nunes

Contributos para a Ciência
Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a provisão de dados experimentais, ambos como forma de informação e método de confirmar as teorias existentes. Nunes foi, acima de tudo, um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.
Nunes acreditava que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original foi impresso em três línguas diferentes: português, latim - para atingir a comunidade académica europeia -, e ainda um (Livro de algebra en arithmetica y geometria) em espanhol, o que foi considerado surpreendente por alguns historiadores, dado que a Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio dos mares.
Muito do seu trabalho está relacionado com a navegação. Foi ele o primeiro a perceber por que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar através de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes seguir a "linha de rumo" por um rota em espiral chamada loxodrómica. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Gottfried Leibniz estabelecer a equação algébrica para a loxodrómica.
No seu Tratado em Defensão da Carta de Marear, 300 anos antes de Mauritus Cornelius Escher, argumenta que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também mostrava-se capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Gerardo Mercator desenvolver a chamada "projecção de Mercator", sistema que é usado até hoje.
É no mesmo "Tratado de Defensão da Carta de Marear" que Pedro Nunes exalta as navegações portuguesas: "E fizeram o Mar tão chão, que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena Ilha, alguns Baixos ou sequer algum Penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto".
Nunes debruçou-se sobre vários problemas práticos de navegação respeitantes à correcção da rota, ao mesmo tempo que tentava desenvolver métodos mais precisos para determinar a posição de um navio. Os seus métodos para determinar as latitudes e corrigir os desvios das agulhas magnéticas foram empregados com sucesso por D. João de Castro nas suas viagens a Goa e ao mar Vermelho.
Ele criou o nónio para melhorar a precisão dos instrumentos. A sua adaptação ao quadrante foi utilizada por Tycho Brahe que, contudo, o considerava demasiado complexo. Mais tarde foi aperfeiçoado por Pierre Vernier para a sua forma actual.
Pedro Nunes também trabalhou em diversos problemas mecânicos, de um ponto de vista matemático. Ele foi provavelmente o último grande matemático a fazer aperfeiçoamentos significativos ao sistema de Ptolomeu (um modelo geocêntrico), contudo isso perdeu importância devido ao novo modelo de Nicolau Copérnico, o heliocêntrico, que o substituiu.
Nunes conheceu o trabalho de Copérnico, mas só lhe fez uma pequena referência nos seus trabalhos publicados, afirmando que era um matematicamente correcto. Ao fazer isto, aparentemente estaria a evitar opinar sobre a questão se seria a Terra ou o Sol o centro do sistema.
Ele também resolveu o problema de encontrar o dia com o menor crepúsculo, para qualquer posição, bem como a sua duração. Este problema per se não teria grande importância, mas serve para demonstrar o génio de Nunes, usado mais de um século depois por Johann e Jakob Bernoulli com menos sucesso. Eles conseguiram encontrar a solução para o menor dia, mas não conseguiram determinar a sua duração, possivelmente porque perderam-se em detalhes de cálculo diferencial, que era um campo recente da matemática naquele tempo. Isto também mostra que Pedro Nunes era um pioneiro na resolução de problemas de máximos e mínimos, que só se popularizaram no século seguinte, com o uso do cálculo diferencial.
Em agosto de 2009, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Academia de Ciências de Lisboa (re)publicaram as obras completas de Pedro Nunes.


Traduções comentadas e expandidas
Trabalhos originais
  • Tratado em defensão da carta de marear (1539)
  • Tratado sobre certas dúvidas da navegação (1547)
  • De crepusculis (Sobre o Crepúsculo) (1542)
  • De erratis Orontii Finei (Sobre os erros de Orontii Finei) (1546)
  • Petri Nonii Salaciensis Opera, (1566) - expandido, corrigido e reeditado como De arte adqueratione navigandi (1573)
  • Livro de algebra en arithmetica y geometria
Homenagens
  • A efígie de Pedro Nunes aparecia nas antigas moedas de 100 escudos.
  • O asteróide 5313 Nunes foi batizado em sua honra.

Joe Jackson - 59 anos

David Ian Jackson, mais conhecido como Joe Jackson, é um cantor e músico britânico, nascido em 11 de agosto de 1954, em Staffordshire, Inglaterra. Fez modesto sucesso no início dos anos 80, com a canção "Steppin' out", extraída do álbum Night and Day, de 1982.


Joe Jackson (born David Ian Jackson, 11 August 1954) is an English musician and singer-songwriter now living in Berlin, whose five Grammy Award nominations span from 1979 to 2001. He is probably best known for the 1979 hit song and first single "Is She Really Going Out with Him?", which still gets extensive US FM radio airplay; for his 1982 Top 10 hit, "Steppin' Out"; and for his 1984 success with "You Can't Get What You Want (Till You Know What You Want)". He was popular for his pop/rock and New Wave music early on before moving to more eclectic, though less commercially successful, pop/jazz/classical hybrids. Joe Jackson has been nominated for induction into the Rock & Roll Hall Of Fame numerous times.


O poeta luso-brasileira Tomás António Gonzaga nasceu há 269 anos

Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de agosto de 1744 - ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu, foi um jurista, poeta e ativista político luso-brasileiro. Considerado o mais proeminente dos poetas dos Arcadismo português e brasileiro, é ainda hoje estudado em escolas e universidades pelo seu "Marília de Dirceu" (versos vincadamente arcádicos, feitos para a sua amada).

Ele nasceu no Porto, na freguesia  de Miragaia, em prédio hoje devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa (de ascendência inglesa, Tomásia Isabel Clarque) e pai nordestino (João Bernardo Gonzaga). Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro, para Pernambuco em 1751 e depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal, para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente de apenas dezasseis anos Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações dos seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que os poemas foram escritos.
Durante sua permanência em Minas Gerais, escreve Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolve pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois. O casamento é marcado para o final do mês de maio de 1789. Como era pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família da noiva.
Por seu papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira grande revolta pró-independência do Brasil), trabalhando junto de outros personagens dessa revolta como: Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto, é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo a sua pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo os seus bens confiscados. Foi, portanto, separado da sua amada, Maria Doroteia. Permanece em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das liras atribuídas a ele, pois não há registos de assinatura em qualquer uma de suas poesias. Em 1792, sua pena é comutada em degredo, a pedido pessoal da Rainha D. Maria I de Portugal e o poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (nota-se que não houve participação, portanto, do poeta na edição desse conjunto de liras, e até hoje não se sabe quem teria feito, provavelmente irmãos de Maçonaria). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a casar, em 1793, com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"), com quem teve dois filhos: Ana Mascarenhas Gonzaga, filha de D.ª Juliana anterior ao seu casamento com Tomás António Gonzaga, a quem este deu seu nome, e Alexandre Mascarenhas Gonzaga, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810, acometido por uma grave doença. Em 1799, é publicada a segunda parte de Marília de Dirceu, com mais 65 liras. No desterro, ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas românticos como Casimiro de Abreu e Castro Alves. É patrono da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras.
As suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicadas em três partes, em 1792, 1799 e 1812 - hoje sabe-se que a terceira parte não foi escrita pelo poeta); Cartas Chilenas (impressas em conjunto em 1863). A data de sua morte não é uma data certa, mas sabe-se que ele veio a falecer entre 1809 e 1810.

Caraterísticas literárias
A poesia de Tomás António Gonzaga apresenta as típicas características árcades e neoclássicas: o pastoril, o bucólico, a Natureza amena, o equilíbrio etc. Paralelamente, possui características pré-românticas (principalmente na segunda parte de Marília de Dirceu, escrita na prisão): confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do neoclassicismo, descrição de paisagens brasileiras, etc.
O convívio com o Iluminismo põe em seu estilo a preocupação em atenuar as tensões e racionalizar os conflitos.
Tomás António Gonzaga escreveu versos marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um leve toque de sensualidade. Segundo Alfredo Bosi, Gonzaga está acima de tudo preocupado em "achar a versão literária mais justa dos seus cuidados". Assim, "a figura de Marília, os amores ainda não realizados e a mágoa da separação entram apenas como 'ocasiões' no cancioneiro de Dirceu", o que diferencia o autor dos seus futuros colegas românticos.

Marília de Dirceu
As liras a sua pastora idealizada refletem a trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas (a segunda parte do livro é contada dentro da prisão). Antes da prisão, num tom de fidelidade, canta a ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente, busca a simplicidade do refúgio na natureza amena, que ora é europeia e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de desalento, canta o infortúnio, a injustiça (ele se considera inocente, portanto, injustiçado), o destino e a eterna consolação no amor da figura de Marília. São compostas em redondilha menor ou decassílabos quebrados. Expressam a simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha linguística. Ao delegar posição poética a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado, Gonzaga demonstra mais uma vez suas diferenças com a filosofia romântica, pois segue o descrito nas regras para a confecção de éclogas nos manuais de poética da época, que instruem aos poetas que buscam a superação dos antigos, imitando-os, a utilizações de eu-líricos que se aproximem as figuras de pastores, caçadores, agricultores e vaqueiros.
Marília é ora morena, ora loira. O que comprova não ser a pastora, Maria Doroteia na vida real, mas uma figura simbólica que servia à poesia de Tomás António Gonzaga. É anacronismo destinar ao sentimento existente entre o poeta e Maria Doroteia a motivação para a confecção dos poemas, tendo em vista que esse pensamento só surgiu com o pensamento romântico, no século XIX. É mais aceitável a teoria de inspiração no ideal de emulação, que configurava o sentimento poético da época, baseado nas filosofias retórico-poéticas vigentes, em que o poeta, seguindo inúmeras regras de confecção, "imitava" os poetas antigos procurando superá-los. Muitos pouco conhecedores de literatura podem acreditar que o poeta cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor que cuida de ovelhas e vive numa cabana no alto do monte, ora a do burguês Dr. Tomás António Gonzaga, juiz que lê altos volumes instalados em espaçosa mesa, mas o fazem por analisar os poemas com critérios anacrónicos à época, analisam com pensamentos surgidos após o romantismo, textos que o precedem.
É interessante atentar para alguns aspectos dessa obra de Gonzaga. Cada lira é um dialogo de Dirceu com sua pastora Marília, mas, embora a obra tenha a estrutura de um diálogo, só Dirceu fala (trata-se de um monólogo), chamando Marília em geral com vocativos. Como bem lembra o crítico António Cândido, o melhor título para a obra seria Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de Gonzaga nunca lhe permitiria pôr-se como a coisa possuída, sem esquecer que Tomás António Gonzaga morreu de paixão. Ele foi mandando para a ilha das Cobras no Rio de Janeiro, depois para Moçambique na África. Casando-se com uma filha de um mercador de escravos, o que, diga-se de passagem, é notável e estranho: Logo ele que era totalmente contra a escravidão.

Representações nos media
Tomás António Gonzaga já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na telenovela Dez Vidas (1969), Luiz Linhares no filme Os Inconfidentes (1972) e Eduardo Galvão no filme Tiradentes (1999).


Lira III

Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.

Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.

Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
gostoso tornarei a ler de novo
o cansado processo.

Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
que tens quem leve à mais remota idade
a tua formosura.

Clara de Assis morreu há 760 anos

A fresco de Santa Clara (Simone Martini, 13121320) na Basílica de São Francisco, Assis

Santa Clara de Assis (em italiano, Santa Chiara d'Assisi) nascida como Chiara d'Offreducci, em Assis (Itália), no dia 16 de julho de 1194, e falecida em Assis, no dia 11 de agosto de 1253, foi a fundadora do ramo feminino da ordem franciscana, a chamada Ordem de Santa Clara (ou Ordem das Clarissas).

Pertencia a uma nobre família e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por São Francisco de Assis, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.
Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isto foi ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por "Damas Pobres" ou Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.
O seu primeiro milagre foi em vida, demonstrando a sua grande fé. Conta-se que uma das irmãs da sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara que lhe disse: "Confia em Deus!". Quando a santa se afastou, a outra freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois tudo havia se multiplicado.
Em outra ocasião, aquando da invasão de Assis pelos sarracenos, Santa Clara apanhou o ostensório com a hóstia consagrada e enfrentou o chefe deles, dizendo que Jesus Cristo era mais forte que eles. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram. Por este milagre Santa Clara é representada segurando o Ostensório na mão.
Um ano antes de sua morte, em 1253, Santa Clara assistiu à Celebração da Eucaristia sem precisar sair do seu leito. Neste sentido é que é aclamada como protetora da televisão.
Diversos episódios da vida de Santa Clara e São Francisco compõem os Fioretti de São Francisco. Escritos muitos anos após a morte de ambos, é difícil atestar a correção destes relatos, mas, com certeza, retratam bem o espírito de ambos e os primeiros acontecimentos a quando da criação das duas Ordens Franciscanas iniciais.

sábado, agosto 10, 2013

Gonçalves Dias nasceu há 190 anos


Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias). Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo do baixo de Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães. Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro peças. Teve também atuação importante como jornalista.
Era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça, e estudou inicialmente por um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou os seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835 quando foi matriculado em uma escola particular.
Foi estudar na Europa, em Portugal, onde, em 1838 terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievalistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do Exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto "imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria a sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano ele viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de História e Latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crónicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Manuel de Araújo Porto-Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil, em 1864, no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta, que foi esquecido, agonizando no seu leito, e afogou-se. O acidente ocorreu nos Baixos de Atins, perto de Tutóia, no Maranhão.
A sua obra enquadra-se no Romantismo, pois, à semelhança do que fizeram os seus correlegionários europeus, procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Pela sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil na literatura nacional.


Não me deixes!

Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
"Ai, não me deixes, não!

"Comigo fica ou leva-me contigo
"Dos mares à amplidão;
"Límpido ou turvo, te amarei constante;
"Mas não me deixes, não!"

E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
"Ai, não me deixes, não!"

E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
"Ai, não me deixes, não!"

Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.

A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
"Não me deixaste, não!" 



Gonçalves Dias

As mudanças evolutivas presentes numa proteína são mais um argumento a favor da teoria neodarwinista do equilíbrio-pontuado

Proteína do início da vida indica que evolução se deu aos saltos

Estruturas tridimensionais da proteína tioredoxina

Reconstruída uma proteína com 4000 milhões de anos: estrutura molecular mostra que mudanças evolutivas ocorrem em períodos de tempo curtos, seguidos por milhões e milhões de anos de estagnação.

Como seriam as proteínas dos seres que povoavam a Terra quando a vida tinha acabado de surgir? E como evoluíram essas proteínas até hoje? Um conjunto de investigadores, a trabalhar em Espanha e nos Estados Unidos, está nos últimos anos a tentar responder a estas questões. Primeiro, reconstruíram uma proteína que data de há 4000 milhões de anos, altura muito próxima do aparecimento dos primeiros seres, quando a Terra tinha uma ambiente hostil. Agora, analisaram a evolução desta proteína, comparando a sua história com determinados acontecimentos que definiram para sempre a árvores da vida.
A informação que retiraram desta molécula e as comparações que fizeram com as moléculas equivalentes produzidas por organismos que existem actualmente, como a espécie humana, reforça a ideia de que a evolução das proteínas é feita de longas temporadas em que nada acontece. Essas temporadas são separadas por períodos de tempo relativamente curtos, em que ocorrem saltos evolutivos importantes para a adaptação das espécies, explica um artigo publicado nesta semana na revista Structure.
É difícil determinar a estrutura de uma proteína produzida pelos primeiros seres vivos. No caso dos mamutes, que se extinguiram há muito pouco tempo, ainda se descobre material destes animais em estado suficientemente preservado para obter o seu ADN. Na longa cadeia do ADN, estão inseridos os genes que são os moldes que todas as células utilizam para, literalmente, manufacturarem as proteínas. Por isso, é fácil conhecer as proteínas dos mamutes.
Mas quando se quer estudar células que viveram há milhares de milhões de anos, é impossível encontrar, nos poucos vestígios fossilizados que ainda sinalizam a sua presença, ADN que ajude a reconstruir estas proteínas. Por isso, a equipa internacional de Raul Perez-Jimenez, da Universidade da Columbia, em Nova Iorque, e Jose M. Sanchez-Ruiz, da Faculdade de Ciências da Universidade de Granada, teve de contornar esta dificuldade.
A equipa estudou uma tioredoxina, que existe nas espécies dos três domínios da árvore da vida: as bactérias; os eucariotas (os seres vivos com núcleo nas células e que englobam desde as algas até aos animais, passando por organismos como a paramécia); e as archae (seres unicelulares sem núcleo mas que divergem das bactérias).
A tioredoxina funciona como antioxidante e entra em diversas funções celulares. É tão elementar que um embrião humano que carrega uma mutação disfuncional nos genes desta enzima não se desenvolve para lá do estádio de quatro células. A função desta enzima será, por isso, essencial para as células e é natural que exista nos mais variados organismos que hoje povoam a Terra, indicando que terá surgido numa altura inicial da história da vida.
Os cientistas foram comparar esta enzima em 200 espécies diferentes daqueles três domínios. Analisaram os aminoácidos mais importantes que definem a estrutura da enzima. Desta forma, foram andando para trás na árvore da vida e, assim, foram encontrando a estrutura mais provável desta enzima produzida pelo antepassado mais recente comum aos animais e fungos. Depois, encontraram a estrutura da enzima do antepassado mais recente de todos os eucariotas e, por fim, a do antepassado mais recente de todos os seres vivos. Esta enzima ancestral terá sido produzida por células que viveram há cerca de 4000 milhões de anos - ou seja, cerca de 500 milhões de anos depois de a Terra se formar.
De seguida, a equipa pegou nos vários genes que codificam algumas das versões antigas da tioredoxina que encontraram e colocaram-nos nos genomas de bactérias, para serem sintetizados. Desta forma, conseguiram recriar estas proteínas e mostrar que ganhavam a estrutura tridimensional, provando que eram enzimas funcionais. A análise da estrutura foi feita com cristalografia por raios-X.
Os resultados foram então apresentados num artigo de 2011, no qual a equipa mostrou também que estas antigas versões da tioredoxina suportavam temperaturas 25 graus mais altas do que a tioredoxina humana. Esta variação coaduna-se com o ambiente extremo que se pensa ter existido nessa altura inicial da história da Terra, provando que os organismos que viviam naqueles tempos estavam adaptados ao seu ambiente.
Agora, os cientistas foram observar a evolução desta enzima ao longo do tempo. Apesar de os aminoácidos destas proteínas divergirem bastante, as partes estruturais da proteína foram-se mantendo constantes com saltos evolutivos bem curtos e definidos no tempo. Uma destas mudanças parece ter surgido com o aparecimento do núcleo, que definiu a existência dos eucariotas, onde uma das hélices da tioredoxina cresceu de tamanho.
“Este notável grau da conservação da estrutura apoia o modelo de equilíbrio-pontuado da evolução das estruturas [das proteínas]”, argumentam os autores no artigo na revista Structure. E contrasta com uma ideia mais gradual da evolução, em que as mudanças e adaptações vão ocorrendo com o mesmo ritmo ao longo do tempo.

in Público - ler notícia

O escritor Carlos de Oliveira nasceu há 92 anos

(imagem daqui)

Carlos de Oliveira (Belém do Pará, 10 de agosto de 1921 - Lisboa, 1 de julho de 1981) foi um escritor português.
Nascido no Brasil, filho de imigrantes portugueses, veio aos dois anos para Portugal. A família fixa-se em Cantanhede, mais precisamente na vila de Febres, onde o pai exercia medicina. Em 1933 muda-se para Coimbra, onde permanece durante quinze anos, a fim de prosseguir os estudos. Em 1941 ingressa na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde estabelece amizade com Joaquim Namorado, João Cochofel e Fernando Namora. Em 1947 licencia-se em Ciências Histórico-Filosóficas, instalando-se definitivamente em Lisboa, no ano seguinte. Periodicamente volta a Coimbra e à Gândara. Em 1949 casa-se com Ângela, jovem madeirense que conhecera nos bancos da Faculdade, sua companheira e futura colaboradora permanente.
Data de 1942 o seu primeiro livro de poemas, intitulado "Turismo", com ilustrações de Fernando Namora e integrado na colecção poética de 10 volumes do "Novo Cancioneiro", iniciativa colectiva que, em Coimbra, assinalava o advento do movimento neo-realista. Porém, em 1937, já publicara em conjunto com Fernando Namora e Artur Varela, amigos de juventude, um pequeno livro de contos "Cabeças de Barro". Em 1943 publica o seu primeiro romance, "Casa na Duna", segundo volume da colecção dos Novos Prosadores (1943), editado pela Coimbra Editora. No ano de 1944 surge o romance "Alcateia", que viria a ser apreendido pelo regime. No entanto é desse mesmo ano a segunda edição de "Casa na Duna".
Em 1945 publica um novo livro de poesias, "Mãe Pobre". Os anos seguintes serão, para Carlos de Oliveira, bem profícuos quanto à integração e afirmação no grupo que veicula e auspera por um novo humanismo, com a participação nas revistas Seara Nova e Vértice, além da colaboração no livro de Fernando Lopes Graça "Marchas, Danças e Canções", uma antologia de vários poetas, musicadas pelo maestro.
Em 1953 publica "Uma Abelha na Chuva", o seu quarto romance e, unanimemente reconhecido, uma das mais importantes obras da literatura portuguesa do século XX, tendo sido integrado no programa da disciplina de português no ensino secundário.
Em 1957 organiza, com José Gomes Ferreira, os Contos Tradicionais Portugueses, alguns deles posteriormente adaptados ao cinema por João César Monteiro.
Em 1968 publica dois novos livros de poesia, "Sobre o Lado Esquerdo" e "Micropaisagem", e colabora com Fernando Lopes na adaptação de "Uma Abelha na Chuva". Em 1971 sai "O Aprendiz de Feiticeiro", colectânea de crónicas e artigos, e "Entre Duas Memórias", livro de poemas, que lhe vale o Prémio da Casa da Imprensa.
Em 1976 reúne toda a sua poesia em dois volumes, sob o título de "Trabalho Poético", juntando aos seus poemas anteriores, os inéditos reunidos em "Pastoral", publicado autonomamente no ano seguinte.
O seu último romance, "Finisterra", sai em 1978, tendo como fundo a paisagem gandaresa. A obra proporciona-lhe o Prémio Cidade de Lisboa, no ano seguinte.
Morre na sua casa em Lisboa, com 60 anos, incompletos.



Carta a Ângela

Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!

 

in Poesias (1962) - Carlos de Oliveira

Ian Anderson, o líder dos Jethro Tull, faz hoje 66 anos

Ian Scott Anderson (Dunfermline, Escócia, 10 de agosto de 1947) é um cantor, compositor, guitarrista e flautista britânico, mais conhecido por ser o líder da banda de rock and roll Jethro Tull.

Na adolescência, Anderson teve um emprego como assistente de vendas de apartamentos em Blackpool, e depois como vendedor em uma banca de jornal. Ele declararia mais tarde que foi lendo edições da Melody Maker e da New Musical Express durante os seus intervalos de almoço que lhe rendeu a inspiração de fazer parte de uma banda.
Em 1963, ele formou os The Blades, com os seus amigos de escola Barriemore Barlow (bateria), John Evan (teclado), Jeffrey Hammond (baixo) e Michael Stephens (guitarra). Este era um grupo de soul e blues, com Anderson nos vocais e gaita.
Em 1965, a banda mudou o nome para John Evan Smash, com mais integrantes e separou-se após dois anos, época em que Andersou se mudou para Luton. Ali, conheceu o baterista Clive Bunker e o guitarrista e vocalista Mick Abrahams, do grupo de blues McGregor's Engine. Juntamente com Glenn Cornick, baixista que conhecera por intermédio de John Evan, ele formou a primeira versão de uma banda que permaneceria por mais de quatro décadas: os Jethro Tull.
Já então Anderson abandonara a sua pretensão de tocar guitarra elétrica, supostamente por sentir que nunca seria "tão bom quanto Eric Clapton". Como relatado pelo próprio, na introdução do vídeo Live at the Isle of Wight, ele trocou a sua guitarra por uma flauta, e após algumas semanas de prática concluiu que poderia manejar o instrumento bem, principalmente em estilos como o rock e os blues. A sua experiência na guitarra não foi desperdiçada, no entanto, pois ele continuou a tocar viola, utilizando-o como instrumento tanto melódico quanto rítmico. Com o progredir de sua carreira, Anderson foi adicionando saxofone, bandolim, teclados e outros instrumentos os seu arsenal.
Como flautista, Anderson é autodidata e a sua principal influência é Roland Kirk.

De 1970 a 1974, Anderson foi casado com Jennie Franks, uma fotógrafa creditada por ter escrito grande parte dos versos da canção "Aqualung". Anderson casou-se com Shona Learoyd em 1976, descrita pela revista Rolling Stone como a "a filha bela e educada em convento de um rico fabricante de lã". O casal teve dois filhos, James Anderson, também músico, e Gael, que trabalha na indústria cinematográfica e é casada com o ator Andrew Lincoln.
Ian sobreviveu a uma trombose venosa profunda, e participou de várias campanhas de utilidade pública em prol da sensibilização da doença.
Fora da indústria musical, Anderson é um bem-sucedido empresário, dono de diversas aquaculturas de salmão. De acordo com o jornal Sunday Herald , em 2004 o seu grupo de empresas estaria avaliado em mais de 1,8 milhão de libras.




O Repórter X, pai do poeta Reinaldo Ferreira, nasceu há 116 anos

Reinaldo Ferreira, conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.

Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000.
Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X.
Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997

Jorge Amado nasceu há 101 anos

Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 - Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.



É doce morrer no mar - Dorival Caymmi (1941)
Música de Dorival Caymmi e letra de Jorge Amado

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

A noite que ele não veio foi
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Saveiro partiu
de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
sereia do mar levou

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo no colo de Iemanjá

sexta-feira, agosto 09, 2013

Há 68 anos um homem gordo obrigou o Japão a desistir da guerra

Fat Man (em português, "Homem Gordo") é o nome de código da bomba atómica lançada sobre Nagasaki, Japão, pelos Estados Unidos, a 9 de agosto de 1945. Foi a segunda das duas bombas atómicas utilizadas em guerras. O nome refere-se mais genericamente ao primeiro design de bombas norte-americanas baseadas no tipo "Fat Man".
A construção de 2,34 metros de comprimento, 1,52 metro de diâmetro e 4.545 kg foi detonada a uma altitude de cerca de 550 metros sobre a cidade, após ter sido lançada do bombardeiro B-29 Bockscar, pilotado pelo Major Charles Sweeney. A bomba tinha uma potência de 25 kilotons, 8,4×1013 joule = 84 TJ. O curioso é que, tendo uma potência praticamente duas vezes maior que a da bomba conhecida como "Little Boy", lançada em Hiroshima três dias antes, os danos foram menores e menos extensivos que os do ataque anterior, pois as condições climáticas de Nagasaki no dia estavam desfavoráveis, fazendo com que a Fat Man não atingisse o alvo com precisão, caindo em um vale ao lado da cidade. Como o terreno de Nagasaki é montanhoso, parte da carga energética da explosão foi contida. Ainda assim, cerca de 40.000 pessoas foram mortas e mais de 25.000 ficaram feridas. Milhares morreram nos anos posteriores ao ataque devido a radiações e doenças causadas pela radiação.

Nagasaki antes e após o ataque

Na manhã de 9 de agosto de 1945, a tripulação do avião dos E.U.A. B-29 Superfortress, baptizado de Bockscar, pilotado pelo Major Charles W. Sweeney e carregando a bomba nuclear com o nome de código Fat Man, deparou-se com o seu alvo principal, Kokura, obscurecido por nuvens. Após três voos sobre a cidade e com baixo nível de combustível devido a problemas na sua transferência, o bombardeiro dirigiu-se para o alvo secundário, Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Cerca das 07.50 horas (fuso horário japonês) soou um alerta de raide aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" (all clear, em inglês) foi dado às 08.30 horas. Quando apenas dois B-29 foram avistados às 10.53 horas, os japoneses aparentemente assumiram que os aviões se encontravam em missão de reconhecimento, e nenhum outro alarme foi dado.
Alguns minutos depois, às 11.00 horas, o B-29 de observação, batizado de The Great Artiste (em português "O Grande Artista"), pilotado pelo Capitão Frederick C. Bock, largou instrumentação amarrada a três pára-quedas. Esta continha também mensagens para o Professor Ryokichi Sagane, um físico nuclear da Universidade de Tóquio que tinha estudado na Universidade da Califórnia com três dos cientistas responsáveis pelo bombardeamento atómico. Estas mensagens, encorajando Sagane a falar ao público acerca do perigo destas armas de destruição maciça, foram encontradas pelas autoridade militares, mas nunca entregues ao académico.
Às 11.02 horas, uma abertura de última hora nas nuvens sobre Nagasaki permitiu ao artilheiro do Bockscar, Capitão Kermit Beahan, ter contacto visual com o alvo. A arma Fat Man, contendo um núcleo de aproximadamente 6,4 kg de plutónio-239, foi largada sobre o vale industrial da cidade. Explodiu a 469 metros sobre o solo, a cerca de meio caminho entre a Mitsubishi Steel and Arms Works (a sul) e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works (a norte), os dois principais alvos na cidade. De acordo com a maior parte das estimativas, cerca de 40 mil dos 240 mil habitantes de Nagasaki foram mortos instantaneamente, e entre 25 mil e 60 mil ficaram feridos. No entanto, crê-se que o número total de habitantes mortos poderá ter atingido os 80 mil, incluindo aqueles que morreram, nos meses posteriores, devido a envenenamento radioativo.

Depois da guerra ficou claro que o design desta bomba era o mais eficiente, então melhoraram-na e então criaram a arma sucessora do Fat Man: o Mark 4.


Gregory Hines morreu há 10 anos

Ator, bailarino, cantor, coreógrafo. Ele nasceu em Nova York, e tornou-se um dos mais renomados sapateadores de todos os tempos, bem como um premiado estrela do palco e tela. Ele começou a se apresentar como um membro do grupo de dança "Hines, Hines e papá", com o seu pai e irmão. Ele apareceu pela primeira vez nos palcos da Broadway com a idade de oito anos, atuando como engraxador na comédia musical "The Girl in Pink Tights", de março a junho de 1954. Ele recebeu a sua primeira nomeação para o Tony (Melhor destaque em um Musical) em 1979, pelo seu papel na Broadway na revista musical "Eubie!". Ele ganhou o Theatre World Award de 1979 com o mesmo desempenho. Ele protagonizou os três musicais, "Uptown Comin '" (1979-80), "Sophisticated Ladies" (1981-83), e "Jelly's Last Jam" (1992-93). Ele foi nomeado para o Melhor Ator no Musical Tony Award para os três papéis, e ganhou em 1992, pela sua performance como Jelly Roll Morton em "Jelly's Last Jam". Ele também ganhou o Drama Desk Award de Melhor Ator em um Musical para este desempenho, e foi nomeado para o Tony e o Drama Desk Awards por sua coreografia para este show. Os seus créditos no cinema inclui papéis em "História do Mundo: Parte 1", "White Nights", "Toque", "Renaissance Man", "Waiting to Exhale" e "The Preacher's Wife". Na televisão incluídos os filmes "TV Eubie!" e "The Kid Cherokee"; papéis do convidado em shows como "Faerie Tale Theatre", "Amazing Stories", e "Law & Order" e papéis recorrentes em "The Gregory Hines Show", "Little Bill", "Will & Grace " e " Lost at Home ". Ele gravou um dueto de "There's Nothing Better Than Love" com Luther Vandross, e também lançou um álbum auto-intitulado, em 1987.
Hines morreu de cancro de fígado na tarde de sábado, 9 de agosto de 2003, no caminho de sua casa em Los Angeles, Califórnia, para um hospital. Ele tinha 57 anos e era noivo de Negrita Jayde, no momento da sua morte. Além do seu pai e irmão, ele deixou sua noiva, Negrita Jayde, uma filha, Daria Hines, um filho, Zach; uma enteada, Jessica Koslow e um neto.


Ruggiero Leoncavallo morreu há 94 anos

Ruggero (Ruggiero) Leoncavallo (Nápoles, 23 de abril de 1857Montecatini Terme, 9 de agosto de 1919) foi um compositor de óperas italiano.
A sua ópera "I Pagliacci", com os personagens Canio, Tonio, Peppe e Silvio, continua uma das mais populares obras do repertório de ópera.
Filho de um magistrado policial, Leoncavallo nasceu em Nápoles em 23 de abril de 1857 e estudou no Conservatório San Pietro a Majella. Depois de alguns anos de estudo, e ineficazes tentativas de obter a produção de mais de uma ópera, ele viu o enorme sucesso de Mascagni em Cavalleria rusticana em 1890, e não desperdiçou tempo na elaboração do seu próprio verismo, Pagliacci (segundo Leoncavallo, o enredo deste trabalho teve origem na vida real: um julgamento sobre assassinato a que seu pai tinha presidido).
Pagliacci foi apresentada em Milão em 1892 com sucesso imediato e hoje é o único trabalho de Leoncavallo no repertório padrão de ópera. A sua mais famosa ária Vesti la giubba, "Veste a manta de retalhos") foi gravada por Enrico Caruso e foi o primeiro registo do mundo a vender um milhão de cópias.
I Medici e Chatterton (1896) foram também produzidas em Milão. Grande parte de Chatterton foi gravado pela Gramophone Company (mais tarde HMV). Foi em La bohème, realizada em 1897 em Veneza que o seu talento obteve confirmação pública (suas duas árias para tenor são realizadas ocasionalmente, especialmente em Itália). Posteriormente compôs as óperas Zaza (1900) (a ópera de Geraldine Farrar, famosa pelo seu desempenho de despedida no Met) e Der Roland Von Berlin (1904). Obteve um breve sucesso em Zingari que estreou em Itália, e Londres, em 1912. (Zingari esteve longo tempo, no Hipódromo Teatro). Zingari chegou aos Estados Unidos, mas logo depois desapareceu do repertório.
Após uma série de operetas, Leoncavallo, num último esforço, criou Edipo Re, mas morreu antes de terminar a orquestração, que foi completada por Giovanni Pennacchio. Desde a década de 1970 esta ópera tem tido um número surpreendentemente elevado de representações (incluindo Roma 1972, Viena 1977 e Amsterdão 1998), bem como uma produção totalmente encenada no Teatro Regio di Torino, em 2002.
A famosa Mattinata foi por ele escrita para a Gramofone Company com Caruso em mente. Escreveu o libreto para a maioria das suas próprias óperas e é considerado o maior libretista italiano do seu tempo, após Arrigo Boito. Importante foi ainda a sua contribuição para o libreto de Manon Lescaut de Giacomo Puccini.
Ruggero Leoncavallo morreu em Montecatini, Toscânia, em 9 de agosto de 1919.
  
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