sexta-feira, dezembro 28, 2012

Eddington nasceu há 130 anos

Sir Arthur Stanley Eddington (Kendal, 28 de dezembro de 1882 - Cambridge, 22 de novembro de 1944) foi um astrofísico britânico do início do século XX.
O limite de Eddington foi assim chamado em sua homenagem.
Eddington é famoso pelo seu trabalho sobre a Teoria da Relatividade. Eddington escreveu um artigo em 1919, Report on the relativity theory of gravitation, que anunciou a Teoria Geral da Relatividade de Einstein para o mundo anglófono. Devido à Primeira Guerra Mundial, os novos desenvolvimentos da ciência alemã não eram muito bem conhecidos no Reino Unido.

Eddington nasceu em 22 de dezembro de 1882 em Kendal, na Inglaterra, numa família Quaker. O seu pai Henry Arthur Eddington, formado em Filosofia, tornou-se diretor da Stramongate School em 1878 nomeado pela Assembleia da Sociedade Religiosa dos Amigos de Kendal: os Quakers. Porém dois anos após o nascimento de Eddington seu pai falece de febre tifoide.
Gostava de Natação e Golfe, porém o ciclismo era sua paixão. Mantinha rigorosos dados referentes a seus passeios, visto que em 1905 tinha percorrido 2669 milhas (aproximadamente 4295.34 km).
Desde cedo ele mostrou grande talento para a Matemática e ganhou diferentes prémios e bolsas que permitiram que financiasse os seus estudos, que ele finalizou em 1905. Começou as suas pesquisas no laboratório Cavendish, e mais tarde em Matemática, que ele interrompeu rapidamente, tendo recebido no final de 1905 um posto no Observatório de Greenwich. Ele foi imediatamente integrado a um projeto de pesquisa iniciado em 1900, quando placas fotográficas do asteroide 433 Eros foram tiradas durante todo um ano. Sua primeira tarefa foi terminar a análise dessas placas e determinar precisamente o valor da paralaxe solar.
Em 1906 ele começou seu estudo estatístico do movimento das estrelas e, no ano seguinte, ganhou um prémio pelo ensaio que escrevera sobre o assunto.
Em dezembro de 1912, George Darwin, um dos filhos de Charles Darwin, morreu e Eddington foi nomeado para substituí-lo. Como o titular da outra cadeira de Astronomia de Cambridge, a Lowndean chair, também morreu durante o ano seguinte, Eddington tornou-se o diretor do Observatório de Cambridge, assumindo assim a responsabilidade da Astronomia teórica e experimental em Cambridge.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Eddington foi chamado para efetuar seu serviço militar. Como quaker e pacifista, recusou servir no Exército e pediu uma derrogação para efetuar um serviço alternativo, mas isso não era possível naquela época. Alguns amigos cientistas resolveram o problema, conseguindo se pronunciar em seu favor para dispensá-lo do serviço militar alegando a sua importância para a ciência. Em 1915, ele recebeu por intermédio da Royal Astronomical Society os artigos sobre a Teoria Geral da Relatividade de Einstein e de de Sitter. Eddington começou então a se interessar pelo assunto, principalmente porque essa nova teoria podia explicar o avanço, inexplicado até então, do periélio de Mercúrio. Como Quaker, Eddington sentia-se capaz de vincular a Física com a sua fé.

Após a guerra, Eddington partiu para São Tomé e Príncipe, onde um eclipse solar total seria visível em 29 de maio de 1919. Segundo a relatividade geral, uma estrela visível nas proximidades do Sol deveria aparecer em uma posição ligeiramente mais afastada deste porque sua luz deveria ser ligeiramente desviada pela ação da gravidade do Sol. Esse efeito somente pode ser observado durante um eclipse total do Sol, pois senão a luminosidade do Sol impede a visibilidade da estrela em questão. A relatividade geral predizia um desvio duas vezes maior do que o predito pela gravitação newtoniana. As observações foram feitas na Ilha do Príncipe, na roça Sundy, com o apoio do seu proprietário Jerónimo Carneiro. Durante o eclipse, Eddington tirou diversas fotografias das regiões situadas em torno do Sol.
As condições meteorológicas não eram boas e as placas fotográficas revelaram-se de péssima qualidade e difíceis de medir. Ele anotou mesmo assim no seu caderno:
… uma placa que medi confirmava as predições de Einstein.
Porém, uma outra equipe da expedição de Eddington, que estava na cidade de Sobral, no Brasil, liderada pelo astrónomo britânico Andrew Crommelin, pode observar o eclipse sob boas condições meteorológicas. As placas fotográficas registadas por essa equipe permitiram a Eddington medir uma deflexão da luz de 1,98".[2]
Esse resultado, cuja exatidão foi discutida posteriormente, foi aclamado como uma prova conclusiva da Relatividade Geral sobre o modelo newtoniano; a notícia foi publicada em jornais em todo o mundo como uma importante descoberta. Ela também é a origem da história de que somente três pessoas entendiam a Relatividade; quando perguntado por um repórter que sugeriu isso, Eddington replicou brincando "Oh, who's the third?" (Oh, quem é a terceira?). Outra história conta que Einstein, ao ser questionado por um repórter sobre o que ele teria feito se as medidas efetuadas por Eddington não estivessem de acordo com as predições da teoria Geral da Relatividade, teria respondido: "Eu diria que o bom Deus está enganado".
Eddington também estudou o interior das estrelas e calculou sua temperatura baseando-se na energia necessária para manter a pressão exercida pelas camadas próximas da superfície. Com isso, ele descobriu a relação massa-luminosidade das estrelas. Eddington calculou também a abundância do hidrogénio e elaborou uma teoria explicando a pulsação das cefeidas. O fruto dessas pesquisas está relatado em seu importante trabalho The Internal Constitution of Stars (1926).
Em 1920, tomando como base as medidas precisas de átomos efetuadas por Francis Aston, Eddington foi o primeiro a sugerir que a fonte de energia das estrelas provinha da fusão nuclear do hidrogénio em hélio. Essa teoria revelou-se correta, mas ele teve um longo debate sobre esse assunto com James Jeans, que acreditava que essa energia proviesse da contração da estrela sobre si mesma.
Dos anos 1920 até sua morte, ele se concentrou cada vez mais naquilo que ele chamava de "teoria fundamental", cujo objetivo era a unificação da teoria quântica, da teoria da Relatividade e da gravitação, e que se baseava essencialmente em uma análise das relações adimensionais entre constantes fundamentais.
Eddington foi enobrecido em 1930 e recebeu a Ordem do Mérito em 1938. Recebeu ainda diversas outras honrarias, entre elas a medalha de ouro da Astronomical Society of the Pacific (1923), a medalha de ouro da Royal Astronomical Society (1924), da National Academy of Washington (1924), da Société astronomique de France (1928) e da Royal Society (1928). Além de ser eleito para a Royal Society, foi também eleito para a Royal Society of Edinburgh, a Royal Irish Academy e a National Academy of Sciences, bem como de diversas outras sociedades científicas.
Uma cratera lunar recebeu o seu nome, assim como o asteroide 2761 Eddington.
Eddington soube popularizar a ciência escrevendo diversos livros destinados aos curiosos. Ele também é conhecido por ter introduzido a noção de macacos datilógrafos (Infinite Monkey Theorem em inglês) em 1929 com a frase:
se um exército de macacos batesse aleatoriamente em máquinas de escrever, eles poderiam escrever todos os livros do British Museum.
Obras
  • Stellar Movements and the Structure of the Universe. London: MacMillan, 1914
  • Space, Time and Gravitation: An Outline of the General Relativity Theory. Cambridge University Press, 1920. 
  • The Mathematical Theory of Relativity. Cambridge University Press, 1923, 1952
  • Stars and Atoms. Oxford: British Association, 1926
  • The Internal Constitution of Stars. Cambridge University Press, 1926. 
  • Fundamental Theory. Cambridge University Press, 1928
  • Science and the Unseen World. Macmillan, 1929. 
  • The Expanding Universe: Astronomy's 'Great Debate', 1900-1931. Cambridge University Press, 19nn. 
  • The Nature of the Physical World. London: MacMillan, 1928, 1948.
  • New Pathways in Science. Cambridge University Press, 1935
  • Relativity Theory of Protons and Electrons. Cambridge University Press, 1936
  • Philosophy of Physical Science. Cambridge University Press, 1939. 
  • The Domain of Physical Science, 19nn
  • Fundamental Theory. Cambridge University Press, 1946.

Morte
Eddington morreu em Cambridge, a 22 de novembro de 1944, com 61 anos e a 36 dias de seu aniversário.

Johnny Otis nasceu há 91 anos

Ioannis Alexandres Veliotes, mais conhecido como Johnny Otis (Vallejo, Califórnia, 28 de dezembro de 1921 - 17 de janeiro de 2012) foi um músico norte-americano de blues e rhythm and blues, além de baterista, pianista, vibrafonista, cantor, líder de banda e empresário. Foi um dos mais importantes personagens caucasianos da história do rhythm & blues.
Depois de tocar em orquestras de swing, ele fundou a sua própria banda, em 1945. Com esse grupo, viajou em turnê extensiva pelos Estados Unidos como a "California Rhythm and Blues Caravan" ("Caravana do Rhythm and Blues da Califórnia"), obtendo vários sucessos em 1952.
Como produtor musical ele descobriu vários artistas, tornando-se também um influente disc jockey em Los Angeles. Mas continuou a tocar, obtendo um grande êxito, em 1958, com a canção "Willie and the Hand Jive", que se tornaria a sua obra mais conhecida.
Nos anos 60 Otis entrou para o jornalismo e depois para a política, não sendo muito bem sucedido. Ele continuou a tocar nos anos 80, embora seus inúmeros projetos paralelos tenham-no mantido afastado dos palcos por bastante tempo.


João Domingos Bomtempo nasceu há 237 anos

João Domingos Bomtempo (Lisboa, 28 de dezembro de 1775 – Lisboa, 18 de agosto de 1842) foi um pianista clássico, compositor e pedagogo português.

Era filho de Francesco Saverio Bomtempo, oboísta na Corte de Lisboa, e que veio a ser o seu primeiro professor de Música. Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto, com seu pai que viera para Portugal no tempo de D. José. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta e aos vinte anos tomou o lugar de seu pai, entretanto falecido, na Real Câmara.

Em 1801 o músico decide ir para França, contrariando o costume dos músicos portugueses da época e pôs de lado uma eventual continuação dos seus estudos em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical onde conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e políticas, que se reuniam à volta do egrégio poeta Filinto Elísio. Com esta atitude comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista virtuoso inspirado por Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas primeiras composições. É dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal. Op. 1”, o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra, Op. 2, o Segundo Concerto para Piano, Op. 3, as Variações sobre o «Minueto Afandangado», Op. 4 e ainda, Elogio aos Faustíssimos Dias de S. S. D. Carlota Joaquina. Op. 5.
As primeiras obras de Bomtempo são muito apreciados pelos parisienses e prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte inspiração em Clementi. Quando em 1804 atinge uma fama realmente importante, aparece, entre outros lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.

Entretanto, em Portugal, as tropas de Napoleão sofriam pesadas derrotas infligidas pelo exército luso-inglês e a sua situação em França começou a tornar-se delicada, pelo que vai para Londres em 1810, ano em que a sua 1ª Sinfonia é alvo dos maiores elogios por parte da crítica parisiense. Na capital britânica é uma vez mais bem recebido pela comunidade portuguesa. Também algumas famílias da aristocracia inglesa lhes dão as boas vindas especialmente como professor de piano. É então que se começa a relacionar com alguns dos mais importantes músicos do seu tempo como Muzio Clementi e John Field e é professor da filha de Lady Hamilton.
O contacto com Clementi, a quem o ligavam laços de amizade desde Paris, torna-se mais frequente e é na editora do músico italiano que Bomtempo publicará a maior parte das suas obras. Publica Variações sobre um tema de Paesiello - Nel cor piú non mi sento. Op. 6, o Terceiro Concerto para Piano. Op. 7, o Capricho e Variações sobre o «God Save The King». Op. 8 e Três grandes sonatas para Piano. Op. 9 e muitas outras obras. Dado o perfil das pessoas com que se relaciona é provável que date desta época a sua iniciação na Maçonaria.
Em 13 de maio de 1813, D. Domingos António de Sousa Coutinho, Conde do Funchal, diplomata, ao tempo embaixador de Portugal em Londres, realiza um grande festival com dois propósitos: o de celebrar o aniversário daquele que viria a ser o rei D. João VI e a expulsão do exército francês do território português em consequência da derrota de Massena. Influenciado pela euforia que se instalara após a vitória luso-britânica, João Domingos Bomtempo compõe uma cantata intitulada Hino Lusitano. Op. 10, sobre versos do poeta liberal Dr. Vicente Pedro Nolasco da Cunha. Neste festival apresentou-se perante uma audiência de personalidades que incluía a quase totalidade do Conselho de Ministros britânico. As obras compostas nesse período incluem a Primeira Grande Sinfonia. Op. 11, executada pela primeira vez em Londres em 1810, o Quarto Concerto para Piano. Op. 12, executado pelo autor em Hannover Square, Uma Sonata Fácil para Piano. Op. 13, Grande Fantasia para Piano. Op. 14, que dedica a um ilustre emigrado, liberal e seu particular amigo, Ferreira Pinto, Duas Sonatas e Uma Ária Popular com Variações para Piano - Op. 15 e um Quinteto para Piano - Op. 16.

Em 1815, após o congresso de Viena, regressou a Portugal no contexto de uma Europa pacificada. Nesta sequência compõe A Paz da Europa, Cantata. Op. 17, que teria uma edição em Portugal, em versão reduzida com o título O Anúncio da Paz. Preocupado com o desconhecimento da música instrumental portuguesa do período clássico, uma das ideias que trazia em mente era fundar em Portugal uma sociedade de concertos ao estilo da Philharmonic Society londrina, esta fundada em Londres em 1812. Pretendia deste modo preencher uma grave lacuna na cultura musical portuguesa.
Mas o ambiente que se vivia em Portugal, tornara-se ainda mais difícil do que aquele que deixara em 1801 devido à ingerência inglesa na política portuguesa, à ausência da Corte portuguesa no Brasil e o agravamento da repressão contra a Maçonaria Portuguesa e contra todos os que ousavam defender os princípios liberais do constitucionalismo. Deste modo decide regressar a Londres onde publica Três Sonatas para Piano e Violino. Op. 18 e, Elementos de Música e Método para Tocar Piano Forte. Op. 19 a sua principal obra pedagógica que dedicou à “nação portuguesa”. Além disso compôs ainda, Grande Sonata para Piano. Op. 20, Fantasia e Variações para Piano sobre a Ária de Mozart «Soyez Sensibles». Op. 21, uma Ária da Ópera Alessandro in Efeso composta e arranjada para Piano. Op. 22, uma Valsa e uma Marcha.
Em 1816, passa por Paris e regressa a Lisboa aquando da morte de D. Maria I no Brasil. Em 1817 o General Gomes Freyre é enforcado no Forte de S. Julião da Barra e este ambiente de repressão leva-o a Paris, de novo em 1818, mas também aí a crispação política não propicia às artes. De regresso a Portugal, dedica-se à composição da que é considerada a sua obra-prima, o Requiem Op.23, (À memória de Camões), integrada no mesmo espírito de revivalismo que tinha originado a publicação em França da famosa edição de Os Lusíadas pelo Morgado de Mateus (1817). Este requiem é talvez o mais importante composto entre o Requiem de Mozart (1791) e o de Berlioz (1837).
João Domingos Bomtempo volta a sair do país para, em 9 de março de 1821, apenas alguns meses depois da Revolução de 1820, oferecer ao Soberano Congresso, uma nova missa de homenagem à regeneração política portuguesa. Esta missa foi cantada na Igreja de S. Domingos no dia 28 de março, seguida de um Te Deum mas, realizada a homenagem à nação, Bomtempo pode então assumir o que não podia antes e, compõe uma nova Missa de Requiem, desta vez, à memória de Gomes Freyre de Andrade e aos supliciados de 1817. Agora, já o nome do prestigiado General e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa podia ser evocado, sem os riscos que essa atitude comportaria, alguns anos antes.
João Domingos Bomtempo alcançou a estima de D. João VI e dirigiu as exéquias fúnebres de D. Maria I quando os seus restos mortais chegaram a Lisboa. Conseguiu obter as condições que lhe permitiram fundar a ambicionada Sociedade Filarmónica, que iniciou a sua actividade em agosto de 1822 com a realização de concertos periódicos. No entanto, a política interpõe-se uma vez mais no seu caminho, quando a reacção miguelista lhe proíbe a realização dos concertos então levados a palco na Rua Nova do Carmo e mesmo após a sua reabertura - no insuspeito palácio velho do duque de Cadaval, onde é hoje a estação do Rossio – pela influência de alguns fidalgos admiradores de Bomtempo, viu as suas portas serem definitivamente fechadas após os acontecimentos de 1828 (proclamação de D. Miguel-Guerras Liberais), altura em que o Absolutismo volta ao poder. Este foi um período difícil na vida do compositor português, onde até a sua integridade física esteve seriamente ameaçada. Acabou por ter de se refugiar no Consulado da Rússia em Portugal, mantendo-se aí durante cinco anos, até à chegada a Lisboa das forças liberais de D. Pedro.
Com o constitucionalismo, João Domingos Bomtempo pôde retomar a sua actividade artística e é nomeado, por D. Pedro IV, professor da rainha D. Maria II. Em 1835, compõe para celebrar o primeiro aniversário da morte de D. Pedro IV, uma Segunda Sinfonia e um Libera Me. Em 1836, é criado, sob inspiração de Almeida Garrett, o Conservatório Geral de Arte Dramática, sendo entregue a Bomtempo a Direcção da sua Escola de Música, mantendo-se como chefe da Orquestra da Corte e onde acumulou também as funções de professor de piano. Aí pretendeu implantar um novo modelo de pedagogia musical contando para isso com o recurso aos métodos do seu amigo Muzio Clementi, sem dúvida um dos mais notáveis mestres do piano do seu tempo, na altura já falecido. Embora se dedique mais ao ensino, continua a compor até 1842, data em que compõe e dirige uma missa festiva que seria executada, na Igreja dos Caetanos, por professores e alunos do Conservatório. Viria a morrer alguns dias depois, a 18 de agosto de 1842, vítima de uma "apoplexia".
Alguns esforços têm sido feitos para divulgar a música de João Domingos Bomtempo, nomeadamente algumas gravações, mas a grande parte mantém-se desconhecida e inédita. As suas composições compreendem concertos, sonatas, fantasias e variações, compostas para piano-forte, desde sempre o seu instrumento preferido e do qual foi exímio intérprete. Conhecem-se também duas sinfonias, embora se admita a existência de mais cinco, que transmitem de um modo mais flagrante a sua personalidade musical e as suas influências invulgares para compositor ibérico da época, nomeadamente influências germânicas clássicas. São ainda de destacar alguns trabalhos corais-sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de Camões e outros e ainda alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso.
A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista, sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico). Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa.

Olavo Bilac morreu há 96 anos

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 - Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista; também era defensor do serviço militar obrigatório. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito "príncipe dos poetas brasileiros", pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo Hansen, "o mestre do passado, do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo mestre do presente, do jornal, a cronicar assuntos quotidianos do Rio, prontinho para intervenções de Agache e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros".

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O génio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

Maurice Ravel morreu há 75 anos!

Joseph-Maurice Ravel (Ciboure, 7 de março de 1875Paris, 28 de dezembro de 1937) foi um compositor e pianista francês, conhecido sobretudo pela subtileza, das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu como "uma peça para orquestra sem música".
Começou a manifestar interesse pela música aos 7 anos. Desde então dedicou-se ao estudo do piano, mas só começou a frequentar o Conservatório de Paris aos 14. Posteriormente, em 1895, passou a estudar só e retornou ao Conservatório em 1898, quando estudou composição com Gabriel Fauré. Concorreu no Prix de Rome, mas não foi bem sucedido.
Foi influenciado significativamente por Claude Debussy, mas também por compositores anteriores, como Mozart, Liszt e Strauss, mas logo encontrou seu próprio estilo, que ficou, porém, marcado pelo impressionismo.
É mundialmente conhecido pelo seu Bolero, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. A composição foi encomendada pela bailarina Ida Rubistein e estreou na Ópera de Paris em 1928.
Faleceu das consequências de um acidente de táxi ocorrido em 1932. Durante o período que precedeu a sua morte, havia perdido parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o seu corpo já não respondia adequadamente, por causa de graves problemas motores.

Há 104 anos um sismo (e tsunami) mataram mais de 100.000 ialianos

The 1908 Messina earthquake (also known as the 1908 Messina and Reggio earthquake) and tsunami took some 100,000 to 200,000 lives on December 28, 1908, in Sicily and Calabria, southern Italy.

Corpses of victims of the earthquake in Messina, December 1908

On December 28, 1908 from about 05:20 to 05:21 an earthquake of 7.1 on the moment magnitude scale occurred centered on the of city Messina, in Sicily. Reggio on the Italian mainland also suffered heavy damage. The ground shook for some 30 to 40 seconds, and the destruction was felt within a 300-kilometer (186-mile) radius. Moments after the earthquake, a 12-meter (39-foot) tsunami struck nearby coasts, causing even more devastation; 91% of structures in Messina were destroyed and some 70,000 residents were killed. Rescuers searched through the rubble for weeks, and whole families were still being pulled out alive days later, but thousands remained buried there. Buildings in the area had not been constructed for earthquake resistance, having heavy roofs and vulnerable foundations.

Paul Hindemith morreu há 49 anos

Paul Hindemith (Hanau, Hesse, 16 de novembro de 1895Frankfurt am Main, 28 de dezembro de 1963), foi um compositor, violinista, maestro e professor alemão.

Depois de já ter aprendido violino enquando criança, Hindemith estudou com Arnold Mendelssohn e Bernhard Sekles no Hochsche Konservatorium em Frankfurt am Main.
Em 1922, algumas das suas peças foram ouvidas no festival International Society for Contemporary Music em Salzburgo, o que o fez conquistar a atenção dos públicos internacionais. Posteriormente colaborou com vários compositores avant garde, incluindo Anton Webern e Arnold Schoenberg, tendo feito várias digressões, tocando violino como solista, pelos Estados Unidos da América no final da década de 1930.
Apesar dos protestos do maestro Wilhelm Furtwängler, a sua música foi definida como "degenerada" pelos nazis e, em 1940, emigrou para os Estados Unidos da América, onde lecionou na Universidade de Yale, tendo alunos como Lukas Foss, Norman Dello Joio, Harold Shapero e Ruth Schonthal. Adquiriu a cidadania norte-americana em 1946, mas regressou à Europa em 1953, vivendo em Zurique e lecionando na universidade local.
No final da sua vida começou a dirigir mais. Ganhou o Prémio Balzan em 1962 tendo falecido no ano seguinte, de pancreatite aguda.


quinta-feira, dezembro 27, 2012

Joan Manuel Serrat - 69 anos

Joan Manuel Serrat i Teresa (Barcelona, 27 de dezembro de 1943) é um cantor, poeta, músico e compositor espanhol, uma dos mais destacados exemplos da música moderna espanhola e catalã.
Filho de Ángeles Teresa e do anarquista Josep Serrat, que era filiado no CNT, depois de acabar o curso de engenheiro agrónomo (1965), começa a cantar num programa da Rádio Barcelona e assina um contrato para a gravação do seu primeiro disco. Será um disco em catalão, pelo que passa a ser considerado um dos fundadores da chamada Nova Canção, que inclui algum dos temas que serão ícones de toda a sua carreira como, por exemplo, “Ara que tinc vint anys” (Agora que tenho vinte anos) ou “Paraules d´amor” (Palavras de amor). Segue-se um LP de música popular catalã (“Cançons tradicionals”) e “Com ha fa el vent” (Como faz o vento), com canções próprias.
Quando em 1968 começa a cantar em castelhano, é considerado por alguns como um traidor à Catalunha. Aquele ano é nomeado representante da Espanha no Festival Eurovisão da Canção onde deve interpretar a canção “La, la, la”, composta propositadamente para ele pelo Duo Dinámico. Depois de ter gravado a canção em diferentes idiomas, Serrat anuncia que só concorrerá ao Festival se lhe é permitido interpretar a canção em catalão, língua que, na altura, estava quase em situação marginal. A sua proposta não é aceite pelo governo que proíbe a sua presença na TV e a emissão das suas canções nas rádios de todo o país.
A sua participação no Festival da Canção do Rio de Janeiro com o tema “Penélope”, pode ser considerada o começo da sua importante e prolongada carreira no continente americano.
Em 1969 edita um disco, que terá grande repercussão social e avultadas vendas, onde põe música em alguns poemas de Antonio Machado. Em 1971 aparece “Mediterráneo”, um dos seus álbuns mais importantes. Um quarto de século depois, a canção que da o título ao disco será eleita a melhor canção espanhola da segunda metade do XX.
Passa o último período da ditadura do general Franco no exílio e continua a estar proibido pela censura, facto que faz que os seus discos destes anos não cheguem ao grande público. O impasse termina com a publicação de “En tránsito” (1981) e “Cada loco con su tema” (1983), onde aparece um Serrat mais maduro e intimista.
No “El Sur también existe” (1985), volta a musicar um poeta, desta vez o uruguaiano Mario Benedetti. Um ano depois aparece “Sinceramente teu” onde interpreta em português algumas das suas músicas mais conhecidas e conta, entre outras, com a participação de cantores tão conceituados como Maria Bethânia, Gal Costa e Caetano Veloso. Seguem-se “Bienaventurados” (1987), “Material sensible” (1989), “Utopía” (1992), “Nadie es perfecto” (1994) e “D´un temps, d´un país” (1996), antologia pessoal dos melhores temas da música da Catalunha.
Em 1996 protagoniza junto de Ana Belén, Víctor Manuel e Miguel Ríos o espectáculo “El gusto es nuestro” (O gosto é nosso) e faz com este uma digressão pela Espanha e diferentes países latino-americanos.
“Sombras de la China” (1998), volta a reunir composições próprias. Em seguida, “Cansiones” (2000) foi um recompilação onde reúne canções interpretadas por uma espécie de heterónimo, a que da o nome de Tarrés (apelido catalão que, curiosamente, é Serrat invertido).
Em 2005 vence um cancro da bexiga.
Em 2006 é nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Complutense de Madrid, pelo seu contributo para a cultura espanhola e publica “Mô” (nome que os menorquinos, nas Baleares, dão à sua capital), onde, passados 17 anos, volta a interpretar temas próprios em catalão.
Em junho de 2007, com o seu colega e grande amigo Joaquin Sabina, inicia uma tourné pela Espanha e América do Sul, de nome “Dos pájaros de un tiro” (Dois coelhos de uma cajadada só). No mesmo ano, recebe o título de cavaleiro da Legião de Honra, a mais alta distinção da República Francesa, por os seus contributos à criação cultural, promoção do catalão no mundo e pela sua defesa da liberdade de expressão.


Hayley Williams, vocalista dos Paramore, faz hoje 24 anos

Hayley Nichole Williams (Meridian, 27 de dezembro de 1988) é uma cantora e compositora americana, vocalista da banda de rock Paramore.

Hayley cresceu em Meridian no estado do Mississippi. Filha de uma família cristã, começou cantando na sua igreja e em paragens de autocarro. Ao longo de sua pré-adolescência começou a ouvir bandas como 'N Sync, influenciando o seu gosto musical pelo rock e pop rock.
Hayley era tímida, mas quando completou os onze anos de idade, quis encarar seriamente a música. Ao treze anos, os seus pais divorciaram-se, então ela e a mãe mudaram-se para Franklin, Tennessee. Durante esse período, ela entrou em uma banda de funk intitulada "The Factory", onde conheceu Jeremy Davis. Após algum tempo, Hayley conheceu na escola os irmãos Zac Farro e Josh Farro, que tinham uma banda. Hayley disse-lhes que sabia cantar e eles convidaram-na para fazer parte da banda como vocalista.

Em 2004, formaram a banda Paramore. A primeira canção oficial da banda foi "Conspiracy" que no futuro iria fazer parte do primeiro álbum da banda. Em 2005, com quase todas as canções do futuro álbum já escritas, John Janick, fundador da gravadora Fueled by Ramen, assinou um contrato com a banda.
Foi então que, em 26 de julho de 2005, os Paramore lançaram o primeiro álbum de estúdio intitulado All We Know Is Falling, com dez faixas. Para divulgação do álbum foram lançados como singles as canções: "Pressure", "Emergency" e "All We Know", todas alcançando boas posições nas paradas musicais, ao total o álbum ficou em segundo lugar na Billboard Comprehensive Albums, se tornando o maior sucesso da banda até então.
O estilo punk-hardcore de Hayley ficou famoso também pela mudança da cor de seus cabelos, sendo o novo ícone do rock. Hayley também participou de duetos como com os Death in The Park na canção "Fallen" e com o Say Anything na canção "Plea".

Após os trabalhos com All We Know Is Falling, a banda, juntamente com Hayley, lançou o segundo álbum de estúdio, Riot! com onze faixas, lançado em 12 de junho de 2007. No final o álbum ficou em 15º lugar na Billboard 200 além de receber certificação de ouro da RIAA pelas vendas. As canções do álbum tiveram grande impacto na banda, pois foram as músicas símbolos da era de ouro do Paramore; sucessos como "Misery Business" e "Crushcrushcrush" alcançaram excelentes posições em paradas musicas. A partir daí a banda lançou vários videoclipes, com inúmeras exibições em sites especializados no ramo. Hayley também junto com os integrantes do Paramore, apareceram no videoclipe da canção "Kiss Me" da banda New Found Glory, o Paramore também lançou EPs e álbuns ao vivos.
Mais tarde, no ano seguinte Hayley e o Paramore lançou o single "Decode" para a banda sonora do filme Twilight, estrelado por Robert Pattinson e Kristen Stewart. A banda então ganhou diversos prémios em eventos da música internacional. Após um tempo sites e blogues afirmaram que Hayley estava escrevendo novas canções e que seriam para um novo álbum da banda; porém nada foi confirmado. Entretando Hayley disse, em uma entrevista, que os Paramore estavam planeando um novo álbum, porém ainda sem nome. A banda lançou novos videoclipes de suas canções anteriores, e em uma nova entrevista para a MTV, Hayley afirmou que a capa do novo álbum seria de uma borboleta repartida em três partes. A borboleta foi encontrada intacta na entrada da casa de sua mãe e então ela a pegou, pregou com os alfinetes na grade de sua casa e o fotógrafo Ryan Russel cuidou da parte das imagens.

Com o episódio da borboleta, Hayley escreveu a canção "Brick by Boring Brick", Hayley também afirmou em uma entrevista para a MTV que em seu ponto de vista isso representava pedaços quebrados que podem formar uma grande figura. Meses depois em meados de 2009, Hayley, juntamente com os Paramore, afirmou que o nome do terceiro álbum de estúdio seria Brand New Eyes e a canção da borboleta seria lançada como single junto com as canções "Ignorance", "The Only Exception", "Careful" e "Playing God". O álbum então foi lançado em 29 de setembro de 2009 e ficou no 2º lugar na Billboard 200. A banda então saiu na sua primeira turnê para divulgar o álbum, Brand New Eyes Tour e apoiou diversas bandas de rock americanas, tais como Green Day e New Found Glory, sendo essa última de seu namorado, Chad Gilbert, guitarrista da banda. A turnê encerrou em meados de 2010.
Hayley também participou da canção "Airplanes" do cantor B.o.B; a canção fez tanto sucesso que teve uma segunda parte com a participação do rapper Eminem. Hayley também estreou com sua primeira canção solo "Teenagers" para a trilha sonora do filme, Jennifer's Body. No fim de maio de 2010, foi postado no Twitter da cantora via TwitPic uma foto sua fazendo topless mas a imagem foi rapidamente apagada. Williams alegou que sua conta no TwitPic foi hackeada, porém alguns sites americanos de noticias afirmaram que a foto podia ter sido publicada pela própria Hayley acidentalmente. Ainda em 2010, os Paramore anunciaram a saída dos irmãos Zac e Josh Farro da banda, restando apenas Hayley, Jeremy Davis e Taylor York.
Em 2011, os Paramore voltaram com uma nova canção intitulada Monster para a trilha sonora do filme Transformers: Dark of the Moon. A canção fez enorme sucesso, e ganhou o Teen Choice Awards na categoria "Best Rock Track". Hayley também afirmou em uma entrevista que o Paramore pretendiam lançar um novo álbum em 2012.


Louis Pasteur nasceu há 190 anos

Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 - Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) foi um cientista francês. As suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.
É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças. Entre seus feitos mais notáveis pode-se citar a redução da mortalidade por febre puerperal, e a criação da primeira vacina contra a raiva. As suas experiências fundamentaram a teoria microbiológica da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um método para impedir que leite e vinho causem doenças, um processo que veio a ser chamado pasteurização. Ele é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos cristais. O seu corpo está enterrado no Instituto Pasteur em Paris, em um mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram as suas realizações.

Os hobbits indonésios têm finalmente cara

O homem (na verdade, a mulher) das Flores já tem um rosto

Espécie que viveu até há 12 mil anos, numa ilha da Indonésia, era tão pequena que os cientistas chamaram hobbits aos seus membros. Afinal, as criaturas imaginadas por Tolkien em O Senhor dos Anéis até existiram

Na reconstrução facial do Homo floresiensis, a antropóloga Susan Hayes foi moldando a espessura dos músculos e da gordura sobre o crânio de uma mulher com 18 mil anos

Não é propriamente o que se chamaria uma mulher bonita, mas as suas feições eram, sem dúvida, distintivas. Palavras da antropóloga australiana Susan Hayes, depois de ter revelado ao mundo como era o rosto de uma mulher que viveu há 18 mil anos na ilha indonésia das Flores, naquela que é a primeira reconstrução facial de uma pessoa desta espécie de humanos.
A história da descoberta desta espécie, com quase uma década, lançou muita confusão na árvore evolutiva humana, já de si complexa. Em Agosto de 2003, uma equipa de cientistas australianos e indonésios encontrou o fóssil de uma mulher, incluindo o crânio, na gruta de Liang Bua. No ano seguinte, na revista Nature, a equipa anunciava a descoberta e defendia tratar-se de uma nova espécie de humanos. E eis que começava a controvérsia: antes de mais, porque até essa altura estávamos convencidos de que há muito mais tempo éramos os únicos humanos que restavam no planeta.
Na viagem evolutiva dos humanos, os neandertais eram até aí considerados os nossos últimos companheiros. Desapareceram há cerca de 28 mil anos, tendo a Península Ibérica como último refúgio, depois de terem vivido por toda a Europa.
Mas o fóssil da mulher com 18 mil anos, o primeiro exemplar descoberto, serviu de referência para identificar a nova espécie. O Homo floresiensis, ou homem das Flores, teria surgido há cerca de 95 mil anos e a sua existência ter-se-ia prolongado até há 12 mil anos, quando desapareceu e, aí sim, nos deixou sozinhos, como espécie humana, na Terra.
Como a mulher já era adulta, isso mostrava que aqueles humanos teriam apenas um metro de altura e 25 quilos. Por serem tão pequenos, os cientistas pensaram nas criaturas minúsculas do mundo imaginado por J. R. R. Tolkien em O Hobbit e na trilogia O Senhor dos Anéis, a ponto de considerarem chamar-lhe Homo hobbitus, em vez de Homo floresiensis.
Além da sua coexistência tardia com a nossa espécie, o Homo sapiens, os hobbits reais das Flores eram polémicos precisamente devido ao crânio muito pequeno. Isso implicava uma capacidade craniana de apenas 380 centímetros cúbicos, idêntica à dos chimpanzés.

Uma aproximação
Seriam então uma espécie nova ou apenas indivíduos doentes da nossa própria espécie? Referindo-se a esta última hipótese, houve cientistas que avançaram que o homem das Flores sofria de microcefalia, uma patologia caracterizada por um crânio e um cérebro muito pequenos e deficiências mentais. Outra hipótese considerava os hobbits como Homo sapiens pigmeus, pois ainda hoje vivem nas Flores populações de baixa estatura.
Mas, para a equipa que escavou e estudou os fósseis do Homo floresiensis, coordenada pelo arqueólogo Mike Morwood, da Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália, uma das provas de que era uma espécie distinta estava na ausência de queixo. Só a nossa espécie tem queixo.
Vários estudos têm reforçado a tese de que o homem das Flores era uma espécie distinta, baseando-se, por exemplo, na comparação da forma do seu cérebro com o de indivíduos microcéfalos e saudáveis da nossa espécie e ainda na análise dos ossos do pulso. O seu lugar na árvore evolutiva e que relação tinha connosco é que continuam por determinar.
Só que, até agora, nunca tínhamos visto uma reconstrução da cara do homem das Flores – ou melhor, da mulher das Flores –, porque só o primeiro exemplar descoberto tem o crânio completo, embora tenham entretanto sido encontrados fragmentos de vários indivíduos.
Especialista em reconstrução facial, Susan Hayes, da Universidade de Wollongong, na Austrália, deu agora um rosto à mulher das Flores, moldando músculos e gordura sobre uma réplica do crânio. Assim, a cara foi ganhando "carne" e o resultado foi divulgado numa conferência de Arqueologia na Universidade de Wollongong, numa altura em que, por todo o mundo, também se tem estreado o filme O Hobbit: Uma Viagem Inesperada.
Maçãs do rosto proeminentes e um nariz largo são algumas surpresas, refere um comunicado da universidade australiana. Perante o resultado, Susan Hayes reconheceu então que a mulher não seria uma beldade. "Não diríamos que era bonita, mas era seguramente distintiva."
Como é que a antropóloga sabia que espessura de tecidos moles pôr no rosto dos hobbits, uma vez que não existem dados específicos para essa população desaparecida? Susan Hayes responde ao PÚBLICO que usou dados existentes para a população mundial com as espessuras médias dos tecidos moles: "São aplicáveis a todas as populações e baseiam-se num grande conjunto de dados, por isso são muito fidedignas. Para o Homo floresiensis, usei um subconjunto destes dados, uma vez que o crânio dela é muito pequeno."
E o que traz de novo a reconstrução do rosto desta mulher? Traz algumas provas sobre a aparência de outros humanos, diz Susan Hayes. "Mas, tal como toda a ciência, os resultados do trabalho baseiam-se no que sabemos hoje sobre o crânio, sobre a sua relação com os tecidos moles e a população em questão. Como todo o meu trabalho, é sempre uma aproximação."
Num comentário ao trabalho, Darren Curnoe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, disse que o rosto é mais moderno do que esperava. "Os ossos parecem-se um pouco como os dos pré-humanos que viveram há dois ou três milhões de anos, mas, com esta reconstrução, vê-se como são surpreendentemente modernos", disse o especialista em evolução humana. "É interessante ver uma nova abordagem baseada na ciência forense, que pode melhorar a compreensão de como era o aspecto do Homo floresiensis. Até agora, vimos interpretações artísticas, muito bonitas, mas esta dá-nos uma visão mais científica e rigorosa do aspecto do hobbit."

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Benazir Bhutto foi assassinada há 5 anos

Benazir Bhutto (Karachi, 21 de junho de 1953 - Rawalpindi, 27 de dezembro de 2007) foi uma política paquistanesa, duas vezes primeira-ministra de seu país, tornando-se a primeira mulher a ocupar um cargo de chefe de governo de um Estado muçulmano moderno.

Benazir Bhutto foi educada em Harvard e em Oxford, no Reino Unido, onde estudou Ciências Políticas e Filosofia. Filha do primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto (1971-1977), ela voltou ao Paquistão em 1977, quando o general Muhammad Zia Ul-Haq aplicou um golpe de Estado e depôs seu pai, executado em 1979. Benazir assumiu, ao lado da mãe, a liderança do Partido Popular do Paquistão (PPP).

Bhutto foi presa e, depois de libertada, em 1984, seguiu para o exílio no Reino Unido, onde permaneceu até o fim da lei marcial no Paquistão e a legalização dos partidos políticos, ocorridos em 1986. Em 10 de abril desse ano, Benazir retornou do exílio em Londres para liderar o PPP
Em 1 de dezembro de 1988, o seu partido venceu as eleições parlamentares e ela tornou-se a primeira chefe de um governo (primeiro ministro) de um Estado muçulmano. Dois anos depois, em 6 de agosto, o presidente paquistanês Ghulam Ishaq Khan destituiu-a do cargo, alegando abuso de poder, nepotismo e corrupção. O seu partido foi derrotado nas eleições e ela passou a fazer parte da oposição no parlamento.

Em 19 de outubro de 1993, tornou-se primeira-ministra pela segunda vez. Mas em 5 de novembro de 1996, foi novamente destituída do cargo, desta vez pelo presidente Farooq Leghari, sob acusações de corrupção e improbidade administrativa, e pela morte extrajudicial de detentos. Em 1999, após a tomada do poder por militares liderados pelo atual presidente Pervez Musharraf, Bhutto se auto-exilou em Londres e Dubai escapando a processos que corriam na justiça paquistanesa por corrupção. A justiça paquistanesa julgou-a culpada das acusações de desvio de dinheiro e lavagem de dinheiro em 2004. Também teve problemas com a justiça na Suíça, por suspeita de ter recebido subornos no valor de 11,7 milhões de dólares das empresas suíças Société Générale de Surveillance (SGS) e Cotecna Inspection SA, participantes de concorrências públicas para contratos de inspeção de mercadorias nas alfândegas paquistanesas.

Legado e Vida 
Benazir Bhutto nasceu em Karachi, província do Paquistão em 21 de junho de 1953, filha mais velha do primeiro-ministro do Paquistão Zulfikar Ali Bhutto. Além de seu pai ser o primeiro-ministro, a sua família foi sempre muito tradicional na política paquistanesa.
Em 1976, ela se formou em PPE (Política, Filosofia e Economia). No outono de 1976, Benazir voltou mais uma vez a Oxford para fazer um curso de pós-graduação de um ano. Em janeiro de 1977, ela foi eleita a presidente da União de Oxford. Benazir Bhutto regressou ao Paquistão em junho de 1977. Ela queria entrar para o Serviço de Relações Exteriores, mas seu pai queria que ela disputasse a eleição da Assembleia. Como ela ainda não tinha idade para isso, ela assistiu o seu pai como conselheira. Benazir Bhutto, que viveu de 21 de junho de 1953 a 27 de dezembro de 2007, foi uma política paquistanesa de origem curdo-iraniana que liderou o Partido Popular do Paquistão (PPP). Bhutto foi a primeira mulher a governar um pais com maioria muçulmana na historia, teve dois mandatos(1988-1990; 1993-1996), mas não concluiu nenhum dos dois por causa de acusações de corrupção. O seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, havia sido primeiro-ministro paquistanês mas foi condenado à morte e enforcado quando ela era apenas uma jovem. Em 1988 Bhutto vence as eleições e é eleita primeira-ministra, mas apenas 20 meses depois é afastada do cargo pelo presidente Ghulam Ishaq Khan, alegando corrupção. Em 1993, ela foi reeleita, mas foi novamente removida, em 1996, sob acusações semelhantes, desta vez pelo presidente Farooq Leghari. Com isso ela entrou em auto-exílio no Dubai em 1998. Bhutto voltou ao Paquistão em 2007, após um acordo com o presidente Pervez Musharraf que lhe garantia amnistia e retirava todas as acusações.

Amnistia
Em 5 de outubro de 2007, Musharraf concedeu-lhe amnistia, abrindo caminho para um acordo com a líder do PPP.
Após oito anos de auto-exílio, Benazir Bhutto voltou ao Paquistão. Desembarcou em Karachi em 18 de outubro de 2007, sendo recebida por mais de cem mil pessoas. Ao desfilar com seus correligionários pela capital paquistanesa, duas explosões ocorreram em meio à multidão, perto dos carros da sua comitiva, matando ao menos 140 pessoas e ferindo mais de 200. A ex-primeira ministra, entretanto, não foi atingida.
Bhutto chegou a ser mantida em prisão domiciliar temporariamente em uma casa na cidade de Lahore, ficando impedida de liderar uma marcha contra o estado de emergência decretado por Musharraf em 3 de novembro. Foi libertada seis dias depois, em 9 de novembro.
Desde seu retorno ao Paquistão, Benazir Bhutto pediu a renúncia do general Pervez Musharraf da presidência do Paquistão, mesmo este sugerindo à líder oposicionista o cargo de primeira-ministra.


Assassinato

Benazir Bhutto foi morta no dia 27 de dezembro de 2007, durante um atentado suicida em Rawalpindi, cidade próxima a Islamabad, quando retornava de um comício no Parque Liaquat (Liaquat Bagh). O parque é assim chamado em homenagem ao primeiro-ministro paquistanês Liaquat Ali Khan, também assassinado no local, em 1951.
O ataque ocorreu enquanto o carro da ex-primeira-ministra andava lentamente, seguido por simpatizantes, e Benazir acenava para a multidão, pelo teto aberto do veículo. Bhutto foi alvejada no pescoço e no peito, possivelmente por um homem bomba que, em seguida, se explodiu próximo ao veículo, provocando a morte de cerca de 20 pessoas. Um dirigente da Al-Qaeda no Afeganistão reivindicou a responsabilidade pelo ato.