Nascido na nobreza, herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa, seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa, Alf para os amigos, e sua mãe Adéle Tapié de Céleyran. Queriam seus pais que o filho seguisse com esmero o mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna.
Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida em sua época. Certamente uma
distrofia poli-hipofisária (debilidade óssea que compromete o crescimento). Sofreu dois acidentes em sua juventude, fraturando o
fémur esquerdo aos doze anos e o direito aos catorze anos. Os
ossos mal soldados pararam de crescer e fizeram com que Henri não ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com pernas curtas de menino. Porém, o jovem não se deixou abater por tal infortúnio. Em seus longos períodos de cama, Toulouse-Lautrec fazia
desenhos e pintava
aguarelas, abrindo espaço para seu incrível talento que ainda se desfraldaria.
Aos dezasseis anos foi estudar pintura com
Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo depois foi estudar com
Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de
Montmartre, em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre trabalhadores,
prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.
Frequentador assíduo do
Moulin Rouge e outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem naquele ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boémia parisiense, que ele representava através de um desenho que lembra a espontaneidade do
desenho satírico de
Honoré Daumier, e uma
composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela
fotografia e as
gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural no fim do
século XIX.
Era atraído por Montmartre, uma área de Paris famosa pela boémia e por ser antro de artistas, escritores, filósofos. Escondido no coração de Montmartre estava o jardim de Pére Foret onde Toulouse-Lautrec pintou uma série de óleos sobre tela ao ar livre de Carmen Gaudin (a modelo ruiva que aparece no quadro "A Lavadeira", de 1888). Quando o
cabaret Moulin Rouge abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes. Posteriormente ele passou a ter assento cativo no
cabaret, onde suas pinturas eram expostas. Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o
Moulin Rouge e outras casas noturnas parisienses estão retratadas a cantora
Yvette Guilbert, a dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante
La Goulue (
"A Gulosa"), a qual criou o
cancan francês, e também a mais discreta dançarina
Jane Avril.
Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da
publicidade do
século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela
revolução industrial. O
cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o caminho de
Jules Chéret, assim como
Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou o
design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como
Art Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe baixa quanto por críticos de arte. Participa do
Salão dos Independentes em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
A sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o glamour. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente ele aplicava a tinta em uma estreita e longilínea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a "marca registada" de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Sua pinturas sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo. Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Ao invés de usar uma multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações delicados.
Em
1899, a vida desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram seu preço do artista. Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não volte a frequentar os bordéis, vigilância que ele consegue burlar. A sua saúde vai-se deteriorando cada vez mais, até que em
1901 não é mais capaz de viver sozinho. Henri despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.
Em 9 de setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre em consequência de um derrame nos braços de sua mãe, no Castelo de Malromé, perto de
Bordeaux, às duas horas e quinze minutos da manhã.
Encontra-se sepultado no
Cemitério de Verdelais, na
França.
Conde Alphonse de Toulouse Lautrec com seu falcão
Adèle de Toulouse-Lautrec, no pequeno-almoço, no Castelo Malromé (circa 1881–83)
As Duas Amigas (circa 1894–95)