terça-feira, junho 10, 2025

Com que voz...

 

Com que voz  


Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.

Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.

Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.

De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.




Luís de Camões

Música alusiva à data...

 


Pátria - Adriano Correia de Oliveira

Música: António Portugal
Letra: António Ferreira Guedes

 

A minha boca é um cravo
na tua boca desfeito
outro cravo é o coração
desfolhado no teu peito

O coração só desfolha
se lhe apodrece a raiz
triste destino o destino
da gente do meu país

A minha boca é um cravo
na tua boca desfeito
nascem cravos murcham cravos
desfolhados no teu peito

Amália canta Camões...

 

Erros meus, má fortuna, amor ardente
  
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
 
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
 
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
 
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
 
 
Luís de Camões  

Saudades de Ray Charles...

Zeca canta Camões...

 

Na fonte está Lianor
  
   
Mote
Na fonte está Lianor
Lavando a talha e chorando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá o meu amor?



Voltas
Posto o pensamento nele,
Porque a tudo o amor obriga,
Cantava, mas a cantiga
Eram suspiros por ele.
Nisto estava Lianor
O seu desejo enganando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá o meu amor?

O rosto sobre ua mão,
Os olhos no chão pregados,
Que, do chorar já cansados,
Algum descanso lhe dão.
Desta sorte Lianor
Suspende de quando em quando
Sua dor; e, em si tornando,
Mais pesada sente a dor.

Não deita dos olhos água,
Que não quer que a dor se abrande
Amor, porque, em mágoa grande,
Seca as lágrimas a mágoa.
Despois que de seu amor
Soube novas perguntando,
De improviso a vi chorando.
Olhai que extremos de dor! 


   
Luís de Camões

 

Lídice? Não esquecemos nem perdoamos...!


 

Canção de Lídice

 

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.

 


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

Portugal? Terra de poetas e terra que abandona poetas...


 

MAR PORTUGUÊS


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

 


in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

Poema alusivo à data...

 
 
A MINHA QUERIDA PÁTRIA 

a pátria 
os camões 
os aviões 
e os gagos-coutinhos 
coitadinhos 

a pátria 
e os mesmos 
aldrabões 
recém-chegados 
à democracia social 
era fatal 

a pátria 
novos camões 
na governança 
liderando 
as mesmas 
confusões 
continuando 
mesmo assim 
as velhas tradições 
de mau latim 
da Eneida 

enfim 
sabem que mais? 
pois 
vou da peida 

 

Mário-Henrique Leiria

Música para celebrar um Poeta...

 

Arrocachula - José Mário Branco

 

As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo reino que tanto sublimaram

As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo rеino que tanto sublimaram

Problema é que agora já conhеço
Todas as regras
Do novo jogo

E Verdade verdadinha
Já não é fácil
Ser-se músico

São as mesmíssimas palavras
Só os acentos
É que mudaram

O agudo é esdrúxulo
E o esdrúxulo
Agora é grave

Ai, as palavras estão em crise
E não é só pelo que elas querem dizer
E não é só pelo que elas querem dizer

Ai, as palavras têm raízes
E começam no som que eles estão a perder
E começam no som que eles estão a perder

La larai laraio
La larai laraio
La larai laraio

Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular
Arrocachula, arrocachula, arrocachula na espiral medular 

Portus Cale...!


Lusitânia


Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.
  
   
  

in Mar Novo (1958) - Sophia de Mello Breyner Andresen

Este pobre país mata os seus Poetas...

 

Camões e a tença
  
  
Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.
  
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.
  
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.
  
Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.
  
Este país te mata lentamente.


   
  
   

in Dual (1972) - Sophia de Mello Breyner Andresen  

Poesia adequada à data...

Motivos para morar em Portugal

 

LOA A PORTUGAL 

 

Dichosos los pueblos que aguardan aún el mediodía,
los que aún aran sus campos y muelen su centeno
y el pan recién cocido reparten en su mesa.
Dichosos los pueblos que zurcen el mar ola por ola
los que han hecho del mar su casa y su gobierno,
los que al acercarse al mar, le siguen ofrendando
frescas flores bermejas.
 

Manuel Moya 

 

NOTA: a tradução do poema, de Albino M. (do blog Rua das Pretas):


Loa a Portugal 


Ditosos os povos que aguardam ainda o meio-dia,
os que ainda lavram seus campos e moem seu centeio
e o pão fresco repartem em sua mesa.
Ditosos os povos que cosem o mar onda por onda,
os que fizeram do mar sua casa e seu governo,
os que ao abeirar-se do mar, continuam a ofertar-lhe
frescas flores vermelhas. 

João Gilberto nasceu há 94 anos...

    
João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (Juazeiro, Bahia, 10 de junho de 1931 - Rio de Janeiro, 6 de julho de 2019) foi um cantor, guitarrista e compositor brasileiro. Considerado um artista genial por musicólogos e jornalistas especializados, revolucionou a música brasileira ao criar uma nova batida de viola com influências do jazz para tocar samba: a "bossa nova". O jeito suave de cantar, influenciado pelo jazzista Chet Baker, também foi visto como inovador no Brasil. Para a revista Rolling Stone Brasil, foi um dos 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão e também o segundo maior artista brasileiro de todos os tempos, seguindo Tom Jobim (também músico e o compositor e arranjador dos maiores sucessos da carreira de João Gilberto).
Desde o lançamento do compacto que continha Chega de Saudade e Bim Bom, munido apenas da voz e do violão, começou uma revolução na música brasileira e na música mundial. Dono de uma sonoridade original e moderna até hoje, João Gilberto foi o artista que levou a música popular brasileira ao mundo, principalmente para os Estados Unidos, Europa e Japão. Tido como um dos maiores influenciadores do jazz americano no século XX, ganhou prémios importantes nos Estados Unidos e na Europa, como o Grammy, no meio da beatlemania.
      
 

Gaudí morreu há 99 anos...

   
Antoni Gaudí i Cornet (Reus ou Riudoms, 25 de junho de 1852 - Barcelona, 10 de junho de 1926) foi um famoso arquiteto catalão e figura de ponta do modernismo catalão. As obras de Gaudi revelam um estilo único e individual e estão em sua maioria na cidade de Barcelona.
Grande parte da obra de Gaudi é marcada pelas suas grandes paixões: arquitetura, natureza e religião. Gaudi dedicava atenção aos mais ínfimos detalhes de cada uma das suas obras, incorporando nelas uma série de ofícios que dominava: cerâmica, vitral, ferro forjado e marcenaria. Introduziu novas técnicas no tratamento de materiais, como o trencadís, realizado com base em fragmentos cerâmicos.
Depois de vários anos sob influência do neogótico e de técnicas orientais, Gaudi tornou-se parte do movimento modernista catalão, que atingiu o seu apogeu durante o final do século XIX e início do século XX. O conjunto da sua obra transcende o próprio movimento, culminando num estilo orgânico único inspirado na natureza. Gaudi raramente desenhava projetos detalhados, preferindo a criação de maquetes e modelava os detalhes à medida que os concebia.
A obra de Gaudi é amplamente reconhecida internacionalmente e objeto de inúmeros estudos, sendo apreciada não só por arquitetos como pelo público em geral. A sua obra-prima, a inacabada Sagrada Família, é um dos monumentos mais visitados de Espanha. Entre 1984 e 2005, sete das suas obras foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO. A devoção católica de Gaudi intensificou-se ao longo da sua vida e a sua obra é rica no imaginário religioso, o que levou que fosse proposta a sua beatificação.
   
Vida e obra
Os seus primeiros trabalhos possuem claras influências da arquitetura gótica (refletindo o revivalismo do século XIX) e da arquitetura catalã tradicional. Nos primeiros anos de sua carreira, Gaudí foi fortemente influenciado pelo arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, responsável em seu país por promover o retorno às formas góticas da arquitetura.
Com o tempo, entretanto, passou a adotar uma linguagem escultórica bastante pessoal, projetando edifícios com formas fantásticas e estruturas complexas. Algumas das suas obras-primas, mais notavelmente o Templo Expiatório da Sagrada Família possuem um poder quase alucinatório.
Gaudí é conhecido por fazer extenso uso do arco parabólico catenário, uma das formas mais comuns na natureza. Para tanto, possuía um método de trabalho incomum para a época, utilizando-se de modelos tridimensionais em escala moldados pela gravidade (Gaudí usava correntes metálicas presas pelas extremidades: quando elas ficavam estáveis, ele copiava a forma e reproduzia-as ao contrário, formando suas conhecidas cúpulas catenárias). Também se utilizou da técnica catalã tradicional do trencadis, que consiste de usar peças cerâmicas quebradas para compor superfícies.
Os seus primeiros trabalhos possuem claras influências da arquitetura gótica (refletindo o revivalismo do século XIX) e da arquitetura catalã tradicional. Nos primeiros anos de sua carreira, Gaudí foi fortemente influenciado pelo arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, responsável em seu país por promover o retorno às formas góticas da arquitetura.
   
(...)  
    
Em Barcelona a sua arquitetura assume foros de exceção, num ambiente essencialmente funcionalista de uma cidade de desenvolvimento industrial. Gaudí deixou-se influenciar por inúmeras tendências, não tendo nunca dedicado a sua arquitetura à cópia de um estilo determinado. Uma das mais fortes influências que recebeu foi a de Viollet-le-Duc através de quem conheceu parte do seu estilo gótico inspirador. Morreu aos 73 anos, vítima de atropelamento por um elétrico, no ano de 1926, numa avenida de Barcelona. Encontra-se sepultado no Templo Expiatório da Sagrada Família, Barcelona, Espanha.


Casa Milà (La Pedrera)
   
A Sagrada Família, igreja católica ainda inacabada, a obra-prima de Gaudí
    

O massacre de Lidice foi há 83 anos...

 
Poster da propaganda de guerra britânica sobre Lídice
  
Lídice (Lidice em língua checa, Liditz em alemão) é um pequena cidade da antiga Checoslováquia, hoje República Checa, famosa durante a Segunda Guerra Mundial quando foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães, a 10 de junho de 1942, como vingança pela morte de seu comandante e segunda maior autoridade nas SS nazis, Reinhard Heydrich.
  
Massacre e genocídio
Em 27 de maio de 1942, Heydrich, então designado como Protetor do Terceiro Reich na Boémia e Morávia, área ocupada pelas tropas nazis há m
ais de três anos, dirigia-se da vila onde morava para seu escritório no centro de Praga, capital do país. Numa esquina perto de seu local de destino, o carro em que viajava foi emboscado a tiros por dois integrantes da resistência checa, treinados na Inglaterra e lançados de para-quedas sobre a Checoslováquia. Atingido pelos tiros no atentado, o oficial da SS protegido de Himmler e Hitler e um dos mais cruéis da SS, um dos idealizadores da Solução Final, morreria uma semana depois, de infeção generalizada no hospital.
Enraivecido pela morte de um de seus seguidores mais leais, Hitler ordenou ao substituto de Heydrich que fizesse de tudo e não poupasse vidas para achar os responsáveis pela morte do oficial nazi e se vingar dos checos.
Seguiu-se uma retaliação sangrenta e generalizada das tropas nazis contra a população civil checa. Em 10 de junho, aconteceria aquela que se tornaria a mais tristemente famosa por sua crueldade. A pequena vila de Lídice, uma comunidade de mineiros, perto da capital, foi cercada pelas tropas nazis, impedindo a saída de seus moradores. Todos os habitantes de sexo masculino com mais de quinze anos foram separados de mulheres e crianças, colocados num celeiro e fuzilados em pequenos grupos no dia seguinte. As mulheres e crianças da cidade foram todas enviadas para o campo de concentração feminino de Ravensbruck, onde a grande maioria viria a morrer, de tifo e exaustão, pelos trabalhos forçados. Após o assassinato e o desterro de toda a população, a cidade inteira foi demolida com explosivos e deixada apenas em terra, aplainada por tratores. Os alemães espalharam grãos e cevada pelo chão de toda a área para transformá-la em pasto e riscaram-na dos mapas da Europa. Cerca de 340 habitantes de Lídice morreram no massacre alemão, 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças. Uma outra pequena aldeia, Lezaky, a este de Praga, também foi destruída e os seus habitantes executados.
A vingança alemã causou perto de 1500 mortes em toda a Checoslováquia e se estendeu a parentes e amigos de resistentes, integrantes da elite do país suspeitos de deslealdade. Lídice foi escolhida para o massacre por ser reconhecidamente uma vila hostil aos conquistadores e suspeita de ser ponto de reunião dos assassinos de Heydrich (que acabariam suicidando-se em Praga, quando estavam prestes a serem presos pela SS).
Diferente de outros crimes de guerra que os nazis cometiam na época e mantinham em segredo, a propaganda alemã fez questão de anunciar publicamente ao mundo os eventos de Lídice, como uma ameaça e um aviso à população cativa da Europa então ocupada pela Alemanha. A notícia causou uma onda de terror e indignação mundial e a propaganda britânica aproveitou o facto para alardear os crimes do III Reich e fez um filme sobre o genocídio, “A Vila Silenciosa”.
  

O local onde se situava a vila de Lídice, hoje um cemitério sagrado e um memorial nacional
  
Lídice hoje
Lídice tornou-se um símbolo da crueldade nazi durante a guerra e diversos países batizaram cidades e vilas com o seu nome, para que ela jamais fosse esquecida, como era a intenção de Adolf Hitler, inclusive no Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Mulheres nascidas no pós-guerra também foram batizadas com o nome de Lídice por seus pais.
Mesmo tendo sido totalmente apagada do mapa, Lídice foi novamente reconstruida e ampliada em 1949, a setecentos metros da área onde havia a vila destruída pelos nazis, mantida intocada, como um cemitério sagrado, e o terreno onde existiu é marcado apenas por um memorial - onde arde uma chama eterna - sendo um monumento nacional mantido pelo governo checo.
  

Hoje é dia de recordar os 81 anos do crime nazi de Oradour-sur-Glane...

Ruínas queimadas e carcaças de veículos no memorial intocado de Oradour-sur-Glane
    
Oradour-sur-Glane é uma comuna francesa, situada no departamento de Haute-Vienne, na região do Limousin.
A cidade tornou-se famosa por ter sido o local de um dos maiores massacres cometidos pelos soldados nazis das Waffen-SS durante a Segunda Guerra Mundial.
Dias após o desembarque das tropas aliadas na Normandia em 6 de junho de 1944, no que ficou conhecido como Dia D, tropas alemães estacionadas na França dirigiam-se aos locais de desembarque para travar combate com as forças aliadas. Uma delas, a 2ª Divisão Panzer SS Das Reich, da Waffen-SS, as tropas de combate de elite da SS, atravessava boa parte do país, em direção à costa, tendo sido diversas vezes fustigada no caminho por sabotagens e ações da resistência francesa, os maquis.
  
Massacre
Em 10 de junho de 1944, nas proximidades da vila de Oradour-sur-Glane, o comandante de um dos batalhões da divisão, Sturmbannführer Adolf Diekmann, comunicou aos seus oficiais subordinados que havia sido avisado por dois civis franceses da região que um oficial SS havia sido preso pelos guerrilheiros na cidade e seria executado e queimado publicamente nos próximos dias.
No começo da tarde, os pelotões da SS cercaram e fecharam a cidadezinha de Oradour e o comando convocou toda a população para a praça principal a fim de fazer uma verificação de documentos. Homens e mulheres foram separados, os homens levados a celeiros e garagens das redondezas e as mulheres e crianças fechadas na igreja do lugar.
Nos celeiros, onde os habitantes masculinos eram esperados por metralhadoras montadas em tripés, todos foram fuzilados e os celeiros queimados com os  seus corpos dentro. Dos 195 homens de Oradour presos, apenas cinco escaparam. Enquanto isso, outros SS atiraram tochas incendiárias para dentro da igreja, onde se encontravam fechadas as mulheres e crianças, causando um incêndio generalizado.
Os sobreviventes que tentavam escapar pelas janelas eram metralhados por soldados colocados em posição do lado de fora. Apenas uma mulher, Marguerite Rouffanche, conseguiu escapar entre as 452 mulheres e crianças que morreram carbonizadas na chacina, fugindo por um buraco de janela partido pelo fogo, sem ser percebida. Após a imolação, a tropa queimou a cidade até às fundações. No total, 642 habitantes de Oradour foram mortos pelas Waffen-SS em algumas horas, de um total de pouco mais de mil habitantes.
     

Dentro da igreja, conservada em ruínas, exatamente como ficou em 1944, 452 mulheres e crianças foram queimadas vivas pelas tropas das SS
     
Protestos
A barbárie causou uma onda de protestos dentro das próprias forças alemãs, incluindo o Marechal Erwin Rommel e o governo francês aliado dos nazis em Vichy, na França não-ocupada. O comando da divisão considerou que o comandante Dieckman havia extrapolado em muito as suas ordens - fazer 30 franceses de reféns e usá-los como moeda de troca pelo suposto oficial nazi prisioneiro - e abriu uma investigação judicial militar. Diekman não chegou a ser julgado, morrendo em combate, pouco dias depois do massacre, juntamente com a maior parte dos criminosos que destruíram Oradour-sur-Glane.
Após a guerra, o Presidente Charles De Gaulle decidiu que a cidade não seria reconstruida, permanecendo as suas ruínas como um memorial à crueldade da ocupação nazi na França. Em 1999. Jacques Chirac ergueu um centro da memória em Oradour, e nomeou oficialmente a vila como 'cidade-mártir'.
Assim como a sua cidade-irmã em martírio, Lídice, na Checoslováquia, a nova Oradour-sur-Glane é uma pequena comuna, de pouco mais de 2.000 habitantes, construída a pequena distância das ruínas silenciosas da cidade-mártir francesa da Segunda Guerra Mundial.
 
As ruínas tombadas e transformadas em memorial da cidade-mártir nos dias de hoje
      
Requiem por Oradour-sur-Glane
A tragédia de Oradour foi contada na televisão mundial em documentário na aclamada série da BBCinglesa, The World at War (O Mundo em Guerra) de 1974. Na voz de Laurence Olivier, o primeiro capítulo da série abre com imagens feitas de helicóptero sobre a cidade vazia e silenciosa e a narração grave:

Por esta estrada, num dia de verão de 1944, os soldados vieram. Ninguém vive aqui agora. Eles aqui ficaram por algumas horas. Quando eles se foram, a comunidade que existia há mil anos, havia morrido. Esta é Oradour-sur-Glane, na França. No dia em que os soldados vieram, a população foi reunida. Os homens foram levados para garagens e celeiros, as mulheres e crianças foram conduzidas por esta rua e trancadas dentro desta igreja. Aqui, elas escutaram os tiros que matavam seus homens. Então, elas foram mortas também. Algumas semanas depois, muitos daqueles que cometeram essas mortes, foram também mortos, em batalha.
Nunca reconstruiram Oradour. As suas ruínas são um memorial. O seu martírio soma-se a milhares e milhares de outros martírios na Polónia, na Rússia, em Burma, na China, em..... um Mundo em Guerra.         

Kim Deal nasceu há 64 anos

Kim Deal playing guitar onstage in 2018

 

Kimberley Ann Deal (Dayton, Ohio,  June 10, 1961) is an American musician. She was the original bassist and co-vocalist in the alternative rock band the Pixies from 1986 to 1993 and again from 2004 to 2013. She is the frontwoman of the Breeders, which she formed in 1989.

Deal joined the Pixies in January 1986, adopting the stage name Mrs. John Murphy for the albums Come on Pilgrim and Surfer Rosa. Following Doolittle and the Pixies' hiatus, she formed the Breeders with Tanya Donelly of Throwing Muses, Josephine Wiggs of the Perfect Disaster, and Britt Walford of Slint; following the band's debut album Pod, her twin sister Kelley Deal replaced Donelly.

The Pixies broke up in early 1993, and Deal returned her focus to the Breeders, who released the platinum-selling album Last Splash in 1993, featuring the popular single "Cannonball". In 1994, the Breeders went on hiatus after Kelley entered drug rehabilitation. During the band's hiatus, Deal adopted the stage name Tammy Ampersand and formed the short-lived rock band the Amps, recording a single album, Pacer, in 1995. After her own stint in drug rehabilitation, Deal eventually reformed the Breeders with a new line-up for two more albums, Title TK in 2002 and Mountain Battles in 2008. She returned to the Pixies when the band reunited in 2004.

In 2013, Deal left the Pixies to concentrate on the Breeders, after that band's most famous line-up reunited for a new series of tours celebrating the 20th anniversary of Last Splash. In 2018, the Breeders released their fifth album All Nerve, the first album to reunite the Deals, Wiggs, and Macpherson since Last Splash. In 2024, Deal released her debut solo album, Nobody Loves You More

 

in Wikipédia

 

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O baterista Jimmy Chamberlin comemora hoje 61 anos

Chamberlin performing with The Smashing Pumpkins in 2019

 

James Joseph Chamberlin (Joliet, Illinois, June 10, 1964) is an American drummer and record producer. Described as "one of the most powerful drummers in rock," he is best known as the drummer for the alternative rock band the Smashing Pumpkins. Following the 2000 breakup of the band, Chamberlin joined Pumpkins frontman Billy Corgan in the supergroup Zwan and also formed his own current group, the Jimmy Chamberlin Complex.

In late 2005, Chamberlin joined Corgan in reforming Smashing Pumpkins; he eventually left the group in March 2009, though he returned again in 2015 for a summer tour, and has officially performed with the band since then. Following guitarist Jeff Schroeder's departure in October 2023, Chamberlin is the band's second-longest serving member. He also performed in the group Skysaw until 2012 and joined Chicago jazz saxophonist Frank Catalano for a string of 2013–15 performances in the Chicago area. An EP by Catalano and Chamberlin Love Supreme Collective was released on July 29, 2014.

Chamberlin originally trained as a jazz drummer and cites jazz musicians Benny Goodman, Duke Ellington, Gene Krupa, and Buddy Rich, as well as rock drummers Keith Moon, Ian Paice, and John Bonham as major influences on his technique, and primarily strives for emotionally communicative playing. In 2008, Gigwise named Chamberlin the 5th best drummer of all time. In 2016, Rolling Stone ranked Jimmy Chamberlin 53 on their list of "100 Greatest Drummers Of All Time".

 

in Wikipédia

 

Camões morreu provavelmente há 445 anos...

Capturarmoedalc.jpg

(imagem daqui)

      
 

Camões dirige-se aos seus contemporâneos
    
Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.
    
     


Jorge de Sena

O realizador Rainer Werner Fassbinder morreu há 43 anos...

   
Rainer Werner Fassbinder (Bad Wörishofen, 31 de maio de 1945 - Munique, 10 de junho de 1982) foi um diretor de cinema e ator alemão, um dos mais importantes representantes do dito Novo Cinema Alemão.