Nova teoria desafia tudo o que sabemos sobre a origem da Lua
Uma nova pesquisa desafia a hipótese dominante, que defende
que a Lua se formou a partir de material ejetado após o choque da Terra
com um antigo planeta hipotético chamado Theia.
Um estudo recente disponível em pré-publicação pôs em causa a teoria dominante de que a Lua se formou a partir de material ejetado quando um objeto da dimensão de Marte, Theia, colidiu com a proto-Terra.
Esta hipótese tem sido amplamente aceite na ciência planetária, mas a
nova investigação sugere que a Lua pode ter a mesma idade da Terra, em
vez de ser algumas centenas de milhões de anos mais nova, como se
pensava anteriormente.
A hipótese Theia ganhou força devido à necessidade de explicar o facto de a Lua da Terra ser invulgarmente grande
em comparação com outros planetas do Sistema Solar. A maioria dos
planetas interiores, como Vénus, não tem luas, e as luas de Marte são
minúsculas em comparação, escreve o IFLScience.
A lua da Terra, com um tamanho relativamente próximo do planeta, é
excecional, levando a especulações sobre a sua formação. A existência de
um satélite tão grande pode ter sido crucial para o desenvolvimento de
vida complexa na Terra, estabilizando o clima e a inclinação axial do
planeta.
Um elemento chave da hipótese de Theia é a expectativa de que a Terra e a Lua teriam diferenças subtis de composição. Se Theia se formou noutro local do Sistema Solar, a sua composição isotópica deveria ser ligeiramente diferente da da Terra.
No entanto, o investigadores descobriram que a Terra e a Lua têm uma
composição surpreendentemente semelhante, especialmente nos seus
isótopos de oxigénio, crómio e titânio.
O estudo revelou que as rochas lunares partilham rácios isotópicos
quase idênticos aos do manto da Terra, desafiando a ideia de que Theia
introduziu uma assinatura isotópica única.
A principal diferença entre os dois corpos é a quantidade de ferro,
com a Lua a conter significativamente menos (7,5% em comparação com os
33% em peso da Terra). Os modelos anteriores esforçaram-se por explicar
esta mistura de semelhanças e diferenças sob a hipótese de Theia.
Os investigadores analisaram 70 elementos em rochas lunares e
descobriram que os elementos mais propensos a transformarem-se em gás
estavam em falta na Lua, provavelmente devido à sua menor gravidade.
Os elementos que se vaporizam a temperaturas superiores a 1130°C
permaneceram em quantidades semelhantes nos dois corpos. Isto sugere que
a Lua e a Terra se formaram a partir do mesmo material, sendo o núcleo mais pequeno da Lua responsável por outras variações.
Os autores propõem que a Terra e a Lua podem ter-se formado
independentemente, mas a partir de material da mesma região do Sistema
Solar.
Esta teoria contrasta com a hipótese prevalecente de Theia, que
postula um impacto cataclísmico. No entanto, levanta novas questões
sobre como é que ambos os corpos acabaram por ter composições tão
semelhantes.
in ZAP