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sábado, novembro 09, 2024

Carl Sagan nasceu há noventa anos...


Carl Edward Sagan (Nova Iorque, 9 de novembro de 1934 - Seattle, 20 de dezembro de 1996) foi um cientista e astrónomo dos Estados Unidos.

Em 1960, obteve o título de doutor pela Universidade de Chicago. Dedicou-se à pesquisa e à divulgação da astronomia, tal como ao estudo da chamada exobiologia. Morreu aos 62 anos, de cancro, no Centro de Pesquisas do Cancro Fred Hutchinson, depois de uma batalha de dois anos com uma rara e grave doença na medula óssea (mielodisplasia).
 
Obra
Com a sua formação multidisciplinar, Sagan foi o autor de obras como Cosmos (que foi transformada numa premiada série de televisão), Os Dragões do Éden (pelo qual recebeu o prémio Pulitzer de Literatura), O Romance da Ciência, Pálido Ponto Azul e Um Mundo Infestado de Demónios.
Escreveu ainda o romance de ficção científica Contacto, que foi levado para o cinema, posteriormente à sua morte. A sua última obra, Biliões e Biliões, foi publicada postumamente pela sua esposa e colaboradora, Ann Druyan, e consiste, fundamentalmente, numa compilação de artigos inéditos escritos por Sagan, tendo um capítulo sido escrito por ele enquanto se encontrava no hospital. Recentemente foi publicado no Brasil mais um livro sobre Sagan, Variedades da experiência científica: Uma visão pessoal da busca por Deus, que é uma coletânea das suas palestras sobre teologia natural.
Isaac Asimov descreveu Sagan como uma das duas pessoas que ele encontrou cujo intelecto ultrapassava o dele próprio. O outro, disse ele, foi o cientista de computadores e perito em inteligência artificial Marvin Minsky.
Foi professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e professor visitante no Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Criou a Sociedade Planetária e promoveu o SETI.
 
Trabalho científico
Carl Sagan teve um papel significativo no programa espacial americano desde o seu início. Foi consultor e conselheiro da NASA desde os anos 50, trabalhou com os astronautas do Projeto Apollo antes das suas idas à Lua, e chefiou os projetos da Mariner e Viking, pioneiras na exploração do sistema solar e que permitiram obter importantes informações sobre Vénus e Marte. Participou também das missões Voyager e da sonda Galileu. Foi decisivo na explicação do efeito de estufa em Vénus e a descoberta das altas temperaturas do planeta, na explicação das mudanças sazonais da atmosfera de Marte e na descoberta das moléculas orgânicas em Titã, satélite de Saturno. Também foi um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos ao apresentar a série Cosmos em 1980.
 
Prémios
Recebeu diversos prémios e homenagens de diversos centros de pesquisas e entidades ligadas à astronomia, inclusive o maior prémio científico das Américas, o prémio da Academia Nacional de Ciências (no caso, o Public Welfare Medal). Recebeu também 22 títulos honoris causa de universidades americanas, medalhas da NASA por excecionais feitos científicos, por feitos no Programa Apollo e duas vezes a distinção por Serviços Públicos, bem como o Prémio de Astronáutica John F. Kennedy da Sociedade Astronáutica Norte-Americana, o Prémio de Beneficência Pública por “distintas contribuições para o bem estar da humanidade”, o Medalha Tsiolkovsky da Federação Cosmonáutica Soviética, o Prémio Masursky da Sociedade Astronómica Norte-Americana, o prémio Pulitzer de literatura, em 1978, pelo seu livro Os Dragões do Éden e o prémio Emmy, pela sua série Cosmos. Em sua homenagem, o asteróide 2709 Sagan ficou com o seu nome.
  
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quarta-feira, outubro 23, 2024

Há novidades sobre a origem dos meteoritos...

Finalmente sabemos de onde veio a maioria dos meteoritos da Terra

 

 

Até agora, apenas uma pequena fração dos meteoritos que aterram na Terra tinha sido firmemente ligada ao seu corpo progenitor no espaço - mas um conjunto de novos estudos acaba de nos dar evidências convincentes da origem de mais de 90% dos meteoritos atuais.

Segundo o Science Alert, as análises anteriores de meteoritos que atingem o nosso planeta sugerem algum tipo de origem partilhada. São feitos de materiais muito semelhantes e foram cozidos por radiação cósmica durante um período de tempo suspeitosamente curto, sugerindo uma separação relativamente recente de corpos progenitores partilhados.

As equipas responsáveis por três novos artigos, publicados em setembro na Astronomy and Astrophysics [artigo 1], e em outubro na Nature [artigo 2, artigo 3] e utilizaram uma combinação de observações telescópicas muito detalhadas e simulações de modelos informáticos para comparar asteroides no espaço com meteoritos recuperados na Terra, fazendo corresponder os tipos de rocha e as trajetórias orbitais entre os dois.

Liderados por investigadores do Centro Nacional Francês de Investigação Científica, do Observatório Europeu do Sul e da Universidade Charles, na República Checa, os estudos centraram-se nos condritos H (alto teor de ferro) e L (baixo teor de ferro), o tipo mais comum, que representa cerca de 70% dos meteoritos.

São assim designados porque são constituídos por pequenas partículas chamadas côndrulos, causadas pelo arrefecimento rápido da rocha fundida.

Os investigadores determinaram que estes meteoritos condritos H e L chegaram ao nosso planeta vindos de três famílias de asteroides chamadas Massalia, Karin e Koronis, todas localizadas na cintura principal de asteroides entre Marte e Júpiter.

Uma equipa de estudo conseguiu também atribuir datas a colisões notáveis nestas famílias de asteroides, causando novas cascatas de rocha que acabariam por chegar à Terra.

Massalia sofreu colisões importantes há 466 milhões de anos e há 40 milhões de anos, enquanto as famílias Karin e Koronis sofreram colisões há cerca de 5,8 e 7,6 milhões de anos, respetivamente.

“As provas de apoio incluem a existência de bandas de poeira associadas, as idades de exposição aos raios cósmicos dos meteoritos de condrito H e a distribuição das órbitas pré-atmosféricas dos meteoritos”, escrevem os autores.

Isto significa que a maioria dos meteoritos que atingem a Terra atualmente provêm de menos grupos de asteroides do que seria de esperar - e também de eventos de colisão mais recentes. Esses eventos de colisão (relativamente) recentes explicam a aterragem dos meteoritos na era atual.


Segundo a equipa, isto é parcialmente explicado pelo ciclo de vida das famílias de asteroides. Os eventos de colisão vividos por estas famílias de asteroides conduzem a um grande número de fragmentos de asteroides mais pequenos, o que aumenta as suas hipóteses de novas colisões e de se libertarem da cintura de asteroides.

Os investigadores também analisaram outros meteoritos menos comuns para além dos condritos H e L, aumentando o número de meteoritos contabilizados para mais de 90%. Estes foram atribuídos a famílias de asteroides, incluindo Veritas, Polana e Eos.

 

in ZAP

domingo, outubro 06, 2024

Há ideias novas sobre a formação da Lua

Nova teoria desafia tudo o que sabemos sobre a origem da Lua

 

superlua azul

 

Uma nova pesquisa desafia a hipótese dominante, que defende que a Lua se formou a partir de material ejetado após o choque da Terra com um antigo planeta hipotético chamado Theia.

Um estudo recente disponível em pré-publicação pôs em causa a teoria dominante de que a Lua se formou a partir de material ejetado quando um objeto da dimensão de Marte, Theia, colidiu com a proto-Terra.

Esta hipótese tem sido amplamente aceite na ciência planetária, mas a nova investigação sugere que a Lua pode ter a mesma idade da Terra, em vez de ser algumas centenas de milhões de anos mais nova, como se pensava anteriormente.

A hipótese Theia ganhou força devido à necessidade de explicar o facto de a Lua da Terra ser invulgarmente grande em comparação com outros planetas do Sistema Solar. A maioria dos planetas interiores, como Vénus, não tem luas, e as luas de Marte são minúsculas em comparação, escreve o IFLScience.

A lua da Terra, com um tamanho relativamente próximo do planeta, é excecional, levando a especulações sobre a sua formação. A existência de um satélite tão grande pode ter sido crucial para o desenvolvimento de vida complexa na Terra, estabilizando o clima e a inclinação axial do planeta.

Um elemento chave da hipótese de Theia é a expectativa de que a Terra e a Lua teriam diferenças subtis de composição. Se Theia se formou noutro local do Sistema Solar, a sua composição isotópica deveria ser ligeiramente diferente da da Terra.

No entanto, o investigadores descobriram que a Terra e a Lua têm uma composição surpreendentemente semelhante, especialmente nos seus isótopos de oxigénio, crómio e titânio.

O estudo revelou que as rochas lunares partilham rácios isotópicos quase idênticos aos do manto da Terra, desafiando a ideia de que Theia introduziu uma assinatura isotópica única.

A principal diferença entre os dois corpos é a quantidade de ferro, com a Lua a conter significativamente menos (7,5% em comparação com os 33% em peso da Terra). Os modelos anteriores esforçaram-se por explicar esta mistura de semelhanças e diferenças sob a hipótese de Theia.

Os investigadores analisaram 70 elementos em rochas lunares e descobriram que os elementos mais propensos a transformarem-se em gás estavam em falta na Lua, provavelmente devido à sua menor gravidade.

Os elementos que se vaporizam a temperaturas superiores a 1130°C permaneceram em quantidades semelhantes nos dois corpos. Isto sugere que a Lua e a Terra se formaram a partir do mesmo material, sendo o núcleo mais pequeno da Lua responsável por outras variações.

Os autores propõem que a Terra e a Lua podem ter-se formado independentemente, mas a partir de material da mesma região do Sistema Solar.

Esta teoria contrasta com a hipótese prevalecente de Theia, que postula um impacto cataclísmico. No entanto, levanta novas questões sobre como é que ambos os corpos acabaram por ter composições tão semelhantes.

 

in ZAP

quarta-feira, setembro 11, 2024

As coisas que os asteroides fazem...

Um gigantesco impacto de asteroide deslocou o eixo da maior lua do Sistema Solar

 

 

Ganimedes e Júpiter

 

Há cerca de quatro mil milhões de anos, um asteroide atingiu Ganimedes, uma lua de Júpiter. Agora, uma equipa de cientistas descobriu que o eixo da maior lua do Sistema Solar mudou depois desse impacto.

Ganimedes é a maior lua do Sistema Solar e tem algumas características que a tornam um objeto de estudo bastante interessante. Esta lua tem depressões tectónicas, conhecidas como sulcos, que formam círculos concêntricos em torno de um ponto específico, que levou os cientistas a concluir, na década de 80, que são o resultado de um grande evento de impacto.

“As luas de Júpiter Io, Europa, Ganimedes e Calisto têm características individuais interessantes, mas o que me chamou a atenção foram os sulcos em Ganimedes”, referiu o investigador Hirata Naoyuki, citado pelo EurekAlert.

“Sabemos que os sulcos foram criados por um impacto de asteroide há cerca de quatro mil milhões de anos, mas não tínhamos a certeza da dimensão do impacto, nem que efeito teve na lua”, acrescentou.

Como os dados são escassos, a pesquisa foi muito difícil, mas Hirata percebeu desde cedo que a suposta localização do impacto é quase no meridiano mais distante de Júpiter.

Baseando-se nas semelhanças com um evento de impacto em Plutão, que fez com que o eixo de rotação do planeta anão mudasse, e com base nas várias simulações que fez de eventos de impacto em luas e asteroides, o cientista calculou que tipo de impacto poderia ter causado essa reorientação.

Foi então que a sua equipa, da Universidade de Kobe, no Japão, descobriu que o asteroide que alterou o eixo de Ganimedes era cerca de 20 vezes maior do que aquele que encerrou a era dos dinossauros na Terra, causando um dos maiores impactos no Sistema Solar.

De acordo com o artigo científico, publicado na Scientific Reports, o asteroide tinha um diâmetro estimado de cerca de 300 quilómetros e criou uma cratera transitória com um diâmetro entre 1.400 e 1.600 quilómetros.

As simulações indicam que só um impacto desta dimensão tornaria provável que a mudança na distribuição de massa pudesse fazer com que o eixo de rotação da lua mudasse para a sua posição atual.

“Quero entender a origem e a evolução de Ganimedes e de outras luas de Júpiter. Este impacto gigante deve ter causado alterações significativas na evolução inicial de Ganimedes, mas os efeitos térmicos e estruturais no interior de Ganimedes ainda não foram investigados”, rematou Hirata, com um mote para uma investigação futura.

 

in ZAP

sexta-feira, agosto 30, 2024

Novidades sobre os meteoritos marcianos encontrados na Terra...

Descoberta origem dos 200 meteoritos que chegaram à Terra vindos de Marte

 

 

Mosaico do hemisfério Valles Marineris de Marte projetado de modo semelhante à que se veria a partir de uma nave espacial

 

Os investigadores identificaram os locais específicos de onde a maioria dos cerca de 200 meteoritos marcianos provém.

Uma equipa de investigadores rastreou os meteoritos que chegaram à Terra provenientes de Marte até 5 crateras de impacto em duas regiões vulcânicas do Planeta Vermelho, chamadas Tharsis e Elysium.

O seu estudo foi publicado a semana passada na revista Science Advances.

Os meteoritos marcianos chegam à Terra quando algo atinge a superfície de Marte com força suficiente para que o material seja “projetado da superfície e acelerado suficientemente depressa para escapar à gravidade de Marte”, explica Chris Herd, curador da Coleção de Meteoritos da Universidade de Alberta e professor na sua Faculdade de Ciências.

Este material ejetado é lançado para o espaço, acaba por entrar numa órbita à volta do Sol e parte eventualmente cai no nosso planeta sob a forma de meteoritos. A colisão deixa uma cratera de impacto na superfície de Marte. Isto aconteceu 10 vezes na história recente de Marte.

“Pensamos ter encontrado as crateras de origem de metade dos 10 grupos de meteoritos marcianos”, diz Herd.

Segundo o autor principal do estudo, a compreensão melhorada dos cientistas acerca da física de exatamente como as rochas são ejetadas de Marte foi fundamental para esta descoberta.

As descobertas deste estudo são um passo para desvendar os mistérios de Marte, uma vez que as tentativas anteriores para determinar as fontes exatas dos meteoritos marcianos tiveram um sucesso limitado.

“Agora, podemos agrupar estes meteoritos pela sua história comum e pela sua localização na superfície antes de chegarem à Terra”, diz Herd.

Mais conhecimento sobre como e onde em Marte estes meteoritos tiveram origem dá-nos uma visão adicional sobre as amostras que já temos na Terra.

A capacidade de contextualizar e posicionar estas amostras dentro da geologia marciana pela primeira vez “permitirá a recalibração da cronologia de Marte, com implicações para o tempo, duração e natureza de uma vasta gama de grandes eventos ao longo da história marciana”, dizem os investigadores.

“Um dos maiores avanços aqui é ser capaz de modelar o processo de ejeção e, a partir desse processo, ser capaz de determinar o tamanho da cratera ou a gama de tamanhos de crateras que, em última análise, poderiam ter ejetado esse grupo particular de meteoritos, ou mesmo um meteorito em particular”, diz Herd.

Chamo a isso o elo perdido – ser capaz de dizer, por exemplo, que as condições em que este meteorito foi ejetado foram satisfeitas por um evento de impacto que produziu crateras entre 10 e 30 quilómetros de diâmetro.”

   

Representação artística da física envolvida na ‘entrega’ de um meteorito marciano à Terra

 

O conhecimento sobre a origem dos meteoritos, combinado com os avanços da tecnologia, como a deteção remota, dá aos investigadores uma estrutura sobre a qual se podem basear.

Herd diz que também podemos restringir os potenciais locais em Marte que são a origem de meteoritos que ainda temos de investigar. Para isso, precisamos de certos pormenores sobre quando e como um meteorito foi lançado de Marte e que idade tinha quando cristalizou na superfície do planeta, explica Herd.

“De todas estas crateras potenciais, podemos reduzi-las a 15, e depois, das 15, podemos reduzi-las ainda mais com base em características específicas dos meteoritos. Talvez possamos até reconstruir a estratigrafia vulcânica, a posição de todas estas rochas, antes de terem sido expulsas da superfície”, diz Herd.

A estratigrafia é o registo geológico de um planeta, composto por camadas de rochas sedimentares ou, como neste caso, vulcânicas. É análoga a um livro, onde as camadas de rocha são páginas, e a partir delas os cientistas podem procurar pistas sobre ambientes passados no planeta.

“Quando refletimos nisto, é realmente espantoso“, diz Herd. “É o passo mais próximo que podemos ter sem ir a Marte e apanhar uma rocha”.

Quanto à forma de confirmar que uma determinada amostra de meteorito encontrada na Terra é de facto de Marte, Herd explica que, na década de 1980, os cientistas descobriram que “há uma assinatura, uma impressão digital da atmosfera marciana, que está presa dentro destas rochas”.

Essa impressão digital inclui uma combinação específica de gases aprisionados na rocha que correspondem aos gases da atmosfera de Marte medidos pelos ‘landers’ Viking na década de 1970.

Com este quadro em posição, é provável que haja mais descobertas a fazer, uma vez que existem várias crateras, no âmbito do estudo, das quais não foram identificados meteoritos marcianos conhecidos.

Embora possa ser porque não ejetaram qualquer material para o espaço, Herd diz que há também uma possibilidade real de que os meteoritos desses eventos de ejeção específicos ainda não tenham chegado à Terra, ou ainda não tenham sido encontrados.

“A ideia de pegar num grupo de meteoritos que foram todos lançados ao mesmo tempo e depois fazer estudos específicos sobre eles para determinar onde estavam antes de serem ejetados – para mim, esse é o mais excitante próximo passo”, diz Herd. “Isto vai mudar fundamentalmente a forma como estudamos os meteoritos de Marte”.

 

in ZAP/CCVAlg

O astrónomo Fred Whipple morreu há vinte anos...

 
Fred Lawrence Whipple
(Red Oak, 5 de novembro de 1906 - Cambridge (Massachusetts), 30 de agosto de 2004) foi um astrónomo norte-americano.
Nasceu em 1906 em Red Oak, numa quinta do estado norte-americano de Iowa. Formou-se na Universidade da Califórnia.
Participou do grupo que determinou a órbita do planeta Plutão, então recém-descoberto, quando fazia o doutoramento na Universidade da Califórnia, Berkeley.
Whipple trabalhou na Universidade de Harvard de 1931 até 1977. Dirigiu o Observatório Astrofísico do Instituto Smithsonian (Smithsonian Astrophysical Observatory) de 1955 até 1973.
Utilizando em 1930 de um novo método de fotografar cometas, Whipple conseguia determinar as trajetórias dos cometas com maior precisão, concluindo que todos os cometas que havia observado eram constituídos de material frágil.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Whipple inventou um esquema para enganar os radares dos alemães. Aviões aliados lançavam centenas de fragmentos de papéis de alumínio, dando a falsa impressão que o número de aviões aliados fosse muito maior.
No ano de 1950 Whipple apresentou a ideia de que o núcleo dos cometas era uma bola de gelo impregnadas de fragmentos de rochas e de areia (dirty snowball).
Ele afirmou que as cores dos cometas eram derivadas das camadas de rochas e areia que compunham as bolas de gelo. Este material que estava congelado no núcleo dos cometas, que, ao se aproximarem do Sol, aqueciam e vaporizavam parte do cometa.
Ele também teorizou que a formação da cauda dos cometas era decorrente de partículas que eram originadas de reservatórios congelados no núcleo do cometa.
A suas teorias foram confirmadas em 1986, quando a sonda Giotto, da ESA, Agência Espacial Europeia (European Space Agency) observou a passagem do cometa Halley.
Whipple jubilou-se na Universidade de Harvard em 1977, embora continuasse a participar na vida académica, indo à universidade de bicicleta, isto até aos 90 anos de idade. Na matrícula do seu automóvel podia ler-se a palavra "COMETS."
Fred Whipple faleceu no hospital de Cambridge, em 30 de agosto de 2004, aos 97 anos.
  
    

quinta-feira, julho 18, 2024

Há novidades sobre Titã...

Novos detalhes sobre os mares de hidrocarbonetos da lua Titã 

 

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A lua Titã exibe mares líquidos à superfície, compostos azoto, metano e etano. A nova análise baseia-se em dados recolhidos pela sonda Cassini, entre 2004 e 2017.

 A sonda Cassini da NASA, que explorou Saturno e as suas luas geladas, incluindo a majestosa Titã, terminou a sua missão com um mergulho mortal no planeta gigante com anéis em 2017. Mas alguns dos volumosos dados recolhidos pela Cassini durante os seus 13 anos de observação do sistema saturniano só agora estão a ser totalmente examinados.

As observações de radar da sonda Cassini estão a fornecer novos e intrigantes detalhes sobre os mares de hidrocarbonetos líquidos na superfície de Titã, a segunda maior lua do nosso sistema solar e um local de interesse na procura de vida para além da Terra.

Titã, envolto numa névoa laranja semelhante a smog, é o único mundo conhecido, para além da Terra, que exibe mares líquidos à superfície, embora não sejam compostos por água, mas sim por azoto e pelos compostos orgânicos metano e etano, componentes do gás natural.

O estudo envolveu três mares perto do polo Norte de Titã: Kraken Mare, o maior, cobrindo uma área comparável ao mar Cáspio na Eurásia; Ligeia Mare, o segundo maior e comparável em área ao Lago Superior (o maior dos cinco Grandes lagos, na América do Norte); e Punga Mare, aproximadamente equivalente ao lago Vitória em África.

Verificou-se que a composição química destes mares – ​ricos em metano e etano – varia consoante a latitude. O estudo também documentou a extensão e a distribuição das ondulações à superfície dos mares, indicando correntes de maré ativas e uma maior espessura perto dos estuários a foz dos rios.

 

Chuva de metano

Titã, com 5150 quilómetros de diâmetro, é a segunda maior lua do nosso sistema solar, atrás de Ganimedes, de Júpiter, e é maior do que o planeta Mercúrio. Titã e a Terra são os únicos mundos no sistema solar onde os líquidos chovem das nuvens, fluem como rios para os mares e lagos na superfície e evaporam-se de volta para o céu para recomeçar o processo hidrológico.

Na Terra, a água chove das nuvens. Em Titã, as nuvens lançam metano que, na Terra, é um gás em forma líquida devido ao clima gelado.

“Titã é realmente um mundo semelhante à Terra, com um conjunto diversificado de morfologias de superfície muito familiares, moldadas por um sistema hidrológico à base de metano que opera numa densa atmosfera de azoto”, disse o cientista planetário Valerio Poggiali, engenheiro da Universidade de Cornell (EUA) e autor principal do estudo publicado agora na revista Nature Communications.

“Os mares e os lagos de hidrocarbonetos líquidos pontuam a superfície das regiões polares, especialmente a setentrional, e os canais alimentados pela precipitação fluem para esses mares, criando estuários e, nalguns casos, deltas”, acrescentou Valerio ​Poggiali.

 

Ilustração artística da superfície de Titã com lagos de hidrocarbonetos


Os dados da sonda Cassini indicaram que os rios transportam metano líquido puro, que depois se mistura com os líquidos mais ricos em etano destes mares, tal como a água doce dos rios da Terra se mistura com a água salgada dos oceanos.

“Os mares de Titã são puxados pela enorme gravidade de Saturno, tal como os nossos mares [que sofrem a força gravitacional da Lua e do Sol], e a amplitude das marés em algumas das suas linhas costeiras é de cerca de 30 centímetros”, começa por explicar Ralph Lorenz, cientista planetário do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (EUA), e também um dos autores do estudo. “Como o período de maré – o dia de Titã – é longo, 16 dias terrestres, o ciclo de maré é lento, pelo que as correntes de maré são geralmente fracas.”

O estudo utilizou dados de radar “​biestático” ​recolhidos durante as passagens da Cassini por Titã, três em 2014 e uma em 2016. A Cassini apontou um feixe de rádio a alvos na superfície de Titã, que depois o refletiu para uma antena recetora na Terra. Isto forneceu mais informação sobre a composição da superfície refletida e a sua rugosidade do que o vulgar radar “​monostático” (convencional) da Cassini, que reflete um sinal de rádio num alvo e volta ao ponto de origem.

“Este é provavelmente o último conjunto de dados inexplorados que a sonda Cassini nos deixou”, referiu Valerio Poggiali.

Titã possui ambientes com condições consideradas potencialmente adequadas para a vida. Por exemplo, Titã parece ter um vasto oceano subsuperficial de água líquida.

“Será que na atmosfera de Titã se produzem moléculas orgânicas pesadas de natureza pré-biótica?”, perguntou Valerio Poggiali, referindo-se à química que poderia levar à formação de vida. “Será que todo este material orgânico alguma vez esteve em contacto com água líquida? Acreditamos que interações semelhantes poderiam ter levado à origem da vida no nosso planeta, com a geração de moléculas capazes de produzir energia ou armazenar informação.”

in Público

quinta-feira, julho 04, 2024

A sonda Mars Pathfinder (com a mini-sonda Sojourner...) poisou em Marte há 27 anos

Pathfinder e Sojourner no JPL (Jet Propulsion Laboratory) em outubro de 1996
    
A Mars Pathfinder foi uma missão espacial norte-americana lançada em meados de 1996 que tinha como objetivo principal enviar um robô para a superfície de Marte a fim de estudar melhor o planeta.
A Pathfinder (nave-mãe e módulo de aterragem) usou um método inovador para entrar diretamente na atmosfera de Marte, auxiliado por um para-quedas supersónico, que reduziu a sua velocidade de descida, e um conjunto de 24 airbags laterais para diminuir o impacto com o solo.
A aterragem foi em 4 de julho de 1997, na planície de Ares Vallis, no hemisfério norte de Marte. O local exato do aterragem foi batizado de "Memorial Carl Sagan", em homenagem ao grande cientista e divulgador Carl Sagan (1934 - 1996).
O robô explorador Sojourner passeou pela superfície de Marte, recolhendo informações durante mais de um mês terrestre, no total foram obtidas 16.500 fotos a partir do módulo de aterragem e 550 imagens do Sojourner.
A missão Mars Pathfinder foi a segunda missão do programa de exploração espacial da NASA denominado de Programa Discovery, um programa científico que estabeleceu metas para o desenvolvimento de missões de baixo custo para a pesquisa espacial.
     

Sojourner
      
in Wikipédia

sexta-feira, maio 10, 2024

O passado geológico de Marte continua a surpreender-nos...

Intrigante: descoberto em Marte antigo ambiente habitável, parecido com o da Terra

 

A sonda norte-americana Curiosity

 

A sonda Curiosity foi essencial para encontrar manganésio em rochas. É um ambiente em Marte que sugere que tinha condições habitáveis, noutros tempos.

A sonda Curiosity da NASA encontrou altos níveis de manganésio em rochas do leito de um antigo lago dentro da Cratera Gale em Marte.

Esta nova descoberta sugere que, em Marte, houve ambiente semelhante ao da Terra, com condições habitáveis.

“É difícil para o óxido de manganésio se formar na superfície de Marte, por isso não esperávamos encontrá-lo em concentrações tão altas num depósito da costa”, diz o autor principal do estudo, Patrick Gasda.

Na Terra é habitual encontrar estes depósitos, porque há muito oxigénio na atmosfera, produzido pela vida fotossintética e por micróbios, que contribuem para acelerar as reações de oxidação do manganésio.

Essa substância foi uma fonte útil de energia - se houve vida no planeta. “Em Marte, não temos evidências de vida, e o mecanismo para produzir oxigénio na antiga atmosfera do planeta não está claro”.

“Por isso, é realmente intrigante ver que o óxido de manganésio foi formado e concentrado aqui”, comentou Gasda, citado no EurekAlert!.

Esta descoberta sugere que houve “processos maiores a ocorrer na atmosfera de Marte ou na água da superfície, e mostra que é preciso mais trabalho para entender a oxidação em Marte”.

Esta descoberta foi conseguida pela ChemCam da sonda Curiosity. A câmara usa um laser para formar um plasma na superfície de uma rocha e recolhe essa luz para quantificar a sua composição elementar.

Ao analisarem as rochas sedimentares, os cientistas encontraram uma mistura de areias, limos e lamas.

Como as rochas arenosas são mais porosas, a água subterrânea flui mais facilmente do que nas lamas.

Os investigadores acreditam que o manganésio concentrou-se naquelas areias devido à infiltração da água ao longo da costa do lago ou na entrada de um delta.

 

in ZAP

domingo, maio 05, 2024

A complicação que foram os primeiros tempos do sistema solar...

A Terra tem uma Lua graças a… Júpiter

 

 

Durante a “grande instabilidade planetária”, o maior planeta do nosso Sistema Solar pode ter tido uma mão na monumental colisão que se acredita ter criado a nossa Lua, verificou um estudo recente.

A monumental colisão que se acredita ter criado a Lua - um acontecimento cósmico que terá ocorrido entre 60 e 100 milhões de anos após o início do Sistema Solar - pode estar de mãos dadas com a “grande instabilidade planetária”, um grande evento que deixou Júpiter, bem como outros gigantes gasosos, a vaguear caoticamente pelo Sistema Solar.

Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar, poderá ter desempenhado um papel fundamental na formação da nossa lua, conclui um estudo publicado a 16 de abril na revista Science.

Historicamente, a grande instabilidade viu os gigantes gasosos, especialmente Júpiter, migrarem das suas posições originais, o que levou a perturbações orbitais significativas em todo o Sistema Solar. Esta migração está intimamente ligada a uma série de eventos cósmicos, incluindo aquele que provavelmente causou a formação da lua da Terra.

A nova hipótese sugere que os movimentos de Júpiter desestabilizaram a órbita de Theia, um protoplaneta do tamanho de Marte. Os investigadores acreditam que esta desestabilização precipitou a colisão de Theia com a Terra, lançando os detritos que eventualmente se aglutinaram para formar o nosso satélite natural.

A teoria é apoiada por estudos que ilustram as composições e origens de asteroides e cometas, que sugerem que o sistema solar primitivo foi um cenário de considerável tumulto, influenciado em grande parte pelas trajetórias migratórias dos planetas gigantes.

O enigma de como estes corpos celestes acabaram nas suas órbitas atuais centra-se na hipótese de a sua formação inicial ter ocorrido mais perto do Sol do que onde agora se encontram.

O “Modelo de Nice”, cujo nome deriva da cidade francesa onde foi desenvolvido, constitui a base da compreensão atual desta instabilidade orbital.

Este modelo associava originalmente a instabilidade a um período posterior da história do sistema solar, coincidindo com o Bombardeamento Pesado Tardio. No entanto, mudanças recentes no consenso científico colocam agora esta instabilidade muito mais cedo, possivelmente nos primeiros 100 milhões de anos de vida do sistema solar.

Este momento é crucial, uma vez que se alinha com o período de formação dos asteroides troianos de Júpiter, indicadores-chave dos padrões migratórios iniciais do planeta gigante.

O estudo centrou-se em meteoritos específicos conhecidos como condritos EL enstatite, cruciais para datar os acontecimentos da grande instabilidade porque a sua composição é muito semelhante à da Terra, sugerindo que tiveram origem na mesma região do sistema solar.

Surpreendentemente, estes meteoritos estão ligados à família de asteroides Athor, que se situam longe na cintura de asteroides, o que indica que foram deslocados pela mesma instabilidade que moveu Júpiter.

Utilizando simulações dinâmicas, os investigadores conseguiram mapear a forma como a migração de Júpiter pode ter atirado o progenitor da família Athor para a cintura de asteroides, 60 milhões de anos após a formação do sistema solar, momento consistente com a colisão entre a Terra e Theia, sugerindo uma ligação entre a viagem caótica de Júpiter e o nascimento da nossa lua.

Este momento é crucial, uma vez que se alinha com o período de formação dos asteroides troianos de Júpiter, indicadores-chave dos padrões migratórios iniciais do planeta gigante.

O estudo centrou-se em meteoritos específicos conhecidos como condritos EL enstatite, cruciais para datar os acontecimentos da grande instabilidade porque a sua composição é muito semelhante à da Terra, sugerindo que tiveram origem na mesma região do sistema solar.

Surpreendentemente, estes meteoritos estão ligados à família de asteroides Athor, que se situam longe na cintura de asteroides, o que indica que foram deslocados pela mesma instabilidade que moveu Júpiter.

Utilizando simulações dinâmicas, os investigadores conseguiram mapear a forma como a migração de Júpiter pode ter atirado o progenitor da família Athor para a cintura de asteroides, 60 milhões de anos após a formação do sistema solar, momento consistente com a colisão entre a Terra e Theia, sugerindo uma ligação entre a viagem caótica de Júpiter e o nascimento da nossa lua.

 

in ZAP

sábado, abril 27, 2024

Há novidades sobre o planeta anão Plutão e o seu coração...

O mistério do coração de Plutão foi finalmente resolvido

 

Representação artística do enorme e lento impacto em Plutão que levou à estrutura em forma de coração na sua superfície

 

Impacto gigante e lento de ângulo oblíquo deu origem ao “coração partido” do anão, verificou nova investigação - que também desmente a presença de um oceano subsuperficial de água líquida no planeta.

O mistério de como Plutão adquiriu uma característica gigante em forma de coração na sua superfície foi finalmente resolvido por uma equipa internacional de astrofísicos liderada pela Universidade de Berna e por membros do NCCR (National Center of Competence in Research) PlanetS.

A equipa é a primeira a reproduzir com sucesso a forma invulgar, através de simulações numéricas, atribuindo-a a um impacto gigante e lento de ângulo oblíquo.

Desde que as câmaras da missão New Horizons da NASA descobriram, em 2015, uma grande estrutura em forma de coração à superfície do planeta anão Plutão, que este “coração” tem intrigado os cientistas devido à sua forma única, composição geológica e elevação.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Berna, incluindo vários membros do NCCR PlanetS, e da Universidade do Arizona em Tucson utilizou simulações numéricas para investigar as origens de Sputnik Planitia, a parte ocidental em forma de lágrima da superfície em forma de “coração” de Plutão.

De acordo com a sua investigação, a história inicial de Plutão foi marcada por um evento cataclísmico que formou Sputnik Planitia: uma colisão com um corpo planetário, com cerca de 700 km de diâmetro.

As descobertas da equipa, recentemente publicadas na revista Nature Astronomy, sugerem também que a estrutura interna de Plutão é diferente do que se supunha anteriormente, indicando que não existe um oceano subterrâneo.

 

Um coração dividido

O “coração”, também conhecido como Tombaugh Regio, captou a atenção do público imediatamente após a sua descoberta. Mas também captou imediatamente o interesse dos cientistas porque está coberto por um material de alto albedo que reflete mais luz do que os seus arredores, criando a sua cor mais branca.

No entanto, o “coração” não é composto por um único elemento. Sputnik Planitia (a parte ocidental) cobre uma área de 1200 por 2000 quilómetros, o que equivale a um-quarto da Europa ou dos Estados Unidos. O que é surpreendente, no entanto, é que esta região é três a quatro quilómetros mais baixa em elevação do que a maior parte da superfície de Plutão.

“A aparência brilhante de Sputnik Planitia deve-se ao facto de estar predominantemente cheia de nitrogénio gelado branco que se move e convecta para alisar constantemente a superfície. Este nitrogénio provavelmente acumulou-se rapidamente após o impacto, devido à mais baixa altitude”, explica o Dr. Harry Ballantyne da Universidade de Berna, autor principal do estudo.

A parte oriental do “coração” está também coberta por uma camada semelhante, mas muito mais fina, de nitrogénio gelado, cuja origem ainda não é clara para os cientistas, mas está provavelmente relacionada com Sputnik Planitia.

 

Um impacto oblíquo

“A forma alongada de Sputnik Planitia sugere fortemente que o impacto não foi uma colisão frontal direta, mas sim oblíqua“, salienta o Dr. Martin Jutzi da Universidade de Berna, que deu início ao estudo.

Assim, a equipa, tal como várias outras em todo o mundo, utilizou o seu software de simulação SPH (Smoothed Particle Hydrodynamics) para recriar digitalmente tais impactos, variando a composição de Plutão e do objeto impactante, bem como a velocidade e o ângulo. Estas simulações confirmaram as suspeitas dos cientistas sobre o ângulo oblíquo do impacto e determinaram a composição do objeto.

“O núcleo de Plutão é tão frio que as rochas permaneceram muito duras e não derreteram apesar do calor do impacto e, graças ao ângulo e à baixa velocidade, o núcleo do objeto não se afundou no núcleo de Plutão, mas permaneceu intacto, como uma mancha, sobre ele”, explica Harry Ballantyne. “Algures por baixo de Sputnik está o núcleo remanescente de outro corpo massivo, que Plutão nunca chegou a digerir”, acrescenta o coautor Erik Asphaug da Universidade do Arizona.

Esta força do núcleo e a velocidade relativamente baixa foram fundamentais para o sucesso destas simulações: uma força menor resultaria numa superfície muito simétrica que não se parece com a forma de lágrima observada pela New Horizons.

“Estamos habituados a pensar nas colisões planetárias como acontecimentos incrivelmente intensos em que se podem ignorar os pormenores, exceto coisas como a energia, o momento e a densidade. Mas no Sistema Solar distante, as velocidades são muito mais baixas e o gelo sólido é forte, pelo que temos de ser muito mais precisos nos nossos cálculos. É aí que começa a diversão”, diz Erik Asphaug.

As duas equipas têm um longo historial de colaborações conjuntas, explorando desde 2011 a ideia de “salpicos” planetários para explicar, por exemplo, as características do lado oculto da Lua. Depois da nossa Lua e de Plutão, a equipa da Universidade de Berna planeia explorar cenários semelhantes para outros corpos do Sistema Solar exterior, como o planeta anão Haumea, semelhante a Plutão.

 

Não há um oceano subsuperficial em Plutão

O estudo atual lança também uma nova luz sobre a estrutura interna de Plutão. De facto, é muito mais provável que um impacto gigante como o simulado tenha ocorrido muito cedo na história de Plutão.

No entanto, isto coloca um problema: espera-se que uma depressão gigante como Sputnik Planitia se mova lentamente em direção ao polo do planeta anão devido às leis da física, uma vez que tem um défice de massa, mas paradoxalmente, está perto do equador.

A explicação teórica anterior era que Plutão, tal como vários outros corpos planetários no Sistema Solar exterior, tem um oceano subsuperficial de água líquida. De acordo com esta explicação anterior, a crosta gelada de Plutão seria mais fina na região de Sputnik Planitia, fazendo com que o oceano se avolumasse aí e, como a água líquida é mais densa do que o gelo, acabaria por haver um excedente de massa que induziria a migração para o equador.

No entanto, o novo estudo oferece uma perspetiva alternativa.

“Nas nossas simulações, todo o manto primordial de Plutão é escavado pelo impacto e, à medida que o material do núcleo do objeto impactante “salpica” o núcleo de Plutão, cria um excesso de massa local que pode explicar a migração para o equador sem um oceano subsuperficial ou, no máximo, um oceano muito fino”, explica Martin Jutzi. A Dra. Adeene Denton da Universidade do Arizona, também coautora do estudo, está atualmente a realizar um novo projeto de investigação para estimar a velocidade desta migração.

“Esta nova e inventiva origem para a característica em forma de coração de Plutão pode levar a uma melhor compreensão da origem do planeta anão”, conclui.

 

in ZAP

 

 Fotografia em cores de Plutão, obtida pela sonda New Horizons em 14 de julho de 2015

sexta-feira, abril 19, 2024

Novo estudo sobre magnetismo à escala planetária...

“Neve de ferro” pode ativar e desativar os campos magnéticos dos planetas

 

 

Mercúrio com neve de ferro visível no interior

 

Alguns planetas com núcleos de ferro fundido são palco de um fenómeno conhecido como “neve de ferro”. O arrefecimento próximo à fronteira núcleo-manto cria cristais de ferro, que derretem à medida que caem no núcleo, num movimento capaz de criar a oscilação dos campos magnéticos em alguns corpos mais pequenos.

São milhares de quilómetros de rocha que nos separam do núcleo do nosso planeta, pelo que é muito difícil ter-se uma perceção concreta do que realmente se passa no interior da Terra.

Ainda assim, para terem uma ideia aproximada, a comunidade científica estuda de que forma as ondas sísmicas se movem através das diferentes camadas, sendo que as mudanças da velocidade revelam algumas pistas sobre a composição das diferentes secções.

Alguns estudos já destacaram algumas anomalias em torno da área que separa o núcleo interno do núcleo externo e, em 2019, foi proposta uma explicação: o ferro pode ser capaz de cristalizar perto da fronteira com o manto e assentar como neve em direção ao núcleo interno.

Agora, num novo estudo, investigadores franceses criaram uma experiência em laboratório que imitou a física da formação e do fluxo da neve de ferro.

Ironicamente, a experiência usou neve normal para simular a neve férrea, através do uso de um tanque de água fria, com uma camada de água salgada no fundo para evitar que os cristais de gelo se agarrassem uns aos outros.

Segundo o New Atlas, a equipa descobriu que, à medida que as camadas inferiores de água arrefeciam, os cristais de gelo formavam-se e flutuavam em direção ascendente, antes de derreterem quando atingiam as águas mais quentes na secção superior do tanque.

As correntes que esse processo provocou acabaram por aquecer as camadas inferiores e impediram a formação de novos cristais de gelo durante algum tempo. Este fenómeno desacelerou as correntes, permitindo que a água do fundo arrefecesse e novos cristais se formassem, reiniciando assim todo o processo.

O ciclo durou cerca de 23,3 minutos.

No interior dos planetas pode estar a acontecer um ciclo semelhante, mas numa escala muito maior, capaz de agitar os fluxos internos. O fenómeno pode ter um efeito colateral curioso: o campo magnético do planeta pode flutuar tanto que pode ser capaz de “aparecer” e “desaparecer” em intervalos periódicos.

Não é o caso da Terra, uma vez que o nosso planeta tem um campo magnético muito forte. Ainda assim, este pode ser o cenário de corpos com campos magnéticos mais fracos, como Mercúrio ou a lua de Júpiter, Ganimedes.

O artigo científico com as mais recentes descobertas foi publicado na Geophysical Research Letters.

 

in ZAP

sexta-feira, março 29, 2024

Houve um sismo (martemoto...?!?) no planeta vermelho - e os cientístas começam a perceber porquê

O gigantesco terramoto que abalou Marte durante horas teve uma origem surpreendente

 

Ilustração artística de Marte, com as trajetórias das ondas sísmicas de dois tremores de terra distintos em 2021

 

O InSight, da NASA, captou o evento sísmico de magnitude 4,7 em 2022. Agora, cientistas descobriram a sua origem.

O enorme evento sísmico que abalou o Planeta Vermelho no ano passado – o “marsquake” – teve uma origem inesperada, surpreendendo astrofísicos de todo o mundo que pensavam que tinha sido desencadeado por um meteorito.

O módulo de aterragem InSight, da NASA, registou o terramoto de magnitude 4,7 no dia 4 de maio de 2022, um evento a que os cientistas chamaram de S1222a. O seu sinal sísmico era semelhante ao de terramotos anteriores causados por impactos de meteoritos, pelo que a equipa começou a procurar uma cratera de impacto.

Neste novo estudo, uma equipa da Universidade de Oxford colaborou com a Agência Espacial Europeia, a Agência Espacial Nacional Chinesa, a Organização de Investigação Espacial Indiana e a Agência Espacial dos Emirados Árabes Unidos na análise dos dados provenientes dos seus próprios satélites para procurar uma cratera, uma nuvem de poeira ou outra assinatura de um impacto de meteorito.

Como a busca foi em vão, os cientistas acreditam que o S1222a terá sido causado pela libertação de enormes forças tectónicas do interior do planeta.

Ainda assim, o indício não significa que as placas tectónicas de Marte se moveram. “Continuamos a pensar que Marte não tem atualmente nenhuma placa tectónica ativa, por isso este evento foi provavelmente causado pela libertação de tensões na crosta de Marte”, disse o coautor do estudo e geofísico planetário da Universidade de Oxford, Benjamin Fernando, em comunicado.

“Estas tensões são o resultado de milhares de milhões de anos de evolução, incluindo o arrefecimento e a contração de diferentes partes do planeta a ritmos diferentes”, acrescentou ainda.

Embora os investigadores não compreendam totalmente porque é que algumas partes de Marte parecem ter mais tensão do que outras, estes resultados podem ajudá-los a investigar o assunto. “Um dia, esta informação pode ajudar-nos a compreender onde seria seguro para os humanos viverem em Marte.”

O artigo científico foi publicado, este mês, na Geophysical Research Letters.

S1222a foi um dos últimos eventos registados pela missão InSight da NASA. O módulo de aterragem foi lançado em maio de 2018 e sobreviveu a “sete minutos de terror” para aterrar em Marte, onde estudou o interior do planeta e a sismologia durante alguns anos.

Os últimos dados da nave espacial foram recolhidos em dezembro de 2022, depois de uma acumulação de poeira nos painéis solares ter provocado a perda de energia do instrumento.

 

in ZAP

O asteroide 4 Vesta foi descoberto há 217 anos

Vesta fotografado pela sonda Dawn, a 24 de julho de 2011, a uma distância de 5.200 km
    
Vesta (formalmente 4 Vesta) é o terceiro maior asteroide do Sistema Solar, com um diâmetro médio de 530 km. Foi descoberto por Heinrich Wilhelm Olbers a 29 de março de 1807. O nome provém da deusa romana Vesta, a deusa virgem da casa, correspondente à deusa da mitologia grega Héstia. Está localizado na cintura de asteroides, região entre as órbitas de Marte e Júpiter, a 2,36 UA do Sol. Vesta é um asteroide tipo V. O seu tamanho e o brilho pouco comum da superfície fazem de Vesta o mais brilhante asteroide (é o único asteroide que é, ocasionalmente, visível a olho nu).
Teoriza-se que nos primeiros tempos do sistema solar, Vesta era tão quente que o seu interior derreteu. Isto resultou numa diferenciação planetária do asteroide. Provavelmente tem uma estrutura em camadas: um núcleo metálico de níquel-ferro coberto por uma camada (manto) de olivina. A superfície é de rocha basáltica, originária a partir de antigas erupções vulcânicas. A atividade vulcânica não existe hoje.
Em 16 de julho de 2011 a sonda da NASA Dawn entrou em órbita de Vesta para uma exploração de um ano.
      
Comparação de tamanho entre os dez primeiros asteroides descobertos e a Lua
 

quinta-feira, março 28, 2024

O asteroide Palas foi descoberto há duzentos e vinte e dois anos

 
Palas, de Pallas (asteroide 2 Palas) é o segundo maior asteroide, situado na cintura entre Marte e Júpiter. Estima-se que as suas dimensões sejam 558 x 526 x 532 km. A sua composição é única, mas bastante similar à dos asteroides do tipo C.
Foi descoberto a 28 de março de 1802, por Heinrich Olbers, quando observava Ceres. Olbers, batizou-o com o nome da deusa grega da sabedoria.
   
Uma imagem ultravioleta de 2 Palas mostrando a sua forma achatada, feita pelo Telescópio Espacial Hubble
  
História
Em 1801, o astrónomo Giuseppe Piazzi descobriu um objeto que inicialmente confundiu com um cometa. Pouco tempo depois, Piazzi anunciou as suas observações deste objeto, notando que o seu movimento lento e uniforme não era característico de um cometa, sugerindo que seria um objeto diferente.
Durante vários meses, o objeto foi perdido de vista, mas posteriormente Franz Xaver von Zach e Heinrich W. M. Olbers recuperaram-no, utilizando como base uma órbita preliminar calculada por Friedrich Gauss.
Este objeto foi batizado por Ceres e foi o primeiro asteroide a ser descoberto.
Alguns meses depois, em Bremen, Olbers estava a tentar localizar de novo o asteroide Ceres, quando observou um outro objeto novamente na vizinhança. Era o asteroide Palas, que por coincidência passava perto de Ceres naquele tempo.
A descoberta deste objeto causou um grande interesse pela comunidade astronómica: antes deste momento os astrónomos especulavam que devia existir um planeta entre Marte e Júpiter e Olbers havia encontrado um segundo objeto.
A órbita de Palas foi determinada por Gauss, quando encontrou que o período de 4,6 anos era similar ao período de Ceres. Entretanto, Palas teria uma inclinação orbital relativamente elevada ao plano da eclíptica.
Em 1917, o astrónomo japonês Kiyotsugu Hirayama começou a estudar os movimentos dos asteroides. Observando um grupo de asteroides e baseado nos seus movimentos orbitais médios, inclinação e excentricidade, descobriu diversos agrupamentos distintos. Hirayama relatou um grupo de três asteroides associados com Palas, que nomeou como a Família Palas, usando o nome do membro maior do grupo.
Desde de 1994 mais de dez membros desta família foram identificados (os membros têm um afélio entre 2.50–2.82 U.A.; inclinação relativamente ao plano da eclíptica entre 33º e 38°).
A existência da família foi finalmente confirmada em 2002, mediante comparação dos seu espectros.
Palas foi observado ocultando uma estrela, por diversas vezes, incluindo o melhor observação de todos os eventos de ocultação de asteroides, em 29 de maio de 1983, quando as medidas do sincronismo da ocultação foram feitas por 140 observadores. Estes ajudaram a determinar o seu diâmetro exato.
  
Comparação de tamanho: os primeiros 10 asteroides com a Lua da Terra - Palas é o segundo da esquerda para a direita
  
Caraterísticas
Palas é o terceiro maior objeto da cintura de asteroides, similar a 4 Vesta em volume, mas com menos massa por ser menos denso. Em comparação, a massa de Palas equivale a aproximadamente a 0,3% da massa da Lua. Tanto Vesta como Palas tiveram o título de "o segundo maior" nalguns momentos da história da astronomia.
Palas tem sido observado ocultando uma estrela várias vezes. Medições cuidadosamente dos tempos de ocultação tem ajudado a dar um diâmetro preciso.
Mas estima-se que, em conjunto com Ceres, que são os únicos corpos da cintura de asteroides de forma esférica.
Durante a ocultação de 29 de maio de 1979 falou-se da descoberta de um possível satélite diminuto, com um diâmetro de 1 km, ainda não foi confirmada. Como curiosidade, o elemento químico paládio (número atómico 46) foi assim batizado em homenagem ao asteroide Palas.
   

domingo, março 10, 2024

Os anéis do planeta Úrano foram descobertos há 47 anos

Sistema de anéis e satélites de Úrano (as linhas contínuas indicam os anéis e as descontínuas órbitas dos seus satélites
   
Os anéis de Úrano são um sistema de anéis planetários que rodeiam esse planeta. Têm uma complexidade intermédia entre os extensos anéis de Saturno e os sistemas mais simples que circundam Júpiter e Netuno. Foram descobertos, em 10 de março de 1977, por James L. Elliot, Edward W. Dunham e Douglas J. Mink. Há mais de 200 anos, William Herschel também anunciou a observação de anéis, mas os astrónomos modernos mostram-se céticos que realmente pudesse tê-los observado, pois são muito obscuros e fracos. Foram descobertos mais dois anéis, em 1986, nas imagens feitas pela sonda espacial Voyager 2, e em 2003–2005 foram encontrados outros dois anéis externos, em fotografias do Telescópio Espacial Hubble.
Em 2009, eram conhecidos, no sistema de anéis de Urano, 13 anéis diferentes. Em ordem crescente de distância desde o planeta, designam-se com a notação 1986U2R/ζ, 6, 5, 4, α, β, η, γ, δ, λ, ε, ν e μ. Os seus raios oscilam entre os 38 000 km do anel 1986U2R/ζ aos 98 000 km do anel μ. Podem encontrar-se faixas de poeira fracas e arcos incompletos adicionais entre os anéis principais. Os anéis são extremamente obscuros - o albedo de Bond das partículas dos anéis não excede 2%. Provavelmente sejam compostos por água congelada com o aditamento de alguns compostos orgânicos obscuros processados pela radiação.
A maioria dos anéis de Úrano tem poucos quilómetros de largura. O sistema de anéis contém, em geral, pouca poeira. Principalmente está composto por corpos grandes, de 0,2–20 metros de diâmetro. Porém, alguns anéis são oticamente finos. Os anéis 1986U2R/ζ, μ e ν, de aparência larga e débil, estão formados por partículas de poeira, enquanto o anel λ, estreito e débil, também contém corpos de tamanho maior. A relativa carência de poeira no sistema de anéis é devida à resistência aerodinâmica da parte mais externa da exosfera de Úrano - a coroa.
Acredita-se que os anéis de Úrano são relativamente novos, com uma idade inferior a 600 milhões de anos. Provavelmente originaram-se dos fragmentos da colisão de vários satélites que existiram nalgum momento. Após a colisão ficaram decompostos em numerosas partículas que sobreviveram como anéis estreitos e oticamente densos, em zonas estritamente confinadas de máxima estabilidade.
Ainda não se compreende bem o mecanismo pelo qual se confinam em anéis estreitos. A princípio assumia-se que cada anel estreito era pastoreado por um par de satélites próximos que lhe davam forma. Porém, em 1986 a Voyager 2 descobriu apenas um desses pares de satélites, Cordélia e Ofélia, sobre o anel mais brilhante (ε).