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quarta-feira, outubro 23, 2024

Novos dados sobre uma cratera de impacto irmã da de Chicxulub...

Modelos 3D revelam uma cratera de asteroide nas profundezas do Atlântico

 

 

A cratera Nadir está notavelmente bem preservada, o que dá uma oportunidade única aos cientistas de estudar o impacto da colisão do asteroide na vida marinha.

As imagens de alta resolução recentemente divulgadas da cratera Nadir, localizada sob o Oceano Atlântico, forneceram novas informações sobre o impacto catastrófico de um asteroide, que ocorreu há 66 milhões de anos.

O estudo, conduzido por investigadores da Universidade Heriot-Watt, foi publicado na Communications Earth & Environment, revela os pormenores da cratera, oferecendo uma visão sem precedentes dos efeitos deste tipo de colisões na paisagem geológica da Terra.

A Cratera Nadir, com cerca de 9 quilómetros de largura e enterrada a 300 metros de profundidade no fundo do oceano, foi provavelmente causada por um asteroide com 450 a 500 metros de tamanho. O impacto coincidiu com o mesmo período do impacto de Chicxulub, no México, que se acredita ter causado a extinção dos dinossauros.

Originalmente descoberta em 2022, a cratera Nadir foi confirmada como um local de impacto de asteroide após a análise de dados avançados de imagens sísmicas 3D. Os dados de alta resolução, fornecidos pela TGS, permitem aos investigadores visualizar a cratera em grande detalhe, desde a depressão inicial em forma de taça até à área danificada circundante, que abrange milhares de quilómetros quadrados.

As novas imagens revelam a cadeia catastrófica de eventos que se desenrolou depois que o asteroide atingiu a Terra. Em poucos minutos, as rochas liquefizeram-se, fluíram para cima e um enorme tsunami com mais de 800 metros de altura varreu o Atlântico.

 

Mapa com a localização da Cratera Nadir e o conjunto de dados sísmicos

 

Os dados também mostraram a formação de falhas sob o leito marinho e deslizamentos de terras causados pelo impacto, oferecendo pistas sobre a forma como a superfície da Terra reagiu à força maciça, explica o SciTech Daily.

Os dados detalhados em 3D permitiram aos investigadores estimar o ângulo e a velocidade de entrada do asteroide. Nicholson e a sua equipa sugerem que o asteroide atingiu a Terra a uma velocidade de 72.000 km por hora a partir de um ângulo de nordeste, embora seja necessária mais modelação para confirmar esta hipótese.

A descoberta da Cratera Nadir, juntamente com o nível de pormenor fornecido pelos dados sísmicos, é um achado raro para os investigadores, já que a maioria das crateras de impacto na Terra sofrem erosão ao longo do tempo. A preservação da Cratera Nadir debaixo do oceano oferece uma oportunidade única para estudar a forma como os impactos de asteroides afetam os ambientes marinhos.

Os cientistas estão agora a tentar perfurar o fundo do mar para recolher amostras de núcleo, o que ajudará a aperfeiçoar a compreensão da sequência e dos efeitos do evento.

 

in ZAP

domingo, outubro 06, 2024

Afinal havia outro - asteroide...

Afinal, o asteroide que matou os dinossauros não o fez sozinho

 

 

Ilustração artística de dinossauro da ilha de Wight

 

O asteroide que levou os dinossauros à extinção, há 66 milhões de anos, não estava sozinho: um novo estudo encontrou evidências de um “evento catastrófico” provocado por outro asteroide.

Novas análises da cratera submarina Nadir, encontrada na costa da África Ocidental, mostraram que esta formação surgiu quando outra rocha espacial colidiu com o nosso planeta.

O evento ocorreu por volta do final do Período Cretácico - que foi também quando aconteceu a extinção dos dinossauros.

Uisdean Nicholson, geólogo marinho que estudou a cratera e publicou as descobertas num estudo na revista Nature Communications Earth & Environment, descobriu a cratera Nadir em 2022, e, na altura, os detalhes da sua formação ainda eram incertos.

Os novos dados mostraram que o impacto violento, ocorrido entre 65 e 67 milhões de anos atrás, abriu uma cratera com cerca de oito quilómetros de diâmetro. O asteroide parece ter medido cerca de 400 metros e atingiu a Terra enquanto se deslocava a quase 75 mil km/h.

Se for esse o caso, o objeto seria menor que o asteroide responsável pela extinção em massa no nosso planeta, mas suficientemente grande para deixar marcas significativas.

“As novas imagens descrevem uma cena de um evento catastrófico”, explicou Nicholson

O impacto parece ter causado tremores fortes, que derreteram os sedimentos no fundo do oceano e formaram falhas sob o leito oceânico. Além disso, a colisão causou deslizamentos com vestígios visíveis por milhares de quilómetros quadrados para além da borda da cratera.

Os efeitos não se ficaram por aí: a colisão do objeto causou um tsunami com 800 metros de altura, que pode ter percorrido as águas do Atlântico.

Por agora, não está claro onde exatamente ocorreu a colisão. Por outro lado, a descoberta da cratera e da sua idade aproximada sugerem que é uma de várias crateras formadas por impactos no final do Cretácico.

Para comparação, o asteroide relacionado com a extinção dos dinossauros era consideravelmente maior do que aquele que formou Nadir e deixou uma cratera com mais de 180 quilómetros na península de Iucatão, no México.

“O mais próximo que os humanos chegaram de ver algo semelhante foi o evento de Tunguska em 1908, quando um asteroide de 50 metros entrou na atmosfera da Terra e explodiu nos céus da Sibéria”, recordou Nicholson.

“Os novos dados sísmicos em 3D de toda a cratera Nadir são uma oportunidade sem precedentes para testar hipóteses sobre crateras de impacto, desenvolver novos modelos de formação de crateras no ambiente marinho e compreender as consequências de um evento deste tipo”, concluiu.

 

in ZAP

quinta-feira, setembro 12, 2024

Quando a Astronomia mexe com a Geologia...

Cientistas descobrem de onde veio o asteroide que matou os dinossáurios

 

 

O mítico Chicxulub, que levou os dinossáurios à extinção, era uma rocha rara vinda do exterior de Júpiter, revela um novo estudo, que analisou a “impressão digital genética” do asteroide.

A rocha espacial que dizimou os dinossáurios há 66 milhões de anos era um raro asteroide com origem para lá de Júpiter, nos confins do nosso sistema solar, revela um novo estudo.

Os resultados do estudo, publicado esta quinta-feira na revista Science, permitem determinar a natureza da fatídica rocha espacial e a sua origem no nosso sistema solar, e podem abrir portas a novas técnicas de previsão da queda de asteroides no nosso planeta.

A maioria dos cientistas concorda que o Chicxulub, cujo nome tem origem na comunidade situada no atual México, perto da cratera de 145 quilómetros de largura escavada pela rocha, veio do nosso sistema solar.

Mas as suas origens exatas continuavam por esclarecer, devido à falta de provas químicas claras que não tivessem sido contaminadas por material da própria Terra.

No novo estudo, a equipa de investigadores analisou restos de impactos de asteroides recolhidos em regiões europeias da crosta do nosso planeta, e descobriu que a composição química de um elemento raro chamado ruténio é semelhante à dos asteroides que pairam entre as órbitas de Marte e Júpiter.

“Este elemento é uma impressão digital genética das rochas da cintura de asteroides, onde a rocha do tamanho de uma cidade se encontrava antes de atingir a Terra há 66 milhões de anos”, explicou ao Live Science Mario Fischer-Gödde, investigador da Universidade de Colónia, na Alemanha, e autor principal do estudo.

O asteroide terá provavelmente sido empurrado em direção à Terra, ou por colisões com outras rochas espaciais, ou por influências no sistema solar exterior, onde gigantes gasosos como Júpiter abrigam imensas forças de maré capazes de perturbar órbitas de asteroides - que, de outra forma, seriam estáveis, dizem os autores do estudo.

As descobertas baseiam-se numa nova técnica que essencialmente quebra todas as ligações químicas que sustentam uma amostra de rocha enquanto esta é armazenada num tubo selado, e que permitiu aos cientistas medir os níveis específicos de ruténio no local de impacto do Chicxulub.

“O elemento manteve-se notavelmente estável ao longo de milhares de milhões de anos face à frequente atividade geológica da Terra, que recicla a paisagem”, explica Fischer-Gödde, que desenvolveu a nova técnica na última década e é um dos poucos especialistas no mundo que consegue analisar com precisão o elemento raro.

Os investigadores compararam os resultados com amostras de outros locais de impacto de asteroides na África do Sul, Canadá e Rússia, e também com um par de meteoritos carbonosos, que dominam a região exterior da cintura principal de asteroides.

As assinaturas químicas do ruténio no local de impacto do Chicxulub eram consistentes apenas com as dos meteoritos carbonáceos, apontando para a sua origem no sistema solar exterior, concluiu a equipa.

 

 

in ZAP

sábado, julho 13, 2024

Só trouxe coisas boas, o asteroide que acabou com os dinossáurios...

Gosta de uvas? Agradeça ao asteroide que matou os dinossauros

 

 

Mónica Carvalho, co-autora do estudo, a segurar um fóssil de sementes de uva

 

A extinção dos dinossauros terá tornado as florestas mais densas, o que ajudou à disseminação de novas espécies de plantas, como as trepadeiras.

Paleontólogos do Museu Field de História Natural de Chicago descobriram fósseis antigos de sementes de uva nos Andes colombianos, o que permite compreender a disseminação das uvas após a extinção dos dinossauros. Os fósseis, com idades compreendidas entre 60 e 19 milhões de anos, representam nove novas espécies de uvas antigas da Colômbia, Panamá e Peru.

“Esta descoberta é importante, mostra que após a extinção dos dinossauros, as uvas começaram realmente a espalhar-se pelo mundo”, diz Fabiany Herrera, curador assistente de paleobotânica no museu e autor principal do estudo publicado na Nature Plants.

Herrera e a sua equipa têm procurado provas da existência de frutos antigos através de pequenos fósseis de sementes, uma vez que os frutos moles raramente se conservam como fósseis. As uvas, no entanto, têm um registo fóssil robusto que remonta a há 50 milhões de anos.

Os fósseis de sementes de uva mais antigos, descobertos na Índia, têm cerca de 66 milhões de anos, coincidindo com o impacto do asteroide que ditou o fim dos dinossauros, frisa o Interesting Engineering.

Herrera há muito que suspeitava da existência de uvas na América do Sul há milhões de anos.

A sua persistência deu frutos quando a sua equipa encontrou sementes de uva em rochas com 60 milhões de anos. “Estas são as uvas mais antigas alguma vez encontradas nesta parte do mundo e são alguns milhões de anos mais novas do que as mais antigas encontradas no outro lado do planeta”, observou Herrera.

Os investigadores propõem que a extinção dos dinossauros pode ter catalisado alterações significativas nos ecossistemas florestais antigos.

“Sabe-se que os animais de grande porte, como os dinossauros, alteram os ecossistemas que os rodeiam. Pensamos que, se havia grandes dinossauros a vaguear pela floresta, era provável que estivessem a derrubar árvores, mantendo as florestas mais abertas do que são hoje”, explica Mónica Carvalho, curadora assistente do Museu de Paleontologia da Universidade de Michigan e co-autora do estudo.

Com o desaparecimento destes grandes herbívoros, as florestas tropicais da América do Sul tornaram-se mais densas. A ausência de dinossauros permitiu a existência de um sub-bosque mais espesso e de uma extensa camada de copa, criando condições ideais para várias espécies de plantas, incluindo trepadeiras como as uvas.

As aves e os mamíferos antigos também desempenharam um papel importante na disseminação das sementes de uva por todo o lado.

Estes fósseis recém-descobertos atuam como pequenas cápsulas do tempo, oferecendo informações sobre a história das uvas e dos eventos de extinção.

“O registo fóssil diz-nos que as uvas são uma ordem muito resistente. É um grupo que sofreu muitas extinções na região da América Central e do Sul, mas também conseguiu adaptar-se e sobreviver noutras partes do mundo”, concluiu Herrera.

 

in ZAP

quarta-feira, junho 05, 2024

Publicação do Doutor Galopim de Carvalho sobre a cratera de Chicxulub...

 

 

 
Por A. Galopim de Carvalho
 
Descoberta em 1978 pelos geofísicos Glen Penfield e António Camargo, em trabalhos de prospeção de petróleo, ao serviço da PEMEX, Mexican State Oil Company, esta enorme estrutura oculta, com 180 km de diâmetro, testemunho de um megaimpacto, com centro próximo da localidade de Chicxulub (nome de origem maia), no México.

Estudos mais recentes sugerem que a verdadeira cratera tem cerca de 300 km diâmetro, e que o anel de 180 km, inicialmente admitido, é o de uma sua parede interior. Oculta, em parte, sob a Península do Iucatão, a Sul e, em parte, sob o mar, a Norte, tem sido citada como uma das maiores crateras conhecidas no mundo. Estima-se, em cerca de 10 km, o diâmetro do asteroide que a causou.

 

 

Amostras com quartzo de choque ou de impacto e tectitos e outras de argila castanho-esverdeada com um excesso de irídio (relativamente à média nas rochas da superfície da Terra) provenientes das áreas circundantes e a prova de uma anomalia da gravidade, corroboram a origem meteórica desta estrutura. Em apoio da mesma interpretação estavam as evidências de metamorfismo de impacto nas amostras de rochas retiradas dos poços da PEMEX. Outras ocorrências, apontando no mesmo sentido, são os depósitos espessos, heterométricos e caóticos de fragmentos de rocha, que se acreditava terem sido arrancados de algum local e depositados num outro, por um gigantesco tsunami, causado por esse megaimpacto.


   
Sobre esta enorme estrutura assentam margas e calcários, cujas datações mais antigas indicam-nas como sendo da base do Paleocénico, com cerca de 66 Ma. Sob estas camadas, no interior da estrutura, há vidro, brechas e os característicos grão de quartzo de impacto.

Em 2010, no culminar de múltiplos exames em domínios científicos como paleontologia, geoquímica, sedimentologia, geofísica e modelação climática, dos testemunhos encontrados, ao longo de duas décadas, um número alargado de cientistas (cerca de 40), de três dezenas de instituições de diversos países, assumiram como mais plausível que o impacto responsável por este grandioso astroblema ocorreu há cerca de 66 Ma, no limite entre o final do Cretácico (Maestrichtiano) e o início do Cenozóico (Daniano), a atrás referida fronteira K-T (sigla da expressão alemã Kreide-Tertiär, ou seja, Cretácico-Terciário) e que foi a causa da grande extinção em massa ocorrida nesse curto intervalo de tempo, incluindo a dos dinossáurios não avianos, postulada, décadas antes, em 1980, pelo físico americano Luís Alvarez e seu filho, o geólogo Walter Alvarez.
   
 
 
Nota:

Quartzo de choque ou de impacto é um tipo muito particular de quartzo observável nos grãos de rochas sujeitas a pressões elevadíssimas como acontece nas situações de impactos meteoríticos ou de explosões nucleares subterrâneas. Nestas condições de pressão intensa (mas temperatura limitada), a estrutura cristalina do quartzo deforma-se segundo certos planos no interior do cristal. Estes planos, que são visíveis ao microscópio como linhas, são a expressão visível de estruturas de deformação planar, ou lamelas de choque. Este tipo de quartzo foi encontrado no interior de cratera de Barringer. A sua presença prova que estas crateras foram formadas por um impacto de suficiente magnitude.

Dinossáurios não avianos são estes de que estamos a falar, os que se extinguiram. As aves, todas sem exceção, dos pequenos pardais às grandes avestruzes, são os (que a ciência tem vindo a demonstrar) dinossáurios avianos.
   

domingo, março 31, 2024

Mais um estudo sobre o KTB...

Nova cápsula do tempo geológica explica a extinção dos dinossauros

 

 

Está cada vez mais claro – apenas metaforicamente falando – que foi a ausência de luz, devido às poeiras resultantes do asteroide caído no Golfo do México, há 66 milhões de anos, que provocou a extinção dos dinossauros.

Um estudo publicado recentemente, na Nature Geoscience, sugere que as partículas finas de poeira na atmosfera contribuíram significativamente para a extinção dos dinossauros, há aproximadamente 66 milhões de anos.

A teoria vulgarmente conhecida e aceite diz que um asteroide Chicxulub atingiu a Terra perto da costa do México, causando catástrofes massivas e exterminando três quartos da vida na Terra. No entanto, os detalhes de como esse fenómeno ocorreu têm sido, desde sempre, objeto de debate.

Os investigadores analisaram agora uma “cápsula do tempo” geológica que indica que o impacto do asteroide levou a uma nuvem de poeira fina que bloqueou a luz solar, arrefeceu a Terra e desorganizou a cadeia alimentar.

Teorias anteriores desconsideravam a poeira fina como um fator contribuinte, devido à falta de evidências em amostras de rochas.

 

Planeta às escuras

O estudo mais recente utilizou 40 amostras de sedimento de um depósito com 1,3 metros de profundidade em Tanis, Dakota do Norte (EUA) – aproximadamente a 3.000 quilómetros a norte da cratera do asteroide Chicxulub.

Os cientistas encontraram uma maior composição de poeira fina de silicato, do que se pensava anteriormente, e concluíram que aquela poeira fina foi “a partícula mais letal” libertada durante a colisão do asteroide.

O estudo mostrou que os altos níveis de poeira atmosférica poderão ter resultado em quase dois anos de escuridão global, inviabilizando a fotossíntese e fazendo colapsar a cadeia alimentar.

“Descobrimos que a escuridão global e a perda prolongada da atividade fotossintética do planeta ocorrem apenas no cenário de poeira de silicato, até quase 1,7 anos (620 dias) após o impacto”, escreveram os investigadores, citados pela Science Alert.

Animais e plantas não adaptados a tais condições terão sido extintas, enquanto as espécies com dietas e habitats flexíveis terão tido mais hipótese de sobreviver.

De acordo com a equipa de investigação, a poeira poderá ter permanecido no ar até 15 anos, levando ainda a uma queda nas temperaturas globais de 15°C.

 

in ZAP

sexta-feira, março 22, 2024

As cinco maiores extinções em notícia...

Os ensinamentos das cinco extinções maciças da história

 

   

Durante o Pérmico tardio, era possível encontrar predadores como o gorgonopsídeo gigante Inostrancevia - nesta imagem, encontra-se ao lado da sua presa, um dicinodonte, enquanto afugenta a espécie Cyonosaurus, muito mais pequena


Certa Primavera, há 66 milhões de anos, um dinossauro levantou os olhos para o céu. O ponto brilhante que aparecera minutos antes estava cada vez maior. meteorito Chicxulub, com cerca de 14 quilómetros de diâmetro, aproximava-se da Terra a uma velocidade incrível. Conforme demonstrado por estudos posteriores, a enorme rocha demorou apenas 20 segundos a atravessar a atmosfera e a cair na costa da península do Iucatão, berço de grandes civilizações pré-colombianas.

A energia libertada criou uma onda de choque que derrubou qualquer ser vivo que se encontrasse num raio de centenas de quilómetros, provocando tsunamis enormes e vaporizando milhares de toneladas de rochas sulfurosas que acidificaram os oceanos e taparam o Sol durante anos.

A extinção maciça do Cretácico-Paleogénico pôs fim a aproximadamente dois terços das espécies da Terra, incluindo todos os répteis e dinossauros não-voadores com mais de 40 quilogramas, exceto tartarugas e crocodilos. Graças aos eventos ocorridos após o impacto, os mamíferos rapidamente se encontraram num mundo com pouquíssima concorrência e começaram a dominar o planeta – até à atualidade. No entanto, embora esta extinção seja a mais conhecida, é apenas a última de uma longa lista que dura até aos dias de hoje e que já se conhece como “a sexta extinção maciça”.

 

AS PRIMEIRAS: AS EXTINÇÕES MACIÇAS DO ORDOVÍCICO-SILÚRICO

Quando a vida complexa estava a dar os seus primeiros passos após a Explosão Câmbrica, centenas de famílias de espécies evoluíram para se adaptarem a um ambiente em mudança. No enorme oceano Pantalassa, que cobria a maior parte da superfície do planeta, espécies conhecidas, como as trilobites, viviam ao largo da costa e os primeiros peixes começaram a nadar nas águas quentes. Neste período, também apareceram as primeiras espécies que viviam em terra firme, como certas plantas e, supostamente, os primeiros artrópodes.

No entanto, há entre 450 e 440 milhões de anos, aproximadamente 60 por cento de todos os géneros que habitavam o planeta desapareceram, e pensa-se que 85 por cento das espécies marinhas se tenham extinguido. Existem diferentes hipóteses sobre o que causou esta perda de biodiversidade. A mais aceite atualmente é que houve uma série de glaciações, embora as suas causas não sejam claras e sejam tema de debate. Algumas das opções são o vulcanismo, o deslocamento dos polos e o impacto de radiação vinda de uma supernova, mas não existem provas suficientemente sólidas para demonstrar qual a causa concreta – ou se o sucedido foi uma combinação destas.

 

AS EXTINÇÕES MACIÇAS DO FINAL DO DEVÓNICO

Estima-se que apenas cinco milhões de anos após as extinções do Ordovícico-Silúrico, os ecossistemas tenham recuperado a sua biodiversidade. Depois disto, começou aquilo que se conhece informalmente como “a Idade dos Peixes”, uma época durante a qual surgiu uma infinitude de espécies marinhas, das quais se destacam os peixes ósseos, que chegaram até aos nossos dias, bem como corais, esponjas, artrópodes e cefalópodes.

No Devónico, apareceram também as primeiras florestas. As mais antigas de que há conhecimento datam de há 390 milhões de anos, e foram descobertas recentemente nas falésias do sudoeste de Inglaterra. Estas florestas eram formadas por plantas vasculares, com um tronco oco que poderia assemelhar-se – na forma – às palmeiras atuais, atingindo uma altura máxima de cerca de dez metros de altura. Além disso, as plantas desenvolveram as primeiras sementes, um passo essencial na reprodução vegetal.

Após cerca de 70 milhões de anos de relativa tranquilidade, até 83 por cento destas espécies desapareceram rapidamente. Mais uma vez, a causa não é completamente clara. Existe a hipótese de ter ocorrido uma glaciação semelhante à anterior, mas também não se descarta a possibilidade de vulcanismo ou de impactos de meteoritos. Em 2020, uma investigação sugeriu a possibilidade de a camada de ozono se ter desvanecido devido a um aquecimento repentino da superfície terrestre. O desaparecimento da camada de ozono deixaria todos os seres desprotegidos perante a radiação ultravioleta emitida pelo Sol, que tornou a superfície do planeta inabitável. Na opinião dos investigadores, poderá ocorrer um acontecimento semelhante na atualidade, caso se reúnam as condições adequadas.

 

A GRANDE MORTANDADE: EXTINÇÃO PÉRMICO-TRIÁSSICA

Chamar “A Grande Mortandade” a um evento dá pistas sobre a enorme quantidade de espécies que desapareceram na maior extinção da história. Estima-se que tenham desaparecido até 95 por cento das espécies marinhas e 70 por cento das terrestres ao longo de 200.000 anos. Neste caso, a hipótese mais sólida é corroborada pelas enormes formações de rochas de origem vulcânica da Sibéria (os “trapps siberianos”) e pelas formações de dolomitas italianas. As rochas siberianas resultam de algumas das maiores erupções vulcânicas dos últimos tempos, enquanto as dolomitas evidenciam a erosão provocada por acidez.

Destes eventos infere-se que, há aproximadamente 252 milhões de anos, ocorreram enormes erupções vulcânicas que libertaram quantidades crescentes de gases para a atmosfera. Estima-se que a temperatura tenha aumentado até 5 graus e que alguns elementos tenham alterado a geoquímica global. Por exemplo, estima-se que enxofre possa ter acidificado o solo, chegando a atingir, segundo indicam alguns estudos, um pH de 2,3 em algumas zonas especificas – uma acidez semelhante à do sumo de limão. Estas condições provocaram a extinção de muitas algas e invertebrados com concha, além de impedirem o crescimento das plantas em terra. 

A Grande Mortandade foi uma provação dura para a vida terrestre, mas quando as condições se estabilizaram, formou-se um caldo perfeito para o desenvolvimento dos dinossauros e proto-mamíferos, que começaram então a povoar o planeta.

 

A EXTINÇÃO DO TRIÁSICO-JURÁSSICO

Apenas 50 milhões de anos após a última extinção, há 201 milhões de anos, um evento extinguiu 75 por cento de todas as espécies que habitavam o nosso planeta. Esta extinção foi o início do domínio global dos dinossauros, já que a maioria dos arcossauros, terápsideos e grandes anfíbios desapareceram. Mais uma vez, as hipóteses mais sólidas apontam para os vulcões, que aumentaram a quantidade de gases com efeito de estufa e acidificaram os oceanos.

Mais concretamente, as evidências sugerem a ocorrência de erupções numa zona conhecida como “província magmática do Atlântico Central”. Esta região, formada pela fragmentação do supercontinente Pangeia, teve atividade vulcânica durante pelo menos 600.000 anos e os especialistas consideram-na uma das maiores em termos de volume de magma expelido. No entanto, também não se descarta a possibilidade de a extinção ter sido desencadeada pelo impacto de um ou vários meteoritos mais pequenos do que o da extinção do Cretácico-Paleogénico.

 

O METEORITO e OS DINOSSAUROS, A EXTINÇÃO DO CRETÁCICO-PALEOGÉNICO

O início deste artigo refere-se a esta extinção, que pôs fim ao reinado dos dinossauros não-voadores e deu lugar a uma época dominada por mamíferos e aves. Sendo a mais próxima, é desta que dispomos de mais evidências, já que se podem ver claramente algumas das consequências do impacto no México. Atualmente, analisa-se a trajetória e a órbita de milhares de objetos que se aproximam da Terra para assegurar que nenhum chocará com o nosso planeta nas próximas centenas de anos.

 

A SEXTA EXTINÇÃO MACIÇA. O que está a acontecer agora?

O ritmo de aparecimento e desaparecimento de espécies foi relativamente tranquilo nos últimos milhões de anos. No entanto, esta tendência mudou rapidamente e ritmo de desaparecimento de espécies aumentou consideravelmente. Mais concretamente, depois de analisar milhares de espécies animais e vegetais, estima-se que o ritmo de desaparecimento das espécies seja várias ordens de magnitude superior ao dos últimos dois milhões de anos.

Este processo, desencadeado pelas alterações climáticas antropogénicas, pode ter consequências devastadoras para os ecossistemas, que poderão perder a sua resiliência perante ameaças externas. Atualmente, também se está a estudar se o enorme volume deCO₂ libertado para a atmosfera poderá provocar um cenário semelhante ao de algumas das extinções provocadas pelas enormes erupções vulcânicas.

O desaparecimento de certas espécies não augura nada de bom, já que a perda de biodiversidade pode ter efeitos inesperados. Estes efeitos vão desde a perda das simbioses existentes e a rutura das cadeias tróficas até ao aumento do risco de surtos de novas doenças. Por isso, os esforços de conservação e estudo das consequências das atividades humanas são essenciais para assegurar a sobrevivência das espécies atuais.

 

in Nat Geo España

domingo, fevereiro 25, 2024

Mais uma notícia sobre extinções e evolução...

Uma forma de vida ancestral sobreviveu aos dinossauros (e vai sobreviver aos humanos)

 

 

 

Há cerca de 66 milhões de anos, um colossal asteroide colidiu com a Terra, marcando o fim da era Mesozoica - um evento que resultou na extinção dos dinossauros e de 75% das espécies da Terra. No meio desta devastação, muitas linhagens de plantas antigas sobreviveram e prosperaram.

Qualquer criatura que tivesse olhado para os céus num certo dia de primavera poderá ter visto, por uns segundos, um asteroide brilhante do tamanho de uma montanha a entrar incandescente na atmosfera - e a colidir com a Terra.

Conhecida como a extinção em massa do Cretácico-Paleogénico, ou “Evento KP“, a catástrofe resultou na extinção dos dinossauros não-avianos e de pelo menos 75% das espécies da Terra.

Mas enquanto criaturas ferozes como os míticos T-rex e Velociraptor desapareceram da face do planeta, um grupo particular de espécies sobreviveu à catástrofe, resistiu até aos nossos dias, e vai provavelmente assistir ao desaparecimento dos humanos: as angiospérmicas, ou “plantas com flores”.

Esse é o caso das  rosas, cuja família ancestral teve origem muitos milhões de anos antes do Evento KP, e que continuam a florescer.

Com efeito, estudos sugerem que a origem de uma grande parte das famílias de angiospérmicas é anterior ao impacto do asteroide. Essas linhagens antigas, incluindo famílias de plantas como as das orquídeas, magnólias, gramíneas e batatas, coexistiram com os dinossauros e prosperaram após o Evento KP.

Embora a razão exata para a notável resiliência das angiospérmicas seja ainda hoje um mistério, estudos recentes oferecem algumas pistas.

Num estudo recente, os investigadores Jamie Thompson, da Universidade de Bath, e Santiago Ramírez-Barahona, da Universidad Nacional Autónoma do México, usaram uma nova abordagem e modelos matemáticos para analisar as árvores genealógicas das angiospérmicas.

 

 

Na sequência do estudo, apresentado num artigo publicado a semana passada na revista Biology Letters, os dois cientistas concluíram que as angiospérmicas tiveram taxas de extinção consistentes durante pelo menos 240 milhões de anos - não tendo registado qualquer efeito notório do Evento KP nestas taxas.

Qual será então o segredo da capacidade de sobrevivência das angiospérmicas?

Segundo explica Thompson no The Conversation, a sua resiliência poderá ser devida à sua capacidade de se reinventar - criando novas de dispersão de sementes e de polinização - e de duplicar todo o seu genoma, permitindo uma maior adaptabilidade e diversidade.

O sexto evento de extinção em massa, que já estamos atualmente a enfrentar, coloca ameaças significativas para muitas espécies de angiospérmicas. Ainda assim, dada a sua história de resiliência, as angiospérmicas vão provavelmente adaptar-se de novo - e sobreviver à humanidade.

 

 

in ZAP

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

Mais um estudo sobre a fronteira KTB e a sua extinção

Novo estudo iliba o asteroide: foram os vulcões que assassinaram os dinossauros

 

 

 

Afinal, o mítico asteroide Chicxulub, que ganhou a fama de ter dizimado os dinossauros não-avianos, pode estar inocente. Foram os vulcões, aponta uma nova análise computacional de dados.

Um novo estudo em geologia computacional sugere que foram erupções vulcânicas massivas, e não um impacto de asteroide, as responsáveis pelo evento de extinção em massa que ocorreu há 66 milhões de anos.

O evento levou à extinção dos dinossauros não-avianos e de quase três quartos de toda a vida na Terra, dando por terminado o período Cretácico.

Recentemente, as geólogas computacionais Laura Mydlarz, da Universidade do Texas, e Erinn M. Muller, do Mote Marine Laboratory, nos EUA, usaram um modelo estatístico chamado Método de Monte Carlo em Cadeias de Markov para realizar uma análise computacional de dados - e identificar as causas deste evento.

O estudo, que foi publicado esta quinta-feira revista Science, analisou sistematicamente a probabilidade de diferentes cenários de emissão de gases, convergindo gradualmente para soluções prováveis que coincidissem com os dados geológicos.

Os investigadores usaram 128 processadores para executar múltiplos cenários simultaneamente, usando dados de núcleos de sedimentos do fundo do mar de há 67 a 65 milhões de anos para calibrar o modelo.

Estes núcleos contêm microorganismos conhecidos como foraminíferos, cujas conchas fornecem pistas sobre a composição química do oceano e, portanto, sobre as temperaturas globais da época.

De acordo com as simulações computacionais, as massivas emissões de gases das erupções vulcânicas de Deccan Traps, na atual Índia ocidental, foram suficientes para explicar as mudanças de temperatura e nos ciclos de carbono determinadas a partir dos dados de foraminíferos.

Estas erupções expeliram grandes volumes de dióxido de carbono, que aquece o planeta, e dióxido de enxofre, que acidifica os oceanos.

Por outro lado, o estudo concluiu que o impacto do asteroide, que formou a cratera Chicxulub no atual México, provavelmente não produziu quantidades significativas destes gases - pelo que é pouco provável que tenha sido a causa do evento de extinção em massa.

No entanto, o estudo enfrenta ceticismo de alguns cientistas, que argumentam que os modelos de computador são tão bons quanto os dados em que se baseiam.

“As conchas de foraminíferos não são indicadores ideais para temperaturas antigas”, realça Sierra Petersen, geoquímica da Universidade de Michigan, citada pela Science News.

Também Clay Tabor, paleoclimatologista da Universidade do Connecticut, alerta que o estudo não capturou as rápidas mudanças ambientais potencialmente causadas pelo impacto do asteroide, como nuvens massivas de fuligem e poeira que poderiam ter levado a um inverno catastrófico.

Embora a investigação lance uma nova perspetiva no longo debate cobre as causas do evento de extinção em massa que nos privou dos dinossauros, não resolve a questão de forma definitiva.

E a dúvida persiste. Afinal quem é o culpado?

 

in ZAP

domingo, janeiro 01, 2023

Especulações sobre o tsunami gerado pelo asteroide que provocou a extinção dos Dinossáurios...

O asteroide que matou os dinossauros provocou o pai de todos os tsunamis

  

   

O mítico asteroide que dizimou os dinossauros gerou um tsunami com uns impressionantes 4,5 quilómetros de altura.

A maior onda alguma vez surfada, pelo havaiano Garrett McNamara, na Nazaré, tinha 27 metros de altura. O Empire State Building, em Nova Iorque, tem 443 metros. E o maior tsunami do mundo? A maior onda do mundo da qual se tem notícia foi a de 9 de julho de 1958, no Alasca. Este tsunami atingiu os 524 metros de altura.

Um novo estudo descobriu agora que o asteroide que matou os dinossauros, há 66 milhões de anos, desencadeou um tsunami gigante, no Golfo do México, com 4,5 quilómetros de altura. As suas águas viajaram metade do mundo.

“Este tsunami foi forte o suficiente para perturbar e erodir sedimentos em bacias oceânicas do outro lado do globo”, disse a autora principal do estudo, Molly Range, num comunicado citado pelo ScienceAlert.

A equipa de investigadores modelou o asteroide que media 14 quilómetros de diâmetro e viajava a 43.500 km/h, ou 35 vezes a velocidade do som, quando atingiu a Terra.

Após a colisão do asteroide, muitas formas de vida morreram; os dinossauros não-avianos foram extintos e cerca de 75% de todas as plantas e espécies animais foram completamente exterminadas.

Para perceber o impacto do asteroide nos tsunamis, os cientistas analisaram sedimentos marinhos depositados pouco antes ou depois do evento de extinção em massa.

A energia inicial do tsunami de impacto foi até 30 mil vezes maior do que a energia libertada pelo tsunami de dezembro de 2004 no Oceano Índico que matou mais de 230 mil pessoas.

Assim que atingiu a Terra, criou uma cratera de 100 km de largura e levantou uma densa nuvem de poeira. Dois minutos e meio depois, uma cortina de material ejetado empurrou uma parede de água, formando uma onda de 4,5 km de altura, de acordo com a simulação.

Ao fim de dez minutos, uma onda de tsunami de 1,5 km de altura, a cerca de 220 km de distância do local do impacto, varreu o Golfo do México. Uma hora após o impacto, o tsunami foi em direção ao Atlântico Norte. Quatro horas volvidas, o tsunami passou pelo Mar da América Central e entrou no Pacífico.

   

   

Um dia inteiro após a colisão do asteroide, as ondas viajaram pela maior parte do Pacífico e do Atlântico, entrando no Oceano Índico e tocando a maior parte das costas do globo 48 horas após o impacto.

Os resultados foram recentemente publicados na revista científica AGU Advances.

“Esta é talvez a confirmação mais reveladora do significado global deste evento”, disse Range.

“Dependendo das geometrias da costa e do avanço das ondas, a maioria das regiões costeiras terá sido inundada e erodida em certa medida”, escreveram os autores do estudo. “Quaisquer tsunamis historicamente documentados empalidecem em comparação com este impacto global”.

 

in ZAP

 

domingo, maio 15, 2022

Notícia sobre o KTB...

 “Descoberta alucinante”. Pode este fragmento pertencer ao asteróide que matou os dinossauros?

 

Entre um fragmento que pode ser do asteroide que matou os dinossauros e uma perna de dinossáurio perfeitamente preservada, há várias descobertas promissoras no sítio de Hell Creek Formation, nos Estados Unidos.

Há 66 milhões de anos, um asteroide chocou com a Terra e dizimou os dinossáurios. Até aqui, nada de novo - a novidade é que é possível que tenha sido encontrado um fragmento desta rocha devastadora.

Esta é apenas uma das várias incríveis descobertas feitas no sítio de Hell Creek Formation, na Dakota do Norte, que tem muitos registos do momento catastrófico, como fósseis de peixes que sugaram os detritos causados pelo impacto, uma tartaruga empaleada num pau e uma pata que pertencia a um dinossáurio.

A busca por estas relíquias arqueológicas é contada ao detalhe no documentário “Dinosaur Apocalypse”, que inclui o biólogo David Attenborough e o palentólogo Robert DePalma, relata a CNN.

A pesquisa em Tanis, o nome dado ao sítio arqueológico, começou em 2012. O local está a 3,2 mil quilómetros de distância da cratera de Chicxulub, onde se deu o impacto, no México.

DePalma acredita que os fósseis de peixes ficaram bem-preservados porque os animais foram enterrados vivos pelos sedimentos que foram arrastados com a enorme quantidade de água que foi libertada após o impacto do asteroide.

O paleontólogo acredita ainda que os peixes morreram na hora seguinte ao choque devido às esférulas de impacto - pequenas quantidades de rocha derretida que se cristalizaram e criaram um material semelhante ao vidro - que foram encontradas nas guelras.

No sítio, foi também encontrada uma perna de dinossáurio excecionalmente preservada e com a pele intacta, o que sugere que o corpo não teve tempo de se decompor antes de ser enterrado no meio dos sedimentos, tendo o animal morrido com o impacto ou imediatamente antes deste.

Muitas das descobertas reveladas no documentário ainda não foram publicadas em estudos revistos por pares, mas já há um consenso generalizado na comunidade de que o sítio tem provas do devastador último dia do reinado dos dinossáurios.

A equipa também encontrou esférulas que aterraram na resina da superfície dos ramos das árvores e que ficaram “congeladas no tempo” em âmbar e protegidas da água, o que evitou que se transformassem em argila. “É como ter um frasco de amostra, voltar atrás no tempo, recolher uma amostra do sítio do impacto e guardá-la para o estudo científico”, revela DePalma.

Foram encontrados fragmentos de rochas que não derreteram dentro das esférulas de vidro e a maioria destes era rica em cálcio. Os cientistas esperam conseguir confirmar o material de que o asteroide era feito — e este objetivo também despertou o interesse da NASA.

“Este exemplo daquilo que pode ser um pequeno fragmento, talvez microgramas, do asteroide - o facto de haver um registo preservado, seria alucinante“, revela Jim Harvin, cientista chefe do Centro de Voo Espacial Goddard.

 

in ZAP

sábado, abril 09, 2022

Descobertos fósseis do momento exato da extinção do KTB...!

Tanis: Fossil of dinosaur killed in asteroid strike found, scientists claim

Watch: Sir David Attenborough seeks expert help to understand the significance of the fossil leg
 

Scientists have presented a stunningly preserved leg of a dinosaur.

The limb, complete with skin, is just one of a series of remarkable finds emerging from the Tanis fossil site in the US State of North Dakota.

But it's not just their exquisite condition that's turning heads - it's what these ancient specimens are purported to represent.

The claim is the Tanis creatures were killed and entombed on the actual day a giant asteroid struck Earth.

The day 66 million years ago when the reign of the dinosaurs ended and the rise of mammals began.

Very few dinosaur remains have been found in the rocks that record even the final few thousand years before the impact. To have a specimen from the cataclysm itself would be extraordinary.

The BBC has spent three years filming at Tanis for a show to be broadcast on 15 April, narrated by Sir David Attenborough.

Sir David will review the discoveries, many that will be getting their first public viewing.

Along with that leg, there are fish that breathed in impact debris as it rained down from the sky.

We see a fossil turtle that was skewered by a wooden stake; the remains of small mammals and the burrows they made; skin from a horned triceratops; the embryo of a flying pterosaur inside its egg; and what appears to be a fragment from the asteroid impactor itself.

"We've got so many details with this site that tell us what happened moment by moment, it's almost like watching it play out in the movies. You look at the rock column, you look at the fossils there, and it brings you back to that day," says Robert DePalma, the University of Manchester, UK, graduate student who leads the Tanis dig.

 

Robert DePalma: "Dinosaurs and the impact are two things that are absolutely linked in our minds"


It's now widely accepted that a roughly 12km-wide space rock hit our planet to cause the last mass extinction.

The impact site has been identified in the Gulf of Mexico, off the Yucatan Peninsula. That's some 3,000km away from Tanis, but such was the energy imparted in the event, its devastation was felt far and wide.

The North Dakota fossil site is a chaotic jumble.

The remains of animals and plants seem to have been rolled together into a sediment dump by waves of river water set in train by unimaginable earth tremors. Aquatic organisms are mixed in with the land-based creatures.

  


   

The sturgeon and paddlefish in this fossil tangle are key. They have small particles stuck in their gills. These are the spherules of molten rock kicked out from the impact that then fell back across the planet. The fish would have breathed in the particles as they entered the river.

The spherules have been linked chemically and by radiometric dating to the Mexican impact location, and in two of the particles recovered from preserved tree resin there are also tiny inclusions that imply an extra-terrestrial origin.

"When we noticed there were inclusions within these little glass spherules, we chemically analysed them at the Diamond X-ray synchrotron near Oxford," explains Prof Phil Manning, who is Mr DePalma's PhD supervisor at Manchester.

"We were able to pull apart the chemistry and identify the composition of that material. All the evidence, all of the chemical data, from that study suggests strongly that we're looking at a piece of the impactor; of the asteroid that ended it for the dinosaurs."

 

Sir David examines the remains of a triceratops dinosaur

 

The existence of Tanis, and the claims made for it, first emerged in the public sphere in the New Yorker Magazine in 2019. This caused a furore at the time.

Science usually demands the initial presentation of new discoveries is made in the pages of a scholarly journal. A few peer-reviewed papers have now been published, and the dig team promises many more as it works through the meticulous process of extracting, preparing and describing the fossils.

To make its TV programme, the BBC called in outside consultants to examine a number of the finds.

Prof Paul Barrett from London's Natural History Museum looked at the leg. He's an expert in ornithischian (mostly plant-eating) dinosaurs.

"It's a Thescelosaurus. It's from a group that we didn't have any previous record of what its skin looked like, and it shows very conclusively that these animals were very scaly like lizards. They weren't feathered like their meat-eating contemporaries.

"This looks like an animal whose leg has simply been ripped off really quickly. There's no evidence on the leg of disease, there are no obvious pathologies, there's no trace of the leg being scavenged, such as bite marks or bits of it that are missing," he tells me.

"So, the best idea that we have is that this is an animal that died more or less instantaneously."

 

Artwork: The thinking is that a water surge buried all the creatures at Tanis

 

The big question is whether this dinosaur did actually die on the day the asteroid struck, as a direct result of the ensuing cataclysm. The Tanis team thinks it very likely did, given the limb's position in the dig sediments.

If that is the case, it would be quite the discovery.

But Prof Steve Brusatte from University of Edinburgh says he's sceptical - for the time being.

He's acted as another of the BBC's outside consultants. He wants to see the arguments presented in more peer-reviewed articles, and for some palaeo-scientists with very specific specialisms to go into the site to give their independent assessment.

Prof Brusatte says it's possible, for example, that animals that had died before the impact were exhumed by the violence on the day and then re-interred in a way that made their deaths appear concurrent.

"Those fish with the spherules in their gills, they're an absolute calling card for the asteroid. But for some of the other claims - I'd say they have a lot circumstantial evidence that hasn't yet been presented to the jury," he says.

"For some of these discoveries, though, does it even matter if they died on the day or years before? The pterosaur egg with a pterosaur baby inside is super-rare; there's nothing else like it from North America. It doesn't all have to be about the asteroid."

Pterosaur embryo

A pterosaur embryo inside an egg, found at the Tanis site...
 
 
...here digitally extracted and constructed into a model

 

There's no doubting the pterosaur egg is special.

With modern X-ray technology it's possible to determine the chemistry and properties of the egg shell. It was likely leathery rather than hard, which may indicate the pterosaur mother buried the egg in sand or sediment like a turtle.

It's also possible with X-ray tomography to extract virtually the bones of the pterosaur chick inside, to print them and reconstruct what the animal would have looked like. Mr DePalma has done this.

The baby pterosaur was probably a type of azhdarchid, a group of flying reptiles whose adult wings could reach more than 10m from tip to tip.

Mr DePalma gave a special lecture on the Tanis discoveries to an audience at the US space agency Nasa's Goddard Space Flight Center on Wednesday. He and Prof Manning will also present their latest data to the European Geosciences Union General Assembly in May.

Dinosaurs: The Final Day with Sir David Attenborough will be broadcast on BBC One on 15 April at 18:30 BST. A version has been made for the US science series Nova on the PBS network to be broadcast later in the year.

 


in BBC News

sexta-feira, outubro 02, 2015

Complica-se a teoria sobre as causas da extinção do KTB

Um meteorito e muitos vulcões, combinação mortal para os dinossauros

Representação artística de um impacto na Terra capaz de causar uma extinção em massa

As camadas de lava do Planalto do Decão, na Índia

O debate sobre a causa da extinção em massa da vida na Terra, há 66 milhões de anos, dura há décadas. Agora, novos resultados podem permitir reconciliar as duas explicações rivais.

Hoje em dia, o cenário mais geralmente aceite para explicar o desaparecimento dos dinossauros, há 66 milhões de anos, é que um asteróide – ou um cometa –, embateu no nosso planeta, criando a enorme cratera de Chicxulub, no Iucatão (México) e mergulhando a Terra numa densa nuvem de poeiras – um “inverno” global que exterminou árvores, plantas, animais.
Porém, há também quem proponha um outro cenário, argumentando que terá sido a actividade vulcânica intensa, também patente naquele período, a responsável pelo cataclismo ecológico. Para os defensores desta explicação alternativa, os materiais e os gases expelidos pelos vulcões terão sido, por si só, suficientes para bloquear a luz do sol à escala planetária durante muito tempo.
O debate dura há 35 anos, mas agora, uma equipa internacional que inclui especialistas dos EUA e da Índia apresentou novos dados que sugerem que, na realidade, foi o conjunto desses dois eventos globais que esteve na origem da extinção de pelo menos 75% das espécies terrestres e marinhas que existiam na altura. Os seus resultados foram publicados esta quinta-feira na revista Science.
Os cientistas, liderados por Paul Renne, da Universidade da Califórnia (EUA), realizaram novas datações das camadas de lava solidificada de uma das maiores regiões vulcânicas do mundo: o Planalto do Decão, a leste de Bombaim, na Índia. Já se sabia que esses fluxos de lava se formaram há cerca de 66 milhões de anos, mas os novos resultados, os mais precisos de sempre segundo os autores, permitem concluir que essas estruturas se formaram, à escala geológica, quase logo a seguir ao impacto do bólide que caiu em Chicxulub.
“Com base na nossa datação das lavas, podemos afirmar com bastante certeza que o vulcanismo [se intensificou] num intervalo de 50.000 anos após o impacto”, explica Renne em comunicado da sua universidade. “Portanto, torna-se um pouco artificial separá-los enquanto mecanismos mortíferos: os dois fenómenos estiveram claramente em acção em simultâneo.” Portanto, para este especialista, “uma vez que ambos ocorreram ao mesmo tempo, vai ser essencialmente impossível atribuir os efeitos atmosféricos que se seguiram a um desses eventos isoladamente.”
Uma das hipóteses que os autores propõem consiste em dizer que o impacto provocou uma mudança no “sistema de canalização” dos vulcões do Planalto do Decão, induzindo mudanças radicais no seu padrão eruptivo. Antes do impacto, os “vulcões andavam alegremente a cuspir em contínuo, com calma e relativa lentidão”, diz Renne. Mas a seguir, esse regime mudou, passando a haver erupções mais episódicas mas cuja velocidade de ejecção mais do que duplicou. Para o cientista, isto pode ser explicado pelo surto de actividade sísmica que o impacto terá gerado em todo o planeta e que fez aumentar o tamanho das câmaras magmáticas. Daí que elas tenham passado a demorar mais a encher-se e a explodir, mas que, ao explodirem, tenham cuspido quantidades de lava muito maiores e a maior velocidade.
Uma outra peça que parece bater certo com as observações, explica ainda Renne, é que esse “vulcanismo acelerado” durou cerca de 500.000 anos – ou seja, precisamente o tempo que “a biodiversidade e a química dos oceanos demoraram a recuperar realmente” da extinção.
“Na altura da extinção [que corresponde a uma camada identificável nos sedimentos geológicos], vemos mudanças radicais naquele sistema vulcânico, tanto em termos do ritmo das erupções como da sua dimensão, do volume das ejecções e em certa medida da composição química do material expelido”, explica ainda Renne. “Os nossos dados não provam conclusivamente que foi o impacto [do meteorito] que provocou estas mudanças, mas a ligação entre os dois fenómenos parece cada vez mais clara.”  
O co-autor Mark Richards, da mesma universidade – e o cientista que inicialmente propôs a ideia de o vulcanismo do Planalto do Decão ter sido “reacendido” pelo impacto de um asteróide ou cometa –, não tem elementos para afirmar qual dos dois eventos terá constituído a verdadeira sentença de morte para grande parte da vida na Terra. Mas “se as nossas datações de alta precisão continuarem a aproximar cada vez mais os três acontecimentos – o impacto, a extinção e o grande pico de vulcanismo –, as pessoas vão ter de aceitar a possibilidade de estarem ligados”, salienta. Seja como for, conclui, “o cenário que estamos a propor – que o impacto desencadeou o vulcanismo – reconcilia de facto o que até agora parecia ser uma inimaginável coincidência”.

in Público - ler notícia

sábado, setembro 07, 2013

sábado, fevereiro 09, 2013

Notícia sobre antepassado comum a todos os mamíferos placentários

Este poderá ter sido o antepassado comum a quase todos os mamíferos

Visão de artista do hipotético antepassado da maioria dos mamíferos

Ao combinar uma enorme massa de dados genéticos e anatómicos, foi possível descrever e datar o "pai" de todos os mamíferos placentários - dos roedores aos elefantes, dos mamíferos marinhos aos humanos.

Um bichinho pouco maior do que um ratinho, focinho em ponta, dentes afiados, pêlo castanho-acinzentado, cauda longa e peluda. Pesa menos de meio quilo e alimenta-se de insectos. Desloca-se agilmente de um lado para outro. Viveu há uns 65 milhões de anos, depois de os dinossauros terrestres e os grandes répteis terem sido varridos da face da Terra.

Não é totalmente seguro que tenha sido esse o seu aspecto e comportamento exactos: ninguém até aqui encontrou os seus restos fósseis. Mas um estudo de uma equipa internacional, hoje publicado na revista Science, conclui que o antepassado comum às cerca de 5100 espécies de mamíferos que povoam o nosso planeta - e cujas fêmeas geram a sua prole dentro do útero, numa placenta - era muito provavelmente parecido com este animalzinho.

Um grupo de 23 investigadores - do Museu Carnegie de História Natural (EUA), do Museu Americano de História Natural (EUA), de várias universidades norte-americanas e de uma universidade canadiana - finalizou um projecto iniciado há seis anos (e financiado pela National Science Foundation dos EUA) designado ATOL (Assembling the Tree of Life). O trabalho é o primeiro a combinar, em grande escala, dados vindos da análise ao ADN de uma série de espécies vivas de mamíferos ditos "placentários" com dados morfológicos de espécies vivas e extintas do mesmo tipo de mamíferos. Os mamíferos placentários vão dos roedores aos elefantes, das baleias aos gatos, aos cães e aos humanos. Trata-se de facto de todas as espécies de mamíferos, excepto os marsupiais (cangurus) e um punhado de espécies que põem ovos (como o ornitorrinco).

Para além de conferir um rosto possível ao nosso longínquo antepassado primordial, os resultados hoje revelados poderão pôr fim a um debate que dura há décadas: o de saber quando é que os mamíferos conquistaram a Terra. Será que a sua "explosiva" diversificação e expansão foram desencadeadas, há menos de 65 milhões de anos, pelo facto de os dinossauros - juntamente com 70% das outras espécies - terem desaparecido na sequência da colisão de um meteorito ou de um cometa com a Terra, deixando livre um importante nicho ecológico? Ou será que, tal como estipula uma teoria concorrente, a explosão evolutiva dos mamíferos aconteceu, pelo contrário, muito antes do fim dos dinossauros e dos répteis gigantes, devido à fragmentação de um hipotético supercontinente, baptizado Gondwana, que se pensa terá dado origem aos actuais continentes e subcontinentes austrais (América do Sul, Índia, Austrália e Antártida)?

Os novos resultados abonam a favor da primeira opção. Sugerem fortemente que, se um cataclismo cósmico não tivesse dado o "golpe de graça" aos tiranossauros, diplodocos e outros ferozes gigantes, há pouco mais 66 milhões de anos (como indica a mais recente e precisa datação desse evento, anunciada na mesma edição da Science - ver caixa), poderíamos não estar aqui para contar a história.

O problema com o ADN

A partir dos anos 1990, a genética permitiu estruturar a genealogia das espécies ao nível molecular. Só que os resultados das análises de ADN contradiziam as datações obtidas a partir do registo fóssil, fazendo aparentemente recuar, em dezenas de milhões de anos, o início da expansão dos mamíferos.

A questão é que o ADN sozinho não chega para reconstituir a história das espécies, tal como as provas genéticas forenses não chegam para resolver um crime. "Desvendar a árvore da vida é como juntar os elementos encontrados na cena de um crime", diz Maureen O"Leary, da Universidade de Stony Brook (EUA) e líder da equipa, em comunicado do Museu Americano da História Natural. "As ferramentas genéticas acrescentam informações importantes, mas também são precisos outros indícios físicos - um cadáver, por exemplo. E nas ciências da vida, são precisos fósseis e dados anatómicos. É a combinação de todos esses dados que produz a reconstituição mais informada do passado." Foi essa integração dos dois tipos de atributos, genéticos e físicos, que a equipa fez com um nível de pormenor sem precedente.

Outros estudos já tinham associado a genética dos animais a várias centenas de características morfológicas, explica um comunicado do Museu Carnegie. Mas desta vez, graças a uma aplicação Web chamada MorphoBank, acessível em www.morphobank.org, os cientistas puderam cruzar a genética com milhares de elementos multimédia (imagens, descrições, dados quantitativos, etc.) relativos uns 4500 traços físicos de cerca de 85 espécies de mamíferos placentários. "Olhámos para todos os aspectos da anatomia dos mamíferos, do crânio ao esqueleto passando pelos dentes, os órgãos internos, os músculos e até os padrões da pelagem", diz o co-autor John Wible, do Museu Carnegie.

A nova árvore da vida é a mais completa de sempre. E mostra que os mamíferos placentários surgiram rapidamente a seguir à extinção dos dinossauros, 200 mil a 400 mil anos depois do cataclismo que acabou com eles. "A nossa estimativa temporal é cerca de 36 milhões de anos mais tardia do que a estimativa puramente baseada nos dados genéticos", diz Marcelo Weksler, co-autor actualmente na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, isto sugere que a fragmentação do Gondwana não teve nada a ver com a expansão dos mamíferos. E foi também com base nos novos resultados que um artista pintou o retrato do nosso hipotético antepassado.

CAIXA - A morte caiu do céu

Cientistas norte-americanos, holandeses e britânicos recalcularam as datas da extinção dos dinossauros e do impacto do asteróide ou cometa que deixou uma cratera de quase 180 quilómetros de diâmetro ao largo da costa de Iucatão, no México. E concluem hoje na revista Science que os dois acontecimentos - a extinção definitiva dos dinossauros, assinalada nos sedimentos fósseis, e a queda de um objecto cósmico com 10 quilómetros de diâmetro - foram simultâneos. Estudos anteriores sugeriam que essa extinção maciça de espécies tinha acontecido uns 300 mil anos antes do cataclismo. Mas os novos cálculos, que recorreram a técnicas de datação de alta precisão, permitiram reduzir essa diferença para apenas 33 mil anos, tornando as duas datas praticamente idênticas.
O impacto aconteceu há 66.038.000 anos - e foi o "golpe de graça" para os grandes dinossauros terrestres e muitas criaturas marinhas, diz Paul Renne, co-autor, em comunicado da Universidade da Califórnia. "O impacto foi claramente a última gota, empurrando a Terra para um ponto sem retorno. Portanto, teve um papel decisivo nas extinções", salienta.
Porém, Renne adverte que "esse não terá sido o único factor". O clima global já vinha sofrendo variações drásticas há um milhão de anos, o que colocara muitas espécies à beira da extinção. "Isso tornou o ecossistema muito mais sensível a mudanças relativamente pequenas, que noutras circunstâncias teriam tido um impacto menor." 

in Público - ler notícia