Nascimento
Rei da Sardenha
Quando rebentou a
primeira guerra de independência comandou uma divisão da reserva do exército. Na
batalha de Goito (
30 de maio de
1848) conduziu pessoalmente a companhia "Guardia" ao ataque e foi ferido. Depois da
batalha de Novara e da abdicação de Carlos Alberto (
23 de março de
1849), sucedeu ao seu pai como rei da
Sardenha num momento difícil para o país.
Não tendo condições de continuar a guerra, Vítor Emanuel II teve que assinar o
armistício de Vignale (
24 de março de
1849) com o marechal austríaco
Radetzky.
Se o exército foi posto a dura prova pela derrota, a situação interna
do reino não era melhor, estremecido também por uma revolta republicana
em
Génova (abril de
1849). A maior dificuldade política encontrava-se na hostilidade da
Câmara dos Deputados (de maioria democrática) para ratificar o tratado de paz com a
Áustria.
Para superar a oposição da câmara, Vítor Emanuel II chegou ao limite extremo da honestidade constitucional anunciando o
decreto de Moncalieri (
20 de novembro de
1849) com que dissolvia o parlamento e convocava novas eleições. A convocação real conseguiu o seu efeito no
Piemonte.
Assinada a paz com a Áustria pode dedicar-se a solução dos grandes
problemas internos, primeiro entre todos o da consolidação do regime
constitucional.
Vítor Emanuel II era propenso a exercer a autoridade régia além dos
limites do estatuto, mas provou a sua lealdade constitucional
proclamando as leis "Siccardi" contra os privilégios do
clero. Todavia o monarca também foi induzido a recorrer a estes instrumentos pela firme postura do governo presidido por
Massimo D'Azeglio.
No mês de novembro de
1852,
Camillo Benso, Conde de Cavour sucedeu a
D'Azeglio.
O relacionamento de Vítor Emanuel II com Cavour nem sempre foi cordial
e fácil, porque o "grande ministro" não hesitava em expor ao rei os
seus pontos de vista que nem sempre estavam de acordo com aqueles do
soberano. Mas geralmente, o monarca seguiu as linhas gerais da política
de Cavour, com o desejo de restaurar a fama do seu exército, como no
caso da
intervenção na Crimeia. Para aumentar o prestígio e o domínio da sua casa aprovou a aliança com
Napoleão III, com quem ele compartilhava um certo gosto pela política secreta.
Rei de Itália
Os anos de
1858 até
1861 foram os mais favoráveis ao reino de Vítor Emanuel II. No mês de abril de
1859 partiu para a
guerra contra a Áustria, e menos de dois anos depois era proclamado o
Reino de Itália, com Vítor Emanuel como soberano. Certamente, para a rápida ascensão do monarca, contribuiu em muito a obra do
Conde de Cavour e de
Giuseppe Garibaldi que, com a
Expedição dos Mil, deu a Vítor Emanuel II o
Reino das Duas Sicílias. Mas deve-se reconhecer que naqueles anos decisivos ele esteve decididamente solidário com a causa da unidade nacional.
A
terceira guerra de independência (
1866) trouxe o
Veneto para a coroa, mas sem aquela vitória militar que o rei desejava. Para completar a unidade da Itália faltava ainda
Roma. Quando, no verão de
1870, rebentou a
guerra franco-prussiana, Vitor Emanuel II era mais propenso a correr em socorro do imperador francês
Napoleão III,
o antigo companheiro de armas e de intrigas, mas cedeu à vontade dos
seus ministros que quiseram aproveitar da ocasião favorável para tomar
Roma, então sob domínio do Papa, com apoio de tropas francesas. O rei
tomou Roma, que se tornou então capital do Reino de Itália. Porém do mesmo modo que não se adaptou a
Florença, que tinha sido escolhida para ser capital depois da Convenção de setembro (
1864),
não se adaptou também em Roma. Nunca morou no Palacio Quirinal,
preferindo o retiro numa residência mais modesta, juntamente com a
esposa
morganática Rosa Vercellana, posteriormente
condessa de Mirafiori.
Concluído o período heróico do
Risorgimento, o rei era, num certo sentido, um sobrevivente, como muitos outros protagonistas do pátrio resgate. Em
1876,
viu sair do governo, por voto contrário do parlamento, a direita
histórica de onde vieram os seus ministros mais hábeis e os seus mais
confiáveis conselheiros. Respeitoso das indicações do parlamento, chamou
ao governo a esquerda. Isto aconteceu no ano da sua
morte.
Descendência
Após a Itália ser unificada, em 1861, muitas das óperas de Verdi foram reinterpretadas como
Risorgimento. Começando em Nápoles, em 1859, e espalhando-se por toda a Itália, o slogan "Viva VERDI" foi usado como um acróstico de
Viva Vittorio Emanuele Re D'
Italia
(Viva Vitor Emanuel, Rei da Itália), referindo-se a Vítor Emanuel II da Itália, então rei da Sardenha.