segunda-feira, agosto 03, 2015

O poeta Políbio Gomes dos Santos morreu há 76 anos

(imagem daqui)

Políbio Gomes dos Santos (Ansião, 7 de agosto de 1911 - Ansião, 3 de agosto de 1939, foi um poeta português.
Políbio, frequentou o Instituto Militar dos Pupilos do Exército em Lisboa e terminou os seus estudos liceais em Coimbra, tendo aí ingressado na Faculdade de Letras.
Devido a ter adoecido, em setembro de 1938, com tuberculose, esteve internado no Sanatório da Guarda.
Foi um dos colaboradores dos Cadernos da Juventude, da Presença, do Sol Nascente e do O Diabo, assim como fez parte do grupo Novo Cancioneiro, de tendência neo-realista.
Actualmente, existe o Prémio Literário Políbio Gomes dos Santos, em homenagem ao poeta.

Poema da Voz que Escuta

Chamam-me lá em baixo.
São as coisas que não puderam decorar-me:
As que ficaram a mirar-me longamente
E não acreditaram;
As que sem coração, no relâmpago do grito,
Não puderam colher-me.
Chamam-me lá em baixo,
Quase ao nível do mar, quase à beira do mar,
Onde a multidão formiga
Sem saber nadar.
Chamam-me lá em baixo
Onde tudo é vigoroso e opaco pelo dia adiante
E transparente e desgraçado e vil
Quando a noite vem, criança distraída,
Que debilmente apaga os traços brancos
Deste quadro negro - a Vida.
Chamam-me lá em baixo:
Voz de coisas, voz de luta.
É uma voz que estala e mansamente cala
E me escuta.


 

in Voz que Escuta (1939) - Políbio Gomes dos Santos

domingo, agosto 02, 2015

A Invasão do Kuwait por Saddam Hussein foi há 25 anos

Mapa do Iraque em 1990, com o Kuwait como província

A Invasão do Kuwait, também conhecida como a Guerra Iraque-Kuwait, foi um grande conflito entre a República do Iraque e o Estado do Kuwait, o que resultou em sete meses de uma longa ocupação do Kuwait pelo Iraque, que posteriormente levou à intervenção militar direta, por forças lideradas pelos Estados Unidos, na Guerra do Golfo.
Em 1990, o Iraque acusou o Kuwait de roubar petróleo iraquiano por perfuração inclinada, embora algumas fontes iraquianas indicavam que a decisão de Saddam Hussein de atacar o Kuwait foi tomada poucos meses antes da invasão real. Alguns sentiam que havia várias razões para o movimento do Iraque, incluindo a incapacidade iraquiana de pagar mais de US$ 80 mil milhões, que haviam sido emprestados para financiar a Guerra Irão-Iraque e a superprodução de petróleo do Kuwait, que manteve os rendimentos abaixo para o Iraque. A invasão começou a 2 de agosto de 1990, e após dois dias de intenso combate, a maior parte das Forças Armadas do Kuwait foi destruída pela Guarda Republicana Iraquiana, ou escapou para a vizinha Arábia Saudita e o Bahrain. O estado do Kuwait foi anexado, e Saddam Hussein anunciou em poucos dias que este era a 19ª província do Iraque.

Causas
O Kuwait foi um forte aliado do Iraque durante a Guerra Irão-Iraque e funcionou como um importante porto do país, uma vez que Bassorá foi fechada pelos combates. No entanto, após o fim da guerra, as relações de amizade entre os dois países árabes vizinhos azedaram, devido a razões económicas e diplomáticas, que finalmente culminaram com a invasão iraquiana do Kuwait.

Zeca Afonso nasceu há 86 anos

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro, 2 de agosto de 1929 - Setúbal, 23 de fevereiro de 1987), foi um cantor e compositor português. É também conhecido pelo diminutivo familiar de Zeca Afonso, apesar de nunca ter utilizado este nome artístico.


Há 70 anos a Conferência de Potsdam redesenhou a Europa

A Conferência de Potsdam - ocorreu em Potsdam, Alemanha (perto de Berlim), entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados da Segunda Guerra Mundial, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha, que tinha se rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de maio, Dia da Vitória na Europa. Os objectivos da conferência incluíram igualmente o estabelecimento da ordem pós-guerra, assuntos relacionados com tratados de paz e contornar os efeitos da guerra.
  
Participantes

 Primeiros resultados da Conferência
  • Acordo sobre as indemnizações de guerra. Os aliados estimaram as suas perdas em  200 mil milhões de dólares. Após insistências das forças ocidentais (excluíndo assim a URSS), a Alemanha foi obrigada apenas ao pagamento de 20 mil milhões, em propriedades, produtos industriais e força de trabalho. No entanto, a Guerra Fria impediu que o pagamento se processasse na totalidade. Estaline propôs que a Polónia não tivesse direito a uma indemnização directa, mas sim que tivesse direito a 15% da compensação da União Soviética (esta situação nunca aconteceu).
  • Todos os outros assuntos seriam tratados na conferência de paz final, que seria convocada assim que possível.
Enquanto que a fronteira entre a Alemanha e a Polónia foi praticamente determinada e tornada irreversível através da transferência forçada de populações, facto acordado em Potsdam, o ocidente queria que na conferência final de paz se confirmasse a linha Oder-Neisse como marco permanente.
Dado que a Segunda Guerra Mundial nunca foi terminada com uma Conferência de Paz formal, a fronteira Germano-Polaca foi sendo confirmada com base em acordos mútuos: 1950 pela República Democrática Alemã, 1970 pela República Federal Alemã e, em 1990, pela Alemanha já reunificada. Este estado de incerteza levou a uma grande influência da União Soviética sobre a Polónia e Alemanha.
Os aliados ocidentais, especialmente Churchill, mostraram-se desconfiados das jogadas de Estaline, o qual já tinha instalado governos comunistas em países da Europa Central sob sua influência; a conferência de Potsdam acabou por ser a última conferência entre os Aliados.
Durante a conferência, Truman mencionou a Estaline uma "nova arma potente" não especificando detalhes. Estaline, que ironicamente já sabia da existência desta arma muito antes que Truman soubesse da mesma, encorajou o uso de uma qualquer arma que proporcionasse o final da guerra. Perto do final da conferência foi apresentado um ultimato ao império do Japão, ameaçando uma "rápida e total destruição", sem mencionar a nova bomba.
Após a recusa do Japão, ocorreram os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, com o lançamento de bombas atómicas sobre Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto). O dia 15 de agosto de 1945 foi o dia V-J (dia da vitória sobre o Japão). Representantes japoneses assinaram a rendição oficial do país a 2 de setembro.
Truman tomou a decisão de usar armamento atómico para acabar com a guerra enquanto esteve na conferência. Ainda que, hodiernamente, a historiografia recente admita que as bombas foram utilizadas com o intuito de apenas abreviar a guerra para que a URSS não avançasse mais na frente oriental.

Alemanha em 1947

sábado, agosto 01, 2015

António Maria Lisboa nasceu há 87 anos

(imagem daqui)

António Maria Lisboa (Lisboa, 1 de agosto de 1928 - Lisboa, 11 de novembro de 1953) foi um poeta português.
Apesar da sua evidente preferência pelas artes e letras, foi obrigado pelo pai a frequentar o Ensino Técnico, que detestava. A partir de 1947 forma, com Pedro Oom e Henrique Risques Pereira, um pequeno grupo à parte das actividades dos surrealistas, adoptando uma postura inconformista diante da transformação do surrealismo numa escola, no que acabaria por conduzir ao abjeccionismo, termo em que convergem os princípios da estética surrealista e uma postura poética de «insubmissão permanente ante os conceitos, regras e princípios estabelecidos». Em março de 1949 parte para Paris, onde permanece por dois meses. Datam provavelmente dessa curta estada os seus primeiros contactos com o Hinduísmo, a Egiptologia, e o Ocultismo em geral. Escreveu Erro Próprio (1950), o principal manifesto do surrealismo português. Colaborou na revista Pirâmide publicada entre 1959 e 1960 e foi redactor de Afixação Proibida, em colaboração com Mário Cesariny , amigo que o acompanhou até aos últimos dias de vida. Atormentado por dificuldades existenciais, morreu de tuberculose, com apenas vinte e cinco anos.
Ainda que inserida no surrealismo, a obra de António Maria Lisboa (em parte publicada postumamente por Luiz Pacheco na editora Contraponto) caracteriza-se por uma faceta ocultista e esotérica que a torna muito particular. Lisboa prefere intitular-se «metacientista», e não surrealista, porque, como argumenta numa carta a Mário Cesariny, a «Surrealidade não é só do Surrealismo, o Surreal é do Poeta de todos os tempos, de todos os grandes poetas». Em 1977 foi publicado um volume com a sua obra completa organizado por Cesariny. Na introdução, este salientou não só o facto de a destruição dos manuscritos, operada por familiares do poeta, constituir uma perda irreparável para a história do surrealismo português, como o facto de a sua morte prematura parecer encimar um itinerário fulgurante ao longo do qual poesia e vida constituíram uma unidade indissolúvel. Escreveu ainda acerca de António Maria o seguinte: 
Preocupado com uma verdadeira aproximação às culturas exteriores à tão celebrada civilização ocidental, há na sua poesia uma busca incessante de um futuro tão antigo como o passado. Pode, e decerto deve, ser considerado o mais importante poeta surrealista português, pela densidade da sua afirmação e na direcção desconhecida para que aponta.

Obras
  • Afixação Proibida (1949);
  • Erro Próprio (1950);
  • Ossóptico (1952);
  • Isso Ontem Único (Lisboa, 1953);
  • A Verticalidade e a Chave (Lisboa, 1956);
  • Exercícios sobre o Sonho e a Vigília de Alfred Jarry seguido de O Senhor Cágado e o Menino (Lisboa, 1958);
  • Uma Carta: Estrela da Ilha em Puros Ministros (Lisboa, 1958)
  • Poesia de António Maria Lisboa (org. Mário Cesariny, Lisboa, 1962)

Varech


Eu estimo sobre tudo os teus olhos incolores
as tuas mãos inúteis, a tua boca verde

Eu falo somente dos relógios caídos, dos autocarros

Eu falo somente dos pés vermelhos

Eu falo... eu falo... eu falo...

No vigésimo século as nuvens são árvores
e os pássaros mais pequenos grandes paquidermes

Sim, é verdade, os cabelos loiros

Então, meia-noite!

Senhora, se me dá licença, este dia acabou
por este dia
simplesmente

A criança é porca, é inútil

Muito obrigado.

Ney Matogrosso - 74 anos

Ney de Souza Pereira (Bela Vista, 1 de agosto de 1941), mais conhecido como Ney Matogrosso, é um cantor, diretor, iluminador e ator brasileiro. Ex-integrante dos Secos & Molhados (1973-1974), foi o artista que mais sobressaiu do grupo após iniciar a sua carreira a solo com o disco Água do Céu - Pássaro (1975) e com as suas apresentações subsequentes. É considerado pela revista Rolling Stone como a terceira maior voz brasileira de todos os tempos e, pela mesma revista, trigésimo terceiro maior artista brasileiro de todos os tempos. Embora tenha começado relativamente tarde, das canções poéticas e de géneros híbridos dos Secos e Molhados ele passou a interpretar outros compositores do país, como Chico Buarque, Cartola, Rita Lee ou Tom Jobim, construindo um reportório que prima pela qualidade e versatilidade. Em 1983, completava dez anos de estreia no cenário artístico e já possuía dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, inclusive pela enorme repercussão da canção "Homem com H" de 1981.
Como iluminador de espetáculos, tem supervisionado toda a produção da área nas suas próprias apresentações e também merece destaque o seu trabalho de iluminação e seleção de reportório no show Ideologia (1988) de Cazuza e no show Paratodos de Chico Buarque em 1993, ao que afirma: "quero que as luzes provoquem sensações nas pessoas". Matogrosso também tem atuado recentemente no cinema: estreou em 2008 no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar, e no filme Luz das Trevas de 2009, dirigido por Helena Ignez.
Distinguido por sua rara voz de contratenor, Ney Matogrosso também é conhecido por suas performances ao vivo. Atribuem à sua maquiagem cénica e ao seu vestuário exótico desde os anos 70 uma certa mudança de conceitos sobre o comportamento masculino apropriado no Brasil. Segundo Violeta Weinschelbaum, "o magnetismo da sua figura, a atração decididamente sexual que Ney Matogrosso produz sobre o palco é algo inimaginável." A biógrafa Denise Pires Vaz também escreve: "Dos cantores brasileiros, Ney Matogrosso é um dos poucos, senão o único, que pode merecer o título de showman."

...e foi ontem...


Quim Barreiros - O Melhor Dia para Casar


Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Seja viúva ou solteira
Ou até divorciado
Casar é palavra de ordem
Quando se encontra o bem amado.

Seja velho seja novo
Não há idade p'ra amar
E quando isso acontece
Todos pensam em casar

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.



Contra a vontade dos Pais
Ou com o seu consentimento
Os noivos sonham com o dia,
O dia do casamento.

Um pormenor importante
Que é preciso respeitar
Combinar com a família
O melhor dia p'ra casar.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.



Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

Qual é o melhor dia p'ra casar
Sem sofrer nenhum desgosto
O trinta e um de julho,
Porque depois entra agosto.

sexta-feira, julho 31, 2015

O Infante D. Afonso, o último (e improvável...) Príncipe Real de Portugal na Monarquia, nasceu há 150 anos

Afonso de Bragança, conhecido como o Infante D. Afonso, de seu nome completo Afonso Henrique Maria Luís Pedro de Alcântara Carlos Humberto Amadeu Fernando António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando Inácio de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança (Ajuda, Lisboa, 31 de julho de 1865 - Nápoles, 21 de fevereiro de 1920) foi o 3.º Duque do Porto, 24.º Condestável de Portugal e o 109.º governador e 51.º e último vice-rei da Índia Portuguesa.
Segundo filho do Rei Luís I e da Rainha Maria Pia de Saboia, princesa da Sardenha, e irmão mais novo do rei Carlos I, Afonso desempenhou as funções de condestável do reino, tendo sido nomeado vice-rei da Índia em 1895, por ocasião de uma expedição a essas colónias. Representou algumas vezes o irmão em cortes estrangeiras. Foi general de divisão do exército português e inspector-geral da arma de artilharia. Era ainda comandante honorário dos Bombeiros Voluntários da Ajuda.
Jurado pelas Cortes herdeiro presuntivo da coroa portuguesa, durante o curto reinado de Manuel II, seu sobrinho, após a implantação da República em 1910, Afonso exilou-se com a mãe, a rainha Maria Pia, em Itália, onde residiu na cidade de Nápoles. Não teve filhos do seu casamento morganático, celebrado em Madrid, em 1917, com Nevada Stoody Hayes, cidadã americana.
Reza a crónica anedótica que era conhecido como «O Arreda». Amante de carros e de velocidade, corria pelas ruas da cidade no seu automóvel aos gritos «Arreda, arreda!» para que as pessoas saíssem da frente, o que lhe valeu o cognome. Foi responsável pela organização das primeiras corridas de carros em Portugal.
Falecido em 1920, foi trasladado em 1921 para o Panteão da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Brasão de armas de Príncipe Real de Portugal

Francisco José deixou-nos há 27 anos...

(imagem daqui)
   
Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de agosto de 1924 - Lisboa, 31 de julho de 1988), mais conhecido como Francisco José, foi um cantor português.

Biografia
Iniciou sua carreira no liceu no qual estudava quando se apresentou no Teatro Garcia de Resende e se profissionalizou aos 24 anos de idade, sendo obrigado a interromper o curso de engenharia quando estava no terceiro ano.
Teve seus maiores sucessos na balada romântica Olhos Castanhos, lançada em 1951, e Guitarra Toca Baixinho, em 1973.
Quando começou a cantar, já finalista do curso, foi inscrito num programa da rádio que existia na altura, de Igrejas Caeiro, por colegas de curso.
Foi professor universitário, cargo que tinha na altura da sua morte. Era irmão do famoso geólogo, o Professor Doutor Galopim de Carvalho, conhecido pela atuação em defesa dos vestígios (icnofósseis) de Dinossáurios.


El-Rei D. João V morreu há 265 anos

D. João V em 1729, por Jean Ranc

D. João V de Portugal (João Francisco António José Bento Bernardo de Bragança; 22 de outubro de 1689 - 31 de julho de 1750), dito o Magnânimo, foi o vigésimo-quarto Rei de Portugal desde 1 de janeiro de 1707 até à sua morte.
O seu longo reinado, de 43 anos, foi o mais rico da História de Portugal, profundamente marcado pela descoberta de ouro no Brasil no final do século XVII, cuja produção atingiu o auge precisamente na última década do seu reinado.

(...)

Os principais testemunhos materiais do seu tempo são hoje, o Palácio Nacional de Mafra, a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, o Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, e a principal parte da colecção do Museu Nacional dos Coches, talvez a mais importante a nível mundial, também na capital portuguesa. No campo imaterial, merece destaque a extinta Academia Real da História Portuguesa, precursora da actual Academia Portuguesa da História, e ainda a criação do Patriarcado de Lisboa, um dos três patriarcados do Ocidente da Igreja Católica.
O último feito diplomático do reinado de D. João V, o Tratado de Madrid de 1750, estabeleceu as fronteiras modernas do Brasil. Vestígios do seu tempo no Brasil são cidades como Ouro Preto, então a capital do distrito do ouro das Minas Gerais, São João del-Rei, assim nomeada em sua honra, Mariana, que recebeu o nome da rainha, São José, a que foi dada o nome do príncipe herdeiro (hoje Tiradentes), e numerosas outras cidades, igrejas e conventos da era colonial.

Bandeira pessoal de El-Rei D. João V

É amanhã...!



quinta-feira, julho 30, 2015

Nicolau Breyner - 75 anos!

(imagem daqui)

João Nicolau de Melo Breyner Moreira Lopes (Serpa, 30 de julho de 1940) é um actor português.

Depois da infância em Serpa, veio para Lisboa com a família, tendo frequentado o Liceu Camões e a Faculdade de Direito. Depressa desistiu de Direito, acabando por se diplomar em Teatro, no Conservatório Nacional. Estreou-se como actor na peça Leonor Telles, de Marcelino Mesquita, no Teatro da Trindade. Pouco depois popularizava-se na comédia, tanto no teatro de revista como na televisão, demonstrado em programas como Nicolau no País das Maravilhas, Eu Show Nico ou Euronico. Recentemente interpretou Esta Noite Choveu Prata, de Pedro Bloch, produzido por Sérgio de Azevedo.
Foi actor e co-autor da primeira novela portuguesa, Vila Faia. Participou ainda em variadas sitcoms: Gente Fina é Outra Coisa; Nico D'Obra; Reformado e Mal Pago; Santos da Casa; Aqui não Há Quem Viva; inúmeras séries (O Espelho dos Acácios; Verão Quente; Conde D' Abranhos; A Ferreirinha; João Semana; Quando os Lobos Uivam e Pedro e Inês) e novelas (entre outras: Fúria de Viver e Vingança). Em 2008 mudou-se para a TVI e desde então realizou inúmeros trabalhos, entre Casos da Vida, Flor do Mar, a série histórica Equador e mais recentemente Morangos com Açúcar. Trabalhou também como realizador de várias séries e produtor de televisão, tendo sido o fundador da NBP Produções.
Recebeu ao longo da sua carreira cinematográfica, três Globos de Ouro, tendo sido considerado Melhor Actor com Kiss Me (2004), O Milagre Segundo Salomé (2004) e Os Imortais (2003).


quarta-feira, julho 29, 2015

Vincent van Gogh morreu há 125 anos...

Vincent Willem van Gogh (Zundert, 30 de março de 1853 - Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, considerado por muitos um dos maiores de todos os tempos.
A sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, na sua época: foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
O Museu Van Gogh, em Amesterdão, é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.


terça-feira, julho 28, 2015

Daniela Mercury - 50 anos!

Daniela Mercury, nome artístico de Daniela Mercuri de Almeida (Salvador, 28 de julho de 1965), é uma cantora, compositora, dançarina, produtora, atriz e apresentadora de televisão brasileira. Vencedora de um Grammy Latino, pelo seu álbum Balé Mulato, recebeu também seis Prémios TIM de Música, um prémio pela APCA, três prémios Multishow e dois prémios pelo VMB, de melhor videoclipe e fotografia.
Daniela é uma das maiores cantoras e mais famosas de axé music. Desde de 1991 até hoje, Daniela lançou diversos álbuns e singles (sendo 14 em primeiro lugar e 24 Top 10), vendendo mais de 20 milhões de discos em todo o mundo. Entre os seus maiores sucessos, encontram-se "O Canto da Cidade", "Rapunzel", "Maimbê Dandá", "À Primeira Vista", "Swing da Cor", "Mutante", "Nobre Vagabundo" e "Ilê! Pérola Negra (O Canto do Negro)" , ''Musica de Rua'' , ''Feijão de Corda'' , Você Não Entende Nada'' , ''Só pra te Mostrar'' , ''Olha o Gandhi ai'' , ''Levada Brasileira'' , ''Oya Por Nós'' , ''Meu Plano'' e ''A Rainha do Axé'' . Ela gravou um DVD comemorativo de 25 anos do Cirque du Soleil e fez parte do Festival de Jazz de Montreal. Além disso, Mercury foi convidada para participar do DVD de Alejandro Sanz, e cantar com Paul McCartney, em Oslo, na Noruega, durante a entrega do Prémio Nobel da Paz.
Em 2009 a cantora lançou o seu Álbum denominado Canibália e, em conjunto com o álbum, Daniela lançou uma turnê internacional, que até hoje, totaliza mais de 23 apresentações. O álbum gerou três singles, até agora, "Preta", com Seu Jorge, "Oyá Por Nós", com Margareth Menezes e "Sol do Sul". Neste mesmo ano, Camille Paglia, escritora e uma das mais importantes intelectuais na área cultural, e que nutria uma "paixão" intelectual por Madonna, declarou que Daniela Mercury é a artista que Madonna gostaria de ser.
Em 2010 o trio-elétrico de Daniela comemorou 60 anos e, a artista, 20 anos de carreira. Em entrevista Daniela declarou que produzirá um filme sobre a história do Axé, projeto que ainda não tem diretor definido. Para o Carnaval de 2010, Daniela, ao lado de Marcelo Quintanilha, compôs "Andarilho Encantado", single cantando pela primeira vez no "Pôr do Som", show realizado no Farol da Barra, em Salvador.
Em 2011 o canal de TV americano, CBS, elegeu Daniela Mercury como a “Carmem Miranda dos novos tempos”. O álbum Canibália, quando foi lançado nos Estados Unidos, rendeu-lhe uma crítica do jornal The New York Times que diz: “Daniela Mercury ultrapassa os conceitos que foram exaltados durante a sua carreira (…) com um pop contemporâneo, abraçando a pluralidade étnica e cultural do Brasil (particularmente a cultura afro-brasileira, embora Daniela Mercury seja branca), lembrando o passado e transformando-o."


Jim Davis, o criador de Garfield, faz 70 anos!

Jim Davis, pseudónimo de James Robert Davis (28 de julho de 1945), é um cartunista dos Estados Unidos, criador de Garfield, entre outros.
Jim Davis nasceu a 28 de julho de 1945 em Marion, Indiana, e foi criado numa pequena quinta de gado bovino da raça Black Angus pelos seus pais, James e Betty Davis, na companhia de seu irmão mais novo, Dave (Doc). Como em quase todas as quinta, na área junto ao curral, havia muitos gatos; chegou a ter uns 25 de uma vez só, segundo estimativas de Jim.
Jim acha que talvez tivesse se dedicado à vida da quinta, não fossem os sérios ataques de asma que sofria quando criança. Forçado a ficar dentro de casa, longe das tarefas rotineiras de uma quinta, passava as horas a desenhar. Os seus desenhos eram tão maus que tinha que legendá-los. Com a prática, foi melhorando e logo descobriu que os quadradinhos, quando acompanhados de palavras, eram mais engraçados. Nos últimos anos do primeiro grau, a asma foi controlada, fazendo com que Jim pudesse entrar na equipa de futebol do colégio. Mais tarde, frequentou a Universidade de Ball State em Muncie, Indiana, onde se formou em Artes e Administração.
Depois de concluído o curso, Jim permaneceu dois anos a trabalhar para uma agência local de publicidade, antes de se tornar o assistente do criador de TUMBLEWEEDS, Tom Ryan. Jim aprendeu a técnica e a disciplina necessárias para tornar-se um cartunista e começou a desenhar a sua própria tira cómica, GNORM GNAT. Quando tentou vender a tira para uma empresa de sindicalização nacional de tiras cómicas, comentaram: "Tem bastante graça, mas... insetos? Quem se pode  identificar com um inseto?" Após 5 anos desenhando Gnorm, Jim desenhou um pé gigante que caiu do céu e esmagou Gnorm em sua última aparição.
Jim examinou as páginas de tiras cómicas dos jornais mais detalhadamente e percebeu que havia muitas tiras de sucesso com cães, mas não havia gatos! Jim combinou o seu humor único com as suas memórias dos gatos da quinta, mais a sua habilidade artística em atividade desde criança e criou Garfield – um gato gordo, preguiçoso, adorador de lasanha e cínico. Jim diz que Garfield é uma mistura de todos os gatos que se lembrou desde a infância, todos enrolados em uma bola de pêlos cor de laranja. Garfield herdou este nome do avô mal-humorado de Jim – James Garfield Davis.
A tira foi lançada em 19 de junho de 1978 em 41 jornais. Hoje Garfield é lido em 2.570 jornais por 263.000.000 de leitores em todo o mundo.
Jim Davis obteve grande sucesso desde o lançamento de Garfield, incluindo quatro prémios Emmy (o maior prémio da TV Americana) – como Melhor Programa de Animação - e a inclusão do seu nome no "Licensing Hall of Fame" em 1998. Mas os prémios que ele mais aprecia são os recebidos dos seus colegas da Sociedade Nacional de Cartunistas: Melhor Tira Cómica Humorística (1981 e 1985), o Prémio Elzie Segar (1990) e o prestigiado Prémio Reuben (1990) pela Excelência como Cartunista.




Johann Sebastian Bach morreu há 265 anos

Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo se tornou um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia da sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas as suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante da sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande reportório de música contrapontística germânica como base de seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, através das quais sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os géneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável excepção da ópera, embora as suas cantatas mais maduras revelem bastante influência deste género artístico teatral que foi uma das formas musicais mais populares do período Barroco.
A sua habilidade no órgão e cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e tornou-se lendária, sendo considerado o maior virtuoso da sua geração e um especialista na construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas como compositor o seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi exatamente popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande músico. A maior parte da sua música caiu no esquecimento após a sua morte, mas a sua recuperação iniciou-se no século XIX e, desde então, o seu prestígio não cessou de crescer. Numa visão contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos o vêem como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que constituem a consumação de seu género. Entre as suas peças mais conhecidas e importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias das suas cantatas.


quinta-feira, julho 23, 2015

Slash - 50 anos!

Saul Hudson (Londres, 23 de julho de 1965), conhecido pelo seu nome artístico Slash, é um guitarrista britânico-americano mundialmente famoso como membro original da banda de hard rock Guns N' Roses, com quem alcançou sucesso mundial no final da década de 1980 e início dos anos 90. Em sua carreira posterior, Slash integrou algumas outras bandas de diversos estilos, bem sucedidas em sua maioria, e em 2010 iniciou uma carreira solo lançando dois discos e estando atualmente na sua segunda turnê mundial.
Slash completou a formação clássica dos Guns N' Roses em 1986 e, no ano seguinte, o grupo lançou o seu primeiro disco, Appetite for Destruction, que não teve nenhum grande impacto inicial, mas acabou ganhando grande popularidade com o tempo, transformando-se em um sucesso de vendas e consolidando a carreira do grupo. Em 1991, o conjunto lança seu novo disco dividido em duas partes, Use Your Illusion I e Use Your Illusion II, e apesar dos álbuns terem atingido grande sucesso, o relacionamento de Slash com o vocalista, Axl Rose, deteriorou-se com o passar dos anos e o guitarrista deixou o grupo em 1996. Nos anos seguintes, Slash trabalhou com seu projeto independente, Slash's Snakepit, mas os problemas com drogas do músico e a péssima conduta dos demais integrantes levaram ao fim do grupo em 2001. Slash formou uma nova banda em 2004, Velvet Revolver, e apesar do sucesso alcançado, a saída do vocalista Scott Weiland encerrou a carreira do grupo. Em 2010, Slash assinou contrato para um carreira sob seu próprio nome e lançou o seu primeiro disco, Slash, produzido ao lado de vários músicos, e acompanhado por uma banda de apoio o guitarrista realizou uma turnê mundial entre 2010 e 2011. Em 2012, o músico lançou seu novo disco, Apocalyptic Love, e iniciou uma nova turnê ao redor do mundo, turnê essa que foi muito bem recebida e aclamada pelo público. Recentemente Slash anunciou que está produzindo seu 3º álbum solo.
Slash tem recebido elogios da crítica como um guitarrista desde o início de sua carreira, recebendo diversos prémios e homenagens até hoje. A revista Time nomeou-o vice-campeão em sua lista de "Os 10 Melhores Guitarristas ​​em 2009, enquanto a Rolling Stone o colocou em sexagésimo quinto lugar em sua lista de "Os 100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos" em 2011. Também, a Guitar World classificou seu solo em "November Rain" em sexto lugar na sua lista de "Os 100 Melhores Riffs de Guitarra" em 2008, e a Total Guitar colocou seu riff de "Sweet Child o' Mine" em primeiro lugar na sua lista de "100 Maiores Riffs" em 2004. Em julho de 2012, Slash recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em Los Angeles, onde o músico cresceu.


domingo, julho 19, 2015

Plutão - admirável mundo novo...

O planeta-anão, uma gigantesca surpresa

As altas montanhas descobertas pela New Horizons em Plutão

A superfície de Caronte, companheiro de Plutão, fotografada em alta resolução

Annette Tombaugh, filha do descobridor de Plutão, durante a conferência de imprensa de quarta-feira à noite

As primeiras imagens de Plutão e Caronte em alta resolução, feitas pela New Horizons, revelam topografias totalmente inesperadas.

Montanhas com cerca de 3.500 metros de altura em Plutão; falésias, vales e um desfiladeiro com sete a nove quilómetros de profundidade no seu companheiro Caronte. Estas foram algumas das inesperadas estruturas de superfície que os cientistas da missão New Horizons da NASA descobriram literalmente esta quarta-feira, com base nas primeiras imagens em alta resolução enviadas pela sonda da agência espacial norte-americana após a sua passagem, na terça-feira, muito perto da superfície de Plutão.

“Temos grandes notícias”, disse Alan Stern, investigador principal da equipa da sonda, logo no início da conferência de imprensa transmitida em directo via Web, na quarta-feira, a partir das 20h (hora de Lisboa) desde o centro de controlo da missão, na Universidade Johns Hopkins (EUA).

Primeira grande surpresa: a topografia de Caronte. “Pensávamos encontrar um terreno antigo, coberto de crateras”, anunciou Cathy Olkin, co-responsável da missão, “mas o que vimos é absolutamente espantoso”. Na realidade, há muito poucas crateras em Caronte. “Isso sugere uma actividade geológica muito recente”, acrescentou, com as crateras a serem “apagadas” por ressurgimentos de material.

Quanto a Plutão, a surpresa foi ainda maior: revelou ter uma cadeia de jovens montanhas muito altas, para além de uma igualmente notável ausência de crateras. “Fizemos zoom sobre uma área quadrada de Plutão com cerca de 240 quilómetros de lado e não vemos nem uma única cratera, nem uma marca de impacto”, disse Will Grundy, outro elemento da equipa. “Só posso dizer: ‘uau’!”

Para os cientistas, isso significa que a superfície de Plutão é muito nova, talvez com menos de 100 milhões de anos de idade – ou seja, contemporânea dos dinossauros na Terra. O que implicaria que estes dois astros são meras crianças em relação aos 4500 milhões de anos que tem o nosso sistema solar.

Uma coisa que os investigadores terão agora de perceber é como é possível existir actividade geológica (talvez ainda hoje) em corpos gelados tão pequenos que não têm, ao seu lado, um planeta maciço cuja atracção gravitacional lhes possa fornecer, através do chamado “efeito de maré”, a energia necessária para essa actividade ter lugar.

“Foi esta manhã que descobrimos que o efeito de maré não é necessário para alimentar a actividade geológica em corpos gelados, isolados e tão pequenos como estes”, salientou Will Grundy, desencadeando uma salva de palmas no auditório da Johns Hopkins, onde decorria o evento.

“Os geofísicos vão ter muito trabalho para perceber os processos em causa”, rematou Alan Stern.

As montanhas de Plutão sugerem também que os gelos de azoto e de metano à superfície do planeta-anão formam apenas uma crosta, um “verniz”, uma fina cobertura. “Tem de haver gelo de água por baixo para ser possível gerar montanhas desta dimensão”, disse ainda Will Grundy. Só o gelo de água, que à temperatura de Plutão se comporta como uma rocha, seria suficientemente forte para sustentar essas estruturas.

Uma longa espera
Voltando um pouco atrás no tempo, foi após quase um dia de silêncio, em que fora programada para se dedicar exclusivamente a recolher dados e imagens, que a New Horizons “telefonou para casa”, exactamente à hora prevista: pouco antes das duas da manhã de quarta-feira (hora de Lisboa).

Às 01.54 foi recebido o primeiro sinal, captado por uma antena da NASA na Austrália e retransmitido para os EUA via uma outra antena, em Espanha: a sonda disse “olá”, confirmando que a linha de comunicação funcionava. Seguiu-se, pouco depois e durante vários minutos, uma rajada de sinais que significavam que o sistema de transferência de dados da sonda para a Terra estava operacional – e ainda, que as temperaturas a bordo estavam “todas no verde”.

Alice Bowman, responsável operacional da missão (mission operations manager, ou “mom” para os seus colegas) confirmaria a seguir, um a um – e, de cada vez, acolhida por aplausos –, o bom estado de saúde dos instrumentos de bordo e ainda que, na memória da sonda, “a quantidade expectável de segmentos tinha sido preenchida”. Isso significa que a totalidade das informações previstas terá sido efectivamente colhida e armazenada pela sonda durante a sua passagem a apenas 12.500 quilómetros de Plutão, à velocidade de 49.600 quilómetros por hora.

“Temos uma nave espacial de boa saúde, que registou os dados como previsto e que segue agora para lá de Plutão”, diria para concluir Alice Bowman. “We did it!” Houve abraços e beijos dentro da sala de operações da missão enquanto o público que enchia o já referido grande auditório ovacionava em pé a equipa da New Horizons.

A tensa espera tinha sido tanto mais longa que, como a sonda se encontrava naquela altura a cerca de 5000 milhões de quilómetros de nós, as suas primeiras mensagens demoraram, viajando à velocidade da luz, quase quatro horas e meia a chegar ao solo terrestre.

Presente na sala de controlo a aguardar o histórico telefonema estava também a filha de Clyde Tombaugh (1906-1997), o astrónomo norte-americano que descobriu Plutão em 1930 e cujas cinzas seguem a bordo da New Horizons, em guisa de homenagem. Referindo-se à já célebre estrutura em forma de coração que a sonda revelou existir à superfície de Plutão, Annette Tombaugh, citada pela BBC News, disse que o seu pai teria certamente gostado da ideia de que o seu planeta tem um coração.

Mas não é apenas esta estrutura que os cientistas têm descoberto nos últimos dias – e que tornam tanto Plutão como Caronte muito diferentes do que se esperava.

Já na terça-feira, depois da apresentação da imagem de Plutão fotografado pela New Horizons no dia anterior (antes de a sonda se calar para trabalhar), os cientistas tinham divulgado uma outra fotografia, com os dois corpos em cores falsas e onde era possível ver a complexidade topográfica das suas superfícies.

Os dados de cor ajudam aos cientistas a perceber a composição molecular do gelo de superfície, bem como a idade de estruturas geológicas. “Estas imagens mostram que Plutão e Caronte são mundos realmente complexos”, dissera Will Grundy, em comunicado da NASA.