Início
Pacelli, primogénito de família da nobreza italiana, era neto de
Marcantonio Pacelli, que foi subsecretário do Ministério das Finanças
Papais e foi secretário do Interior, no pontificado de
Pio IX, de 1851 a 1870, e foi o fundador do jornal oficial do Vaticano,
L'Osservatore Romano, em 1861. O seu pai, Filippo Pacelli (1837-1916), é advogado da
Rota Romana
e depois advogado consistorial, mostra-se desfavorável à integração dos Estados Papais no Reino da Itália. A sua mãe, Virgínia Graziozi
(1844-1920) vem de uma família distinguida pelos seus serviços prestados
à Santa Sé. Finalmente, o seu irmão, Francesco Pacelli, médico e
advogado, doutor em direito canónico na Santa Sé, será um dos
negociadores dos acordos de
Latrão, em 1929.
Eugenio Pacelli foi educado no Liceu Visconti, uma instituição pública. Em 1894 começou a estudar Teologia na
Universidade Gregoriana, como pensionista do Colégio Capranica. De 1895 a 1896, faz um ano de filosofia na
Universidade La Sapienza de Roma. Em 1899, ingressa no Instituto Apollinare da
Pontifícia Universidade Lateranense, onde obteve três licenças, uma de teologia e outro em
utroque jure (em "dois direitos", isto é,
direito civil e
direito canónico).
No seminário, por motivos de saúde, é autorizado a pernoitar na casa dos
pais. Iniciou os seus trabalhos apostólicos na igreja de Santa Maria
Vallicella, integrando um grupo de jovens. Foi ordenado sacerdote a 2 de
abril de 1899 pelo bispo Monsenhor
Francesco di Paola Cassetta, um amigo da família.
Serviço na Cúria
Depois de dois anos como cura da
Chiesa Nuova, onde fora sacristão, em 1901,
ingressou na Congregação dos Assuntos Eclesiásticos Extraordinários,
responsável pelas relações internacionais do Vaticano, por recomendação
do cardeal
Vincenzo Vannutelli. Pacelli assistiu ao
conclave de agosto de 1903, quando vê um Imperador,
Francisco José I da
Áustria, opor pela última vez um "veto" à eleição de um cardeal a papa, que seria contra o Cardeal
Rampolla.
Em 1904, foi nomeado pelo Cardeal
Pietro Gasparri
secretário da Comissão para a codificação do direito canónico,
tornou-se também "Camareiro" de sua Santidade, sinal de confiança do
papa. Publicou um estudo sobre "A Personalidade e territorialidade das
leis, especialmente no direito canónico", em seguida, publicou um "Livro
Branco" sobre "A separação entre Igreja e Estado na França". Pacelli
declina do convite para lecionar em inúmeras cadeiras de Direito
Canónico, bem como no "Apollinaire" e na
Universidade Católica de Washington. Aceita, no entanto, ensinar na
Pontifícia Academia Eclesiástica, sementeira da Cúria Romana. Em 1905, foi promovido a "prelado doméstico" de Sua Santidade.
É mantido neste posto durante todo pontificado de
Bento XV, como secretário conclui a concordata com governo da
Sérvia quatro dias antes (24 de junho de 1914) do assassinato do Arquiduque da Áustria
Francisco Ferdinando em
Sarajevo, em seguida assume a missão de promover a política papal durante a
Primeira Guerra Mundial, em particular, ela visa dissuadir a Itália para ir à guerra.
Em 1915, viaja para
Viena e trabalha em colaboração com Monsenhor
Scapinelli di Leguigno,
então núncio apostólico em Viena, para convencer o Imperador Francisco
José a ser mais paciente nas suas relações com a Itália. Desta forma, a
Itália, não faria guerra contra os Impérios Centrais (
Áustria-Hungria e
Alemanha).
Núncio Apostólico
Foi nomeado
Núncio Apostólico na
Baviera pelo
Papa Bento XV a 20 de abril de 1917, sendo três dias depois nomeado arcebispo
in partibus de
Sardes, a sua ordenação ´feita na
Capela Sistina, pessoalmente pelo próprio papa, no dia 13 de maio de 1917, data da primeira aparição da
Virgem de Fátima,
em plena Primeira Guerra Mundial. Começa o trabalho no momento da
receção da nota de 1 de agosto de 1917, de Bento XV, trabalhará tendo a
paz e o auxílio às vítimas do conflito como principal objetivo, mas só
obtém resultados decepcionantes. Esforça-se por conhecer bem a Igreja
Católica na Alemanha, visita as dioceses e frequenta os principais
eventos católicos como o
Katholikentag. Tomou ao seu serviço a alemã
irmã Pasqualina, que se tornou a sua governanta até final de sua vida.
Desde 1919, a Nunciatura na Baviera foi reconhecida como competente para toda a
Alemanha. Em 23 de junho de 1920 é criada uma nunciatura na Alemanha (
República de Weimar) e Pacelli é então acreditado em
Berlim, ao mesmo tempo que recebe a Nunciatura da
Prússia, tarefa que desempenhou até 1929. Nesta época toma conhecimento das discussões entre o Vaticano e a
União Soviética. Em 1926, ordena bispo o jesuíta
D'Herbigny,
encarregado de constituir um clero na Rússia. As tentativas de
negociação do Núncio em Berlim com emissários soviéticos, com a
finalidade de garantir condições mínimas de sobrevivência para a Igreja
na
União Soviética, que tiveram início em 1924, prolongaram-se por mais de três anos e resultaram em insucesso.
Para regularizar as relações da
Santa Sé
com outros Estados e defender as atividades católicas nestes países,
exerce uma atividade diplomática intensa, assistiu e assinou várias
concordatas com vários Estados:
Letónia em 1922,
Baviera em 1924,
Polónia em 1925,
Roménia em 1927,
Prússia
em 1929. Tais concordatas permitiam a Igreja Católica organizar grupos
de jovens, fazer nomeações eclesiásticas, construir e manter escolas,
hospitais e instituições de caridade, ou mesmo realizar serviços
religiosos. Também asseguravam que o
direito canónico seria reconhecido dentro de algumas áreas (por exemplo, decretos da Igreja na área de nulidade do casamento, etc.).
Cardeal Secretário de Estado
Exerce a nunciatura na Alemanha até ser criado cardeal em 16 de dezembro de 1929 pelo
Pio XI, com o título de
Cardeal-presbítero de "
São João e São Paulo".
Em 8 de fevereiro de 1930 é nomeado Secretário de Estado - por
coincidência no mesmo dia que, em 1901, sem ter completado ainda vinte e
cinco anos, atravessou pela primeira vez os umbrais da Secretaria de
Estado - o cardeal Pacelli recebeu da
Bulgária votos especiais, formulados por um idoso monge que invocava para ele
a docilidade de David e a sabedoria de Salomão, quem escrevia ao futuro Papa Pio XII era aquele que lhe sucederia com o nome de
João XXIII.
Em 1935 foi nomeado Cardeal
Camerlengo. Promove, ainda, a celebração de concordatas com a
Áustria (1933),
Alemanha (1933),
Iugoslávia (1935) e
Portugal (
Concordata entre a Santa Sé e Portugal, em 1940). Fez ainda visitas diplomáticas na
Europa e América, incluindo uma longa visita aos
Estados Unidos em 1936, onde se encontrou com
Charles Coughlin e
Franklin D. Roosevelt,
que enviou interlocutores à Santa Sé em dezembro de 1939, para
restabelecer relações diplomáticas que haviam sido rompidas desde 1870,
quando o papa havia perdido o poder temporal. Os
tratados de Latrão de 1929 foram concluídos antes de Pacelli se tornar Secretário de Estado.
Em abril de 1935, em resposta à nota da Embaixada da Espanha do dia
15 comunicando a proclamação da República naquele país, o Cardeal
Secretário de Estado, depois de ouvida a Congregação para os Assuntos
Eclesiásticos Extraordinários e obtida a aprovação de
Pio XI, emitiu nota diplomática do seguinte teor:
A Santa Sé - disse Pacelli -
toma
em consideração esta comunicação. Ela está disposta a secundar o
Governo provisório na obra de manutenção da ordem, confiante de que
também o Governo por seu lado respeitará os direitos da Igreja e dos
católicos numa nação na qual a quase totalidade da população professa a
Religião católica. Esta nota diplomática foi o ato formal de reconhecimento por parte da
Santa Sé do Governo provisório da Segunda República espanhola.
Ainda em 1935, a 6 de dezembro, recebe o hábito
dominicano, tornando-se membro da
Ordem Terceira de São Domingos, em virtude da sua grande «
grande
admiração pela doutrina e santidade dos exímios doutores da Ordem,
Tomás de Aquino e Alberto Magno, tomou para a sua vida dominicana o nome
de ambos, querendo ficar-se chamando «Tomás-Alberto».
O
Arquivo Secreto do Vaticano publicou em 2010
I "flogli di udienza" del cardinale Eugenio Pacelli segretario di Stato.
Pacelli, durante o período que vai de 8 de fevereiro de 1930 a 10 de
fevereiro de 1939 começou a tomar notas dos encontros com o Papa
Pio XI,
e depois também daqueles com os diplomatas e eclesiásticos, com uma
frequência que se manteve quase quotidiana durante um decénio, até
poucas horas antes da morte de Pio XI. Estas anotações foram conservadas
pelo autor depois da eleição papal, contendo 2.627 folhas e documentam
1.956 audiências. São apontamentos destinados ao trabalho da Secretaria
de Estado e da Cúria Romana e eram até agora uma fonte desconhecida de
interesse para a história contemporânea.
Eleição - o conclave
Em 2 de março de 1939, quando já se podia antever a nova conflagração
mundial, no dia de seu 63.º aniversário, na terceira votação, Pacelli
tornou-se o primeiro Secretário de Estado, desde o
Papa Clemente IX em 1667, a ser eleito Papa; escolheu o nome de
Pio XII, na continuidade do pontificado precedente, Pacelli foi ainda o primeiro
Camerlengo desde
Leão XIII em 1878, o primeiro membro da Cúria desde o
Papa Gregório XVI (1831), e o primeiro romano desde o
Papa Clemente X em 1670 a ser eleito papa.
Opus iustitiae pax
O Papa e a Guerra
Nomeou seu Secretário de Estado o cardeal
Maglione,
antigo núncio em Paris. Evitar a guerra a todo custo foi a sua primeira
preocupação. Pode-se dizer que Pio XII foi um dos principais
protagonistas daqueles dias tão carregados de tragédia, porque procurou,
com todas as suas forças, evitar a guerra. Tendo adquirido uma grande
experiência diplomática, tem ciência de que o espera um dos mais
agitados períodos da história.
Na sua primeira intervenção radiofónica com a mensagem
Dum gravissimum, em 3 de março de 1939, manifesta preocupação pelo quanto se temia então: "
Nestas
ansiosas horas, enquanto muitas dificuldades parecem se opor à
realização da verdadeira paz, que é a mais profunda aspiração de todos,
levamos nossa suplica a Deus, uma oração especial por todos aqueles que
têm a maior honra e o enorme peso de guiar o povo no caminho da
prosperidade e do progresso civil." Em maio envia, sem sucesso, aos governos do
Reino Unido,
França,
Polónia,
Alemanha e
Itália uma proposta para resolver, mediante uma reunião conjunta, os problemas inerentes à comprometida estabilidade política.
Dirigiu por rádio um novo apelo à paz no mundo: Iminente é o perigo, mas ainda é tempo. Nada é perdido com a paz. Tudo pode ser [perdido] com a guerra, era o seu brado naquela mensagem de rádio profética de 24 de agosto de 1939, a uma semana do início do conflito.
Em 20 de outubro de 1939 publica a sua primeira encíclica: Summi Pontificatus,
em que exprime a sua angústia pelo sofrimento que cai sobre os
indivíduos, famílias e toda a sociedade. Diz que a "hora das trevas"
caiu sobre a humanidade, convida a todos a orar "para que a tempestade
se acalme e sejam banidos os espíritos de discórdia que levaram a tão
sangrento conflito." Recorre com frequência ao meio radiofónico para
promover as suas mensagens, o mais moderno de comunicação de massa na
época, são perto de duzentas mensagens radiodifundidas e dirigidas ao
mundo em várias línguas, além de seus escritos.
Na noite de
Natal de 1942, condenou a
perseguição judia, na sua famosa alocução de
Natal.
Igualmente, em 1943 pronunciou um importante discurso aos cardeais, em
que reafirmou a sua condenação da política alemã. Como Bispo de Roma
entrou em pessoa, em julho e agosto de 1943, nos populosos bairros de
São Lourenço e São Giovanni para trazer conforto para as vítimas dos
bombardeamentos anglo-americanos.
Quando, em 10 de setembro de 1943 os nazis invadiram
Roma, o Papa abriu a Santa Sé aos refugiados, estimando-se que tenha concedido a cidadania do
Vaticano
a entre 800.000 e 1.500.000 de pessoas, e nos meses em que Roma se
encontrava sob ocupação alemã, Pio XII instruiu o clero italiano sobre
como salvar vidas usando de todos os meios possíveis. Cento e cinquenta e
cinco conventos e mosteiros em Roma deram asilo a aproximadamente cinco
mil judeus. Pelo menos três mil encontraram refúgio na residência de
verão do pontífice, em
Castel Gandolfo. Sessenta judeus viveram por nove meses dentro da
Universidade Gregoriana
e muitos foram escondidos no subsolo do Pontifício Instituto Bíblico.
Seguindo as instruções de Pio XII, muitos padres, monges, freiras,
cardeais e bispos italianos empenharam-se para salvar milhares de vidas
judias. O cardeal Boetto, de
Génova, salvou pelo menos oitocentas vidas. O bispo de
Assis escondeu trezentos
judeus durante mais de dois anos. O bispo de Campagna e dois seus familiares salvaram outros 961 em
Fiume.
Hitler
ameaçou sequestrar Pio XII. O general Karl Otto Wolff, das SS, recebeu
ordem para ocupar o mais rapidamente possível o Vaticano, garantir a
segurança dos arquivos e dos tesouros artísticos, e "
transferir"
(ou seja, sequestrar) o Papa, juntamente com a Cúria, para que não
caíssem nas mãos dos Aliados e exercessem influência política. De acordo
com historiadores, Hitler ordenou o
sequestro
porque ele tinha medo da possibilidade de Pio XII aumentar e agravar as
suas críticas à perseguição judia levada a cabo pelos nazis. Ele
também tinha medo de que a oposição de Pio XII pudesse inspirar mais
resistência e oposição à ocupação alemã na
Itália e em outros países católicos. Nessa eventualidade, o Papa disse à Cúria que a sua captura pelos
nazis
implicaria a sua resignação imediata, abrindo caminho à eleição de um
sucessor. Os prelados teriam de se refugiar num país seguro e neutro,
provavelmente
Portugal, onde iriam restabelecer a liderança da Igreja Católica Romana e eleger um novo Papa.
Como consequência, e apesar do facto de
Mussolini e dos
fascistas terem cedido à exigência de
Hitler
de dar início às deportações também na Itália, muitos católicos
italianos desobedeceram às ordens alemãs. É sabido que, enquanto cerca
de 80% dos judeus europeus encontraram a morte durante a
Segunda Guerra Mundial, 80% dos
judeus italianos se salvaram.
Em 12 de março de 1944 profere a alocução Nella desolazione,
dirigida aos "foragidos da guerra refugiados em Roma e aos habitantes da
cidade reunidos na Praça de São Pedro" e em 2 de junho deste mesmo ano
em outra alocução: È ormai passato, dirigida aos Cardeais repele
mais uma vez a guerra. Em 29 de novembro de 1945 recebe no Vaticano
oitenta delegados de campos de concentração alemães que foram
pessoalmente manifestar o seu agradecimento pela "generosidade
demonstrada pelo Santo Padre para com eles durante o terrível período do
nazifacismo".
Depois da Guerra
Na sua Radiomensagem Ecco alfine de 9 de maio de 1945 Pio XII
reafirma o que tanto já vinha repetindo, que "só a paz e a segurança
imposta sob justiça podem garantir ao povo um ordenamento público
conforme as exigências fundamentais da consciência humana e cristã".
Diante do crescimento do comunismo soviético denuncia a violência exercida contra os povos
eslavos na alocução
Nell’accogliere, de 5 de junho de 1945 e reage contra a perseguição religiosa é exercida nessas regiões. Na Mensagem
Ecce ego declinabo, de 24 de dezembro de 1954, denuncia os males da
Guerra Fria e na mensagem natalícia de 1955
Col cuore aperto rejeita mais uma vez de modo expresso a doutrina do
comunismo afirmando-a contrária à doutrina cristã e ao direito natural.
Em fins de 1947, a Assembleia Constituinte italiana havia concluído o
texto de um nova constituição que entraria em vigor em 1 de janeiro de
1948. Haviam sido convocadas eleições gerais para 18 de abril de 1948,
comunistas e
socialistas coligaram-se contra a
Democracia Cristã, liderada por
Alcide De Gasperi. À vista do bloqueio de
Berlim naquele ano, a
guerra fria entre a URSS e as democracias ocidentais e a perseguição religiosa por trás da "
cortina de ferro"
levaram Pio XII a declarar que "soara a hora capital da consciência
cristã". Em suas palavras "toda a nação estava em plena transmutação dos
tempos, que requeria por parte da Cabeça e dos membros da Cristandade,
suma vigilância, incansável diligência e uma ação abnegada."
Coerente com o magistério da Igreja que já condenava o
marxismo como heresia desde antes do
Papa Leão XIII e através da encíclica
Rerum Novarum e de outros documentos pontifícios
de seus sucessores, naquelas eleições prestou claro apoio a De Gasperi e
à Democracia Cristã italiana que, afinal, saiu-se vitoriosa, e proibiu o
clero católico de votar no PCI (
Partito Communista D'Italia) o que, segundo seus críticos, seria mostra da sua feição conservadora.
Na verdade, Pio XII empenhara-se naquela eleição e com ele toda a
Igreja Católica para garantir a vitória da Democracia Cristã na Itália e
evitar que sucedesse na nascente democracia italiana o que vinha
ocorrendo então, na denominada
Cortina de Ferro. Em 1949, ordenou a publicação do
Decreto contra o Comunismo, que levou à
excomunhão
de católicos que defendiam abertamente o comunismo. Também condenou o
comunismo em outras ocasiões, como por exemplo na Carta Apostólica
Dum maerenti animo - A Igreja perseguida na Europa do Leste (29 de junho de 1956) e na Carta Apostólica "Sacro vergente anno" - Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria (7 de julho de 1952).
(...)
Segundo o diplomata e historiador judeu
Pinchas Lapide, que foi cônsul em
Milão,
na sua obra "Three Popes and Jews" (Londres, 1967), "Pio XII, a Santa
Sé, os núncios do Vaticano e toda a Igreja Católica teriam salvo de 700.000 a 850.000 hebreus da morte certa, no regime nazi."
Em 23 de dezembro de 1940, na revista "Time",
Albert Einstein
afirmava: "Somente a Igreja ousou opor-se à campanha de Hitler de
suprimir a verdade. Nunca tive um interesse especial pela Igreja antes,
mas agora sinto um grande afeto e admiração porque somente a Igreja teve
a coragem e a força constante de estar da parte da verdade intelectual e
da liberdade moral".
Por ocasião de sua morte o mundo prestou-lhe extraordinárias homenagens.
Eisenhower, então presidente dos
Estados Unidos declarou: "O mundo tornou-se mais pobre depois de sua morte". De sua parte a então ministra do Exterior de
Israel e mais tarde primeira-ministra
Golda Meir
afirmou: "Nós choramos um grande servidor da paz" e, ainda, que na
ocasião do "terrível martírio que se abateu sobre nosso povo, a voz do
Papa se elevou em favor de suas vítimas." Certo é que o
Papa
desenvolveu na sombra uma forte campanha de apoio aos judeus, e os seus
críticos, todavia, não perdoam o facto de ter mantido silêncio, ao não
falar publicamente contra os nazis durante a guerra, por temer
represálias nazis contra os católicos e os judeus.
Provas escritas de ordem direta de Pio XII para proteger os judeus
foram encontradas no Memorial das Religiosas Agustinas do mosteiro
romano "Dei Santissimi Quattro Coronati" onde se lê: "O Santo Padre quer
salvar os seus filhos, também os Judeus, e ordena que em todos os
Mosteiros se dê hospitalidade a estes perseguidos". A anotação é de
novembro de 1943 e inclui a lista de 24 pessoas acolhidas neste Mosteiro
como adesão ao desejo do Sumo Pontífice.
A
Pave the Way Foundation, uma fundação que se dedica à promoção da paz no mundo por meio do diálogo interreligioso, liderada pelo judeu
Gary Lewis Krupp
comunicou, em setembro de 2009, ao Papa Bento XVI uma iniciativa que
busca dar a Pio XII o título de "Justo entre as Nações" – o que seria
equivalente ao reconhecimento que faz a Igreja Católica dos santos - e
assim colocar o seu nome no elenco do conhecido jardim dos justos no
Yad Vashem de Jerusalém.