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sábado, outubro 07, 2023

O Massacre de Ipatinga foi há sessenta anos...


Soldado armado num camião tenta conter a multidão de operários em greve, intimidada pela força policial
(foto de José Isabel do Nascimento, poucas horas antes do massacre)
         
O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".
    

quinta-feira, maio 04, 2023

A Revolta de Haymarket foi 137 anos


A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba numa manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Durante a manifestação, inicialmente pacífica, uma bomba rebentou  junto ao local onde os polícias estavam posicionados, matando um e ferindo outros sete. A polícia imediatamente reagiu, abrindo fogo contra os manifestantes numa ação que resultou em dezenas de feridos, quatro mortos e mais de cem manifestantes presos.

Nos processos que se seguiram, oito anarquistas foram acusados de conspiração, sob a acusação de que um deles teria fabricado a bomba lançada contra os polícias, embora não houvesse provas concretas contra os réus. Sete deles foram condenados à morte, e o outro foi condenado a 15 anos de prisão. A pena de morte de dois réus foi comutada em pena de prisão perpétua pelo governador de Illinois Richard J. Oglesby, e um deles suicidou-se na prisão. Os outros quatro acusados foram enforcados, em 11 de novembro de 1887. Em 1893, os réus sobreviventes foram perdoados pelo novo governador de Illinois, John Peter Altgeld, que também criticou duramente o julgamento dos réus.

Em homenagem às lutas dos trabalhadores de Chicago pela jornada de oito horas e em memória aos acontecimentos de Haymarket, a Segunda Internacional proclamou o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores. O local do incidente foi designado como um ponto histórico da cidade de Chicago em 1992. Em 1997, o Monumento aos Mártires de Haymarket, que está no local de enterro dos réus próximo ao Forest Park, foi declarado um Marco Histórico Nacional.
   
Contexto histórico

Após a Guerra de Secessão, mais especificamente após a Depressão de 1873, houve uma rápida expansão da produção industrial nos Estados Unidos. Chicago era um importante centro industrial e centenas de emigrantes germânicos foram empregados ganhando $ 1,50 dólares por dia. Os trabalhadores americanos tinham uma jornada de pouco mais de 60 horas semanais, trabalhando 6 dias por semana. A cidade tornou-se palco para várias tentativas de organização sindical, exigindo melhorias nas condições de trabalho. Empregadores reagiam com medidas anti-sindicais, demitindo e "marcando" participantes, bloqueando empregados (tática que consiste em trancar trabalhadores do lado de fora do local de trabalho, impedindo-os de trabalhar), recrutando fura-greves; contratando espiões, criminosos e segurança privada e incitando conflitos étnicos numa tentativa de desunir os trabalhadores. Os jornais locais apoiavam os interesses burgueses e se opunham aos media sindicais e imigrantes. Durante o abrandamento económico entre 1882 e 1886, organizações anarquistas e socialistas estiveram ativas. A organização sindical " Knights of Labor" ("Cavaleiros do Trabalho"), que rejeitava o socialismo e radicalismo, mas apoiava a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, teve um aumento de 70 mil associados em 1884 para mais de 700 mil em 1886. O movimento anarquista em Chicago, composto por milhares de trabalhadores (na sua maioria imigrantes), centrava-se sobre o jornal de língua alemã "Arbeiter-Zeitung" ("Times Workers"), editado por August Spies. Outros anarquistas construíam uma militância revolucionária armada. Sua estratégia revolucionária era guiada pela crença de que operações bem sucedidas contra a polícia e a tomada dos meios de produção em importantes centros industriais resultariam num apoio em massa dos trabalhadores, sendo o início de uma revolução e a consequente queda do capitalismo para a instauração de uma economia socialista.

  
Desfile e greves do Primeiro de Maio

Em outubro de 1884, uma convenção presidida pela Federação de Ofícios e Sindicatos Organizados decidiu por unanimidade que o dia 1 de maio de 1886 seria a data em que a jornada de 8 horas diárias se tornaria padrão. Com a proximidade da data escolhida, os sindicatos norte-americanos organizaram uma greve geral em apoio à causa.

No dia 1 de maio, milhares de trabalhadores entraram em greve e saíram às ruas por todo o país, com o lema "Oito horas por dia sem cortes no pagamento" ("Eight-hour day with no cut in pay"). As estimativas do número de grevistas variam de 300 mil a meio milhão. Estima-se que em Nova Iorque o número de manifestantes chegava a 10 mil e em Detroit, 11 mil. Em Milwaukee, Winsconsin, foram cerca de 10 mil. Em Chicago, o centro do movimento, a estimativa é de 30 mil a 40 mil grevistas, e havia talvez o dobro de pessoas nas ruas participando dos atos e protestos em forma de apoio, como por exemplo uma passeata de 10 mil empregados dos estaleiros de Chicago. Embora os participantes desses eventos tenham somado até 80 milhares de pessoas, é discutido se houve uma marcha desse número na Avenida Michigan, liderada pelo anarquista Albert Parsons, fundador da Associação Internacional de Trabalhadores (International Working People's Association [IWPA]), sua esposa Lucy Parsons e seus filhos.

 
     

sexta-feira, outubro 07, 2022

O Massacre de Ipatinga foi há 59 anos


Soldado armado num camião tenta conter a multidão de operários em greve, intimidada pela força policial
(foto de José Isabel do Nascimento, poucas horas antes do massacre)
      
O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".
    

quarta-feira, maio 04, 2022

A Revolta de Haymarket foi 136 anos


A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Durante a manifestação, inicialmente pacífica, uma bomba rebentou  junto ao local onde os polícias estavam posicionados, matando um e ferindo outros sete. A polícia imediatamente reagiu, abrindo fogo contra os manifestantes numa ação que resultou em dezenas de feridos, quatro mortos e mais de cem manifestantes presos.

Nos processos que se seguiram, oito anarquistas foram acusados de conspiração, sob a acusação de que um deles teria fabricado a bomba lançada contra os polícias, embora não houvesse provas concretas contra os réus. Sete deles foram condenados à morte, e o outro foi condenado a 15 anos de prisão. A pena de morte de dois réus foi comutada em pena de prisão perpétua pelo governador de Illinois Richard J. Oglesby, e um deles suicidou-se na prisão. Os outros quatro acusados foram enforcados, em 11 de novembro de 1887. Em 1893, os réus sobreviventes foram perdoados pelo novo governador de Illinois, John Peter Altgeld, que também criticou duramente o julgamento dos réus.

Em homenagem às lutas dos trabalhadores de Chicago pela jornada de oito horas e em memória aos acontecimentos de Haymarket, a Segunda Internacional proclamou o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores. O local do incidente foi designado como um ponto histórico da cidade de Chicago em 1992. Em 1997, o Monumento aos Mártires de Haymarket, que está no local de enterro dos réus próximo ao Forest Park, foi declarado um Marco Histórico Nacional.
   
Contexto histórico

Após a Guerra de Secessão, mais especificamente após a Depressão de 1873, houve uma rápida expansão da produção industrial nos Estados Unidos. Chicago era um importante centro industrial e centenas de emigrantes germânicos foram empregados ganhando $ 1,50 dólares por dia. Os trabalhadores americanos tinham uma jornada de pouco mais de 60 horas semanais, trabalhando 6 dias por semana. A cidade tornou-se palco para várias tentativas de organização sindical, exigindo melhorias nas condições de trabalho. Empregadores reagiam com medidas anti-sindicais, demitindo e "marcando" participantes, bloqueando empregados (tática que consiste em trancar trabalhadores do lado de fora do local de trabalho, impedindo-os de trabalhar), recrutando fura-greves; contratando espiões, criminosos e segurança privada e incitando conflitos étnicos numa tentativa de desunir os trabalhadores. Os jornais locais apoiavam os interesses burgueses e se opunham aos media sindicais e imigrantes. Durante o abrandamento económico entre 1882 e 1886, organizações anarquistas e socialistas estiveram ativas. A organização sindical " Knights of Labor" ("Cavaleiros do Trabalho"), que rejeitava o socialismo e radicalismo, mas apoiava a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, teve um aumento de 70 mil associados em 1884 para mais de 700 mil em 1886. O movimento anarquista em Chicago, composto por milhares de trabalhadores (na sua maioria imigrantes), centrava-se sobre o jornal de língua alemã "Arbeiter-Zeitung" ("Times Workers"), editado por August Spies. Outros anarquistas construíam uma militância revolucionária armada. Sua estratégia revolucionária era guiada pela crença de que operações bem sucedidas contra a polícia e a tomada dos meios de produção em importantes centros industriais resultariam num apoio em massa dos trabalhadores, sendo o início de uma revolução e a consequente queda do capitalismo para a instauração de uma economia socialista.

  
Desfile e greves do Primeiro de Maio

Em outubro de 1884, uma convenção presidida pela Federação de Ofícios e Sindicatos Organizados decidiu por unanimidade que o dia 1 de maio de 1886 seria a data em que a jornada de 8 horas diárias se tornaria padrão. Com a proximidade da data escolhida, os sindicatos norte-americanos organizaram uma greve geral em apoio à causa.

No dia 1 de maio, milhares de trabalhadores entraram em greve e saíram às ruas por todo o país, com o lema "Oito horas por dia sem cortes no pagamento" ("Eight-hour day with no cut in pay"). As estimativas do número de grevistas variam de 300 mil a meio milhão. Estima-se que em Nova Iorque o número de manifestantes chegava a 10 mil e em Detroit, 11 mil. Em Milwaukee, Winsconsin, foram cerca de 10 mil. Em Chicago, o centro do movimento, a estimativa é de 30 mil a 40 mil grevistas, e havia talvez o dobro de pessoas nas ruas participando dos atos e protestos em forma de apoio, como por exemplo uma passeata de 10 mil empregados dos estaleiros de Chicago. Embora os participantes desses eventos tenham somado até 80 milhares de pessoas, é discutido se houve uma marcha desse número na Avenida Michigan, liderada pelo anarquista Albert Parsons, fundador da Associação Internacional de Trabalhadores (International Working People's Association [IWPA]), sua esposa Lucy Parsons e seus filhos.

 
     

quinta-feira, outubro 07, 2021

O Massacre de Ipatinga foi há 58 anos


Soldado armado num camião tenta conter a multidão de operários em greve, intimidada pela força policial (foto de José Isabel do Nascimento, poucas horas antes do massacre)
      
O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".
    

terça-feira, maio 04, 2021

A Revolta de Haymarket foi 135 anos


A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Durante a manifestação, inicialmente pacífica, uma bomba rebentou  junto ao local onde os polícias estavam posicionados, matando um e ferindo outros sete. A polícia imediatamente reagiu, abrindo fogo contra os manifestantes numa ação que resultou em dezenas de feridos, quatro mortos e mais de cem manifestantes presos.

Nos processos que se seguiram, oito anarquistas foram acusados de conspiração, sob a acusação de que um deles teria fabricado a bomba lançada contra os polícias, embora não houvesse provas concretas contra os réus. Sete deles foram condenados à morte, e o outro foi condenado a 15 anos de prisão. A pena de morte de dois réus foi comutada em pena de prisão perpétua pelo governador de Illinois Richard J. Oglesby, e um deles suicidou-se na prisão. Os outros quatro acusados foram enforcados, em 11 de novembro de 1887. Em 1893, os réus sobreviventes foram perdoados pelo novo governador de Illinois, John Peter Altgeld, que também criticou duramente o julgamento dos réus.

Em homenagem às lutas dos trabalhadores de Chicago pela jornada de oito horas e em memória aos acontecimentos de Haymarket, a Segunda Internacional proclamou o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores. O local do incidente foi designado como um ponto histórico da cidade de Chicago em 1992. Em 1997, o Monumento aos Mártires de Haymarket, que está no local de enterro dos réus próximo ao Forest Park, foi declarado um Marco Histórico Nacional.
     

quarta-feira, outubro 07, 2020

O Massacre de Ipatinga foi há 57 anos


Soldado armado num camião tenta conter a multidão de operários em greve, intimidada pela força policial (foto de José Isabel do Nascimento, poucas horas antes do massacre)

      
O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".
    

domingo, abril 21, 2019

A guerra dos Secos e Molhados foi há trinta anos

Secos e Molhados. Trinta anos depois, 17 sindicatos, 36 mil dias de folga

Secos e Molhados. O dia em que a PSP usou canhões de água (contra a própria PSP) foi há 30 anos

Três décadas após a manifestação conhecida por “secos e molhados” foram muitos os direitos conquistados pelos polícias, inclusive a liberdade sindical que permitiu que hoje existam 17 sindicatos na PSP para um efetivo de cerca de 20.000 elementos
A 21 de abril de 1989, os polícias manifestaram-se para exigir sobretudo liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa, melhores vencimentos e instalações.
A manifestação acabou com confrontos, com o Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública a lançar jatos de água e a usar bastões para dispersar o protesto dos polícias, na praça do Comércio, em Lisboa, enquanto os seis agentes da delegação que estava dentro do Ministério da Administração Interna para entregar um caderno reivindicativo acabaram detidos.
Na altura, os polícias não podiam sindicalizar-se, existindo ilegalmente a Associação Pró-Sindical da PSP, que mais tarde veio a constituir-se na Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).
Um ano após a manifestação dos “secos e molhados”, e já com o Governo PS liderado por António Guterres, foi aprovada a lei do associativismo da PSP e só em 2002 a lei do sindicalismo.

Tantos dirigentes como associados 

Trinta anos depois dos acontecomentos do Terreiro do Paço, num universo de 20.000 polícias, há 17 sindicatos na polícia, com cerca de 4.000 dirigentes e delegados que, em 2017, tiveram mais de 36 mil dias de folga.
Segundo dados disponibilizados pela direção nacional da PSP à Lusa, há sindicatos com o mesmo número de associados e de dirigentes e delegados sindicais, existindo ainda duas estruturas com 26 e 37 associados.
Para limitar os créditos sindicais na PSP o Governo aprovou há mais de dois anos uma nova lei que regula o exercício da liberdade sindical da PSP, estando atualmente na Assembleia da República em apreciação na comissão da especialidade.  A proposta de lei necessita de maioria de mais de dois terços para ser aprovada no parlamento, tendo o PS e PSD preparado um texto de substituição.
O presidente do maior sindicato da PSP considerou necessário rever a lei sindical, observando que “se nada for feito será um prejuízo para os polícias. Chegou-se a este ponto que é completamente ridículo e até um desrespeito para com os polícias que fizeram os ‘secos e molhados'”, disse Paulo Rodrigues, sublinhando que foi conseguido “um instrumento importante”, que depois não foi aproveitado.
O presidente da ASPP referiu também que “não foi com este objetivo” que os polícias lutaram há 30 anos pela liberdade sindical, mas sim pela criação de um sindicato que tivesse força “para pressionar o Governo e a própria instituição PSP”.
Paulo Rodrigues frisou que “há uma descredibilização dos sindicatos da PSP devido ao seu número, uma proliferação que criou instabilidade, reduziu peso negocial e tirou forças aos sindicatos”. O sindicalista criticou também o facto de muitas estruturas terem sido criadas para “defender questões pessoais“.


30 anos depois, os mesmos problemas

Passados 30 anos dos “secos e molhados”, Paulo Rodrigues considera este movimento “muito importante” pelos direitos alcançados e pela “grande mudança” de mentalidades na PSP, passando a existir “uma maior abertura da polícia à sociedade”.
No entanto, ressalvou que “muitos dos problemas ainda se mantêm“, como “uma certa desvalorização” do trabalho das polícias e perseguição sindical. “Hoje temos oficiais de polícia a gerir a instituição, mas continua a haver os mesmos tiques que existiam há 30 anos, nomeadamente perseguição sindical”, precisou.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP) disse que “muita coisa” mudou em 30 anos, nomeadamente horários, folgas, que passaram a ser semanais em vez de quinzenais, e maior abertura. Com a liberdade sindical, passou existir “poder de intervenção e de denúncia“, disse Mário Andrade.
No entanto, o presidente do segundo maior sindicato criticou as alterações à lei sindical, frisando que os “sucessivos governos não regulamentaram de forma séria” o sindicalismo na PSP e agora o parlamento quer aprovar uma lei “excessivamente restritiva”.


domingo, outubro 07, 2018

O Massacre de Ipatinga foi há 55 anos

Corpo do operário Sebastião Tomé da Silva recolhido nas dependências da Usiminas após o massacre

O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".

segunda-feira, outubro 07, 2013

O Massacre de Ipatinga foi há 50 anos

O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963. Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários da Usiminas, revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam, ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto, que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos (inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam morrido até o dia seguinte, por causa  dos ferimentos. O jornal "Em Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo, então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963". 
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".