O Massacre de Ipatinga foi um evento acontecido no então distrito de Ipatinga, em Coronel Fabriciano, Minas Gerais, no dia 7 de outubro de 1963.
Considerado por alguns estudiosos como uma ação prévia do que seria a
exibição do poder militar que tomaria posse do governo brasileiro no ano
seguinte, o facto consistiu em um atrito entre militares e funcionários
da Usiminas,
revoltados com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam,
ao serem revistados antes de entrar e sair da empresa para a sua jornada
de trabalho.
A situação de tensão culminou com a polícia militar responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador mineiro Magalhães Pinto,
que mais tarde participaria com afinco na ditadura brasileira, atirando, inclusive
com metralhadoras, contra os funcionários desarmados que se
manifestavam na portaria da empresa, resultando oficialmente em 8 mortos
(inclusive uma criança, no colo da sua mãe) e 80 feridos.
Os números sempre foram contestados pelas testemunhas presentes que
tiveram a verdadeira noção da tragédia ocorrida. Daniel Miranda Soares
narra, em seu artigo nos Cadernos do CEAS, n. 64, de nov/dez de 1979 "O
Massacre de Ipatinga" que foram mais de 3 mil feridos e 33 teriam
morrido até o dia seguinte, por causa dos ferimentos. O jornal "Em
Tempo" apresentou depoimentos de que seriam mais de 80 mortos. O padre Abdala Jorge do distrito de Timóteo,
então parte da mesma cidade, afirma que, apesar de não poder precisar o
número de mortos, contou pessoalmente 11 cadáveres no Hospital Nossa
Senhora do Carmo (atual Hospital Unimed, em Coronel Fabriciano) para onde foram levadas as vítimas.
Na noite anterior ao dia 7 os trabalhadores saíram do turno da noite e
foram para o alojamento, que ficava no bairro Santa Mónica, logo após
chegarem alguns polícias e começarem a atirar, matando um dos moradores
do alojamento. No dia 7 de manhã os trabalhadores saiam da fábrica e os
vigilantes começaram a revistar as suas marmitas, logo depois, um polícia
em cima de um camião e com uma metralhadora giratória começou a atirar
para todos os lados.
O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo
amador, que foi um dos únicos a fotografar o crime. Porém, foi atingido
por vários tiros da Polícia Militar durante esse episódio e faleceu dez dias depois, na Casa de Saúde Santa Terezinha.
A Câmara Municipal de Ipatinga realizou em 2 de outubro de 2007 uma Audiência Pública sobre "A memória do incidente conhecido como Massacre de Ipatinga, ocorrido em 7 de outubro de 1963".
Em 2009, o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, IHG (em conjunto com o Movimento Anarquista Libertário e as Brigadas Populares), realizou um evento em memória aos trabalhadores assassinados no massacre, que levou o nome de "Velada Libertária do IHG".
in Wikipédia
Sem comentários:
Enviar um comentário