Família
Filha de Manuel José de Aguiar (Lisboa, Conceição Nova (extinta), bap. 12 de Janeiro de 1710 - ?),
professor de
música e
instrumentista, e de sua mulher (Setúbal, Nossa Senhora da Anunciada, 4 de Setembro de 1745) Ana Joaquina de Almeida (Setúbal,
Santa Maria da Graça,
19 de Fevereiro de 1726 - ?) e irmã mais nova de Cecília Rosa de Aguiar
(23 de Agosto de 1746 - ?) e de Isabel Ifigénia de Aguiar (5 de
Novembro de 1750 - ?), casada com Joaquim de Oliveira, em 1765 já se
encontrava a viver em Lisboa. A sua mãe era filha de João de Almeida e
de sua mulher Isabel da Esperança (filha de João da Frota e de sua
mulher Luísa de Brito) e neta paterna por bastardia de Miguel Pessanha
de Vasconcelos (filho do 8.º Senhor de Mossâmedes) e de Serafina de
Almeida, "a Relojoeira", de
Viseu.
Início de carreira
Luísa começou a sua carreira pelo
teatro musical, aos catorze anos, no Teatro do Conde de Soure, no
Tartufo, de
Molière. Com a sua irmã mais velha, Cecília Rosa de Aguiar (23 de Agosto de 1746 - ?), cantou em óperas cómicas.
Casou em
Lisboa,
Mercês, 28 de Julho de 1769, com o
violinista napolitano
e seu grande admirador, Francesco Saverio Todi, filho de Niccolò Todi e
de sua mulher Mariana e viúvo de Teresa (? - Lisboa, Mercês, 1769), que
lhe deu o apelido e a fez aprender canto com o compositor
David Perez, muito conceituado
mestre de capela da corte portuguesa. Ao marido deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as cortes da
Europa, como cantora lírica.
Estreou-se em 1771 na corte portuguesa da futura
D. Maria I e cantou no
Porto
entre 1772 e 1777. Durante esse período aí nasceram o seu primeiro
filho João Todi em 1772, e, em 1773, a sua primeira filha Ana José Todi.
Em 1775 nasceria em
Guimarães a sua filha Maria Clara Todi e, em 1777, em
Aranjuez,
o seu filho Francisco Xavier Todi, mais tarde casado com Maria Amália
das Neves, filha de João das Neves Pereira e de sua mulher Maria Rosa
das Neves, neta paterna de Caetano das Neves e de sua mulher Teresa
Maria Clara e neta materna de Bernardo José e de sua mulher Joana Maria.
Carreira internacional
Em 1778 está em
Paris, onde a 22 de Novembro nasceria a sua filha Adelaide Todi, em
Versalhes. Em 1780 é aclamada em
Turim, no
Teatro Régio,
tendo assinado um contrato como
prima-dona, e em 1780 era já
considerada pela crítica como uma das melhores vozes de sempre. Nessa
cidade veio a nascer o seu filho Leopoldo Rodrigo Ângelo Todi, a 24 de novembro de 1782, mais tarde casado em 1821 com Maria Germana Vasques,
com geração.
Brilhou na
Áustria, na
Alemanha e na
Rússia. Veio a
Portugal em 1783 para cantar na corte portuguesa. Regressou a Paris, tendo ficado célebre o «duelo» com outra cantora famosa,
Gertrud Elisabeth Mara, que dividiu a crítica e o público entre
todistas e
maratistas.
Convidada, parte com o marido e filhos para a corte de
Catarina II da Rússia, em
São Petersburgo (1784 a 1788), que a presenteou com jóias fabulosas. Em agradecimento o casal Todi escreveu para a imperatriz a ópera
Pollinia.
Berlim aplaudiu-a quando ia a caminho da
Rússia e, no regresso, Luísa Todi foi convidada por
Frederico Guilherme II da
Prússia, que lhe deu aposentos no palácio real,
carruagem e os seus próprios cozinheiros, sem falar do principesco contrato, tendo ali permanecido de 1787 a 1789.
Em 1793 vem à corte de Lisboa por ocasião do
baptizado de mais uma filha do herdeiro do trono, o futuro
D. João VI, casado com
D. Carlota Joaquina. A cantora precisou de uma autorização especial para cantar em público, o que era então proibido às mulheres.
Em 1799 terminou a sua carreira internacional em
Nápoles.
Regresso a Portugal
Regressou a Portugal e cantou ainda no
Porto, em 1801, onde enviuvou, em
Santo Ildefonso, a 28 de abril de 1803. Viveu naquela cidade, onde viria a perder as suas famosas jóias no trágico acidente da
Ponte das Barcas, por ocasião da fuga das
invasões francesas de Portugal pelos exércitos de
Napoleão, em 1809.
A cantora
Luísa Todi, que tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em
francês,
inglês,
italiano e
alemão, é considerada a
meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos.
No seu
Tratado da Melodia,
Anton Reicha, considera Luísa Todi como «a cantora de todas as centúrias» melhor dizendo «uma cantora para a eternidade».
Setúbal não a esqueceu tendo-lhe erigido um monumento com a sua efígie e dado o seu nome a uma das principais artérias da cidade, a
Avenida Luísa Todi.