Infância e educação
D. Carlos nasceu na qualidade de príncipe herdeiro da coroa, pelo que recebeu desde cedo os títulos oficiais de
Príncipe Real e
Duque de Bragança.
Na verdade o seu nascimento significou um verdadeiro alívio para a
sucessão dinástica constitucional portuguesa (depois da morte de três
filhos varões de
D. Maria II),
afastando-se assim as pretensões do ramo miguelista. O Príncipe
recebeu desde muito cedo a cuidada educação reservada aos sucessores
reais, incluindo o estudo de várias línguas estrangeiras. Ainda jovem
viajou por várias cortes europeias (
Grã-Bretanha e Irlanda,
Alemanha,
Áustria-Hungria, etc.). Foi numa dessas deslocações que conheceu a princesa francesa, Dona
Amélia de Orleães, filha primogénita do
Conde de Paris (pretendente ao trono de França). Após um curto noivado veio a desposar a princesa, em Lisboa, na
Igreja de São Domingos, em
22 de maio de
1886. Ainda como herdeiro do trono esteve ligado ao grupo dos
Vencidos da Vida e ao movimento da
Vida Nova, personificando uma certa esperança de renovação cultural e social.
Subida ao trono e Ultimato
D. Carlos subiu ao trono em 19 de outubro de 1889, por morte do seu
pai. A sua aclamação como Rei de Portugal ocorreu em 28 de dezembro de
1889 e teve a presença de
D. Pedro II, Imperador do Brasil, exilado desde o dia 6 do mesmo mês.
D. Carlos foi um homem considerado pelos contemporâneos como bastante
inteligente mas dado a extravagâncias. O seu reinado foi caracterizado
por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular. Logo
no início do seu governo, o
Reino Unido apresentou a Portugal o
Ultimato britânico de 1890, que intimidava a Portugal (movido pelo seu desejo expansionista, materializado no
mapa cor-de-rosa) a desocupar os territórios compreendidos entre
Angola e
Moçambique
num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra
entre os dois países. Como Portugal se encontrava na bancarrota, tal
movimentação foi impossível e assim se perderam importantes áreas. A
propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional
para responsabilizar a coroa pelos desaires no ultramar. Estalou então a
revolta republicana de
31 de janeiro de
1891, no
Porto, que apesar de sufocada mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade nos tecidos operários e urbanos.
D. Carlos, o Diplomata
Apesar da grave crise que D. Carlos enfrentou no início do seu reinado
face à Inglaterra, então a maior potência mundial, o Rei soube inverter a
situação e, graças ao seu notável talento diplomático conseguiu
colocar Portugal no centro da diplomacia europeia da primeira década do
século XX. Para isso contribuiu também o facto de D. Carlos ser
aparentado com as principais casas reinantes europeias. Deslocou-se
inúmeras vezes ao estrangeiro, representando inclusivamente Portugal
nas exéquias da rainha
Vitória, em
1901. Uma prova do seu sucesso foi o facto da primeira visita que
Eduardo VII do Reino Unido
fez ao estrangeiro (como monarca) ter sido a Portugal, onde foi
recebido com toda a pompa e circunstância, em 1903. Nos anos seguintes,
D. Carlos recebeu em Lisboa as visitas de
Afonso XIII, o jovem monarca espanhol, da Rainha
Alexandra (esposa de Eduardo VII), de
Guilherme II da Alemanha e, em
1905, do Presidente da República Francesa,
Émile Loubet.
Todas estas visitas deram algum colorido à corte de Lisboa, porém a
visita do Presidente francês seria marcada por entusiastas manifestações
dos republicanos. D. Carlos e D.Amélia visitaram também, nesses anos
de ouro da diplomacia portuguesa, Espanha, França e Inglaterra, onde
foram entusiasticamente recebidos em
1904.
Em 1908, estava ainda prevista uma memorável visita ao Brasil (para
comemorar o centenário da abertura dos portos brasileiros), e que não
veio a acontecer devido aos trágicos acontecimentos desse ano.
Sistema político
De facto, durante todo o reinado de D. Carlos, o país encontrou-se a
braços com crises políticas e económicas, que se estenderam ao ultramar.
Essas crises decorriam do envelhecimento do sistema conhecido como
Rotativismo, pelo qual os dois principais partidos, o
Partido Regenerador e o
Partido Progressista, se alternavam no poder. Esta mecânica era possível não só pela atribuição de poderes pela
Constituição,
como pelo sistema eleitoral. De facto, quando um ministério cessava
funções, cabia ao Rei designar outro, o que este fazia dissolvendo o
parlamento, marcando novas eleições e chamando para formar novo governo o
partido que havia estado na oposição. Este não tinha outra função
enquanto o novo parlamento fosse eleito, que não fosse precisamente o de
organizar essas eleições. Naturalmente, dado o limitado corpo
eleitoral (cidadãos masculinos, alfabetizados com rendimentos acima de
certo valor), o partido no governo não falhava, mediante promessas e
combinações com os dignitários locais, em conseguir a vitória eleitoral.
Esta influência notava-se menos nos dois grandes centros urbanos, onde
os partidos minoritários – o Partido Republicano Português e o Partido
Socialista Português – conseguiam ter alguma expressão (sobretudo o
primeiro), mas nunca de molde a ameaçar o resultado. Ao longo de todo o
período do Rotativismo, nunca o partido no poder na altura das eleições
falhou em garantir uma maioria no parlamento, o que quer dizer que o
Rei era o único garante da rotatividade, de quem se esperava, uma vez o
governo fora de funções, que chamasse os do partido oposto para
governar.
O sistema tinha os seus vícios, pois de cada vez que um partido assumia
os cargos políticos no ministério, os membros do partido cessante
assumiam as funções administrativas não governamentais, como por
exemplo a presidência do Crédito Predial, etc. Assim se garantia que os
membros de ambos os partidos tinham sempre cargos estatais, o que não
era de molde a incentivar uma séria fiscalização governamental.
Apesar disto, o sistema, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre
1878 e 1890, dando ao país a estabilidade que lhe faltara nas décadas anteriores. Por volta de
1890,
no entanto, começou a dar mostras de desgaste, agravado pelas crises
financeiras, provocadas quer pelo maciço investimento nas obras publicas
feito durante o
Fontismo, quer pelo investimento militar levado a cabo em África para cumprimento do princípio de ocupação efectiva decidido na
Conferência de Berlim em
1889. A esta situação se juntavam os escândalos financeiros (como a
Questão dos Adiantamentos) com que a propaganda republicana aproveitou para atacar o sistema, e com que a oposição atacava o governo.
A falta dos líderes carismáticos das décadas anteriores também pode ter
tido influência no desagregar dos partidos tradicionais. Em
1901, dá-se a primeira cisão, com a formação do
Partido Regenerador Liberal, liderado por
João Franco, a partir de um número de deputados do Partido Regenerador. Para agravar a situação, dá-se em
1905 uma segunda dissidência, desta vez a partir do Partido Progressista, quando
José Maria Alpoim entra em ruptura com o seu partido e funda a
Dissidência Progressista.
Ao contrário do movimento de João Franco, esta nova cisão parece ter
sido motivada apenas pelas ambições pessoais do seu líder, e a
dissidência progressista vai acabar por juntar-se a movimentos
conspirativos com o Partido Republicano. Antes disto, no entanto, esta
cisão vai acirrar os ânimos entre os partido tradicionais, já que
aquando da acção de Franco em 1901, o Partido Progressista não se
aproveitou dessa fraqueza do seu rival, mas agora o Partido Regenerador
alia-se inicialmente aos Dissidentes. Isto foi considerado uma traição
pelo líder Progressista,
José Luciano de Castro, que prometeu vingar-se do seu rival Regenerador
Hintze Ribeiro.
O Franquismo
Era esta a situação quando, após a queda de mais um governo de Hintze Ribeiro, o Rei decide chamar para formar governo o
regenerador liberal João Franco.
Este teve o imediato apoio dos progressistas, com quem fez um governo
de coligação (a chamada concentração-liberal). Estava consumada a
vingança dos progressistas. João Franco afirma querer governar à inglesa
(
19 de maio de
1906),
prometendo o aprofundamento da democracia. Liquidada a questão dos
tabacos, com o novo contrato dos tabacos de Outubro de 1906, João Franco
dedicou-se à implantação das suas reformas, apresentando ao parlamento
as da contabilidade pública, da responsabilidade ministerial, da
liberdade de imprensa e da repressão anarquista.
Face à greve académica de
1907
na Universidade de Coimbra e à crescente agitação social, o apoio
parlamentar dos progressistas é retirado e os ministros progressistas
demitem-se: temiam que João Franco fortalecesse o seu partido à custa do
deles e contavam ser chamados para formar governo assim que Franco
caísse. Enganavam-se pois D. Carlos vai tomar uma atitude diferente do
que se esperava, apoiando firmemente João Franco.
Este, afrontado pelos constantes ataques provenientes da
Câmara dos Deputados solicitou ao Rei que dissolvesse o
parlamento, adiando por algum tempo as novas eleições, ao que D. Carlos acedeu, e João Franco passa a governar à turca (
2 de maio de 1907).
Ao proceder deste modo o Rei não estava a ir contra a letra da Lei,
dado que fazia parte das suas funções, mas contra o espírito da Lei,
pelo menos da maneira como era interpretada pelos políticos
tradicionais, que viam assim ameaçado o seu monopólio político.
A oposição (não só a republicana, mas também os monárquicos opositores
de Franco) lançou então uma forte campanha antigoverno, envolvendo
também o próprio Rei, alegando que se estava em ditadura. Tratava-se de
facto de uma
ditadura
administrativa, visto que se governava sem o concurso do parlamento,
no entanto, não se tratava de uma ditadura institucionalizada, como
veio a ser posteriormente a
II República
e certos períodos da I República, antes uma medida de excepção, visando
criar as condições que permitissem ao partido no governo ganhar as
eleições seguintes.
O apoio dado por D. Carlos a João Franco, assim como a manutenção da
ditadura, não eram inteiramente apoiados pelos seus mais próximos. A
rainha mãe,
D. Maria Pia,
a rainha D. Amélia, o Príncipe Real e o seu irmão D. Afonso, eram
contra este papel do Rei nos assuntos públicos. Já o seu secretário
particular,
o conde de Arnoso, bem como
Mouzinho de Albuquerque,
e o Dr Tomás de Melo Breyner eram defensores de João Franco. Por mais
controverso que tenha sido este caminho, visava um objectivo preciso,
que é bem visível na carta de D. Carlos ao seu amigo, o príncipe
Alberto do Mónaco escrita em fevereiro de 1907:
"Considerando que as coisas aqui não iam bem, e vendo os exemplos de
toda a Europa, onde não vão melhor, decidi fazer uma revolução
completa em todos os procedimentos do governo daqui, uma revolução a
partir de cima, fazendo um governo de liberdade e de honestidade, com
ideias bem modernas, para que um dia não me façam uma revolução vinda de
baixo, que seria certamente a ruína do meu país."
Na mesma carta, o rei dá conta dos seus medos, que acabariam por concretizar-se depois da sua morte: "Até
ao momento, tenho tido sucesso, e tudo vai bem, até melhor do que eu
julgava possível. Mas para isso, preciso de estar constantemente na
passerelle e não posso abandonar o comando um minuto que seja, porque
conheço o meu mundo e se o espírito de sequência se perdesse por falta
de direcção, tudo viria imediatamente para trás, e então seria pior do
que ao princípio."
Contra o conselho de D. Carlos ("não se apaga fogo lançando-lhe lenha."),
João Franco reaviva a questão dos adiantamentos (as dívidas da Casa
Real ao Estado), que antes dissera ter que ser resolvida no Parlamento,
mas que agora o faz sem ele. Especula-se (Rui Ramos), que visava
prender o apoio do rei, dado que este já havia recusado antes dar a
ditadura a Hintze ou a José Luciano, e não podia ter certeza do
contínuo apoio do monarca, do qual dependia inteiramente a sua posição.
É neste contexto de crescente oposição que se dá o episódio da entrevista ao jornal françês Le Temps,
que veio acirrar ainda mais os ânimos e a contestação direta ao Rei.
Nesta entrevista dada por D. Carlos ao jornalista francês Joseph
Gaultier, o monarca reitera o seu apoio a João Franco, dizendo que
esperou pela opção da ditadura até achar alguém com caráter.
O efeito desta entrevista, que supostamente visava tranquilizar as
praças financeiras acerca da estabilidade do país, teve um efeito muito
negativo. A tradução do termo "caráter", dita em francês no original,
como possuidor de coragem e firmeza, foi vista no sentido português,
implicando falta de carácter aos outros políticos. Também outros termos,
como "Teremos eleições, teremos seguramente a maioria", implicava uma
falta de distanciamento face a um partido que ia contra o papel do
monarca. A entrevista havia tido lugar por insistência de João Franco,
mesmo com a oposição de outros franquistas (Vasconcelos Porto e Luciano
Monteiro), de forma a cimentar a sua posição, mas teve um efeito
contrário na oposição.
Apesar da oposição, o partido regenerador-Liberal de João Franco
consegue tecer a véu de compromissos necessários com os círculos
eleitorais de forma a garantir a esperada maioria, e são marcadas
eleições para o parlamento, o que poria fim à ditadura administrativa. É
neste contexto de regresso a uma normalidade e estabilidade
parlamentares, que republicanos e dissidentes progressistas se decidem a
agir pela força, levando a cabo uma tentativa de golpe de estado (
28 de janeiro de
1908).
Como era habitual no início de cada ano, D. Carlos partiu com toda a família para
Vila Viçosa,
a morada ancestral dos Bragança e o seu palácio preferido. Aí reuniu
pela última vez os seus amigos íntimos (raramente levava convidados
oficiais para a vila
alentejana),
promovendo as suas célebres caçadas. É nesta altura que tem lugar a
tentativa de golpe de Estado já citada, que é gorada por pronta acção do
governo, baseado na inconfidência de um conjurado, que tentou aliciar
um polícia seu conhecido, com o resultado de que este foi dar parte do
sucedido aos seus superiores. São imediatamente presos, além do
comerciante,
António José de Almeida, o dirigente carbonário
Luz Almeida, o jornalista
João Chagas, França Borges, João Pinto dos Santos, e Álvaro Poppe. Afastados estes, a liderança do movimento recai sobre
Afonso Costa, mas este também é apanhado, junto com outros conspiradores, entre eles o
Visconde de Ribeira Brava e o
Dr. Egas Moniz,
de armas na mão, no Elevador da Biblioteca, de onde contavam chegar à
Câmara Municipal. José Maria de Alpoim consegue fugir para Espanha,
enquanto alguns grupos de civis armados, desconhecedores do falhanço,
ainda fizeram tumultos pela cidade.
João Franco decidiu ir mais longe e preparou um decreto prevendo o
exílio para o estrangeiro ou a expulsão para as colónias, sem
julgamento, de indivíduos que fossem pronunciados em tribunal por
atentado à ordem pública, o que se aplicaria aos revoltosos
republicanos. O rei assinou o decreto ainda em Vila Viçosa, e conta-se
que, ao assiná-lo, declarou: "Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram."
A
1 de fevereiro de
1908, a família real regressou a
Lisboa depois de uma temporada no
Palácio Ducal de Vila Viçosa. Viajaram de comboio até ao
Barreiro, onde apanharam um
vapor para o
Terreiro do Paço.
Esperavam-nos o governo e vários dignitários da corte. Após os
cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direcção
ao
Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o
Terreiro do Paço,
onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para
saudar o rei. D. Carlos I, que morreu imediatamente, após ter sido
alvejado. O herdeiro
D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante
D. Manuel ferido num braço. Os autores do atentado foram
Alfredo Costa e
Manuel Buíça,
e foram considerados à época os únicos, embora a historiografia
recente reconheça que faziam parte de um grupo cuja acção visando o
Rei, pelo seu papel de suporte a Franco, já fazia parte integrante do
Golpe de estado gorado. Os assassinos foram mortos no local por membros
da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento
republicano.
A morte de D. Carlos e do Príncipe indignaram toda a Europa,
especialmente a Inglaterra, onde o Rei Eduardo VII lamentou
veementemente a impunidade dos chefes do atentado. Esta impunidade ficou
a dever-se à queda de João Franco, responsabilizado pelo ódio ao Rei
e, mais justamente, pela falta de protecção policial, e pelo rápido
retorno ao poder dos partidos tradicionais, tal como o monarca havia
previsto na carta ao príncipe do Mónaco. D. Carlos não desconhecia os
riscos que corria, mas também não achava que podia fugir deles, como
ficou patente no seu desabafo ao seu ajudante de campo, tenente-coronel
José Lobo de Vasconcelos, alguns meses antes:
«Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de
excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me à esquina de
uma rua. Mas, que queres tu que eu faça? Se me metesse em casa, se não
saísse, provocaria um grande descalabro. Seria a bancarrota. E que
ideia fariam de mim os estrangeiros, se vissem o rei impedido de sair?
Seria o descrédito. Eu, fazendo o que faço, mostro que há sossego no
País e que têm respeito pela minha pessoa. Cumpro o meu dever. Os
outros que cumpram o seu.»
E de facto morreu no cumprimento do seu dever, e com ele morreu o que
talvez fosse a última tentativa séria de reforma do sistema parlamentar
monárquico.
Ciência, agricultura e pintura
D. Carlos era um apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do
século XX. Instalou luz
eléctrica no
Palácio das Necessidades
e fez planos para a electrificação das ruas de Lisboa. Embora fossem
medidas sensatas, contribuíram para a sua impopularidade visto que o
povo as encarou como extravagâncias desnecessárias. Foi ainda um amante
da
fotografia e autor do espólio fotográfico da
Família Real. Foi ainda um
pintor de talento, com preferências por
aguarelas de
pássaros que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Esta escolha de tema refletia outra das suas paixões, a
ornitologia. Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de
cerâmica.
Para além da ornitologia, era um apaixonado pela
oceanografia, tendo adquirido um iate, o
Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com
Alberto I, Príncipe do Mónaco, igualmente um apaixonado pela oceanografia e as coisas do mar. Desta relação nasceu o
Aquário Vasco da Gama, que pretendia em
Portugal desempenhar papel semelhante ao
Museu Oceanográfico do Mónaco.
Alguns trabalhos oceanográficos realizados por D. Carlos, ou por ele
patrocinados, foram pioneiros na oceanografia mundial. Honrando esta
faceta do monarca, a
Armada Portuguesa opera atualmente um navio oceanográfico com o nome de
D. Carlos I.
Jaz no
Panteão dos Braganças, no
mosteiro de São Vicente de Fora
em Lisboa, ao lado do filho que com ele foi assassinado. As urnas com
tampas transparentes ficaram aí depositadas durante 25 anos. Só em
1933
é que uma comissão privada abriu uma subscrição nacional que levou à
inauguração de dois belos túmulos, concebidos pelo arquiteto Raúl Lino,
junto dos quais está uma figura feminina, representando "A Dor",
esculpida por Francisco Franco, conjunto esse que ainda hoje pode ser
visto.