terça-feira, janeiro 01, 2013
O espião Kim Philby nasceu há 101 anos
Postado por Fernando Martins às 01:01 0 bocas
Marcadores: Cambridge Five, comunismo, espionagem, II Grande Guerra, Kim Philby, MI6, URSS
Poema para começar bem o Ano Novo
Mais uma vez devo dizer-te:
cuidado com o ladrão
que se aproveita da escuridão
para pôr a mão gelada
no teu coração.
Mais uma vez devo alertar-te:
cuidado com a solidão
que tem a cor do açafrão
com o salto do salmão
e as alças douradas do caixão.
Mais uma vez te advirto:
cuidado com a concisão
com o estrondo do trovão
as terras de aluvião
e a boca do balão.
Mais uma vez te aconselho:
não acredites em nada
que sai na televisão.
Cuidado com a chave do portão
e as mordidas do leão.
Fica também atento
aos efeitos do ar refrigerado
frio covil de ácaros
e aos sonhos esbraseados
pela ígnea madrugada.
Recomendo-te a maior precaução
com o carro vermelho dos bombeiros
e as pessoas nascidas em Fevereiro.
Devemos sempre desconfiar
da cortesia dos coveiros.
Cuidado com as flores de cactos
os erros de ortografia, os muros de arrimo
e a névoa seca que encobre os aeroportos.
Cuidado com as flores de retórica.
Nos passeios campestres, cuidado com os meteoros.
Estende o teu cuidado à morte súbita,
às camisas-de-vênus, às balizas,
às enchovas das pizzas, aos gestos obscenos,
às usinas nucleares, às coisas de somenos
e à brisa dos crepúsculos serenos.
Não evoques jamais os amores perdidos
iguais aos destroços dos navios naufragados.
Cuidado com os ciclistas que atravessam
as ruas de teu sonho, e os manequins
que caminham à noite entre os sonâmbulos.
No dia de milhafres e espantalhos
cuidado com o sussurro dos amantes
o avanço das dragas e jamantas
o mormaço e as hélices das barcas.
Sê cauteloso com a maré baixa.
Ouve o que te estou dizendo:
cuidado com o sacristão
as repentinas chuvas de verão
as escadas sem corrimão
e os sonetos sem emendas.
E, finalmente, te digo:
tem o maior cuidado
com tudo o que termina em ão
mesmo a palavra de cinza
que é a tua cremação.
in Plenilúnio (2004) - Lêdo Ivo
segunda-feira, dezembro 31, 2012
Feliz Ano Novo!
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Postado por Pedro Luna às 23:59 0 bocas
Marcadores: Ano Novo, Carlos Drummond de Andrade, poesia
A URSS acabou há 21 anos
A partir do final dos anos 1970 começam a ficar claras as limitações do modelo soviético de economia planificada. A Crise do Petróleo dos anos 70 elevou a economia soviética, podendo o povo, em pleno regime socialista, consumir mais, muitas famílias puderam comprar novas tecnologias a mais, automóveis, fornos microondas e aparelhos eletrónicos, não eram novidade para muitos, mas mais de um automóvel e diversos aparelhos eletrónicos eram um sonho que dependiam de muita economia, e que agora tornava-se realidade para muitas famílias, dando um conforto material muito maior, sem ferir os princípios socialistas. O bem estar foi tanto, que as autoridades soviéticas chegavam a dizer que os países capitalistas estavam em crise.
Os custos militares da Guerra Fria já estavam insustentáveis para a URSS no fim dos anos 1970. O país mantinha forças armadas de quase dois milhões de homens, sendo 1 milhão mobilizados na Europa Oriental. Quando a China se aproxima dos Estados Unidos nos anos 1970 e passa a ameaçar a URSS a situação piora. A China estacionou quase 1 milhão de homens nas fronteiras com a União Soviética, e para contrabalançar, esta teve que estacionar outro 1 milhão de homens na fronteira com a China. Os custos desta mobilização permanente começavam a se mostrar insustentáveis no início dos anos 1980 com o envolvimento soviético no conflito do Afeganistão.
Segundo Angelo Segrillo, o fator militar não foi o fator principal da queda da URSS, pois o gasto soviético nesta área não cresceu significativamente, quando comparado com dados anteriores. A queda deveu-se principalmente a mudança do paradigma mundial de produção industrial, iniciado no início da década de 1970, passando do modelo Fordista, onde a produção era centralizada e com pouca flexibilidade, portanto mais adaptada ao modelo soviético, para o modelo Toyotista, descentralizado e flexível, incompatíveis com o modelo soviético de produção.
O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com os media livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair. A Polónia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do partido Solidariedade na Polónia), e a Checoslováquia, a Bulgária, a Roménia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista.
E na noite de 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
Em 1990, com a reunificação alemã, a União Soviética cai para o posto de quarto maior PIB mundial. Este quadro piora rapidamente com a nova crise da transição para o capitalismo nos anos 1990, quando a Rússia torna-se o 15º PIB mundial. Entre 1987 e 1988 a URSS abdica de continuar a corrida armamentista com os Estados Unidos, assinando uma nova série de acordos de limitação de armas estratégicas e convencionais. A URSS inicia a retirada do Afeganistão e começa a reduzir a presença militar na Europa Oriental. O governo soviético pressiona aliados pela negociação de paz em conflitos como a Guerra Civil Angolana, onde os termos para o fim do conflito são estabelecidos em acordo com os Estados Unidos, Angola, Cuba e África do Sul. Esta nova postura também significou a redução de todas as formas de apoio (político, financeiro e comercial) que esta potência dava a regimes aliados em todo o mundo.
No plano interno, Gorbatchov enfrentou grandes resistências da oligarquia e dos burocratas partidários (os apparatchiks). A linha dura do partido via a postura de Gorbatchov no plano internacional como covarde e acusava-o de trair a URSS e o socialismo. Estes grupos eram contra a retirada do Afeganistão e defendiam que a URSS deveria intervir nos países da Europa Oriental que estavam passando por processos de democratização e abandonavam o socialismo, como a Polónia. Em 1991, setores mais belicistas do governo soviético defenderam que a URSS deveria ter apoiado o Iraque na Guerra do Golfo contra a coligação de países liderada pelos Estados Unidos e passaram a criticar o governo Gorbatchov como fraco.
Na metade do ano de 1990 e início de 1991, a situação política e económica na União Soviética se agravou e para tentar reverter essa crise o presidente Mikhail Gorbatchov, pensou em primeiro resolver o problema político e étnico soviético para depois reformar a economia. O novo Tratado da União dos Estados Soberanos foi um projeto de tratado que teria substituído o de 1922 (Tratado da Criação da URSS) e, portanto, teria substituído a União Soviética por uma nova entidade chamada União de Estados Soberanos, uma tentativa de Mikhail Gorbatchov para recuperar e reformar o Estado soviético.
Colapso da União Soviética
Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbatchov e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscovo. Anunciou-se que Gorbatchov estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbatchov estava, então, em férias na Crimeia quando a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluindo o chefe da KGB Vladimir Krioutchkov e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pougo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar para apear Gorbachev. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que são enviadas a Moscovo se coloca-se abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbatchov, que tinha sido preso na sua dacha na Crimeia, regressou a Moscovo.
Após o seu regresso ao poder, Gorbatchov prometeu punir os conservadores do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Demitiu-se das suas funções como secretário-geral, mas continua a ser presidente da União Soviética. O fracasso do golpe de Estado apresentou uma série de colapsos das instituições da união. Boris Yeltsin assumiu o controle da empresa central de televisão e os ministérios e organismos económicos.
A derrota do golpe e o caos político e económico que se seguiu agravou o separatismo regional e acabou levando à fragmentação do país.
Em setembro as repúblicas bálticas (Estónia, Letónia e Lituânia) declaram a independência em relação a Moscovo. Em 1 de Dezembro, a Ucrânia proclamou sua independência por meio de um plebiscito que contou com o apoio de 90% da população. E entre outubro e dezembro onze (com as 3 repúblicas bálticas e a Ucrânia) das 15 repúblicas soviéticas declaram a sua independência. Em 21 de dezembro líderes da Federação Russa, Ucrânia e Bielorússia assinaram um documento onde era declarada extinta a União Soviética. E no seu lugar era criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
No dia de natal de 1991, em cerimónia transmitida por satélite para o mundo inteiro, Gorbatchov que estava há 6 anos no poder declara oficialmente o fim da URSS e renúncia à presidência do país e após isso, a bandeira com a foice e o martelo é retirada do Kremlin e a bandeira russa é colocada em seu lugar. A União Soviética foi dissolvida oficialmente a 31 de dezembro de 1991, após 69 anos de existência. A Federação Russa ficou conhecida como sua sucessora, pois ficou com mais da metade do antigo território soviético, além da maioria do seu parque industrial e militar.
Postado por Fernando Martins às 21:00 0 bocas
Marcadores: comunismo, democracia, glasnost, Golpe de Agosto, golpe de estado, Gorbachev, Gorbatchev, Muro de Berlim, Pacto de Varsóvia, perestroika, URSS
John Denver nasceu há 69 anos
Postado por Fernando Martins às 20:30 0 bocas
Marcadores: country, Country Roads, folk, John Denver, música, pop, Take Me Home
Murillo nasceu há 394 anos
Matisse nasceu há 143 anos
Postado por Fernando Martins às 14:30 0 bocas
Marcadores: fauvista, Henri Matisse, Matisse, modernismo, pintura
Rita Lee - 65 anos!
Postado por Fernando Martins às 06:50 0 bocas
Marcadores: Bossa nova, disco, Glam Rock, hard rock, Latino, Os Mutantes, Ovelha Negra, pop rock, Rock, rock psicadélico, Tropicalismo
Donna Summer nasceu há 64 anos
Postado por Fernando Martins às 06:40 0 bocas
Marcadores: dance, disco, Donna Summer, I feel love, música, pop, Rhythm and Blues, Rock
Gustave Courbet morreu há 135 anos
domingo, dezembro 30, 2012
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi oficialmente fundada há 90 anos
Postado por Fernando Martins às 21:00 0 bocas
Marcadores: comunismo, Guerra Civil Russa, URSS
Sesimbra inaugurou o primeiro dos três monumentos naturais com pegadas de dinossáurios do concelho
Agradecemos ao Professor Galopim de Carvalho mais um texto que teve a amabilidade de nos enviar.
Painel informativo, à entrada da Jazida - foto de António ChagasEntre Sesimbra e o Cabo Espichel, no sítio do Zambujal e com óptimas condições de musealização, a Pedreira do Avelino, há muito desactivada, conserva o que resta de um afloramento de calcário no qual ficaram impressos vários trilhos de dinossáurios saurópodes (herbívoros, quadrúpedes), que aqui viveram no Jurássico superior, numa paisagem lagunar, sob um clima tropical, quente e húmido.
De diferentes corpulências, os animais que nos deixaram as marcas da sua existência, provavelmente um grupo de indivíduos jovens e adultos da mesma espécie, pisaram um chão lamacento (lama feita de poeira calcária como a que existe actualmente nos litorais recifais intertropicais) que, com o passar dos muitos milhões de anos se transformou no calcário compacto e coeso que aqui se nos oferece.
À deposição dos sedimentos (há cerca de 150 milhões de anos), representados pelas camadas à vista na pedreira, sucedeu-se a sedimentação de muitas outras, numa espessura que podemos estimar na ordem de dois a três mil metros, o que conduziu a um afundamento e consequente aumento da pressão e da temperatura responsáveis pela compactação e coesão da referida lama.
Muito mais tarde, no Miocénico superior, há uns 11 milhões de anos, a deriva da litosfera africana contra a ibérica, que deu origem à pequena cadeia da Arrábida (quase completamente arrasada pela erosão neste local), deformou as camadas, inicialmente horizontais, que, assim, se mostram inclinadas como a que exibe as pegadas deste admirável geomonumento.
Embora de pequena dimensão (cerca de 20 a 30 metros), esta jazida, descoberta em 1989 pelo professor Miguel Magalhães Ramalho, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), exibe pegadas muito bem definidas e conservadas. A sua importância e a de outras duas com este tipo de icnofósseis, no concelho de Sesimbra (Pedra da Mua e Lagosteiros, no Cabo Espichel), indicou-as como geomonumentos a proteger.
Esta condição e a sua grande vulnerabilidade, levou-me, em 1993 e em nome do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, a solicitar à autarquia que requeresse, ao então Instituto de Conservação da Natureza, a classificação destas ocorrências como Monumentos Naturais, ao abrigo do então recém-criado Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro. Num processo demasiadamente burocrático e lento, que durou quatro anos, este pedido de classificação foi finalmente contemplado através do Decreto n.º 20/97, de 7 de março. Dezasseis anos depois, mercê de dificuldades decorrentes da posse do terreno, a Câmara Municipal de Sesimbra conseguiu, finalmente, colocar a jazida da Pedreira do Avelino à fruição do publico, em geral, e a pensar nos nossos alunos das escolas, em visitas de estudo.
Visitável em perfeitas condições de acesso (inclusive em autocarro) e segurança, este monumento da pré-história está explicado com o necessário rigor científico/pedagógico, dispensando a presença de um monitor. A sua musealização esteve a cargo de elementos qualificados do referido Museu da Universidade de Lisboa, do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da Câmara Municipal de Sesimbra.
Vista da Laje com as pegadas - foto de António Chagas
A inauguração deste Monumento Natural teve lugar no passado dia 15 de dezembro. Neste acto, muito concorrido, estiveram presentes, o Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Arqº. Augusto Pólvora, e a Vice-Presidente, Dr.ª Felicia Costa; a Presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, Dr.ª Odete Graça; o Presidente da Junta de Freguesia do Castelo, Dr. Francisco Jesus; o Presidente da Direcção do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, da Universidade de Lisboa, Prof. José Pedro Sousa Dias; a Directora do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, do ICNF, Dr.ª Maria de Jesus Fernandes; o Presidente da Direcção da Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal (ADREPES), Engº. António Pombinho e a respectiva Coordenadora, Drª Manuela Sampaio.
Parabéns à Autarquia. O empenho que esta vereação demonstrou faz-nos crer que levará igualmente a bom termo os dois restantes Monumentos Naturais com pegadas de dinossáurios (Pedra de Mua e Lagosteiros) bem como a “Gesseira de Santana” e o “Conglomerado de Porto do Concelho”, há muito referenciados como geomonumentos a preservar.
Galopim de Carvalho
Postado por Fernando Martins às 20:30 0 bocas
Marcadores: Cabo Espichel, De Rerum Natura, Dinossáurios, Galopim de Carvalho, Geomonumentos, Gesseira de Santana, Lagosteiros, Monumentos Naturais, Pedra de Mua, Pedreira do Avelino, pegadas de dinossáurios, Sesimbra
Patti Smith nasceu há 66 anos
Postado por Fernando Martins às 16:00 0 bocas
Marcadores: Arthur Rimbaud, Horses, música, Patti Smith, pintura, poesia, punk, Rock, The Patti Smith Group