Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.
O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear
soviética,
diminuindo a sua expansão durante muitos anos, e forçando o governo
soviético a ter menos secretismo. Os agora separados países de
Rússia,
Ucrânia e
Bielorrússia
têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e
cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil. É difícil dizer com
precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido
às mortes esperadas por
cancro, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da
Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com
cancro de tiróide – e estimou que cerca de 4.000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O
Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.
O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a
radiação em altos níveis foi detetada noutros países. Veja-se o início do comunicado do líder da
União Soviética, na época do acidente,
Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência:
Boa
tarde, camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o
acidente na central nuclear de Chernobil. Ele afetou duramente o povo
soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós
nos confrontámos com a força real da energia nuclear, fora de controle.
A evacuação de Pripiat começou antes da União Soviética reconhecer
formalmente o acidente. Na manhã de 28 de abril, os níveis de radiação
ficaram tão altos que foram detetados na Central nuclear de Forsmark, na Suécia,
a mais de mil quilómetros de distância de Chernobil. Os trabalhadores
de Forsmark reportaram o caso para a Autoridade Sueca de Segurança
Radiológica, que determinou que a radiação se originou noutro lugar.
No mesmo dia, o governo sueco contactou a liderança política soviética
em Moscovo perguntando se houve algum acidente nuclear no território da
União Soviética.
Os soviéticos inicialmente negaram qualquer incidente, mas quando os
suecos sugeriram que iriam registar um alerta oficial junto à Agência Internacional de Energia Atómica, o governo soviético admitiu ao mundo o acidente que aconteceu em Chernobil.
A princípio, os soviéticos afirmaram que o acidente tinha sido
"pequeno", mas após eles terem evacuado cem mil pessoas da região, a comunidade internacional finalmente passou a tomar conhecimento da magnitude da situação.
Às 21.02 de 28 de abril, o governo soviético emitiu, em rede nacional
de televisão, seu primeiro pronunciamento oficial sobre o desastre. O
anúncio tardio durou aproximadamente 20 segundos e foi lido no programa
de TV Vremya:
"Houve um acidente na Usina Nuclear de Chernobil. Um dos reatores
nucleares foi danificado. Os efeitos do acidente estão sendo remediados.
Tem sido dada assistência para as pessoas afetadas. Foi criada uma
comissão de investigação." Esta foi toda a mensagem. A agência de notícias TASS então discutiu sobre o Acidente de Three Mile Island e outros desastres nucleares em solo americano, um exemplo comum da tática soviética conhecida como whataboutism (uma versão da falácia do Tu quoque).
Contudo, o anúncio de que uma comissão de gestão de crise havia sido
criada indicou, para observadores externos, a seriedade do acidente,
e subsequentes mensagens foram substituídas por música clássica, um
método comum para preparar o público para o anúncio de uma tragédia.