sábado, agosto 10, 2019

Né Ladeiras faz hoje sessenta anos!

Né Ladeiras, é o nome artístico da cantora portuguesa Maria de Nazaré de Azevedo Sobral Ladeiras (Porto, 10 de agosto de 1959).
Nasceu numa família com grandes afinidades com a música. A mãe cantava em programas de rádio, o pai tocava viola e o avô materno tocava guitarra portuguesa, braguesa, cavaquinho e instrumentos de percussão. Com 6 anos participa no Festival dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz. Durante a sua adolescência integra vários projectos musicais entre os quais, um duo acústico formado com uma amiga da escola.
A sua carreira musical começou realmente com a fundação, em 1974, com diversos amigos, da Brigada Victor Jara, projecto no qual tocavam sobretudo música latino-americana tendo participado em diversas campanhas de animação cultural do MFA (Movimento de Forças Armadas) e de trabalho voluntário. O interesse do grupo pela música tradicional portuguesa só se manifesta nos últimos meses de 1976, após realizarem diversos espectáculos pelo país e aí "descobrirem" as potencialidades e qualidade da nossa tradição musical.
Em 1977, na sequência de uma actuação na FIL (Feira Internacional de Lisboa), mantêm contactos com a editora Mundo Novo (associada à editorial Caminho), para a qual gravam, durante dois dias, o álbum Eito Fora, que é editado nesse mesmo ano. Né Ladeiras interpreta, neste disco, um dos temas mais conhecidos, Marião com base num tradicional de Trás-os-Montes.
No ano seguinte, Né Ladeiras participa ainda nas gravações do segundo álbum da Brigada Victor Jara intitulado Tamborileiro. Em 1979, após se separar da Brigada, Né Ladeiras junta-se ao agrupamento Trovante, ainda antes de este alcançar sucesso, com o qual grava o single Toca a Reunir.
Na altura da gravidez do seu primeiro filho, Né Ladeiras fica em casa e é nessa altura que é convidada pelos Trovante que já andavam há muito tempo à procura de uma voz feminina. Fizeram alguns espectáculos e toda a preparação de Baile do Bosque. Quase todas as músicas da maqueta apresentada às editoras eram cantadas por Né Ladeiras.
Entre 1980 e 1982, integra um dos projectos mais inovadores da música portuguesa, a Banda do Casaco, fundada em 1973 por Nuno Rodrigues e António Pinho (ex- Filarmónica Fraude). Né Ladeiras participa na gravação dos álbuns No Jardim da Celeste (em 1981) e Também Eu (em 1982) que incluíam alguns dos maiores sucessos do grupo, como sejam Natação Obrigatória e Salvé Maravilha.
O primeiro trabalho a solo de Né Ladeiras, Alhur, é editado em 1982 pela Valentim de Carvalho. O disco, um EP (ou máxi-single) composto por quatro temas da autoria de Miguel Esteves Cardoso (letras) e Né Ladeiras (músicas), regista a participação de Ricardo Camacho na produção e dos Heróis do Mar como músicos de estúdio. Alhur é um disco que fala de águas, desde as águas régias do pensamento às águas salgadas dos oceanos e das lágrimas.
Né Ladeiras retribuiu, nesse mesmo ano, a colaboração com os Heróis do Mar, participando no maxi-single de Amor, que se tornou um grande êxito comercial.
Colabora com Miguel Esteves Cardoso num duplo álbum intitulado Hotel Amen que não chega a ser gravado.
Em 1984 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum, Sonho Azul, com produção de Pedro Ayres Magalhães (membro dos Heróis do Mar e futuro mentor dos Madredeus e Resistência), que também assina as letras e partilha, com Né Ladeiras, a composição das músicas. O disco é dedicado a todas as pessoas que fizeram do cinzento um "Sonho azul" e ao filho Miguel. Dos oito temas, os que obtém maior notoriedade são: Sonho Azul, Em Coimbra Serei Tua e Tu e Eu.
Participa no Festival RTP da Canção de 1986 com Dessas Juras que se Fazem, um inédito de Carlos Tê e Rui Veloso.
Em 1988 integra o projecto Ana E Suas Irmãs, idealizado por Nuno Rodrigues - seu colega na Banda do Casaco e então director da editora Transmédia. O grupo concorre ao Festival RTP da Canção de 1988 com o tema Nono Andar, sendo apresentado como um conjunto mistério. No entanto, Né Ladeiras não participa no certame, colaborando apenas na edição em single.
Em 1989, ela curiosamente lança um álbum dedicado à actriz sueca Greta Garbo, Corsária, fruto de um projecto de pesquisa, o que, aliás, é bem característico do trabalho a solo de Né Ladeiras. A produção e arranjos estiveram a cargo de Luís Cília. As músicas são compostas por si, sendo as letras da autoria de Alma Om. O disco não obtém uma grande divulgação, principalmente porque a editora abre falência pouco tempo após a edição do disco.
Colabora igualmente com a rádio, outra das suas paixões, em rádios de Coimbra, Antena 1 e TSF. E, posteriormente, em resultado de algum desencantamento com a música, retira-se da actividade musical.
Em 1993 participa nas gravações de Matar Saudades,tema bónus incluído na edição em CD do disco Banda do Casaco com Ti Chitas.
Entre Janeiro de 1993 e Outubro de 1994, Né Ladeiras grava, com produção de Luís Pedro Fonseca, o seu terceiro álbum, Traz-os-Montes, uma produção da Almalusa com edição da EMI-Valentim de Carvalho, que resulta de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e a cultura tradicionais transmontanas (onde veio a descobrir as raízes da família), nomeadamente as recolhas efectuadas por Michel Giacometti e por Jorge e Margot Dias.O disco recebeu o Prémio José Afonso.
A qualidade de temas como Çarandilheira e Beijai o Menino fazem deste disco, que é a revisitação de temas tradicionais transmontanos, interpretados em dialecto mirandês, a sua obra-prima e um dos melhores discos de sempre da música portuguesa.
No Natal de 1995 é editado o disco Espanta Espíritos, disco de natal idealizado e produzido por Manuel Faria (seu colega nos tempos dos Trovante), no qual participam diversos artistas, entre os quais se destaca Né Ladeiras que interpreta o tema "Estrela do Mar" com letra de João Monge e música de João Gil.
Em 1996 participa na compilação A Cantar com Xabarin, Vol. III e IV, proposta pelo programa da TV Galiza, com o tema Viva a Música! composto por Né Ladeiras e Bruno Candeias, no qual participam, nos coros, os seus filhos Eduardo e João.
O álbum Todo Este Céu, editado em (1997), é inteiramente dedicado às canções de Fausto, compositor popular português.
No álbum-compilação A Voz e a Guitarra faz incluir o tema As Asas do brasileiro Chico César e uma nova versão de La Molinera que conta com a participação do guitarrista Pedro Jóia.
Durante a Expo '98 partilha Afinidades com Chico César numa iniciativa que "desafia cantoras nacionais a conceberem um espectáculo para o qual convidam um ou uma vocalista que seja para elas uma referência." Os dois intérpretes participam igualmente no programa Atlântico da RTP/TV Cultura.
Em 1999 inicia no Castelo de Montemor-o-Velho as gravações de um disco de cantares religiosos e pagãos com a produção de Hector Zazou. Nele participam músicos portuguesas como os Gaiteiros de Lisboa, Pedro Oliveira, João Nuno Represas, passando por um grupo de adufeiras do Paúl e ainda a colaboração, em algumas faixas, de Brendan Perry, Ryuichi Sakamoto e John Cale. Por divergências de reportório com o mítico produtor, Né Ladeiras decide não continuar com as gravações e dá por finda a sua realização. Meses mais tarde outros nomes são indicados para a produção do disco Tim Whelan e Hamilton Lee dos Transglobal Underground e novos arranjos são elaborados pelos músicos britânicos. Apesar dos esforços da cantora e dos novos produtores o álbum não chega a ser gravado.
Colabora no disco Sexto Sentido que marcou o regresso da Sétima Legião. Em 2000 é editada a colectânea Cantigas de Amigos com produção de João Balão e Moz Carrapa.
Anamar, Né Ladeiras e Pilar Homem de Melo juntaram-se em concerto, por iniciativa de Tiago Torres da Silva, em dois concertos realizados no mês de Novembro de 2000.
O álbum Da Minha Voz, de (2001), têm várias músicas do brasileiro Chico César e teve lançamento no Brasil em espectáculos realizados em São Paulo, com a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e com o grupo Mawaca. A imprensa brasileira teceu críticas positivas e elogiou, sobretudo, a voz grave e segura de Né Ladeiras. O disco conta com a participação de Ney Matogrosso, curiosamente cantando sozinho o tema "Sereia".
Ao mesmo tempo foi delineando outros projectos: um disco inspirado nas pinturas de Frida Kahlo e um outro disco de homenagem à escritora Isabelle Eberhardt (escritora convertida ao Islão, autora de "Escritos no Deserto") contando, para isso, com as letras de Tiago Torres da Silva.
É editada uma compilação com os discos "Alhur" e "Sonho Azul".
Em abril de 2010 iniciou a gravação de um novo disco com composições suas e letras de Tiago Torres da Silva na alcaidaria do castelo de Torres Novas. Conta com as participações de Vasco Ribeiro Casais (Dazkarieh), Nuno Patrício (Blasted Mechanism), Francesco Valente (Terrakota), Corvos, Lara Li e Mísia. Em 2016 lançou o CD "Outras vidas", dedicado a várias mulheres que marcaram a sua vivência e a sua carreira como Avita, Greta Garbo, Frida Khalo, Madre Teresa, Isabelle Eberhardt ou Violeta Parra. A música é da própria e as letras têm assinatura de Tiago Torres da Silva tendo produção de Amadeu Magalhães.

O Reporter X nasceu há 122 anos

Reinaldo Ferreira, conhecido pelo pseudónimo de Repórter X, (Lisboa, 10 de agosto de 1897 - Lisboa, 4 de outubro de 1935), foi um repórter, jornalista, dramaturgo e realizador de cinema português. Era pai do poeta Reinaldo Ferreira (filho), que viveu em Moçambique.
Iniciou a sua carreira jornalística aos doze anos de idade e foi, desde os vinte até à sua morte, considerado o maior repórter português. Em 1926, instalou residência permanente no Porto.


Imaginou entrevistas com Mata Hari e Conan Doyle, enviou reportagens da "Rússia dos Sovietes" sem nunca lá ter posto os pés, criou um dos primeiros detectives de gabinete da literatura policial, deu forma a uma galeria interminável de heróis de folhetim, fundou jornais, realizou filmes, previu, ao jeito de Júlio Verne, como seriam Lisboa e o Porto no ano 2000.
Reinaldo Ferreira. R de realidade e F de ficção. Nasceu há um século. Os 38 anos da sua breve passagem pelo mundo foram vividos à beira do delírio, com a morfina a ajudar. Um tipógrafo distraído inventou a alcunha que o iria consagrar: Repórter X.
Luís Miguel Queirós - Jornal PÚBLICO, 10 de agosto de 1997


Jorge Amado nasceu há 107 anos

Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, 10 de agosto de 1912 - Salvador, 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos.
 
 

É doce morrer no mar - Dorival Caymmi (1941)
Música de Dorival Caymmi e letra de Jorge Amado

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

A noite que ele não veio foi
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Saveiro partiu
de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
sereia do mar levou

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo no colo de Iemanjá

sexta-feira, agosto 09, 2019

Música adequada à data...



Ruggiero Leoncavallo morreu há cem anos

Ruggero (Ruggiero) Leoncavallo (Nápoles, 23 de abril de 1857Montecatini Terme, 9 de agosto de 1919) foi um compositor de óperas italiano.
A sua ópera "I Pagliacci", com os personagens Canio, Tonio, Peppe e Silvio, continua uma das mais populares obras do repertório de ópera.
Filho de um magistrado policial, Leoncavallo nasceu em Nápoles a 23 de abril de 1857 e estudou no Conservatório San Pietro a Majella. Depois de alguns anos de estudo, e ineficazes tentativas de obter a produção de mais de uma ópera, ele obteve um enorme sucesso com Mascagni em Cavalleria rusticana em 1890, e não desperdiçou tempo na elaboração do seu próprio verismo, Pagliacci (segundo Leoncavallo, o enredo deste trabalho teve origem na vida real: um julgamento sobre um assassinato que seu pai tinha julgado).
Pagliacci foi apresentada em Milão em 1892 com sucesso imediato e hoje é o único trabalho de Leoncavallo no reportório padrão de ópera. A sua mais famosa ária é Vesti la giubba, "Veste a manta de retalhos") foi gravada por Enrico Caruso e foi o primeiro registo do mundo a vender um milhão de cópias.
I Medici e Chatterton (1896) foram também produzidas em Milão. Grande parte de Chatterton foi gravado pela Gramophone Company (mais tarde HMV). Foi em La bohème, realizada em 1897 em Veneza que o seu talento obteve confirmação pública (as suas duas árias para tenor são apresentadas ocasionalmente, especialmente em Itália). Posteriormente compôs as óperas Zaza (1900) (a ópera de Geraldine Farrar, famosa pelo seu desempenho de despedida no Met) e Der Roland Von Berlin (1904). Obteve um breve sucesso em Zingari que estreou em Itália, e Londres, em 1912. (Zingari esteve longo tempo, no Hipódromo Teatro). Zingari chegou aos Estados Unidos, mas logo depois desapareceu do repertório.
Após uma série de operetas, Leoncavallo, num último esforço, criou Edipo Re, mas morreu antes de terminar a orquestração, que foi acabada por Giovanni Pennacchio. Desde a década de 70 esta ópera tem tido um número surpreendentemente elevado de representações (incluindo Roma 1972, Viena 1977 e Amsterdão 1998), bem como uma produção totalmente encenada no Teatro Regio di Torino, em 2002.
A famosa Mattinata foi por ele escrita para a Gramofone Company com Caruso em mente. Escreveu o libreto para a maioria das suas próprias óperas e é considerado o maior libretista italiano do seu tempo, após Arrigo Boito. Importante foi ainda a sua contribuição para o libreto de Manon Lescaut de Giacomo Puccini.
Ruggero Leoncavallo morreu em Montecatini, Toscânia, a 9 de agosto de 1919.
    
   

Cesariny nasceu há 96 anos

Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de agosto de 1923 - Lisboa, 26 de novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.
  
Mário Cesariny nasceu, por acaso, na Vila Edith, na Estrada da Damaia, em Benfica, onde os pais estavam a passar férias. Último filho (três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de Tondela, Tondela, e de sua mulher María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresário ourives, com loja e oficina na rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.
Depois da escola primária, o jovem Mário frequentou durante um ano o Liceu Gil Vicente, após o que o pai (que o queria ourives) o mudou para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio (onde conheceu Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco), que completou. Depois, como não lhe agradasse o trabalho de ourives, frequentou um curso de habilitação às Belas-Artes. Também estudou música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça. Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o de continuar esses estudos. Entretanto, no final da adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo.
Em 1947, Cesariny viaja até Paris onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e conhece André Breton, cuja influência o leva a participar na criação, no mesmo ano, do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com figuras como António Pedro, José Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, Moniz Pereira e Alexandre O´Neill, que reuniam na Pastelaria Mexicana. Este grupo surgiu como forma de protesto libertário contra o regime salazarista e contra o neo-realismo, dominado pelo Partido Comunista Português, de tendência estalinista. Mais tarde, funda o antigrupo (dissidente) Os Surrealistas do qual fazem parte entre outros os seguintes autores António Maria Lisboa, Risques Pereira, Artur do Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Fernando José Francisco e Mário-Henrique Leiria.
É nesta altura também que Viriato, seu pai, abandona a família para se fixar no Brasil com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e, da sua irmã Henriette.
Na década de 1950, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, e sobretudo, à poesia, que escreve nos cafés. O seu editor é Luiz Pacheco, com quem mais tarde (nos anos 1970) se incompatibilizaria por completo. É também durante esse período que começa a ser incomodado e a ser vigiado pela Polícia Judiciária, por "suspeita de vagabundagem", obrigado a humilhantes apresentações e interrogatórios regulares, devido à sua homossexualidade, que vivencia diariamente, de modo franco e destemido. Só a partir de 25 de Abril de 1974 deixará de ser perseguido e atormentado pela polícia.
Cesariny vivia com dificuldades financeiras, ajudado pela família. Apesar da excelência da sua escrita, esta não o sustentava financeiramente e Cesariny, a partir de meados dos anos 1960, acabaria por se dedicar por inteiro à pintura, como modo de subsistência.
A partir da década de 1980, a obra poética de Cesariny é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro e redescoberta por uma nova geração de leitores.
Nos últimos anos da sua vida, Cesariny viveu com a sua irmã mais velha, Henriette (falecida em 2004). Ao contrário do que acontecia anteriormente, abriu-se aos meios de comunicação dando frequentes entrevistas e falando sobre a sua vida íntima. Em 2004, Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário Autografia, filme intenso e comovente onde Cesariny se expõe e revela de modo total.
Mário Cesariny morreu em 26 de novembro de 2006, às 22.30 horas, de cancro da próstata, de que sofria havia anos. Doou em vida o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda e, por testamento, deixou um milhão de euros à Casa Pia.
  
  
Dorme Meu Filho
  
Dorme meu filho
dezenas de mãos femininas trabalham
a atmosfera
onde os namorados pensam
cartazes simples
um por exemplo
minúsculo crustáceo denominado ciclope
por baixo da pele ou entre os músculos

Dorme meu filho
o amor
será
uma arma esquecida
um pano qualquer como um lenço
sobre o gelo das ruas
 
  
in Pena Capital (1957) - Mário Cesariny

Uma bomba obrigou o Japão a desistir da guerra há 74 anos

Fat Man (em português, "Homem Gordo") é o nome de código da bomba atómica lançada sobre Nagasaki, Japão, pelos Estados Unidos, a 9 de agosto de 1945. Foi a segunda das duas bombas atómicas utilizadas em guerras. O nome refere-se mais genericamente ao primeiro design de bombas norte-americanas baseadas no tipo "Fat Man".
A construção de 2,34 metros de comprimento, 1,52 metro de diâmetro e 4.545 kg foi detonada a uma altitude de cerca de 550 metros sobre a cidade, após ter sido lançada do bombardeiro B-29 Bockscar, pilotado pelo Major Charles Sweeney. A bomba tinha uma potência de 25 kilotons. O curioso é que, tendo uma potência praticamente duas vezes maior que a da bomba conhecida como "Little Boy", lançada em Hiroshima três dias antes, os danos foram menores e menos extensivos que os do ataque anterior, pois as condições climáticas de Nagasaki no dia estavam desfavoráveis, fazendo com que a Fat Man não atingisse o alvo com precisão, caindo em um vale ao lado da cidade. Como o terreno de Nagasaki é montanhoso, parte da carga energética da explosão foi contida. Ainda assim, cerca de 40.000 pessoas foram mortas e mais de 25.000 ficaram feridas. Milhares morreram nos anos posteriores ao ataque devido a radiações e doenças causadas pela radiação.
Nagasaki antes e após o ataque
Na manhã de 9 de agosto de 1945, a tripulação do avião dos E.U.A. B-29 Superfortress, baptizado de Bockscar, pilotado pelo Major Charles W. Sweeney e carregando a bomba nuclear com o nome de código Fat Man, deparou-se com o seu alvo principal, Kokura, obscurecido por nuvens. Após três voos sobre a cidade e com baixo nível de combustível devido a problemas na sua transferência, o bombardeiro dirigiu-se para o alvo secundário, Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Cerca das 07.50 horas (fuso horário japonês) soou um alerta de raide aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" (all clear, em inglês) foi dado às 08.30 horas. Quando apenas dois B-29 foram avistados às 10.53 horas, os japoneses aparentemente assumiram que os aviões se encontravam em missão de reconhecimento, e nenhum outro alarme foi dado.
Alguns minutos depois, às 11.00 horas, o B-29 de observação, batizado de The Great Artiste ("O Grande Artista"), pilotado pelo Capitão Frederick C. Bock, largou instrumentação amarrada a três pára-quedas. Esta continha também mensagens para o Professor Ryokichi Sagane, um físico nuclear da Universidade de Tóquio que tinha estudado na Universidade da Califórnia com três dos cientistas responsáveis pelo bombardeamento atómico. Estas mensagens, encorajando Sagane a falar ao público acerca do perigo destas armas de destruição maciça, foram encontradas pelas autoridade militares, mas nunca entregues ao académico.
Às 11.02 horas, uma abertura de última hora nas nuvens sobre Nagasaki permitiu ao artilheiro do Bockscar, Capitão Kermit Beahan, ter contacto visual com o alvo. A arma Fat Man, contendo um núcleo de aproximadamente 6,4 kg de plutónio-239, foi largada sobre o vale industrial da cidade. Explodiu a 469 metros sobre o solo, a cerca de meio caminho entre a Mitsubishi Steel and Arms Works (a sul) e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works (a norte), os dois principais alvos na cidade. De acordo com a maior parte das estimativas, cerca de 40 mil dos 240 mil habitantes de Nagasaki foram mortos instantaneamente, e entre 25 mil e 60 mil ficaram feridos. No entanto, crê-se que o número total de habitantes mortos poderá ter atingido os 80 mil, incluindo aqueles que morreram, nos meses posteriores, devido a envenenamento radioativo.
Depois da guerra ficou claro que o design desta bomba era o mais eficiente, então melhoraram-na e então criaram a arma sucessora do Fat Man: o Mark 4.
 
  

Whitney Houston nasceu há 56 anos

Whitney Elizabeth Houston (Newark, 9 de agosto de 1963 - Beverly Hills, 11 de fevereiro de 2012) foi uma cantora norte-americana de R&B, pop, gospel, além de atriz e modelo. Whitney Houston foi a artista mais premiada de todos os tempos, segundo o Guinness World Records, e a sua lista de prémios incluem dois Emmy Awards, sete Grammy Awards, trinta e um Billboard Music Awards, 22 American Music Awards, num um total de 425 prémios conquistados na sua carreira até 2013.
    
     

Sharon Tate foi assassinada pela Família Manson há cinquenta anos

Sharon Marie Tate (Dallas, 24 de janeiro de 1943Los Angeles, 9 de agosto de 1969), foi uma atriz norte-americana e uma das mulheres mais bonitas do cinema da década de 1960. Morreu de maneira trágica, brutalmente assassinada, aos oito meses de gravidez, pelas mãos da notória e famigerada Família Manson, seita de jovens hippies seguidores de Charles Manson.
Considerada uma das melhores promessas do cinema e sex symbol de Hollywood, na época de sua morte, aos 26 anos, já era conhecida mundialmente, estava casada com o realizador polaco Roman Polanski, havia participado em sete filmes, trabalhado como modelo para anúncios e revistas de moda e tinha sido indicada para o Globo de Ouro pelo filme O Vale das Bonecas, de 1967.
Uma década após o seu assassinato, sua mãe, Doris Tate, em resposta a um crescente status cult que envolvia os seus assassinos e temerosa de que eles pudessem conseguir liberdade condicional - apesar de condenados à prisão perpétua - organizou uma campanha pública contra o que ela considerava deficiências no sistema correcional da Califórnia. A campanha resultou em emendas criadas na lei criminal do estado, que passou a permitir a vítimas de crimes e seus familiares a participação com depoimentos durante o julgamento ou pedidos de liberdade condicional de criminosos condenados. Ela foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a ter o direito de se expressar em audiência oficial após a aprovação da nova lei, o que fez durante a audiência do pedido de liberdade condicional de um dos assassinos de sua filha, Tex Watson. Ela acreditava que a mudança na lei tinha dado à Sharon Tate a dignidade que lhe havia sido retirada por seus assassinos e que por isso ela agora era capaz de transformar o legado de Sharon de vítima de assassinato em símbolo de vítimas de crimes de morte.
  
Morte
No dia 8 de agosto, Sharon estava a quinze dias de ter o bebé. Ela almoçou em casa com duas amigas e contou-lhes sobre o seu desapontamento por Roman não estar ainda ali, tendo adiado por alguns dias o seu regresso de Londres. De tarde ele telefonou, assim como as suas irmãs, Debra e Patti, pedindo para passar a noite com ela na casa, o que ela negou. De noite, ela foi com alguns amigos jantar no restaurante El Coyote e regressaram a casa cerca das 22.30 horas. Com ela estavam Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowski. Na casa também estavam o caseiro William Garretson, que morava numa construção menor, afastada da casa principal, e seu amigo, o estudante de 18 anos, Steven Parent.
Nos primeiros minutos da madrugada do dia 9, por ordem de Charles Manson, um grupo dos seus seguidores, todos eles jovens, entre 20 e 23 anos, formado por Charles "Tex" Watson, Susan Atkins, Patricia Krenwinkel e Linda Kasabian, invadiu a casa de Cielo Drive e massacrou os seus moradores. Parent foi morto a tiros quando saía da da casa e deu de frente com o grupo que entrava e Tate, Sebring, Folger e Frykowski assassinados a tiros e facadas na sala da residência e nos jardins. Sharon Tate foi assassinada com 16 facadas, várias delas na barriga em que carregava o filho.
Na noite seguinte, o mesmo grupo, acrescido de Steve Grogan e Leslie Van Houten, cometeria outro bárbaro assassinato, nos mesmos moldes, noutro local da cidade, matando o casal Leno e Rosemary LaBianca.
Depois de semanas de investigação, os membros da Família Manson foram todos localizados, presos, processados e condenados à morte em 1971, após um dos julgamentos mais cobertos pelos media na história criminal dos Estados Unidos. Durante os meses que se seguiram, sem a descoberta dos culpados e mesmo depois da identificação deles, todo o Condado de Los Angeles entrou em pânico e paranóia, pela revelação de que os assassinatos da Família tinham sido aleatórios. Pessoas famosas e ricas acreditavam que poderiam ser as próximas e abandonavam a cidade. Outros contratavam guarda-costas e instalavam sofisticados sistemas de alarme em suas casas. O ator Christopher Jones, astro de A Filha de Ryan, devastado com a morte brutal de Tate, teve um bloqueio psicológico e abandonou a carreira de ator durante as filmagens, precisando ser dobrado na versão final do filme pelo diretor David Lean. O escritor e jornalista de investigação Dominick Dunne deu o seu testemunho da dimensão do pavor que se instalou por Los Angeles nas semanas e meses seguintes:
A onda de choque provocada pelos crimes Tate-LaBianca criou uma convulsão social na cidade como nunca havia se visto. As pessoas estavam convencidas de que os ricos e famosos da comunidade estavam em perigo. Crianças foram mandadas para fora da Califórnia. Cercas eletrificadas foram instaladas e guardas pessoais foram contratadas. Steve McQueen compareceu armado ao enterro de Jay Sebring.
Sharon Tate foi enterrada a 13 de agosto de 1969 no Holy Cross Cemetery em Culver City, com o filho natimorto Paul Richard Polanski – assim batizado postumamente pelos pais de Roman e Sharon – nos seus braços. Anos depois, a sua mãe Doris e a sua irmã mais nova Patti seriam enterradas no mesmo local, dividindo a mesma lápide.
Charles Manson, o mentor intelectual das chacinas, Tex Watson, Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houlen, todos condenados à morte, tiveram as suas penas comutadas para prisão perpétua quando as leis da Califórnia foram mudadas em 1972, considerando a pena de morte inconstitucional. Linda Kasabian, que participou dos ataques mas não matou ninguém, recebeu imunidade e atuou como testemunha de acusação contra os ex-companheiros durante os julgamentos, sendo, como testemunha ocular, a principal peça para a condenação de todos à pena máxima pedida pelo promotor Vincent Bugliosi, que em 1974 escreveu o livro Helter Skelter, contando em detalhes todo o Caso Tate-LaBianca, um best-seller nos Estado Unidos com mais de sete milhões de exemplares vendidos.

O Presidente dos Estados Unidos renunciou há 45 anos

  
O caso Watergate foi o escândalo político ocorrido na década de 70 nos Estados Unidos que, ao vir à tona, acabou por culminar com a renúncia do presidente americano Richard Nixon eleito pelo partido republicano. "Watergate" de certo modo tornou-se um caso paradigmático de corrupção.
A despedida
Em 18 de junho de 1972, o jornal Washington Post noticiava na primeira página o assalto do dia anterior à sede do Comité Nacional Democrata, no Complexo Watergate, na capital dos Estados Unidos. Durante a campanha eleitoral, cinco pessoas foram detidas quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata.
Bob Woodward e Carl Bernstein, dois repórteres do Washington Post, começaram a investigar o então já chamado caso Watergate. Durante muitos meses, os dois repórteres estabeleceram as ligações entre a Casa Branca e o assalto ao edifício de Watergate. Eles foram informados por uma pessoa conhecida apenas por Garganta Profunda (Deep Throat) que revelou que o presidente sabia das operações ilegais.
Richard Nixon foi eleito presidente em 1968, sucedendo a Lyndon Johnson, tornando-se o terceiro presidente dos Estados Unidos a ter de lidar com a Guerra do Vietname. Nixon voltou a candidatar-se em 1972, tendo como opositor o senador democrata George McGovern, e obteve uma vitória esmagadora, ganhando em 48 dos 50 estados. McGovern venceu apenas em Massachusetts e em Washington.
Foi durante essa campanha de 1972 que se verificou o incidente na sede do Comité Nacional Democrático. Durante a investigação oficial que se seguiu, foram apreendidas fitas gravadas que demonstravam que o presidente tinha conhecimento das operações ilegais contra a oposição. Em 9 de agosto de 1974, quando várias provas já ligavam os atos de espionagem ao Partido Republicano, Nixon renunciou à presidência. Foi substituído pelo vice Gerald Ford, que assinou uma amnistia, retirando-lhe as devidas responsabilidades legais perante qualquer infração que tivesse cometido.
Durante muitos anos a identidade de "Garganta Profunda" foi desconhecida, até que, a 31 de maio de 2005, o ex-vice-presidente do FBI, W. Mark Felt, revelou que era o Garganta Profunda. Bob Woodward e Carl Bernstein confirmaram o facto.
A carta de renúncia de Nixon
  

quinta-feira, agosto 08, 2019

Poema para recordar um Poeta que morreu nesta data...

(imagem daqui)
 
  
Poema Quase Apostólico
 
Está sereno o poeta
Desprende-se-lhe dos ombros e cai
depois em pregas por ele abaixo a manhã
Não pertencem ao dia os gestos que ele tem
não morrerão na noite seus assombrosos passos
Dizem que ele volta a pôr em movimento a roda
de crianças de atitudes desmedidas
que o vento varreu e parque algum queria
E abre os braços para deixar cair na cidade
um ano favorável ao senhor
E põe o rosto do senhor por trás das suas palavras
Elas decerto o hão-de dar a quem as demandar
 
 
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Aquele Grande Rio Eufrates (1961) - Ruy Belo

Raul Solnado morreu há dez anos

Raul Augusto de Almeida Solnado (Lisboa, Santa Isabel, 19 de outubro de 1929 - Lisboa, Campo Grande, 8 de agosto de 2009) foi um humorista, apresentador de televisão e actor português.
  
Biografia
Filho de Bernardino da Silva Solnado (Vila de Rei, Fundada, 1902 - ?) e de sua mulher Virgínia Augusta de Almeida (Fornos de Algodres, Maceira, c. 1905 - Lisboa, Santa Isabel, 19 de outubro de 1929).
Unanimemente reconhecido como um dos maiores nomes do humor português, começou a fazer teatro na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (1947), profissionalizando-se em 1952.
Em 1953 estreia-se no teatro de revista com "Viva O Luxo", apresentado no Teatro Monumental. Entra também em "Ela não Gostava do Patrão".
1956 é o ano de "Três Rapazes e Uma Rapariga" no Teatro Avenida. Participa ainda nos filmes "O Noivo das Caldas" e "Perdeu-se um Marido".
No ano de 1958 participou nos filmes "Sangue Toureiro" e "O Tarzan do Quinto Esquerdo". Desloca-se pela primeira vez ao Brasil em 1958, onde correu tudo mal.
Em 1960 torna-se primeiro actor na peça "A Tia de Charley" apresentada no Teatro Monumental. Participa no filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (Prémio S.N.I.).
"A Guerra de 1908", um sketch do espanhol Miguel Gila, adaptado para português por Solnado, é interpretado na revista "Bate o Pé", estreada no Teatro Maria Vitória em outubro de 1961. Entra também no filme "Sexta-feira, 13".
O disco que reunia "A Guerra de 1908" e "A História da Minha Vida", editado em abril de 1962, bateu todos os recordes de vendas de discos.
Em 1962 entra em "Lisboa à Noite", em cena no Teatro Variedades, onde interpreta os sketcks "É do Inimigo" e "Concerto do Inimigo". É protagonista do filme neo-realista "Dom Roberto", de José Ernesto de Sousa. Vence o Prémio de Imprensa para melhor actor de cinema.
Após 1963, faz teleteatro no Brasil, onde apresentou-se em programas das TVs Record e Excelsior, e na RTP. "Vamos Contar Mentiras" é o grande espectáculo do ano de 1963. Torna-se em 1964 fundador e empresário do Teatro Villaret. A estreia foi em 1965 com "O Impostor-Geral" onde foi o protagonista.
Mariema e Raul Solnado recebem os Prémios de Imprensa para melhores actores de teatro de revista.
Em maio de 1966 foi lançado o EP "Chamada Para Washington."
O EP "Cabeleireiro de Senhoras" foi lançado em dezembro de 1968. Em janeiro de 1969 foi editada a compilação "O Irresistível Raul Solnado" que incluía alguns dos principais êxitos editados anteriormente em EP (História do Meu Suicídio, Chamada para Washington, O Bombeiro Voluntário, A Guerra de 1908, O Cabeleireiro de Senhoras, História da Minha Vida).
No dia 24 de maio de 1969 foi gravado o primeiro programa do "Zip-Zip", no Teatro Villaret. A última emissão foi no dia 29 de dezembro do mesmo ano. O programa da autoria de Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz foi um dos marcos desse ano.
Em Dezembro de 1969 é o protagonista de "O Vison Voador".
A peça "O Tartufo de Moliére" é estreada em janeiro de 1972. Ainda em 1972 participa na revista "Prá Frente Lisboa". A canção "Malmequer" tornou-se um grande êxito popular.
Em 1974, fez quadros humorísticos de sucesso no programa Fantástico, da brasileira Rede Globo.
Em 1975 estrela o filme "Aventuras d'um Detetive Português".
O programa "A Visita da Cornélia" é um grande sucesso da televisão portuguesa em 1977.
Com César de Oliveira adapta a Peça "Checkup" do dramaturgo brasileiro Paulo Pontes. "Isto É Que Me Dói" incluía no elenco Raul Solnado, Guida Maria, Helena Matos, Joel Branco, Cândido Mota, Luís de Mascarenhas e David Silva.
O single "Dá O Cavaquinho, Os Ferrinhos e a Pandeireta" de 1978 inclui dois temas de Luiz Miguel d'Oliveira: "É Tão Bom Sabe tão Bem" e "Viste O Lino?".
Raul Solnado pertencia ao Grande Oriente Lusitano (GOL) desde meados da década de 1980, embora depois não tivesse sido muito activo.
Repete o enorme êxito com a peça "Há Petróleo no Beato" de 1981. "Super Silva" foi outro êxito enorme.
Com Fialho Gouveia e Carlos Cruz apresenta na RTP o programa "E O Resto São Cantigas" onde foram recordados músicos e compositores da época áurea da música ligeira portuguesa.
No concurso televisivo "Faz de Conta" mostra todo o seu talento ao contracenar e improvisar com os concorrentes que lhe davam réplica.
Na televisão é o protagonista da sitcom "Lá Em Casa Tudo Bem" que dura vários meses.
Em 1987 interpreta um papel dramático no filme "Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa, baseado no livro de José Cardoso Pires.
Foi actor convidado do Teatro Nacional D. Maria II, como protagonista da peça "O Fidalgo Aprendiz", de D. Manuel de Melo.
Publicou a sua autobiografia – A Vida Não Se Perdeu (1991).
Em 1992 foi actor convidado do Teatro Nacional de S. Carlos, na personagem Frosch da opereta "O Morcego", de Strauss.
Em 1993 participou, ao lado de Eunice Muñoz, na telenovela "A Banqueira do Povo" de Walter Avancini.
Entrou na peça "As Fúrias", de Agustina Bessa-Luís, no Teatro Nacional D.Maria II, em 1994.
Em 1995 fez "O Avarento", de Molière, no Teatro Cinearte, encenado por Helder Costa. Nesse ano foi editada a compilação "Best Seller dos Discos".
Em março de 2000 realizou-se em Tondela uma homenagem, organizada pelo grupo Trigo Limpo ACERT, que foi acompanhada por uma exposição biográfica sobre o actor, baseada no livro de Leonor Xavier, "Raul Solnado - A Vida Não Se Perdeu".
Em 2001 voltou aos palcos do teatro com um papel de grande relevo na peça "O Magnífico Reitor" de Freitas do Amaral. Recebe o Prémio Carreira Luís Vaz de Camões.
Foi homenageado em 2002 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e recebeu, em 10 de junho de 2004, do Presidente Jorge Sampaio a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
A compilação "Tá Laáa…? O Melhor de Raul Solnado - volume 2" inclui o inédito "O Paizinho do Ladrão", "A História do Meu Suicídio" e ainda gravações "No Zip-Zip", "No Teatro" e "Nas Cantigas". Além de "Fado Maravilhas" e de "Malmequer" inclui duas novas gravações: "Eu Já Lá Vou" e "Haja Descanso (Viva o Chouriço)".
Foi, até à sua morte, Director da Casa do Artista, sociedade de apoio aos artistas, que fundou juntamente com Armando Cortez, entre outros.
Casou a 15 de março de 1958 com Joselita Alvarenga (Cambuquira, Minas Gerais, 4 de dezembro de 1934), de quem se divorciou a 30 de maio de 1980. Era pai de José Renato Alvarenga Solnado (Lisboa, São Sebastião da Pedreira, 2 de dezembro de 1959), de Alexandra Solnado e do cantor Mikkel Solnado (1975, filho de Anne Louise), além de avô da actriz Joana Solnado.
Raul Solnado faleceu no dia 8 de agosto de 2009, vitima de doença cardiovascular e os seus restos mortais descansam no Cemitério dos Prazeres. Será para sempre um ícone do povo português e de Portugal.
  
 

The Edge - 58 anos

David Howell Evans (Londres, 8 de agosto de 1961) mais conhecido por seu nome artístico The Edge (ou apenas Edge), é o guitarrista, fazendo também coros e tocando teclas na banda de rock irlandesa U2. Em 2003, foi considerado o 38º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.
  
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Edge também fornece o vocal de apoio para os U2. Em 1983, o álbum ao vivo do U2 e o lançamento do vídeo, Under a Blood Red Sky, e Live at Red Rocks: Under a Blood Red Sky são bons pontos de referência para o seu canto (como são os DVDs ao vivo da turnê Elevation Tour, U2 Go Home: Live from Slane Castle e Elevation 2001: Live from Boston).
The Edge canta a canção "Van Diemen's Land" e "Numb", a primeira metade de "Seconds". Faz um duplo vocal com Bono em "Discothèque", e uma ponte na canção "Miracle Drug". Os seu vocais de apoio (coros) sem frequentemente um falsete, como na canção "Stuck in a Moment You Can't Get Out Of", "Sometimes You Can't Make It on Your Own", "A Man and a Woman", "The Wanderer" e versões ao vivo de "The Fly" e "Window in the Skies".
Ele também canta como vocalista ocasional nas reedições ao vivo de outras músicas (como "Sunday Bloody Sunday" durante a Popmart Tour e "Party Girl" durante a Zoo TV Tour em Roterdão, no aniversário de Bono).
Além de seu papel regular nos U2, The Edge também gravou com artistas como Johnny Cash, BB King, Tina Turner, Ronnie Wood, Jay-Z e Rihanna.
  
 

Ruy Belo morreu há 41 anos

(imagem daqui)
  
  
Biografia
Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra, como aluno de Direito e tornou-se membro da Opus Dei. Concluiu o curso de direito em Lisboa, em 1956, ano em que partiu para Roma, doutorando-se em direito canónico pela Universidade S. Tomás de Aquino (Angelicum), dois anos depois, com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica".
Regressado a Portugal, trabalhou no campo editorial e em 1961 entrou na Faculdade de Letras de Lisboa, recebendo uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para investigação, abandonou a Opus Dei e foi leitor de Português em Madrid entre 1971 e 1977.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Ocupou, ainda, um lugar de leitor de Português na Universidade de Madrid (1971-1977). Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusada a possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Foi, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redação da revista Rumo, os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates, de 1961, e O Problema da Habitação, de 1962. Às coletâneas de ensaios Poesia Nova, de 1961, e Na Senda da Poesia, de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende com o religioso e o metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de Boca Bilingue, de 1966, Homem de Palavras(s) de 1969, País Possível, de 1973 (antologia), Transporte no Tempo, de 1973, A Margem da Alegria, de 1974, Toda a Terra, de 1976, e Despeço-me da Terra da Alegria, de 1977. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. A sua obra, organizada em três volumes sob o título Obra Poética de Ruy Belo, obra publicada em 1981, foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Apesar do curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.
Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca.
  
  
Cólofon ou epitáfio
  
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
ruy belo portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
ruy belo, era uma vez
  
  
in
Homem de Palavra(s), 1969 - Ruy Belo