(imagem daqui)
Ruy de Belo (São João da Ribeira, Rio Maior, 27 de fevereiro de 1933 - Queluz, 8 de agosto de 1978) foi um poeta e ensaísta português.
Biografia
Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra, como aluno de Direito e tornou-se membro da Opus Dei. Concluiu o curso de direito em Lisboa, em 1956, ano em que partiu para Roma, doutorando-se em direito canónico pela Universidade S. Tomás de Aquino (Angelicum), dois anos depois, com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica".
Regressado a Portugal, trabalhou no campo editorial e em 1961 entrou na Faculdade de Letras de Lisboa, recebendo uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para investigação, abandonou a Opus Dei e foi leitor de Português em Madrid entre 1971 e 1977.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática,
levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Ocupou, ainda, um lugar de leitor de Português na Universidade de Madrid
(1971-1977). Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusada a
possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas
na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Em 1991 foi
condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Foi, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redação da revista Rumo, os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates, de 1961, e O Problema da Habitação, de 1962. Às coletâneas de ensaios Poesia Nova, de 1961, e Na Senda da Poesia,
de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende com o religioso e o
metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso
de Boca Bilingue, de 1966, Homem de Palavras(s) de 1969, País Possível, de 1973 (antologia), Transporte no Tempo, de 1973, A Margem da Alegria, de 1974, Toda a Terra, de 1976, e Despeço-me da Terra da Alegria,
de 1977. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das
técnicas poéticas tradicionais. A sua obra, organizada em três volumes
sob o título Obra Poética de Ruy Belo, obra publicada em 1981,
foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das
obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia
portuguesa contemporânea.
Apesar do curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se um
dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as
suas obras sido reeditadas diversas vezes.
Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca.
in Wikipédia
Cólofon ou epitáfio
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
ruy belo portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
ruy belo, era uma vez
in Homem de Palavra(s), 1969 - Ruy Belo
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
ruy belo portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
ruy belo, era uma vez
in Homem de Palavra(s), 1969 - Ruy Belo
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